PROPOSTA DE ADEMIR PUNE TRABALHO ESCRAVO COM PERDA DE PROPRIEDADE



Proposta de emenda constitucional do senador Ademir Andrade (PSB-PA) prevê a imediata expropriação e destinação à reforma agrária de terras onde se localize a exploração de trabalho escravo ou culturas ilegais de plantas psicotrópicas. A Constituição hoje já prevê o assentamento de colonos nas terras onde forem descobertas culturas ilegais de psicotrópicos, mas a proposta de Ademir Andrade as destina especificamente à reforma agrária, encaminhando para o mesmo fim as terras onde se explora o trabalho escravo. Atualmente, o artigo 243 da Constituição dispõe que as glebas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário. A emenda de Ademir Andrade acrescenta ao artigo as terras onde se verifique a exploração de trabalho escravo, dizendo que serão especificamente destinadas à reforma agrária, com o assentamento prioritário dos colonos que já trabalhavam na gleba. O parágrafo único do artigo 243 dispõe que todo bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes será confiscado e reverterá em benefício de instituições especializadas no tratamento e recuperação de viciados e no custeio de atividades de fiscalização e repressão ao crime de tráfico. A proposta de Ademir Andrade mantém esse destino para o bem apreendido em decorrência do tráfico, mas prevê o confisco também do bem apreendido em decorrência da exploração do trabalho escravo. Ele destina esse valor ao assentamento dos colonos que foram escravizados e às atividades de repressão à exploração desse trabalho.Ao justificar sua proposta, Ademir Andrade disse que as denúncias de trabalho análogo à condição de escravo atingem o Brasil de ponta a ponta, por exemplo, nas usinas de cana-de-açúcar em Pernambuco e na Paraíba; nas carvoarias da Bahia e Minas Gerais; e nas madeireiras, seringais e garimpos do Pará, Acre e Amazonas.O senador afirmou que no Brasil o trabalho escravo continua vinculado à questão agrária, pois o processo de arregimentação dos trabalhadores se dá na época da derrubada das matas e limpeza dos pastos, onde várias fazendas recebem trabalhadores ludibriados mediante falsas promessas. Ele disse que a condição dos trabalhadores rurais no Brasil vem piorando ao longo dos anos. O confisco das terras de quem explora trabalho escravo se justificaria, na opinião de Ademir Andrade, porque "a escravidão no Brasil assume proporções alarmantes e já extrapola as fronteiras do país". Ele também observou que a ação fiscalizadora do Estado não tem qualquer resultado prático, o que exige a urgente necessidade de instrumentos legais que possibilitem uma ação regressiva e punitiva mais efetiva contra os proprietários de terra que submetem o trabalhador rural a essa situação.

18/06/1999

Agência Senado


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