PT compra briga no TER









PT compra briga no TER
Após o tribunal ter permitido que o governador use imagens de um hospital no seu guia, petistas exigem o direito de exibir cenas de prédios públicos

Os advogados da campanha petista deram entrada ontem, no Tribunal Regional Eleitoral, em um pedido de investigação contra o governador-candidato, Jarbas Vasconcelos (PMDB), o secretário de Defesa Social, Gustavo Lima, e o secretário-adjunto, Renato Silva. Os petistas acusam o governador e seus subordinados de “abuso de poder político”, baseados no fato de os candidatos Humberto Costa (Governo) e Dilson Peixoto (Senado) terem sido impedidos de entrar nas dependências do Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Técnica (IPT) e do Tavares Buril (ITB), com intuito de filmar e fotografar as dependências dos órgãos para veiculação no guia eleitoral.

Segundo o documento, endereçado ontem ao corregedor do TRE, Sérgio Falcão, Humberto e Dilson questionam os motivos do impedimento e acusam o Governo de “favorecer a candidatura de Jarbas ao promover a vedação ao acesso dos demais candidatos aos órgãos públicos e permitir que somente o governador possa veicular imagens dos órgãos que administra, proibindo expressamente, por seus secretários, que os opositores exerçam o democrático contraponto”.

Anteontem, o TRE julgou improcedente uma representação protocolada pela Frente de Esquerda – a coligação de Humberto – pedindo liminar para que se retirem as cenas exibidas no guia eleitoral de Jarbas, onde aparecem imagens de prédios públicos. “Que tipo de democracia é essa? O governador apresenta um Estado perfeito, onde tudo funciona. Quando o PT tenta mostrar a realidade somos impedidos por esse mesmo Governo”, questionou o advogado Cláudio Ferreira.

Escalado mais uma vez para falar em nome do governador, o secretário de Governo e presidente do PMDB, Dorany Sampaio, ridicularizou a ação petista. “Humberto é médico e, como tal, deveria saber que o Estado jamais poderia expor os corpos e pessoas ali presentes para serem exibidos no guia. Ou é ignorância ou má fé. Não se trata de abuso de poder, e sim bom senso. Por isso, não foi permitida a entrada de candidatos e muito menos de câmeras. É uma vergonha que diante de tantas coisas sérias para serem tratadas, o PT queira ocupar a pauta do TRE com sensacionalismo barato”, disparou.


Petistas já organizam nova visita de Lula
O coordenador da campanha do presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva, no Nordeste, Francisco Rocha, está acertando os últimos detalhes para a nova visita de Lula ao Estado, no próximo dia 10. Vindo do Sertão da Bahia, o petista fará a sua primeira parada em Pernambuco em Caruaru, no Agreste, por volta das 15h. Lá, será realizado um ato político com a participação de representantes dos movimentos sociais que defendem a questão agrária (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Movimentos dos Pequenos Agricultores e Comissão Pastoral da Terra), além da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco (Fetape).

Depois, o presidenciável segue para o Recife, onde deverá chegar por volta das 18h30.

Está prevista a realização de uma entrevista e gravação para o guia eleitoral da campanha petista em Pernambuco.

Até a tarde de ontem, apenas o showmício, que será na Praça do Carmo, às 21h, estava fechado. Assim como em outras cidades, a atração musical do evento será a dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano. A expectativa da militância é que seja organizada uma caminhada pelas ruas centrais da cidade, mas ainda não há confirmação da organização da campanha.

A previsão de Francisco Rocha é de que Lula volte ao Estado mais uma vez antes das eleições. “Além da visita do dia 10, estamos articulando junto à coordenação nacional, a possibilidade de que um dos últimos cinco comícios de Lula, que serão realizados até o dia 02 de outubro, aconteça em Pernambuco”, explicou Rocha. Apesar de ter uma situação confortável no Nordeste, onde está com 39% das intenções de voto, segundo a pesquisa Datafolha publicada no último domingo, Lula continuará priorizando a região.

Paralelamente à organização da visita de Lula ao Estado, a organização da campanha petista anuncia a intensificação das ações na Região Metropolitana do Recife. Segundo o candidato ao Governo, Humberto Costa, a nova estratégia inclui a realização de atos em cidades vizinhas ao Recife e atividades em bairros populosos da RMR.


Briga Ciro x Serra esquenta o guia
Responsáveis pelos momentos mais quentes no debate da Record, Ciro Gomes e José Serra continuam se atacando no horário gratuito e na Internet

SÃO PAULO – Os candidatos José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) voltaram a se atacar no guia eleitoral apresentado ontem à noite. Serra comparou Ciro ao ex-presidente Fernando Collor, enquanto o ex-governador do Ceará expôs falas do presidente Fernando Henrique Cardoso em sua campanha eleitoral de 94 e de Serra na atual campanha.

As duas inserções foram consecutivas. Depois de falar de projetos para a terceira idade, Serra usou o fim do programa para colocar uma fotografia de Collor na tela, enquanto o locutor o chamava de “destemperado”, “jovem”, “ex-prefeito de capital nordestina”. Depois, o locutor perguntava: “Você acha que é deste homem que estamos falando?”. E dizia: “Não, é deste aqui.”, trocando a foto de Collor por uma de Ciro. Em seguida, a imagem da câmera abria o plano e a foto mostrava Collor e Ciro se cumprimentando, com o texto dizendo: “até que dá para confundir”.

Assim que essa imagem saiu, começou o programa de Ciro, aberto por frases de FHC na vitoriosa campanha de 94, com promessas sobre segurança pública, alternando-se com propostas semelhantes e atuais de Serra sobre o assunto. Depois de FHC falando, vinha o texto: “Promessa não cumprida”. Assim que Serra falava, o locutor perguntava: “Dá para acreditar?”.

Já o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou cenas de um recente encontro com artistas, no Rio de Janeiro. Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, criticou as propostas de emprego do tucano e Anthony Garotinho (PSB) falou dos empregos que criou na indústria naval.

Na Internet os quatro presidenciáveis mostraram-se bastante ágeis. Assim que o debate na Rede Record terminou, na madrugrada de ontem, os sites de Serra e de Lula já mostravam textos dos melhores momentos de cada um. O de Serra trazia, como notícia principal, “Cara a cara, Serra desmascara Ciro Gomes na TV”. E outras notícias, como: “Serra: tirei o genérico do papel” ou “Candidato tem que fazer o que fala”. Espirituoso, Lula disse ontem que a briga de Serra e Ciro precisa ser resolvida no divã e não nos debates na TV.


Ibope confirma empate entre candidatos
SÃO PAULO – O Ibope registrou ontem, em nova pesquisa divulgada pelo Jornal Nacional, empate numérico entre os candidatos Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB) na intenção de voto dos eleitores. Ambos têm 17% dos votos – mesmo índice de Serra na semana passada, enquanto Ciro caiu quatro pontos percentuais. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Anthony Garotinho (PSB) mantiveram os índices da semana passada – 35% e 11%, respectivamente, sendo que o petista segue na liderança da disputa.

Também se mantiveram estáveis os índices do candidato Zé Maria (PSTU), 1%, e de votos brancos e nulos (5%). O índice de eleitores indecisos subiu quatro pontos percentuais, de 10% para 14%.

É a segunda pesquisa Ibope que leva em conta os programas eleitorais, e confirma a tendência de equilíbrio entre os candidatos. A margem de erro agora é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos. O instituto realizou três mil entrevistas entre os dias 31 de ago sto e anteontem, em 202 cidades brasileiras.

Lula vence todos os adversários nas simulações feitas pelo Ibope para o segundo turno: 48% a 38% contra Ciro, 48% a 39% contra Serra e 51% a 33% contra Garotinho. Em outra simulação, José Serra bate Ciro Gomes por 41% a 38% – empate técnico dentro da margem de erro.

Desde o início do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, no dia 20 de agosto, a disputa pelo segundo lugar na corrida presidencial ficou mais acirrada. Antes, o candidato da Frente Trabalhista tinha 14% de vantagem para o adversário.

Na pesquisa Ibope realizada na véspera do início do horário eleitoral, entre os dias 17
e 19, Ciro estava isolado na segunda posição nas intenções de voto para a Presidência, com 26%, enquanto Serra tinha 12%.

VOX – Pesquisa Vox Populi/Correio Braziliense publicada ontem e realizada nos dias 1 e 2 de setembro, confirma a tendência. Lula passou de 34% para 36%, Ciro caiu cinco pontos percentuais, passando de 25% das intenções de voto para 20%, Serra subiu de 15% para 19%, e Garotinho passou de 8% para 9%.


Paulinho, vice de Ciro, é intimado a depor no Ministério Público
BRASÍLIA – O candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes (PPS), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PTB), foi intimado ontem para depor no Ministério Público Federal.

A ministra-chefe da Controladoria-Geral da União, Anadyr de Mendonça Rodrigues, em relatório divulgado ontem, recomendou ao Ministério do Trabalho que não aprove as contas da Força Sindical relativas à aplicação de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador na qualificação de trabalhadores.

Paulinho era presidente da Força Sindical na época da assinatura dos convênios. O relatório recomenda ainda que o ministério não repasse novos recursos à Força.


LULA E MALUF PASSAM SUFOCO EM PLENO AR
O presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva, e o candidato do PPB ao Governo de São Paulo, Paulo Maluf, levaram um susto ontem quando os aviões em que viajavam apresentaram defeitos. Dois jatos da Líder Táxi Aéreo, que levariam Maluf para Ribeirão Preto apresentaram falhas ainda na capital paulista e a viagem foi cancelada, pois um terceiro aparelho não estava disponível. O primeiro avião (foto acima) decolou, ficou cinco minutos no ar e fez um pouso de emergência no Aeroporto de Congonhas. O candidato pegou um segundo avião, que teve a decolagem abortada ainda na pista do aeroporto. Maluf, então, desistiu da viagem. O presidenciável petista também enfrentou problemas durante um vôo. Lula seguia de São Paulo para Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Segundo a assessoria do candidato, houve um problema hidráulico no jato executivo da TAM que levava a equipe petista. O defeito foi percebido durante o sobrevôo no Paraná. A aeronave retornou a São Paulo por volta das 11h e Lula embarcou em outro avião para Passo Fundo, onde realizou comício.


Artigos

O poeta Euclydes da Cunha
Arthur Carvalho

“Os Sertões” está aniversariando. São cem anos de glória. Cem anos de glória de um livro que meu pai leu e anotou minuciosamente, diversas vezes, com a curiosidade de engenheiro civil versado nos clássicos da literatura universal e de quem conheceu pessoalmente alguns militares que participaram da campanha e desfilavam nas paradas cívicas de 7 de setembro, em Salvador. (Falar nisso, o que estão fazendo com nossas Forças Armadas é uma vergonha. Enquanto os Estados Unidos se armam cada vez mais, sob o comando dessa fascinante e doce figura humana, que é Bush, falta grana até pros nossos recrutas. “Sucesso é isso”, como disse o sambista paulista Germano Mathias, ao interpretar um número no auditório da TV Jornal do Commercio, em priscas eras, sem receber um aplauso, sequer, e não cantou o segundo samba, retornando pra casa no primeiro avião).

Se formos julgar pelo conjunto da obra, nenhum escritor brasileiro se compara a Machado de Assis, pela profundidade psicológica de seus personagens e seu estilo único, mas creio que, em se tratando de um livro só, “Os Sertões” não tem rival na língua portuguesa. Mesmo catalogando escritores da importância de um Alexandre Herculano, um Camilo Castelo Branco, um Eça de Queiroz, um José Saramago.
Dir-se-á que não se pode misturar alhos com bugalhos, romance com ensaio ou poesia. Vai aí mais uma grandeza de “Os Sertões”. Poderá ele ser bitolado apenas como ensaio literário, histórico ou sociológico? Será somente uma fantástica reportagem ou crônica de guerra? Talvez seja o relato de uma extraordinária epopéia narrada em forma de poema em prosa. Quem duvidar, leia estes fragmentos:
“Muito baixo no horizonte, o Sol descia vagarosamente, tangenciando com o limbo rutilante o extremo das chapadas remotas e o seu último clarão, a cavaleiro das sombras, que já se adunavam nas baixadas, caía sobre o dorso da montanha... Aclarou-o por momentos. Iluminou, fugaz, o préstito, que seguia à cadência das rezas.

Deslizou, insensivelmente, subindo, à medida que lentamente ascendiam as sombras, até o ato, onde os seus últimos raios cintilaram nos píncaros altaneiros. Estes fulguravam por instantes, como enormes círios, prestes acesos, prestes apagados, bruxuleando na meia luz do crepúsculo. Brilharam as primeiras estrelas. Rutilando na altura, a cruz resplandescente de Órion alevantava-se sobre os sertões.” (Pág. 310).

“Os chuviscos da véspera, como sucede na plenitude do estio, haviam passado sem deixar traços. O solo requeimado absorvera-os e repelira-os, permanecendo ressequido e agro. Em roda, até aonde se estendia o olhar, pelo bolear dos cerros, pelas rechãs que se estiram nos altos, pelas várzeas que os circuitam, pelas serranias de flancos degredados, por toda a parte, o mesmo tom nas paisagens a um tempo impressionadoras e monótonas: a natureza imóvel, caída num grande espasmo, sem uma flor sobre as ramagens nuas, em um bater de asas nos ares quietos e serenos...”

“Além disto, aquela manhã resplandecente os alentava. O belo firmamento dos sertões arqueava-se sobre a terra - irisado - passando em transições suavíssimas do zênite azul à púrpura deslumbrante do oriente.” .

“Naquele momento o sineiro da igreja velha interrompeu o alarma. Vinha caindo a noite. Dentro da claridade morta do crepúsculo soou, harmoniosamente, a primeira nota da Ave-Maria... Descobrindo-se, atirando aos pés os chapéus de couro ou os gorros de azulão, e murmurando a prece habitual, os jagunços dispararam a última carga...” .

“Apenas na difusão luminosa das estrelas desenhavam-se, dúbios, os perfis imponentes das igrejas. Nada mais. A casaria compacta, as colinas circundantes, as montanhas remotas, desapareciam na noite.” (Pág. 370). Como diria Thomás Seixas, gênio é isso.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

O debate da Record
Em relação ao debate anterior, promovido pela Rede Bandeirantes, o debate da Rede Record com os quatro principais candidatos à presidência da República foi um pouco melhor. O modelo ainda não é o ideal mas os candidatos ficaram menos engessados do que da vez passada. Até os constantes pedidos de “direito de resposta” em vez de encherem a paciência dos telespectadores deram mais alma e mais movimento ao programa, tornando-o menos enfadonho.

Lula, mais uma vez, teve um bom desempenho diante das câmeras. Não desafiou ninguém para brigar e também não foi desafiado. Fez perguntas “feijão com arroz” aos adversários porque ainda não tem claro quem irá com ele ao segundo turno.

Poupando-os, pois, poderá receber o apoio de dois deles. Os adversários também o pouparam porque colocaram na cabeça que ele é o “candidato ideal” para ser enfrentado no segundo turno. Garotinho também saiu-se bem mas pas sa menos credibilidade do que os seus três adversários.

Portanto, debate mesmo para valer foi o que se deu entre Ciro e Serra, que estão lutando desesperadamente para ir com Lula ao segundo turno. A performance de ambos não foi má, mas o tucano se revela muito mais qualificado para o exercício do cargo que postula.

O candidato da Assembléia
A Igreja Evangélica Assembléia de Deus tem duas convenções em Pernambuco: uma em Recife e outra em Abreu e Lima. Diferentemente do que foi publicado ontem na coluna, a do Recife apresentou como seu candidato à Câmara Federal o pastor Francisco Olímpio, do PSB, em dobradinha com Manoel Ferreira (PPB). Já a convenção de Abreu e Lima, chefiada pelo pastor Isaac Martins, é que tem como candidato à Câmara Federal o atual deputado Salatiel Carvalho (PMDB).

Dono do nariz
Formiga sabe a roça que corta. Por pressão de Sérgio Guerra (PSDB), o comando político da “União por Pernambuco” enquadrou Joaquim Francisco (PFL), obrigando-o a pedir votos no rádio e na TV para Marco Maciel e Sérgio Guerra. Já com o deputado Armando Monteiro (PMDB), que é eleitor de Carlos Wilson, ninguém mexeu.

Decisão endrúxula
Dílson Peixoto (PT) não pode mais falar sobre o “desaparecido político” Fernando Santa Cruz no seu guia eleitoral. A decisão, do desembargador auxiliar Maurício Albuquerque, deixou incrédulos os candidatos majoritários do PT. Quem requereu a proibição foi o advogado Harlan Gadelha Filho, cujo pai, “Harlanzão”, foi cassado em 69.

III encontro da UVP começa hoje em Serra Talhada
A União dos Vereadores de Pernambuco promoverá hoje em Serra Talhada o seu terceiro encontro estadual. Sérgio Guerra, João Arraes, Inocêncio Oliveira, Luiz Piauhylino e Augusto César figuram entre os palestrantes.

Guerra faz campanha ao lado de Lapa
A primeira aparição de Sérgio Guerra ao lado do deputado Carlos Lapa (PSB) aconteceu domingo, em Carpina. O candidato a senador desceu de helicóptero na cidade e foi direto para um almoço no Clube Planalto.

Haja lexotan!
Pelas estimativas dos seus próprios integrantes, o “chapão proporcional” que apóia Jarbas perdeu nos últimos 90 dias pelo menos 100 mil votos para as coligações menores. Por isso, em vez de 22 estaduais deverá eleger apenas 20, o que tem aumentado o consumo de lexotan na bancada governista.

Irmão com irmão
Os irmãos Eudo (PPB) e Enoelino Magalhães reconciliaram-se. Depois de um período de afastamento, Enoelino resolveu entrar na campanha do mano para a Assembléia Legislativa, tendo participado, ao seu lado, de uma carreata em Palmares. Os filhos Enoelino Júnior e Carolina continuam com Raul Henry (PMDB).

O vereador Marcelo Santa Cruz, do PT de Olinda, promoverá amanhã à noite na churrascaria “O Laçador”, em Boa Viagem, um jantar de adesão ( R$ 40,00) à sua candidatura à Assembléia Legislativa. Pelo volume de pessoas que comparecer a esse ato ele terá mais ou menos uma noção se será eleito ou não deputado estadual.

Se Ciro continuar em queda nas pesquisas, cairá por terra a expectativa do PPS de eleger Roberto Freire e Clementino Coelho para a Câmara Federal. Sem pelo menos 50 mil votos de legenda, o partido só faria um. Roberto Freire tem mais nome mas o irmão do prefeito de Petrolina tem mais estrutura.

Inocêncio Oliveira (PFL) deixou escapar ontem numa roda de amigos que se der Serra e Lula no 2º turno votará neste último “de olho fechado”. Além de não gostar do candidato tucano, há um outro fator de caráter municipal que o impede de apoiá-lo: o deputado tucano Augusto César, seu principal adversário em Serra Talhada.

Depois da visita de Serra, hoje, a Pernambuco, pode ser que os candidatos a deputado resolvam se engajar na sua campanha, já que uma boa parte deles ainda está fazendo “corpo mole”. Até Pedro Eurico, que se diz “tucano de carteirinha”, espalhou outdoor nas ruas do Recife sem fazer referência ao nome dele.


Editorial

PREVIDÊNCIA ESTADUAL

O Governo do Estado, através da Secretaria de Administração, revela-se pessimista quanto aos recursos para pagamento das aposentadorias, no Estado, a partir do ano de 2007. Somente por esse motivo, afirma, tem a Procuradoria batalhado, na Justiça, para manter a alíquota previdenciária de 13,5% na folha de pessoal, determinada pela Lei Complementar nº 28, de 14 de janeiro de 2000. Antes dela, conforme deve ser lembrado, a alíquota descontada no salário dos funcionários era de 10% e ao Governo de apenas 5%. Assim, a desvantagem foi mútua, com vistas a um equilíbrio no futuro.

Mais imediatistas em sua luta, os servidores não aceitam o prejuízo. Quando houve aquela majoração, os funcionários (com as exceções conhecidas de algumas categorias, como fazendários e policiais) estavam há seis anos sem ajuste. Assim, para eles, o aumento do desconto previdenciário significou, na prática, algo que a Constituição proíbe, a redução salarial.

Como os caminhos da jurisprudência são mais complexos do que imagina a vã filosofia, houve funcionários que conseguiram ganhar liminares e voltar aos descontos de 10%, outros não. A maioria ainda espera uma solução favorável dos tribunais que atinja a todos, enquanto o tempo passa e o aperto cresce, estimulado pelos novos preços, principalmente de serviços governamentais de âmbito federal.

As mudanças locais no sistema previdenciário dos funcionários públicos foram, na realidade, determinadas pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98, que instituiu novas regras. O seu objetivo foi dar um caráter essencialmente contributivo. Isto pode ser assim traduzido: a partir de agora, deve contar mesmo é o tempo de efetiva contribuição do trabalhador, não mais o simples tempo de serviço. Anteriormente, o trabalhador podia pedir a antigos patrões uma comprovação de que trabalhou em seu negócio (mesmo sem haver contribuído para a previdência) e esse documento era contado como tempo de serviço. Até testemunhos de terceiros valiam. Hoje, isso não mais acontece.

Para se ter uma idéia de que os problemas previdenciários não são de fácil solução, basta dizer que, para ajustar-se à legislação federal, o Governo Estadual de Pernambuco precisou editar sete decretos, quatro leis e uma lei complementar, entre 28 de janeiro de 1999 e 28 de setembro de 2000. Os estudos que resultaram em um novo modelo do sistema previdenciário para os servidores estaduais foram realizados, através de convênio, pela Fundação Getúlio Vargas. O sistema proposto é formado por dois fundos: o Funafin, encarregado da cobertura do passivo atuarial, e o Funaprev, responsável pela formação de uma poupança previdenciária, uma espécie de reserva financeira, em permanente aplicação, com o objetivo prioritário de custear os benefícios de futuras aposentadorias/reformas e pensões. Ambos os fundos, sob a supervisão de uma Fundação de Aposentadorias e Pensões dos Servidores do Estado.

A completa transformação do sistema está prevista para completar-se daqui a quatro ano. Mas, representantes sindicais já foram prestar queixas ao Tribunal de Contas do Estado sobre a forma como a contribuição de 13,5% dos servidores está sendo administrada pelo Governo do Estado. Enquanto isso, este já fala em perspectivas sombrias para o futuro, num sistema ainda recém-criado.

Pelo que se vê, nem só o aumento da alíquota previdenciária está incomodando governo e servidores. Mas a trama burocrática e contábil que envolve a previdência é no seu todo tão complexa, que chega a intimidar tanto os que a conceberam quanto aos que com ela se sentem injustiçados.


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09/04/2002


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