PT rompe relações com seguradora laranja







PT rompe relações com seguradora laranja
PORTO ALEGRE – A Executiva Estadual do PT gaúcho decidiu romper ontem relações com o Clube de Seguros da Cidadania, entidade que intermediou doações para o partido durante a campanha de 1998 e que foi colocada sob suspeita por uma CPI na Assembléia Legislativa. Os dirigentes petistas também aprovaram a realização de uma campanha financeira entre os filiados para arrecadar recursos suficientes em 90 dias para a aquisição de uma nova sede, já que o prédio ocupado pelo partido pertence à seguradora.

O imóvel custou R$ 310 mil ao Clube da Cidadania, além de R$ 80 mil pelas reformas realizadas. As várias denúncias que chegaram à CPI e as lacunas na contabilidade da entidade alimentaram as dúvidas sobre a origem dos recursos movimentados. Além da suspeita sobre recepção de dinheiro do jogo do bicho, os parlamentares descobriram que sindicatos empresariais também injetaram dinheiro no clube. Alguns contribuintes, por outro lado, declararam desconhecer que suas doações serviriam para a compra de uma sede para o PT.

“O clube tinha total legalidade, e o dinheiro que ele arrecadou nesses cinco anos têm origem lícita, mas por conta dos acontecimentos – o clube já anunciou que não vai mais continuar com as atividades – nós também não podemos morar mais aqui”, justificou o presidente estadual do PT, Davi Stival.
Publicamente os líderes do PT seguem afirmando, como Stival, que o Clube da Cidadania não cometeu nenhum irregularidade.


PMDB admite adiar as prévias
Proposta une todas as alas do partido e interessa ao presidente FHC, que quer mais tempo para costurar a unidade dos governistas

BRASÍLIA – O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), confirmou ontem que as eleições prévias do partido para escolha do candidato a presidente deverão ser adiadas de 20 de janeiro para uma data ainda indefinida, em março. A iniciativa de propor o adiamento partiu, segundo Temer, do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB), por meio de um telefonema que este lhe deu anteontem. O ex-governador argumentou que, diante do quadro político indefinido deste fim de ano, talvez, não fosse útil para o partido apressar essa escolha.
“Acho que, adiando, será útil para o partido, que terá mais tempo para costurar a sua unidade”, disse Michel Temer, que ontem discutiu o assunto com o ex-presidente nacional da legenda e atual prefeito da cidade de Joinville (SC), Luiz Henrique da Silveira, e ainda com um dos inscritos nas prévias, o senador Pedro Simon (RS).

Assim como Quércia, que representa o grupo liderado pelo governador de Minas Gerais, Itamar Franco, também inscrito na disputa, Simon concordou com a transferência.
A decisão que o comando da sigla começou a construir ontem interessa a todas as alas da agremiação e também ao Governo. Para o presidente Fernando Henrique Cardoso, o adiamento reduz, no cenário de curto prazo, a tensão que as prévias de um dos partidos da coalizão governamental – logo em janeiro – estava gerando. Além disso, adia-se para março, como ele desejava, o início formal da corrida presidencial.
Os outros dois aliados, PFL e PPB, defendiam apenas em março a instalação plena do processo de escolha interna e do candidato que liderará uma eventual repetição da aliança eleitoral que reelegeu Fernando Henrique.

Embora a iniciativa de abrir o debate tenha sido de Quércia, ninguém na legenda assume a autoria da proposta. Temer disse que, se a decisão for tomada formalmente, será, na realidade, o resultado de uma construção coletiva que, neste momento, parece interessar a todas as correntes partidárias.


Tucanos cobram definição do candidato
A bancada federal do PSDB decidiu “correr atrás do prejuízo” e pretende forçar o lançamento do candidato do partido à Presidência da República ainda este ano. Ontem, 78 deputados federais – 80% da bancada – encaminhou documento ao líder do partido na Câmara dos Deputados, Jutahy Júnior, solicitando que, até o próximo dia 15, seja feita uma reunião entre a bancada e a Executiva Nacional para definir os critérios para escolha do candidato tucano.

O deputado federal Carlos Batata (PE) integra o movimento que prega a antecipação das prévias, juntamente com os deputados Zenaldo Coutinho (PA) e Alexandre Santos (RJ). Batata é um dos articuladores da campanha do atual presidente da Câmara, deputado Aécio Neves (MG). “Não podemos perder tempo. Os demais partidos já entraram na disputa. Estão aí o PT e o PFL liderando as pesquisas. Temos quadros importantes e precisamos nos definir”, declarou Carlos Batata.

No ninho tucano, pelo menos quatro nomes estão sendo cogitados para disputar a sucessão de FHC: o dos ministros da Saúde, José Serra, e da Educação, Paulo Renato, o do governador do Ceará, Tasso Jereissatti, e o do presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves. No entanto, os tucanos afirmam que Aécio só disputará a Presidência da República se receber total apoio do Governo Federal. Dessa forma, o deputado estaria evitando ser visto como “mais um candidato do PSDB”. Se as prévias ocorrerem até o dia 15 do próximo mês, o candidato do partido à sucessão de FHC será anunciando no dia 30 de dezembro.


FHC reforça nome de Serra no Recife
Apesar de tentar empurrar para março a escolha do candidato governista ao Planalto – indo de encontro ao que deseja a bancada federal do PSDB –, o presidente Fernando Henrique Cardoso não esconde a simpatia pela pré-candidatura do ministro da Saúde, José Serra (PSDB). Na próxima segunda-feira (03), FHC reforça o palanque de Serra ao prestigiar, no Recife, a inauguração da nova fábrica de medicamentos líquidos orais do Lafepe, construída a partir de um convênio entre o Governo do Estado e o Ministério da Saúde.

Ao lado de FHC – que volta a Pernambuco duas semanas após ter lançado programas para o semi-árido em Petrolina – e do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), um aliado importante do Governo Federal, José Serra procura, mais uma vez, tentar desfazer a imagem de político antipático ao Nordeste, criada durante sua passagem pelo Ministério do Planejamento. Amigo pessoal do ministro desde a época do movimento estudantil, quando colaborou na campanha de Serra à presidência da União Nacional dos Estudantes (UNE), em 1963, o secretário estadual de Saúde, Guilherme Robalinho, rechaça a tese de que Serra não teria bons olhos para o Nordeste.

Segundo ele, o ministro “deu várias demonstrações de apreço aos Estados nordestinos”, inclusive com apoio importante às iniciativas do Governo de Pernambuco. Para Robalinho, Serra é, “sem sombra de dúvida”, o melhor nome para concorrer ao Planalto. “Ele representa o lado bom do Governo, com um desempenho excelente na área de saúde. Agora, ele só precisa se viabilizar politicamente”, afirma. Com planos de disputar uma vaga na Câmara Federal, Robalinho confessa que a possibilidade de ter Serra na cabeça de chapa presidencial e Jarbas disputando a reeleição o animaria a levar adiante o projeto.


Assembléia perto da convocação extra
A Assembléia Legislativa corre o risco de ser convocada extraordinariamente se não conseguir limpar a pauta, composta por 22 projetos (veja quadro) enviados pelo Palácio das Princesas à Casa. O período ordinário do Legislativo termina no próximo dia 15 e só recomeça depois do Carnaval.
As sessões ordinárias – aquelas com ordem do dia, ou seja, com pauta de votação – só ocorrem nas terças, quartas e quintas-feiras. Isso exigirá muita disposição dos deputados – os governistas são maioria – para votar as matérias. Se ocorrer a convocação extra pelo Palácio, depois do dia 15 de dezembro, os deputados terão direito a mais R$ 6 mil, referente ao jeton.

Nenhum dos projetos do Executivo esgotou, sequer, a tramitação nas comissões temáticas da Assembléia. Existem matérias que dependem de parecer de quatro comissões. A maioria delas é proveniente da Secretaria da Fazenda e exigirá maior empenho dos líderes do Governo. O secretário da Fazenda, Jorge Jatobá, passou a tarde de ontem na Comissão de Finanças da Assembléia para esclarecer as matérias.

A líder do Governo, deputada Teresa Duere (PFL), corre contra o tempo para esgotar a pauta no período ordinário. Surpreendida com a quantidade de projetos, Teresa já encaminhou os mais polêmicos para um estudo aprofundado pela sua assessoria jurídica.


Artigos

Palavras
FÁTIMA QUINTAS

Tenho, repito mais uma vez, a mania de sentir. Olho para todos os lados e sempre me deparo com a intenção de sugar a essência do que parece impossível. “Se existo é um erro, eu o saber. Se acordo/ Parece que erro”. Minha vigília não descansa. Jamais relaxo a volúpia de compreender o que além de mim me habita. Possuo apenas as palavras como arma para decifrar o mundo. Não é pouco. Se usá-las devidamente, sou dona do império da alma. A pobreza da minha existência oferta-me as palavras como tesouro único, e não devo, em momento algum, minimizá-las. “Nasci da escritura: antes dela, havia tão-somente um jogo de espelhos”.

Há riscos, todavia, no dizer. A linguagem suscita um enorme espectro de “possibilitações”. Falar ou silenciar, duas formas contundentes de expressar-me. Já calei muito, em tempos de guerra interior ou de intensa reflexão. O silêncio tem a força do não dito, e pode representar tanto ou mais que a palavra. Não há como medir o labirinto do dizer e do não dizer.
Alguém fala para alguém que escuta. A vida começa com o terrível impacto da realidade. O choro primal assume o vigor da angústia, muito embora revele igualmente a explosão da existência por inteiro. A confirmação ontológica deriva da exacerbação dos sentidos. A lágrima autentica o precoce degrau da passarela humana. Vai adiante, lado a lado, com as emoções de alegria ou de tristeza. Nascer, crescer, amadurecer, morrer. Ciclos que jamais prescindem da palavra e do silêncio.

Na efervescência de um mundo pleno de superficialidades, quem ousará verbalizar os sentimentos? Explode-se para dentro porque o confessionário não resistiu à frenética corrida do destino. Ouvir é um exercício precioso que, a cada dia, se embaça pela ausência da escuta. Ninguém tem tempo para perder tempo ouvindo. Todos falam, os ecos são estridentes, e a palavra, essa palavra sacralizada, se vulgariza. O sentido do belo se transforma em banalidades que se evaporam em frases falsas e artificiais. O que acontece neste final de século tão eivado de vãs palavras? Será que corrompemos a capacidade de sentir? Ou a palavra já não carrega a substância real que dela emana? Não. Não é possível que a consciência contemporânea aceite tão passivamente a morte da palavra. Faz-se urgente aglutinar forças para reagir a débâcle aparentemente inevitável. Há muito por dizer e por escutar. Os homens precisam acreditar na densidade simbólica da letra viva. Saber guardá-la em oráculos míticos diz da preservação da própria história. Se há uma grande história a ser narrada e se houver alguém para ouvi-la, a humanidade seguramente garantirá a sua continuidade. Um legado que se infiltra de geração a geração.

Faltam-me palavras quando quero falar da palavra. Então penso em calar, talvez a atitude mais ponderada nesse picadeiro amorfo, vazio, neutro. Acode-me, de pronto, o impulso da racionalidade, de modo a evitar a enxurrada leviana dos falares frívolos. Recuo e avanço. O temor, todavia, me reveste de paramentos protetores. Que hei de fazer entre o não e o sim?
Percebo-me diante de uma porta aberta e de uma porta fechada. Entrar é arriscado. Não entrar é covardia. Todo ato produz conseqüências. Fugir dos embates patenteia a maneira mais simples de viver à beira, ou melhor, de viver de menos. A minha ânsia de saber-me viva não permite tergiversações. E o meu caminho é o da palavra. O que me apraz. Não sei se estou certa. Quantas vezes já me perguntei a mesma coisa? As recorrências servem para fortalecer o que me inquieta.

Dizendo. Falando. Dizendo de novo. Quase mortificando-me na busca de aprofundamentos. “Durante muito tempo tomei minha pena por uma espada. Não importa. A cultura não salva nada nem ninguém, ela não justifica. Mas é um produto do homem; só esse espelho crítico lhe oferece a própria imagem. A gente se desfaz de uma neurose, mas não se cura de si próprio”.
Terei na palavra a minha redenção?


Colunistas

Pinga-Fogo - Inaldo Sampaio

Com ou sem Tasso
Em entrevista anteontem à Rede Vida, Ciro Gomes garantiu que será candidato a presidente da República independente de Tasso Jereissati vier a ser o escolhido pelo PSDB para disputar o mesmo cargo. “Eu não gostaria de enfrentá-lo mas a minha candidatura representa hoje as aspirações de 16 a 20 milhões de brasileiros”, disse ele.
Em entrevistas anteriores, ele não falava assim com tanta ênfase sobre a hipótese de ter que partir para o confronto com o governador do Ceará. Tecia elogios à conduta dele, enaltecendo o fato de ter sido eleito pela terceira vez para governar o seu Estado, mas sempre se recusava a admitir que poderia tê-lo como adversário caso ele derrotasse o ministro José Serra nas eleições primárias do PDSB.

Deve-se essa mudança de comportamento ao senador Roberto Freire. Quando a possibilidade de renúncia de Ciro começou a ganhar corpo por conta do surgimento simultâneo da candidatura de Tasso, o presidente do PPS foi a ele e cobrou-lhe-lhe mais firmeza na sustentação da candidatura. Hoje, o argumento de que o ex-ministro se utiliza é exatamente igual ao do senador: 12% de intenções de voto na pesquisa (Datafolha) representam aproximadamente 15 milhões de eleitores. Ou seja, Ciro não é mais o dono do seu nariz.

Estranho no ninho
Graças a um discurso de Geraldo Coelho, a Assembléia Legislativa tomou conhecimento da existência de um ex-prefeito de Petrolina que, fugindo à regra geral, não carregava “Coelho” no sobrenome. Chamava-se Isaac Cordeiro e faleceu anteontem naquela cidade. Segundo o deputado pefelista, como prefeito na década de 70 ele criou uma vila que leva o seu nome - Isaacolândia” - e era muito popular na periferia porque também tocava sanfona.

Conforme a lei
Do coronel PM Adílson José da Silva negando a afirmação de Iran Pereira de que teria sido promovido irregularmente - de capitão para major - no governo Roberto Magalhães: “Quem me promoveu foi Krause e não Roberto Magalhães, que já estava fora do governo. Um dos requisitos era ter o curso superior de polícia. E e esse eu tinha”.

Além do previsto
Fernando Duere (infra-estrutura) arrancou do OGU-2001 para as obras de ampliação do Aeroporto dos Guararapes R$ 46,4 milhões, embora só estivem previstos R$ 22,4 milhões. Hoje, sairão do porto de Giron (Espanha) com destino a Suape as sete pontes de embarque do Aeroporto que vão estar em funcionamento a partir do mês de fevereiro.

Cedido ao sindicato para outra finalidade
O presidente da Csurb Roberto Leandro (PT) foi posto à disposição do Sindicato dos Bancários por ser dirigente sindical. Mas se agora está cedido à prefeitura não deveria mais, por questão de ética, receber o salário da CEF.

O que vale para um deve valer para os demais
Do deputado Clementino Coelho (PPS) sobre um suposto veto do PT à candidatura de Roberto Freire à reeleição: “João Paulo aceitaria discutir 2004 não lhe sendo assegurada a naturalidade de sua candidatura à reeleição?”

Antena ligada
Marco Maciel não passa batido. Viu no programa de “Jô Soares” (Globo) uma entrevista da cantora pernambucana (radicada em São Paulo) Maria da Paz e enviou-lhe o seguinte telegrama: “Desejo cumprimentá-la pelo desempenho e expressar minha satisfação, como pernambucano, pelo seu talento e sua voz”.

Na terra natal
A pedido da família, a biografia do ex-deputado Walfredo Siqueira, que tem o patrocínio da Assembléia Legislativa, será lançada na terra natal dele, São José do Egito, no dia 4 de janeiro próximo. Lá estarão os dois genros dele que também foram parlamentares: Josias Leite (federal) e Francisco Perazzo (estadual).

Mesmo a contragosto de Inocêncio (PFL), o prefeito de Quixaba, José Pretinho (PMDB), vai mesmo votar nele para federal e em seu arqui-adversário Augusto César (PSDB) para estadual. “Essa é a chapa dos meus sonhos”, disse ele. “Se um não quiser subir no palanque por causa do outro...paciência!”

O prefeito de Camaragibe, Paulo Santana (PT), nega a suspeita do presidente da Câmara, Denivaldo Freire (PV), de que estaria por trás da manobra para tentar ampliar de 15 para 21 o número de vereadores do município. Diz que vive ocupado com as atribuições do Executivo e que não se mete em assunto de outro poder.

O desembargador Jones Figueiredo Alves e o professor Torquato de Castro (in memoriam) são os dois únicos pernambucanos que irão receber hoje em Brasília, das mãos do presidente Aécio Neves (PSDB-MG), a “Medalha do Mérito Legislativo Câmara dos Deputados”. Será às 10h no salão nobre.

Jarbas deve ter chegado à conclusão de que fez um bom negócio ao excluir o Lafepe do rol das empresas estatais que estavam para ser privatizadas no início do seu governo. Ampliado e modernizado, ele tornou-se o 2º maior laboratório farmacêutico estatal do país e estará recebendo na próxima 2ª a visita do presidente FHC.


Editorial

Reestruturação urbana

É fato positivo a aprovação, por unanimidade, pela Câmara Municipal do Recife, do projeto de lei da PCR que cria a Área de Reestruturação Urbana (ARU) e define as condições de uso e ocupação do solo em 12 bairros da cidade. Não somos favoráveis a um engessamento radical de construções de edifícios de gabarito mais elevado. Faz-se contudo necessário um disciplinamento da expansão urbana das cidades, como ocorre nos países desenvolvidos, sejam elas grandes ou pequenas. É importante também que esse tipo de legislação tenha oportunidade e prazo longo para demonstrar suas virtudes (ou não), em vez de mudar a cada administração, como ocorre em nossa capital, e geralmente em todo o Brasil.

A população da cidade, a administração, os construtores, o mercado imobiliário, precisam saber o que pode e o que vai ser feito em matéria de mutações na atual arrumação da cidade. Tome-se Casa Forte e Poço da Panela, por exemplo. Num espaço de uns dez anos, ora não se podia construir prédios de gabarito mais elevado, ora se podia e alguns foram construídos, provocando queixas sobre a inconstância dos procedimentos, tanto de defensores do meio ambiente, como de proprietários que se sentem prejudicados; do tipo: se meu vizinho pôde usar seu terreno para construir um edifício de 10 pavimentos, de 20, por que eu não posso fazer o mesmo?

Os defensores do equilíbrio ecológico, da preservação de áreas verdes, de áreas non aedificandi, de conservação de imóveis antigos, são acusados de egoísmo, de pretenderem continuar gozando sozinhos de uma qualidade de vida que vai rareando pela cidade. Mas, na verdade, é toda a população da cidade que se beneficia com as áreas verdes, os parques, os açudes e lagoas etc. Não é difícil observar como o clima melhora, com menos calor, mais aragem, à medida que passamos do centro da cidade para bairros como os já referidos e Apipucos, Dois Irmãos. Uma mudança no processo de produção, apropriação e aproveitamento do espaço urbano é urgente e será benéfica a todos; no sentido de que esse processo passe a orientar-se não apenas por interesses meramente econômicos, mas também pela necessidade de atender a exigências sociais, ambientais e de eficiência urbana.

Eficiência urbana: por exemplo, padrões de transporte e tráfego aceitáveis, que não tolham o desenvolvimento da cidade. Isso implica substituir o privilégio dado hoje ao transporte por automóveis particulares, criando-se um sistema diversificado de transporte coletivo de qualidade (ônibus, metrô, trens suburbanos), a ser usado por todos os cidadãos, como nas metrópoles mais desenvolvidas do mundo. Também o sistema viário teria que funcionar e não ser uma máquina de engarrafamentos insanáveis. Nada disso é possível com a manutenção de uma expansão urbana sem limites nem regras.

O presidente da Ademi (Associação de Empresas do Mercado Imobiliário), Armênio Ferreira, não concorda com as restrições da nova lei, mas, democraticamente, leva em consideração que a Câmara aprovou uma proposta elaborada pelo Conselho de Desenvolvimentro Urbano (CDU), amplamente discutida; e que foram adotadas emendas que preservam alguns interesses dos empresários, sem comprometer os objetivos da PCR. A diretora geral de Urbanismo da prefeitura, Norma Lacerda, louva o amplo debate em torno do projeto e destaca a mudança de mentalidade quanto ao projeto de cidade que queremos. Para o presidente da Câmara, Dilson Peixoto, o resultado da votação mostra que as bancadas do governo e da oposição se unem quando está em jogo o interesse coletivo e há amplo debate. A cidade está de parabéns.


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11/28/2001


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