Relator de CPI também é acusado







Relator de CPI também é acusado
O relator da CPI da Segurança Pública, Vieira da Cunha (PDT), recebeu doações de pessoas supostamente ligadas ao jogo do bicho. Cunha é o responsável pelo relatório final da CPI, a ser divulgado hoje. A comissão apura ligações do PT com o jogo do bicho.
Cunha recebeu doação para sua campanha de José Antônio Andreola Mônaco -citado em inquérito da Polícia Civil sob a acusação de ser banqueiro do jogo do bicho. A Agência Folha apurou que Mônaco doou R$ 100 para Vieira. O mesmo valor foi doado pelo ex-delegado Nelson Soares de Oliveira, advogado de banqueiros do bicho de Porto Alegre, que chegou a depor na CPI.
""Essas relações comprometem o relator e o relatório", disse o deputado Ronaldo Zulke (PT). A assessoria de Vieira disse que ele não comentaria o assunto por considerá-lo irrelevante. O advogado Nelson Oliveira não quis comentar a doação. A Agência Folha procurou Mônaco ontem, mas seu telefone estava ocupado.


Justiça impede que mídia divulgue fita
Uma liminar da Justiça gaúcha impede que os jornais "Zero Hora e "Diário Gaúcho", do grupo RBS, divulguem o conteúdo de uma fita na qual o ex-tesoureiro do PT Jairo Carneiro diz haver doações de bicheiros para o partido.
A fita foi gravada a partir de entrevista dada pelo ex-tesoureiro ao ""Diário Gaúcho". Ao depor na CPI da Segurança Pública, Carneiro disse que havia mentido.
O advogado do petista Diógenes de Oliveira já conseguira liminar anterior impedindo a publicidade da fita. Na madrugada de ontem, o juiz Régis de Oliveira Montenegro Barbosa deferiu liminar determinando que os jornais da RBS não a divulgassem.
A Associação Nacional de Jornais divulgou ontem nota manifestando sua preocupação com a liminar. Segundo a entidade, a decisão "proíbe a divulgação de matéria jornalística de evidente interesse público" e configura "nítido caso de censura prévia, condenada pela Constituição Federal". A ANJ diz esperar que as instâncias superiores do Judiciário restabeleçam a liberdade de imprensa.


Pacote antigreve do governo permite demissões coletivas
O governo lançou ontem um pacote antigreve que permite a imediata contratação de servidores temporários e a instauração de processo administrativo coletivo para demitir grevistas de forma mais rápida.
A primeira medida entra em vigor assim que for publicada medida provisória. A segunda, depende da aprovação do Congresso.
O pacote é uma resposta à paralisação de professores das universidades federais, em greve há 84 dias, e dos servidores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que completou ontem 98 dias. O governo avalia que os movimentos se radicalizaram.

Integram o pacote uma medida provisória, que autoriza contratação temporária de servidores, dois projetos de lei, que regulamentam o direito de greve no serviço público e serão enviados ao Congresso nos próximos dias, e um decreto publicado na edição de ontem do ""Diário Oficial".
O decreto diz que compete ao ministro do Planejamento processar a folha de pagamento de todos os servidores federais após a liberação de recursos mediante autorização do presidente da República. Hoje, isso é competência de cada ministro.

Na prática, a medida faz com que qualquer recurso contra decisão de não pagar salários de servidor em greve seja obrigatoriamente destinado ao STF (Supremo Tribunal Federal), o que gerou polêmica no Judiciário.
As medidas lançadas ontem pelo governo seguem a lógica de um tripé antigreve: autoriza a substituição dos grevistas, facilita a suspensão do pagamento dos salários e agiliza a demissão dos grevistas via processos coletivos.

Segundo a Folha apurou, o governo considera as medidas menos impopulares que as greves, que ameaçam o semestre letivo e a realização dos vestibulares nas universidades federais. No INSS, a greve atrapalha a concessão de benefícios, como aposentadorias, pensões e licença-maternidade.
Ao anunciar as medidas, o secretário-executivo do Ministério do Planejamento, Guilherme Dias, alegou que o governo teria chegado ao seu limite, após quase três meses de negociações, ao enviar ao Congresso proposta de reajuste das gratificações de 34,22%, em média. "Mesmo depois dessas propostas, os sindicatos insistiram na greve. Dessa forma, só nos restou propor algumas medidas com o objetivo de garantir a prestação dos serviços públicos à população", disse Dias.

A MP autoriza o governo a contratar temporariamente servidores substitutos a partir do décimo dia de greve. Os contratos temporários serão de três meses, prorrogáveis por igual período.
Em um dos projetos de lei, o governo regulamentará o direito de greve no serviço público previsto na Constituição.


Juíza barra prescrição de atos ligados a Maluf
A juíza Cynthia Thomé, da 6ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo, atendeu o pedido do Ministério Público Estadual e determinou ontem a interrupção da prescrição de eventuais atos de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito cometidos por Paulo Maluf e seus familiares durante a última gestão do ex-prefeito (1993-1996).
Na ação cautelar de protesto, impetrada na última segunda-feira, a promotoria alegava justamente a necessidade de ter acesso a extratos bancários solicitados pelo governo brasileiro às autoridades financeiras da Suíça e da ilha de Jersey. Temia-se que os documentos não chegassem ao Brasil antes do próximo dia 31 de dezembro, quando eventuais atos de improbidade estariam prescritos. Nesse dia fará cinco anos que Maluf deixou o cargo de prefeito.

Na sentença, a juíza reconhece a "presteza" da promotoria na investigação das contas de que a família Maluf é beneficiária na ilha de Jersey e atribui a "morosidade na apuração à grande dificuldade de se obter informações à respeito de transações bancárias" em paraísos fiscais.
A decisão deu ao Ministério Público Estadual mais cinco anos para buscar provas que embasem eventuais denúncias contra a família. O novo prazo passa a vigorar a partir do dia em que Maluf, sua mulher, Sylvia, os quatro filhos do casal -Lígia, Otávio, Flávio e Lina- e uma das noras sejam notificados da decisão judicial. A juíza determina que a citação se dê em 48 horas.

Em ofício enviado ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), autoridades financeiras da Suíça informaram que entre 1985 e 1997 Maluf e seus familiares eram beneficiários de contas abertas no Citibank de Genebra. Em janeiro de 1997, o dinheiro foi transferido para Jersey.
A promotoria suspeita que o dinheiro foi obtido com o superfaturamento de obras viárias realizadas na gestão Maluf. A família Maluf tem negado a posse de dinheiro no exterior.


Pefelista nega uso de caixa dois em Curitiba
Em depoimento ontem ao Ministério Público do Paraná, Mário Lopes Filho, presidente do comitê financeiro da campanha do PFL à Prefeitura de Curitiba no ano passado, negou a autenticidade de documentos que apontam a existência de caixa dois na reeleição do prefeito Cassio Taniguchi.
Lopes Filho não reconheceu nem mesmo assinaturas atribuídas a ele em documentos originais, obtidos pela Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público, que iniciou investigação com base em reportagem da Folha que apontou a movimentação de R$ 29,8 milhões no caixa dois.

No final do depoimento, os promotores solicitaram a realização de exame grafotécnico para comparar a assinatura de Lopes Filho com as que aparecem nos documentos. O resultado sai em uma semana. Em entrevista à Folha na semana passada, ele alegou que as fotocópias dos documentos do caixa dois eram "montagem".
O depoimento do presidente do comitê financeiro, que atualmente é superintendente da Secretaria Municipal de Governo, durou quase quatro horas.
Ele foi o segundo integrante da cúpula do comitê financeiro da campanha do PFL a depor ao Ministério Público. Os promotores não dão declarações ou detalhes sobre a investigação, que corre sob sigilo. O primeiro depoimento foi o do tesoureiro da campanha, Francisco Paladino Júnior, cuja versão conflita com a de Lopes Filho. Paladino Júnior disse à promotoria -assim como havia feito em entrevista à Folha- que os documentos são autênticos.

Segundo o tesoureiro, a inscrição "recebido M.L.F.", que aparece ao lado de gastos da campanha de Taniguchi, é referente às iniciais de Mário Lopes Filho.
O terceiro integrante da cúpula do comitê financeiro da campanha é o contador Davi José Favaretto, que em entrevista à Agência Folha disse desconhecer a existência do caixa dois. Favaretto disse ter trabalhado apenas na elaboração da prestação de contas que o PFL enviou ao TRE.


Avanço de Roseana faz FHC apressar nome para 2002
Pressionado pelo avanço de Roseana Sarney (PFL-MA) nas pesquisas de opinião, o presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu liderar e acelerar o processo de escolha do candidato do PSDB à Presidência da República.
Em almoço com o governador de Mato Grosso, Dante de Oliveira, um dos quatro presidenciáveis tucanos, FHC disse que vai conversar com os pré-candidatos e líderes da legenda em dezembro, provavelmente na primeira quinzena, para definir os critérios da escolha do candidato do partido.
Definidos esses critérios, os tucanos elegeriam o candidato em janeiro. Data provável: 25, aniversário de São Paulo. "E do primeiro grande comício das Diretas Já", emendou Dante, autor da emenda que restabelecia a eleição direta para presidente da República, derrotada meses depois.
Escolhido o candidato, em fevereiro ele passaria a articular com os outros nomes da coalizão governista que atualmente sustenta o governo.

Planos imediatos
Durante o almoço, Dante sugeriu a FHC que ele deveria liderar o processo sucessório dentro do PSDB, fixar urgentemente os critérios para a escolha do candidato e estabelecer o prazo para a definição do candidato tucano. Em resposta, o presidente contou seus planos imediatos.
Segundo Dante, o motivo da inquietação dos tucanos é justamente a indefinição do nome que o partido apresentará e a suspeita generalizada de que o candidato do "bolso do colete" de FHC é o ministro da Saúde, José Serra. "Todos acham que o seu candidato é o Serra", reproduziu Dante.
Segundo o governador de Mato Grosso, o presidente respondeu: "Dante, eu quero ganhar as eleições. Eu não tenho candidato e nós não podemos deixar que o Lula [provável candidato do PT" e outros candidatos que estão aí ganhem as eleições".
Na conversa com Dante, FHC não citou nomes, mas, segundo outros interlocutores do presidente, referia-se a Ciro Gomes (PPS), Itamar Franco (PMDB) e Anthony Garotinho (PSB). O Planalto acha até palatável o nome de Roseana Sarney.
Mas, com Dante, FHC garantiu: o PSDB terá o seu candidato.

Prévias
Se o cronograma de FHC for aceito, isso levará Serra a rever o plano de só assumir candidatura por volta de março.
Estratégia ultrapassada pelos fatos, segundo avaliação feita no Planalto: enquanto ele fica no Ministério da Saúde, sem fazer campanha de candidato, outros, como Roseana, ganham terreno na disputa.
Dificilmente o critério a ser estabelecido para a escolha do candidato tucano será o das pesquisas de opinião. Mas a prévia também está descartada. Uma das fórmulas em estudo é a de uma espécie de pré-convenção.
Da conversa com FHC devem participar os quatro presidenciáveis já postos: José Serra, Tasso Jereissati (CE), Paulo Renato (Educação) e Dante de Oliveira (MT). É possível que o presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), também participe, caso se posicione como pré-candidato. Atitude, aliás, que Serra também ainda não assumiu abertamente.
Na conversa com Dante, FHC fez questão de dizer que não vai tirar nenhum nome do "bolso do colete", expressão empregada por Tasso. "Eu não quero escolher o candidato sozinho", teria dito FHC, segundo Dante de Oliveira. "Ninguém quer que ele escolha sozinho", acrescentou.


PMDB aprova prévia que prejudica Itamar
A Executiva Nacional do PMDB decidiu convocar o governador de Minas, Itamar Franco, para informá-lo de que a prévia marcada para 20 de janeiro terá quórum reduzido e que o candidato a ser escolhido pelo partido terá de seguir o programa da legenda.
Trata-se de uma provocação da ala fiel ao Planalto. A expectativa dos governistas do PMDB é que ele recuse o convite, que tem ares de intimação. O objetivo é constranger Itamar e tentar levá-lo a desistir de disputar a prévia.
Esse é o objetivo também na declaração segundo a qual o candidato terá de seguir o programa partidário, que está sendo elaborado pela Fundação Ulysses Guimarães, presidida por Moreira Franco -defensor da candidatura do tucano José Serra.
A definição das regras da prévia marcada para janeiro ficou para a terça da próxima semana, compareça ou não Itamar à reunião convocada por Michel Temer, presidente do partido. A avaliação feita ontem pela Executiva, de maioria governista, é que será impossível fazer uma consulta ampla envolvendo os militantes e até mesmo os que detêm mandatos nos diretores regionais e municipais.
Isso restringirá o eleitorado para algo em torno de 3.000 votantes, mas nem o próprio PMDB sabe dizer exatamente qual o número de votantes. Na resolução baixada na convenção de setembro, era previsto que todos os peemedebistas com mandato eletivo ou partidário teriam direito a voto. Isso ampliaria o universo para mais de 80 mil pessoas.
Os aliados de Itamar acreditam que o governador é mais forte na base do partido e consideram a redução do eleitorado um golpe.


PSDB e PT tentam alianças regionais
Tucanos de pelo menos cinco Estados conversam com o PT sobre alianças em 2002, mesmo contrariando orientação das respectivas cúpulas de seus partidos.
Em todos estes casos, a legenda do presidente Fernando Henrique Cardoso e a principal de oposição ao governo federal estão unidas no objetivo de derrotar inimigos comuns. É o que ocorre nos Estados de Paraíba, Goiás, Roraima, Amazonas e Acre.
No primeiro caso, o prefeito de Campina Grande (PB), Cássio Cunha Lima, será o candidato tucano ao governo. Com sua vice na prefeitura atualmente filiada ao PT, ele deseja repetir a composição no nível estadual. "Respeito muito o Lula e não vejo por que não nos unirmos para mudar a política paraibana", diz. A aliança estava quase formada, mas Cássio na última hora trocou o PTB pelo PSDB, o que a coloca em risco.
"O Cássio fraquejou. Fez um movimento para a direita", diz o presidente do PT-PB, Adalberto Fulgêncio. No caso, o inimigo comum é o PMDB do governador José Maranhão e do ministro Ney Suassuna (Integração Nacional).

No caso de Goiás, a relação tucano-petista é boa, o que motiva o PSDB do governador Marconi Perillo a cortejar o PT, que controla a Prefeitura de Goiânia. Há três meses, Perillo discutiu com Lula um programa para moradia.
"Temos um relacionamento cordial e positivo. Conversamos bastante, inclusive sobre alianças", diz Delúbio Soares, da Executiva do PT. Ele acha difícil o partido apoiar o governador no primeiro turno. Mas deixa a porta aberta para eventual aliança no segundo turno.

Em Roraima, o PSDB pode lançar a prefeita de Boa Vista, Tereza Jucá, para o governo. PT e PSDB têm histórico de proximidade no Estado. Em 2000, os petistas chegaram a formalizar o apoio a Tereza em Boa Vista, mas a aliança foi vetada pelo PT nacional.
Já no Amazonas, o novo secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio (PSDB), sonha com uma ampla frente de oposição ao grupo que controla a política amazonense há décadas, liderado pelo governador Amazonino Mendes (PFL). Pré-candidato ao Senado ou ao governo, Virgílio quer uma aliança com PPS, PC do B, PDT e PT. Sugere que os petistas fiquem com o cargo de vice. Tucanos e petistas já participaram, com outros partidos de esquerda, de duas reuniões. Mas o PT não esconde o desconforto. "Somos contra Amazonino, mas também estamos longe do neoliberalismo tucano", diz o presidente do PT-AM, João Pedro Gonçalves.

Já no Acre a situação tem sinal invertido. É o PT do governador Jorge Viana que quer novamente o apoio dos tucanos. "Manter a aliança seria importante, mas queremos rediscuti-la, porque o PT precisa nos ouvir mais", diz o deputado tucano Sergio Barros.


Lula afirma que disputará prévia se ela acontecer
O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que vai disputar a prévia do PT para a escolha do candidato à Presidência, caso mais de um candidato se apresente para a disputa. Ele justificou sua posição dizendo que está "comprometido com as regras" do partido.
Lula não esclareceu se fará a sua inscrição ou deixará que o próprio PT faça por ele. Disse que é cedo para discutir esse assunto: "Eu não estou candidato. Se eu estiver candidato em algum momento e o PT deliberar que haverá mais de um candidato e se houver prévia... Eu sou um militante do PT, estou comprometido com as regras determinadas pelo meu partido. Se não quiser cumprir as regras, terei que sair do PT".

Além de Lula, o senador Eduardo Suplicy (SP) e o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, disputam a vaga. A escolha está prevista para 3 de março. O prazo de inscrição vai até 16 de dezembro.
O presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), desautorizou qualquer pessoa a falar em seu nome ou no nome de Lula sobre o assunto. Nos últimos dias, circularam rumores de que Lula não gostaria de ter de disputar a indicação. "Tendo mais de um candidato, haverá prévia. Se Lula não se inscrever, todo mundo sabe que as instâncias partidárias e os filiados vão inscrevê-lo", disse Dirceu.

Lula rebateu as críticas do ministro da Fazenda, Pedro Malan, que disse que o PT se comporta como se já tivesse vencido a eleição: "Malan é que está com postura de quem já perdeu. O PT não tem candidato ainda. Agora, Malan está assimilando que a política que ele conduziu levou o país a um fracasso sem precedentes", disse.


Artigos

Cadê vocês?
CLÓVIS ROSSI

DOHA (Qatar) - As negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio) dizem respeito a praticamente tudo o que o ser humano comercializa de um país para o outro ou até internamente.
Ainda mais agora que há uma insistência, especialmente dos europeus, em incluir temas que, à primeira vista, não têm relação direta com o comércio, como é o caso de meio ambiente, para citar um exemplo.
A partir desses dados, você diria que as reuniões da OMC são relevantes para a sociedade brasileira em geral e, em particular, para o seu empresariado, certo?
Errado, ao menos pelo que se vê em Doha, na 4ª Conferência Ministerial da OMC (as reuniões ministeriais são a instância suprema da instituição).
Há apenas dois empresários brasileiros, Gilman Viana Rodrigues (Confederação Nacional da Agricultura) e Eduardo Carvalho (também do setor agrícola).

Ninguém da indústria, ninguém do comércio.
Do Parlamento, veio apenas o senador Lindenberg Aziz Cury.
É verdade que Doha é longe e, por extensão, custa caro chegar. É igualmente verdade que, depois dos atentados de 11 de setembro, muita gente tem medo de viajar, ainda mais para uma região próxima do cenário de guerra (o Qatar fica a 1.600 quilômetros do Afeganistão).
Mas, como diz Gilman, "o empresário não pode ter medo".
É bom lembrar que todos os acordos comerciais que o Brasil vier a concluir afetam diretamente os negócios de firmas brasileiras.

E, naturalmente, têm que ser ratificados pelo Parlamento.
Se esse pessoal abdica de influenciar diretamente o curso da negociação ou, no mínimo, de se informar de todos os detalhes dela, como pode reclamar (ou aplaudir) depois?
Por muito competentes que sejam o Itamaraty e os jornais que acompanham a reunião, é muita coisa em jogo para tamanho desinteresse.


Colunistas

PAINEL

Lei do silêncio
Geraldo Alckmin (PSDB) determinou a seus secretários que evitem manifestar publicamente suas preferências para a eleição presidencial de 2002. O governador paulista não gostou do apoio dado por alguns deles a Tasso Jereissati (PSDB-CE).

Autêntico tucano
Espremido entre a família Covas -que prefere Tasso- e José Serra, Alckmin tem dito que a eleição presidencial é um assunto para 2002. Para o governador, ao declararem suas preferências, os secretários estão colocando-o em uma posição difícil.

Recuo tático
A direção do PMDB adiou a definição sobre o enxugamento do colégio eleitoral das prévias do partido. A cúpula governista desconfiou de que poderia perder se Itamar Franco entrasse na Justiça para contestar a medida. Preferiu ganhar tempo.

Moeda de troca
O Planalto só deverá nomear em janeiro, época das prévias do PMDB, o substituto de Eliseu Padilha nos Transportes. Jarbas Vasconcelos (PE) fará a indicação para o cargo. Até lá, o atual secretário-executivo, Alderico Lima, ficará no comando.

Raio-X
A cúpula do PT pediu ao partido no Maranhão que prepare dossiê detalhado sobre a gestão Roseana (PFL), principalmente na área social. Para dar subsídios aos ataques de Lula.

Algodão entre cristais
FHC vai encontrar-se com Tasso em Araripe (CE), na próxima quarta, durante a cerimônia de entrega de cartões do programa Bolsa-Renda. Mas a sucessão e a crise com Serra serão os temas da agenda extra-oficial.

Cinco votos a menos
A Câmara dos Deputados tem cumprido com folga as metas do apagão. Todos os setores da Casa economizam energia, inclusive o estacionamento. Com o breu total, cinco carros foram arrombados ontem.

Longe da confusão
Jaime Lerner viajou para Nova York. O governador aproveitou o nascimento de um neto nos EUA para se livrar do clima de terror no PFL paranaense resultante da denúncia de caixa dois na campanha do pupilo Cassio Taniguchi (Curitiba).

Pura maldade
Após a crise do jogo do bicho, adversários do governador Olívio Dutra no Rio Grande do Sul ironizam a situação do PT. Propõem ao partido que passe a usar uma estrela cadente como símbolo na próxima campanha.

Ver se cola
Walter Feldman, que assumiu interinamente o governo paulista, está sendo lançado por parlamentares tucanos para ser o vice de Geraldo Alckmin na eleição de 2002. O PFL de Gilberto Kassab e o PTB de Campos Machado estão na briga pelo cargo.

Passado incômodo
Presidente da Assembléia, Feldman carrega em seu currículo o apelido de "neomalufista". No segundo turno da eleição paulistana de 92, então vereador, o tucano assinou um manifesto de adesão indireta à candidatura de Paulo Maluf, que enfrentava Eduardo Suplicy (PT).

Visitas à Folha
Carlos Miguel Aidar, presidente da seção de São Paulo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Santamaria Silveira, assessora de comunicação da OAB, e de Gaudêncio Torquato, da Marketing e Comunicação.


Roberto Nicolsky, professor do Instituto de Física da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e membro do Conselho Empresarial de Tecnologia da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

Do economista Guido Mantega, assessor de Lula, sobre Pedro Malan (Fazenda) cobrar posição do PT a respeito da manutenção, em uma eventual gestão Lula, de decisões do governo, como o câmbio flutuante e o sistema de metas de inflação:
- Ao criticar as propostas do PT, Malan não perceb e que fala sozinho. Até os pré-candidatos governistas renegam a sua atual política econômica, preferindo copiar as teses da oposição.

CONTRAPONTO

Pacote completo
Nos anos 60, Aluízio Campos, ex-técnico da Sudene, procurou os melhores organizadores de campanha da Paraíba para iniciar sua vida política.
Um deles era o responsável pelos comícios. Preparou o primeiro numa pequena cidade do interior. O futuro deputado federal chegou à cidade uma hora antes do início marcado, deu uma volta pela praça onde iria ocorrer a concentração, examinou o palanque, viu que as bandeiras estavam bem colocadas e achou tudo muito bonito.
Mas sentiu falta de algo muito importante. Dirigiu-se ao organizador e perguntou:
- Bom, meu caro, e onde está o povo? Cadê a multidão?
O homem respondeu:
- Eu estou sendo pago para organizar a estrutura do comício. Agora, se eu tivesse condições de trazer o povo, o senhor me desculpe, seu Aluízio, mas eu mesmo seria o candidato!


Editorial

O XADREZ AFEGÃO

A queda de Cabul representa uma vitória para os EUA, mas está longe de ser um triunfo definitivo. A ação norte-americana no Afeganistão tinha dois objetivos principais: destruir a capacidade dos terroristas de realizar novos atentados e acabar com o Taleban.
Há dúvidas quanto à possibilidade de o primeiro vir a ser realizado, mas o segundo parece ter sido parcialmente cumprido. Embora o Taleban não tenha sido eliminado, abandonou a capital, Cabul, para os milicianos da Aliança do Norte.

Se a retração das forças do Taleban afasta ainda mais a possibilidade de tropas dos EUA chafurdarem num atoleiro militar semelhante ao Vietnã, ela deixa mais intricado o já complexo equilíbrio de forças na região.
É impossível não observar que a Aliança do Norte tomou Cabul contra o desejo expresso dos Estados Unidos. Os militares norte-americanos preferiam que a Aliança ficasse fora da capital até que fosse encontrada a fórmula para compor um governo estável no Afeganistão. Não conseguiram conter a Aliança, composta principalmente por guerrilheiros das etnias uzbeque e tadjique, além de grupos xiitas. O Taleban representa os pashtus, a maior fatia da população afegã.

No plano internacional, o Paquistão, um dos principais aliados dos EUA, é inimigo declarado da Aliança do Norte, que tem firme apoio da Rússia e de ex-repúblicas soviéticas na região, além da Índia e, em menor grau, do Irã. Exceto pelo Irã, todos esses países também são aliados dos EUA na coalizão antiterror.
Cabe à ONU intervir. Ceder à Aliança do Norte o controle de territórios em que o Taleban era forte pode dar lugar a sangrentos acertos de contas que apenas lançariam mais combustível na interminável guerra civil.
A ONU precisa ajudar a encontrar uma fórmula de governo que contemple as principais etnias do país e ainda contente as potências estrangeiras envolvidas. Algo assim já foi tentado nos anos 90. Não deu certo. A fragilíssima coalizão rompeu-se abrindo espaço para o Taleban.
Os EUA aparentemente souberam evitar um atoleiro militar, mas dificilmente escaparão de enredar-se num oceano de dificuldades políticas.


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11/14/2001


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