Relator sugere indiciamento de Duda Mendonça e sócia por sonegação fiscal e lavagem de dinheiro



Após analisar a movimentação financeira no exterior do publicitário Duda Mendonça e de sua sócia, Zilmar Fernandes da Silveira, o relator da CPI dos Correios, deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), sugere em seu relatório final o indiciamento de ambos por sonegação fiscal, crime contra o sistema financeiro nacional, crime contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro.

O deputado afirma que a CPI dos Correios obteve provas de que parcela dos recursos do chamado "valerioduto" foi remetida ao exterior com o objetivo de saldar dívidas de campanha. O relatório informa que Duda e Zilmar confirmaram, em depoimentos à comissão, que abriram conta no exterior e nela receberam depósitos. Serraglio afirma que tal conta, denominada Dusseldorf, foi aberta no exterior pelo BankBoston, a pedido de Duda e por intermédio de uma off-shore sediada nas Bahamas.

- A partir de então, várias instituições financeiras, sediadas no exterior, passaram a efetuar depósitos nessa conta que, segundo os depoentes, somaram cerca de R$ 10,5 milhões - afirmou Serraglio.

O relator enumera as dívidas e pagamentos do Partido dos Trabalhadores (PT) ao publicitário desde 2001, o que teria resultado na atual dívida do partido com Duda: cerca de R$ 14,3 milhões. E, desde 2001, os pagamentos da legenda ao publicitário somaram R$ 15,5 milhões: R$ 10,5 milhões depositados na conta Dusseldorf; R$ 1,4 milhão sacados por Zilmar no Banco Rural e R$ 3,6 milhões em espécie, repassados por Delúbio Soares, então tesoureiro do PT. Entretanto, Serraglio resigna-se a afirmar que a CPI dos Correios não conseguiu identificar a origem destes recursos utilizados nos pagamentos.

Porém, após análise dos depoimentos de Duda, Zilmar e do policial civil David Rodrigues Alves (acusado de sacar R$ 4 milhões das contas de Marcos Valério), Serraglio avalia a possível participação de Marcos Valério como o mandante dos depósitos.

- Portanto, diante de todos os fatos aqui apresentados, em prevalecendo a tese de que esses recursos foram pagos no Brasil, independentemente de terem sido transferidos ou compensados no exterior, todos os fatos indicam que Marcos Valério foi o verdadeiro ordenador desses depósitos - afirma o relator, que depois reconhece a necessidade de aprofundamento das investigações sobre o caso.

29/03/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Ideli propõe aperfeiçoamento do combate à lavagem de dinheiro e à sonegação fiscal

Empresa pode perder concessão por sonegação, cartel e lavagem de dinheiro

Duda Mendonça diz que PFL não se recupera mais

Arthur Virgílio questiona relação do PT com Duda Mendonça

Arthur Virgílio destaca denúncia contra Duda Mendonça

Senadores questionam escolha de Duda Mendonça para a campanha da Petrobras