Relatório incrimina ex-ministro
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Editorial
- Relatório incrimina ex-ministro
- Um esquema de fraudes montado no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) causou prejuízo de R$ 122,9 milhões aos cofres públicos, revela relatório da Advocacia Geral União (AGU). Entre os envolvidos estão o ex-ministro dos Transportes Eliseu Padilha e Arnoldo Braga Filho, ex-consultor jurídico do ministério.
Atendendo a políticos, o DNER liberava dinheiro ilegalmente para pagamento de dívidas judiciais - os precatórios. A autarquia pagava aos reclamantes antes mesmo das decisões judiciais. Desrespeitava também a ordem cronológica dos processos, imposta pela Constituição.
O ex-ministro preferiu não comentar o relatório. A punição dos responsáveis vai depender da conclusão de sindicância interna no DNER.
O relatório da AGU envolve políticos e ao alto escalão do Ministério dos Transportes. Num ofício endereçado a Eliseu Padilha, em 23 de setembro de 1997, o então secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge, intercedeu pela empresa Comércio, Importação e Exportação Três Irmãos Ltda. O autor do pleito era o deputado Álvaro Gaudêncio (PFL-PB).
Rômulo Fontenelle Morbach, ex-procurador do DNER no Pará, recebeu duas vezes dívida trabalhista que cobrava da autarquia. Ele é primo e afilhado político do ex-senador Jader Barbalho. (pág. 1 e 8)
- Há cerca de um mês, o advogado Evandro Lins e Silva chorou. Não durante mais uma homenagem, entre tantas que costuma receber. Seus olhos marejaram ao conseguir a absolvição de outro advogado, um amigo, réu no Superior Tribunal de Justiça.
Em Brasília, apresentou a defesa a um por um dos ministros. Consumada a vitória não conteve a emoção. Pertinho dos 90 anos, 70 dos quais advogando, Evandro exibe a sensibilidade e o entusiasmo do estudante de Direito na República Velha.
O Evandro que oscila entre o arrebatamento e a docilidade dá expediente diário no escritório na Avenida Rio Branco, depois da caminhada na Avenida Atlântica, entre o Lido e a Pedra do Leme. (pág. 1, 14 e 15)
- A polícia já identificou as causas do aumento do roubo de bancos do estado do Rio. As estatísticas apontam o tamanho do problema. Em setembro houve nove assaltos. Foram 15 em outubro e, em novembro, o número chegou a 20.
A redução nos quadros de vigilantes tem facilitado a ação dos bandidos. Há agências guardadas por apenas um homem em cada turno. A situação é agravada pelo sistema legal de redução de penas.
Segundo a Delegacia de Roubos e Furtos, 30% dos assaltantes detidos no primeiro semestre de 2001 já tinham sido presos. Voltaram às ruas depois de terem cumprido um terço da punição, beneficiando-se do regime de prisão anti-aberta. Acabam fugindo e se reincorporam às quadrilhas de origem. (pág. 1 e 27)
- O sociólogo Simon Schwartzmann, diretor do American Institute for Research (AIR) no Brasil, vê como sinal positivo a ampliação dos processos de avaliação do sistema educacional do País.
Simon diz que os testes, raros há uma década, expõem resultados preocupantes, mas demonstram o esforço feito para localizar e compreender deficiências do sistema brasileiro. "As pesquisas confirmam algo de que suspeitávamos: a qualidade da educação é ruim", resume Simon.
Na contramão da maioria dos professores, recém-saídos de uma greve por melhoria salarial, Simon não acha o quadro tão ruim como pintam. (pág. 1 e 10)
- Lançado nos Estados Unidos o livro "How did his happen?" (Como foi que aconteceu?) reúne reflexões de 24 especialistas de diferentes áreas sobre os atentados terroristas contra o World Trade Center e o Pentágono.
Os artigos examinam a motivação, as falhas de segurança, a geopolítica do Oriente Médio e a mudança nos ataques, agora menos seletivos e mais letais. E sugere que a chave para o entendimento não está no passado recente: deve ser buscada 1.000 anos atrás, quando a Primeira Cruzada uniu a Europa contra o inimigo mouro que contestava seus valores. (pág. 1 e 18)
- O ministro da Educação, Paulo Renato Souza não prega no deserto quando condena o sistema de cotas, que reservaria vagas nas universidades por critérios raciais. Pesquisa com 2.328 alunos, feita pelo Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, registra que 57,4% deles não concordam com o sistema. Há divisão até mesmo entre os estudantes negros: 49,6% rejeitam a reserva de vagas.
Para Pablo Gentili, um dos coordenadores da pesquisa, o sistema de cotas vai gerar rejeição, caso se tente implantá-lo. (pág. 1 e 4)
- A indústria de telecomunicações festeja aumentos de até 20% nas vendas de celulares para este Natal, mas o presente pode custar caro. Os consumidores devem precaver-se com as promoções - algumas prometem preços inferiores a R$ 100 por aparelho.
No caso dos planos pré-pagos, um minuto de ligação pode custar o equivalente a seis minutos de conversa num telefone fixo. Em dez anos, o mercado de telefonia móvel criou um universo calculado em 27 milhões de celulares. Nem mesmo com a entrada da banda B, ocorrida há quatro anos, os preços das tarifas baixaram. (pág. 1 e 20)
- Na elaboração de uma política para enfrentar o fenômeno das drogas ilícitas, os operadores recomendam ciência e arte. A política nacional antidrogas recém-anunciada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso pretendeu ser sábia. Sem arte, aderiu ao modelo norte-americano.
Não deu certo, e os norte-americanos se transformaram em campeões mundiais de consumo. O Brasil deixou de inovar. A lei em vigor, de 1976, acabou se mostrando mais favorável ao usuário. (pág. 1 e 11)
- Mergulhada numa das mais graves crises de uma trajetória de 200 anos, a DuPont, gigante do setor petroquímico que inventou a 'lycra' e o náilon, joga suas fichas nos alimentos transgênicos para recuperar os lucros perdidos. (pág. 1 e 22)
- O problema aflige os pais que vão trabalhar no verão: que fazer com os filhos nas férias escolares? O Rio oferece bons roteiros para preencher o tempo das crianças. Outra solução está nas colônias de férias, que dispensam a presença de adultos. (pág. 1 e 27)
Colunistas
COISAS DA POLÍTICA – Dora Kramer
O problema do pressuposto utilizado pelos institutos de pesquisa para valorizar seus trabalhos nesse momento - "se a eleição fosse hoje, fulano ganharia de beltrano" - é justamente o fato de a eleição não ser "hoje". Isso porque, entre as posições atuais e futuras dos candidatos à Presidência da República, ocorrerá algo que os magos da adivinhação - ainda que científica - podem considerar prosaico, mas é inexorável: a campanha eleitoral. (...) (pág. 2)
(Informe JB - Ricardo Boechat) - Por ordem do ministro Domingo Cavallo, a Argentina suspendeu, quinta-feira, as remessas de dólares para o pagamento de pacotes turísticos contratados no Brasil.
Dezenas de hotéis e agências de viagem estão a ver navios.
Duzentos dos 800 vôos charters programados até março poderão ser cancelados. (pág. 6)
Editorial
“O grande conchavo”
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), a mais rica e poderosa entidade empresarial do País, se reúne terça-feira em Brasília para escolher nova diretoria para o período de outubro de 2002 a outubro de 2006 com base no arcaico método que vem se perpetuando mandato após mandato, há cinco décadas: o grande conchavo para a seleção dos nomes que irão compor a chapa única, como determina o estatuto da entidade.
Mais uma vez, será eleito um candidato do N ordeste, a região que detém a presidência da CNI há meio século por possuir grande número de votos no colégio eleitoral, apesar do pequeno número de indústrias localizadas em seus estados. (...)
O silêncio que tem marcado o processo eleitoral até agora só serve para reforçar a impressão da sucessão na CNI não passa de um grande arranjo em que os cargos são distribuídos por conta de conveniências pessoais e barganhas facilitadas pelo fato de que 22 das 27 federações que compõem a entidade não são auto-suficientes. (pág. 10)
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12/16/2001
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