Renan diz que governo "tem de ser duro na defesa da Petrobras"



O Senado vai interferir na crise provocada pelo bloqueio das operações da Petrobras na Bolívia. Em aparte ao longo discurso do líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), o presidente do Senado, Renan Calheiros, recomendou que o governo brasileiro seja "duro na defesa do Estado brasileiro e da Petrobras". Durante o pronunciamento, foi decidida a realização de um debate sobre o tema com a presença dos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e da Minas e Energia, Silas Rondeau, além do presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli.

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- Não há outro caminho a não ser agirmos com firmeza para não sermos condescendentes com essa quebra de contratos, com esse desvario. O Congresso Nacional tem que exercer o seu papel neste momento - afirmou Renan

Para Arthur Virgílio, o que ocorreu na Bolívia na segunda-feira (1º) foi "uma expropriação" e não uma nacionalização, já que o governo daquele país não teria como indenizar a Petrobras. O líder do PSDB criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter estabelecido uma aliança danosa com o presidente da Bolívia, Evo Morales, considerado pelo parlamentar amazonense como "bufão e irresponsável".

O discurso motivou um grande número de apartes. De um lado, os oposicionistas, irritados com o decreto-lei baixado por Morales, alertaram para a possibilidade de quebra no fornecimento de gás ao Brasil e para o aumento dos preços do combustível. Do outro, os governistas, certos de que o gasoduto Brasil-Bolívia continuará funcionando, defenderam o direito de os bolivianos decidirem o que fazer com suas reservas de petróleo e gás.

Cautela

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Roberto Saturnino (PT-RJ), pediu cautela na reação brasileira ao ato boliviano, por entender que a formação da Comunidade Sul-Americana de Nações "transcende" os interesses da Petrobras. O presidente da CRE, entretanto, não apresentou óbice à proposta de Virgílio para que a comissão e o Plenário adiem a aprovação do novo embaixador brasileiro em La Paz, como forma de pressão sobre Evo Morales. Virgílio quer ainda que o atual embaixador, Antonino Gonçalves, retorne ao Brasil para prestar esclarecimentossobre a crise, deixando lá um encarregado de negócios.

Apesar da proposta, o parlamentar do PSDB recomendou que o Brasil siga a via do entendimento diplomático e recorra até o Tribunal Internacional da Haia, de forma a reparar seus prejuízos. Mas o senador disse preocupar-se igualmente com a situação política na América do Sul, potencialmente capaz de afastar investidores da região.

- O Uruguai já disse que sairá da Mercosul e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está financiando Cuba e dando ajuda à Argentina. A América do Sul virou um barril de pólvora prestes a explodir - advertiu Virgílio. Ele criticou Lula por ter sido "surpreendido" pela decisão de Morales, quando ela fazia parte do programa eleitoral do presidenteboliviano.

Tanto o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), quanto a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), pediram paciência, já que o decreto-lei estabelece um prazo de 180 dias para a definição dos novos termos da relação com as empresas brasileiras, inclusive a siderúrgica EBX.

Prazo

- Em política externa não há companheirismo, nem relação sindical, partidária ou ideológica. Só prevalecem os interesses de cada país. Se Lula não adotar linguagem dura com esses parceiros, o Brasil vai fazer papel de tolo - disse Virgílio, crítico do nacionalismo "bolivariano" que tem crescido na América do Sul desde a eleição de Chavez.

O senador Leonel Pavan (PSDB-SC) rotulou a amizade entre Lula, Chavez e Morales como "a turma do trago e do charuto". Já a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) disse acreditar que Morales está defendendo os interesses legítimos da Bolívia, que, neste caso, chocam com os interesses brasileiros. Ela observou que o aumento do preço do gás, em decorrência do aumento de imposto sobre o combustível, é natural, uma vez que o Brasil hoje compra gás da Bolívia a preços abaixo dos encontrados no mercado internacional.

Também apartearam Virgílio os senadores Fernando Bezerra (PTB-RN), Sibá Machado (PT-AC), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Wellington Salgado (PMDB-MG), Demóstenes Torres (PFL-GO), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Rodolpho Tourinho (PFL-BA), Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Romeu Tuma (PFL-SP), Heráclito Fortes (PFL-PI), Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) e Juvêncio da Fonseca (PSDB-MS).



02/05/2006

Agência Senado


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