Renan e Aldo resolvem esperar investigação da Procuradoria para decidir sobre Operação Sanguessuga



Os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Aldo Rebelo, e os corregedores das duas Casas do Congresso, senador Romeu Tuma e deputado Ciro Nogueira, discutiram, na manhã desta quarta-feira (24), com o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, o processo referente a parlamentares denunciados pela Operação Sanguessuga da Polícia Federal (PF). Ao deixar a reunião, Renan disse que mais lógico do que conduzir essa investigação por meio de comissão parlamentar de inquérito é dar curso ao trabalho que vem sendo realizado pela Procuradoria Geral da República.

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Na reunião, ficou acertado que a Procuradoria irá apurar os fatos e, constatado o envolvimento de parlamentares, enviará ao Congresso os resultados das investigações para as providências que cabem ao Legislativo. O esquema descoberto pela PF indica fraude em licitações e compra de ambulâncias por prefeituras, com recursos do Orçamento garantidos por emendas parlamentares.

Ainda nesta quarta-feira, o presidente do Senado discutirá com as lideranças partidárias a decisão de aguardar as investigações da Procuradoria, igualmente aceita pelo presidente da Câmara. Encerrado o encontro com o procurador, Renan disse que não há nada definido sobre CPI, até porque isso resultaria numa superposição de investigações.

- Nós conversamos com o procurador que, com a maior responsabilidade possível, está investigando, fazendo as perícias e vai nos informar, passo a passo, sobre a investigação, de modo a separar o joio do trigo e criar condições para que possamos punir exemplarmente. Nós viemos conversar sobre o que fazer para não haver superposição e para que tenhamos uma rápida investigação, a fim de dar as respostas que a sociedade cobra - explicou o presidente do Senado.

Renan assegurou que quem tiver culpa estabelecida será submetido a punição e explicou que Antonio Fernando Souza dará conhecimento às corregedorias do Congresso de tudo que for apurado no curso das investigações. O presidente do Senado também explicou que as investigações políticas, como as realizadas em CPIs, geralmente se processam quando há pressão para que nada venha à tona.

- Mas não é esse o caso. O que foi denunciado sobejamente está sendo investigado. O procurador demonstrou compromisso com a celeridade da investigação, com as perícias, para que tenhamos as respostas que são fundamentais para que possa haver punição. O Congresso não está lavando as mãos. O Congresso foi informado de algumas investigações que estão em curso e recebeu algumas informações que não são suficientes para formação de culpa. Vamos aguardar a Procuradoria - reiterou.

Renan também esclareceu que o Ministério Público não demorará em sua ação. Isso porque Antonio Fernando Souza disse que, em até duas semanas, a Procuradoria Geral enviará o resultado de suas investigações ao Legislativo. Da mesma forma, o procurador prometeu mandar à Câmara e ao Senado informações sobre cada perícia realizada. Assim, constatado o envolvimento de parlamentares com a máfia dos sanguessugas, as Corregedorias das duas Casas formalizarão os processos contra os indiciados junto aos Conselhos de Ética e Decoro Parlamentar do Legislativo.

Ao lado de Renan Calheiros, Aldo Rebelo manteve uma posição semelhante à do presidente do Senado. Ele disse que o Congresso está interessado na investigação, na apuração das responsabilidades e na punição dos culpados. Disse ainda que a conversa com o procurador teve por objetivo acelerar as investigações para que os responsáveis sejam punidos.

- Nós julgamos que o Poder Público, via Procuradoria Geral da República, tem muito mais condições de produzir uma investigação e com muito mais celeridade para que, juntos, Câmara e Senado, possam adotar as medidas cabíveis. A palavra dada é a de que em dias essas investigações começarão a produzir resultados - ressaltou o presidente da Câmara.

Na mesma entrevista, o senador Romeu Tuma comemorou essa abertura de canal entre as Corregedorias do Legislativo e a Procuradoria Geral. Tuma explicou existirem perícias técnicas de documentos de difícil execução pelas Corregedorias, quando poderão ser facilmente conduzidas pelo Ministério Público.

- A procuradoria deu início a uma investigação para ver quem realmente tem indícios de responsabilidade, a fim de realizar a formação de culpa. Ciro Nogueira e eu acompanharemos de perto, sem deixar de ouvir pessoas que já estão praticamente indiciadas em razão de funcionários de seus gabinetes terem sido presos. Com essa ação junto com a Procuradoria, as Corregedorias terão dado um passo enorme e poderão concluir seu trabalho com rapidez - garantiu Tuma.



24/05/2006

Agência Senado


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