Requião critica 'adesismo' do PMDB e cobra mais protagonismo
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) cobrou em Plenário nesta quinta-feira (22) que seu partido, o PMDB, retome o protagonismo na política brasileira e abandone a postura passiva a que teria se acostumado nos últimos anos. Usando como referência a passagem bíblica sobre Esaú, que trocou com o irmão Jacó os benefícios de ser o primogênito da família por um prato de lentilhas, o senador acusou o PMDB de estar sendo “adesista” ao governo apenas em troca de cargos políticos.
- A pretexto de garantir a governabilidade, desculpa andrajosa do adesismo, sem outra causa que não as facilidades do poder, o PMDB acaba sendo parceiro dos fracassos e fiascos alheios. Participa passivamente do governo, não contribui nas formulações da política, não é ouvido nem respeitado como interlocutor, e quando o governo naufraga vamos juntos de roldão - afirmou o senador, questionando se o fato de o PMDB ser o “partido que mais nomeia” no governo compensaria a insignificância a que foram relegados seus integrantes.
Requião criticou o que considera uma omissão do PMDB diante da política econômica adotada pelo atual governo. O senador alertou que a visibilidade do partido é enorme ao integrar o governo e comandar as duas Casas do Legislativo – o Senado Federal e a Câmara dos Deputados –, mas em nada tem contribuído para benefício real da população. Ao contrário, a passividade do partido diante da atual crise econômica, na avaliação do parlamentar, seria mais uma ameaça ao país.
- Que resposta o nosso PMDB dá à inconsequência de uma política econômica que vive da nota só das desonerações? À valorização do câmbio e ao aumento dos juros? Será que o PMDB ainda não entendeu que o câmbio valorizado e os juros altos impelem o Brasil para a desindustrialização, ao desequilíbrio do balanço de pagamentos, à sangria da remessa de lucros e intensifica o risco da diminuição da oferta de empregos? Como podemos ser tão obtusos, tão tapados diante das consequências sinistras do real valorizado e dos juros altos? – provocou.
Propostas
Roberto Requião esclareceu que a intenção de seu pronunciamento era ter uma conversa “franca” com o presidente do partido, o vice-presidente da República, Michel Temer, já que o PMDB estaria “fechado sob sua batuta” e sem espaço para discussões internas.
O senador apresentou na tribuna propostas que, em sua opinião, poderiam “sacudir o partido” da letargia em que se encontra. A primeira delas é a realização imediata de um seminário para debater a crise econômica e elaborar um programa com a catalogação das medidas a serem adotadas a curto e médio prazo pelo governo.
A segunda proposta é realizar convenção nacional extraordinária para debater e ratificar o programa econômico a ser defendido pela legenda; aprovar um programa mínimo de reforma política; e organizar uma caravana para debater essas decisões nos estados e principais cidades do país.
Por fim, o senador defendeu que a decisão quanto ao lançamento de candidatura própria à Presidência da República seja submetida às bases do partido. Para ele, a frequência com que a legenda abdica de candidaturas presidenciais é a “constrangedora assinatura da resignação”.
- De que vale todo o nosso tamanho? De que valem a Vice-Presidência da República e o comando do Congresso, se isso não tem como resultado a transformação do país? Se a nossa posição de maior partido do Brasil não traz, como consequência, uma verdadeira revolução, para mudar essa ordem das coisas tão injusta e tão vergonhosa, é vã toda a nossa existência. O nosso peso e tamanho transformaram-se em deformidade. A nossa magnitude, status e relevância soam ridículos, caricatos, grosseiros, grotescos - declarou.
Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) concordou que o partido precisa ser mais ativo na política brasileira e que o mais grave na atual situação é que resvalam no PMDB todas as medidas negativas do governo, ainda que não haja peemedebistas envolvidos nas decisões. Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apoiou a intenção de Requião de retomar o debate sobre reforma política.
22/08/2013
Agência Senado
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