Requião critica incentivos a implantação de montadoras no país



A política de incentivos para a instalação montadoras de veículos no Brasil foi criticada nesta quinta-feira (dia 22) pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) que apresentou dados para contestar as justificativas do governo de que as concessões feitas às multinacionais gerariam uma quantidade respeitável de empregos indiretos e diretos.

De acordo com o senador, os índices de nacionalização dos componentes usados na montagem dos veículos não chegam a 20%, percentual muito distante dos 60% que as autoridades prometeram. Assim, em vez dos cinco empregos indiretos, que cada emprego direto nas montadoras iria gerar, se tem hoje apenas 1,2 empregos indiretos, apontou Requião. "Afinal, quase nada é fabricado aqui. Tudo veio de fora", acrescentou.

Para o senador, essa situação provoca déficit na balança comercial. Ele demonstrou que, no ano passado, as montadoras instaladas no Paraná, estado que, em sua opinião, que se excedeu nas ofertas às empresas, despenderam na importação de motores e peças, US$ 829 milhões, enquanto as exportações de carros prontos renderam apenas US$ 770 milhões, resultando em um déficit de US$ 59 milhões.

Requião disse que os governos foram afoitos em suas benevolências, já que, segundo o economista Lester Thurow, países como a Índia, Indonésia, Filipinas, Argentina e Chile já estavam incluídas no rol de interesses das montadoras, por representarem as derradeiras possibilidades de expansão do mercado de automóveis. - Thurow concluiu que, com incentivos ou não, as montadoras iriam instalar-se nos países emergentes, mas os nossos governantes não entenderam o óbvio - observou Requião.

O Paraná, segundo o senador, chegou "ao absurdo de firmar protocolos secretos com as montadoras, com cláusulas até agora mantidas em sigilo". Ele afirmou que, com sua assinatura, partidos de oposição exigiram judicialmente que o governo do Paraná apresentasse ao público esses contratos, mas o Tribunal de Justiça decidiu que eles eram segredos de estado.

22/02/2001

Agência Senado


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