REQUIÃO DIZ QUE AJUSTE FISCAL TENTA ENCOBRIR ERROS DO GOVERNO
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) chamou de "embrulho" o ajuste fiscal editado pelo governo federal para conter uma possível crise e disse que não passa de uma"tentativa desesperada da equipe econômica de sair da entaladela em que se meteu, com alguns erros enormes na condução da política e da gestão do país, depois do inequívoco sucesso do plano de estabilização". A manifestação foi feita hoje (dia 22) aos ministros da Fazenda, Pedro Malan,e do Planejamento, Antonio Kandir, durante debate no Congresso Nacional.
O senador afirmou que aplaude uma política séria, como a que estabilizou a moeda, mas não concorda em hipótese alguma com a "crueldade" de medidas como a tentativa de demitir funcionários públicos num momento tão delicado da vida econômica nacional.
- Se demitíssemos todos os funcionários públicos, inclusive os srs. ministros, não resolveríamos o problema do déficit fiscal - observou Requião, destacando que o déficit "se deve única e exclusivamente aos juros".
Para Requião, ao procurar o equilíbrio fiscal ou o superávit fiscal e a estabilidade da moeda, o Brasil "tenta chegar na situação em que o Paraguai se encontra há 30 anos, porque aquele país tem superávit fiscal e uma moeda de absoluta estabilidade".
Em resposta a Requião, o ministro do Planejamento, Antonio Kandir, afirmouque a equipe econômica continua no mesmo caminho que vinha percorrendo: "Já há algum tempo temos dito que precisamos reduzir o déficit público, que precisamos diminuir o déficit de transações correntes. Só para fazer uma comparação, o déficit operacional no ano passado foi de 4,7%. Este ano, já estamos nos últimos 12 meses com um déficit operacional de 2,73%".
Antonio Kandir garantiu que o governo tem adotado iniciativas objetivas para melhorar a infra-estrutura econômica e social, e que a base do desenvolvimento é a estabilidade.
Já o ministro da Fazenda, Pedro Malan, assegurou que o ajuste fiscal constituiu "uma medida de emergência, porque era a resposta que tínhamos que dar a um ataque que houve sim. E, se esse problema não fosse contornado, hoje estaríamos aqui discutindo outro tipo de matéria, e não a que nos trouxe aqui".
22/11/1997
Agência Senado
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