Robert Scheidt tem grandes momentos em 2013



Robert Scheidt não imaginava que, na volta à Laser, depois de oito anos velejando na Star, conseguiria uma medalha no Campeonato Mundial da classe, disputado no sultanato de Omã, na Península Arábica, em novembro.

Aos 40 anos, Scheidt pensava que competir com um barco que exige muito mais do físico seria complicado e, como ele mesmo admite, partiu para o Mundial pensando em voltar com um quinto lugar ou, no máximo, uma medalha de bronze.

Mas o bicampeão olímpico da Star (foi ouro nos Jogos de Atlanta-1996 e Atenas-2004) provou que está em forma ao deixar para trás 126 adversários e conquistar a medalha de ouro, que marcou seu décimo primeiro título mundial na classe, se for contado o título do Mundial Júnior de 1991. Para essa conta, é importante lembrar que, em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da ISAF (a Federação Internacional de Vela) e o Mundial de Laser e que ambos foram vencidos por Robert Scheidt. Vem daí os 11 títulos mundiais do velejador nesta classe.

Na raia de Al Musannah, em Omã, Robert Scheidt conseguiu mais um grande momento pessoal e para o esporte brasileiro em 2013. E para chegar ao título mundial na Laser ele teve que rever seus conceitos de preparação. “Neste ano, eu não precisava fazer um número grande de competições. Só fiz quatro internacionais e duas no Brasil. Tentei me desgastar o menos possível e tive de ir contra mim mesmo, porque meu instinto é treinar muito. Assim, em 2013 meu treinamento foi mais focado em qualidade do que em quantidade”, explica o velejador.

Os sete dias do Mundial de Omã seriam os mais desgastantes do ano, lembra Scheidt, com 14 regatas. “E meu corpo reagiu bem. Fiz um bom Mundial e o ouro, para mim, foi uma grata surpresa”, confessa.

O retorno à Laser se deu porque a classe Star — na qual Scheidt disputou os dois últimos Jogos Olímpicos, em Pequim-2008 e Londres-2012, ao lado de Bruno Prada, com ambos tendo subido ao pódio nas duas edições — foi retirada do programa dos Jogos do Rio 2016.

No total, Scheidt tem no currículo cinco medalhas olímpicas (veja lista abaixo), mesmo número do bicampeão olímpico da vela Torben Grael, o que faz dos dois os maiores atletas olímpicos da história do Brasil.

Agora é “se segurar” para não treinar tanto

Foram oito anos sem participar de competições na classe Laser e Robert Scheidt diz que estava com “o pé no chão”, ciente de que tinha “uma montanha pela frente”. Para complicar, ele ainda sofria com uma pequena lesão nas costas, o que o fez viajar com um fisioterapeuta para todos os campeonatos. “Eu ia com o Felipe ou com o Léo”, revela.

Aos 40 anos e com tantos títulos mundiais da Laser na carreira, Robert Scheidt partiu para Omã consciente de que deveria usar tudo o que aprendeu na classe para tentar surpreender. “No barco da Star, um erro custa muito mais caro. Na Laser, se você erra um pouco, tem mais chance de se recuperar. A experiência conta e isso me ajudou”.

A meta para 2014 é o Mundial da ISAF, em setembro, em Santander, na Espanha. Mas já em janeiro haverá a Semana de Miami e, depois, a Copa Brasil, na raia olímpica do Rio de Janeiro, na Baía da Guanabara. “Na minha cabeça, não preciso ganhar. Meu objetivo é velejar bem para chegar ao Mundial bem tranqüilo”, adianta.

Os Jogos do Rio 2016 serão “uma adrenalina a mais”, que deverá ser usada de forma positiva, sem ser tomada como pressão pelo fato de estar competindo em casa. “Ganhar medalha olímpica é show. Já vivi isso. E será muito importante me segurar para não treinar como treinava antes, porque hoje posso ter mais lesões. Ainda bem que não tenho nada muito preocupante. Não tenho hérnia de disco, não rompi ligamento, não tenho tendinite... Mas preciso pensar em treinar três dias e descansar um, pelo menos”, planeja o campeão.

Robert Scheidt diz que precisará de uma boa estratégia até a hora de competir na Cidade Maravilhosa. “O caminho até o Rio 2016 vai ser até mais difícil do que os Jogos Olímpicos e vai contar muito a experiência”, acredita.

Em Omã, a experiência de Robert Scheidt fez a diferença. Fica, então, a torcida para que a receita de sucesso se repita no Rio de Janeiro, em 2016.

Classificação final do Mundial de Omã da Laser após 12 regatas e dois descartes

1- Robert Scheidt (BRA) - 29 pontos perdidos (4+5+1+1+2+1+[28]+1+12+1+[26]+1)

2- Pavlos Kontides (CYP) - 42 pp (2+5+3+3+4+2+1+[10]+[16]+3+6+13)

3- Phillip Buhl (ALE) - 68 pp (1+17+3+4+2+12+[18]+2+2+15+[64]+10)

4- Rutger Schaardenburg (NED) - 68 pp (19+3+4+4+1+[38]+5+2+[23]+14+13+3)

5- Jesper Stalhein (SWE) - 69 pp (3+2+6+1+4+4+[26]+4+18+26+2+[37])

6- Tonci Stipanovic (CRO) - 70 pp (1+8+1+5+3+2+[43]+6+[43]+6+3+35)

7- Juan Maegli (GUA) - 80 pp ([27]+13+13+16+3+12+6+3+4+[19]+5+5)

8- Bruno Fontes (BRA) - 101 pp (5+6+2+[14]+9+6+13+12+31+4+[30]+14)

9- Tom Burton (AUS) - 105 pp (8+1+4+17+14+7+[21]+12+15+9+18+[31])

10- Mathew Wearn (AUS) - 118 pp (18+14+7+7+6+4+4+[52]+13+42+4+[52])

38- Matheus Dellagnelo (BRA) - 226 pp (22+38+11+26+19+[41]+18+37+25+[50]+12+18)

Campanha de Robert Scheidt na volta à Laser

Ouro no Campeonato Italiano de Classes Olímpicas - Scarlino (ITA), setembro/12

Ouro no Campeonato Brasileiro de Laser - Porto Alegre (BRA), janeiro/13

 Ouro na Semana Brasileira de Vela - Rio de Janeiro (BRA), fevereiro/13

Ouro na Laser Europa Cup - Garda (ITA), março/13

Prata na Semana Olímpica Francesa - Hyères (FRA), abril/13

Prata na Semana de Vela de Kiel - Kiel (ALE), junho/13

Ouro na Rolex Ilhabela Sailing Week, na Star, com Bruno Prada - Ilhabela (BRA), julho/13

Prata no Campeonato Europeu de Laser - Dublin (IRL), setembro/13

Principais títulos

Laser

Onze títulos mundiais - 1991 (juvenil), 1995, 1996, 1997, 2000, 2001, 2002*, 2004, 2005 e 2013

Em 2002, foram realizados, separadamente, o Mundial de Vela da Isaf e o Mundial de Laser, ambos vencidos por Robert Scheidt

Três medalhas olímpicas - ouro em Atlanta-1996 e Atenas-2004 e prata em Sydney-2000

Star

Três títulos mundiais - 2007, 2011 e 2012

Duas medalhas olímpicas - prata em Pequim-2008 e bronze em Londres-2012

Fonte:
Ministério do Esporte



27/12/2013 16:57


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