Sarney diz que programa espacial brasileiro deve continuar



Na reunião que, junto com o PMDB, terá na quarta-feira (27) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Senado, José Sarney, pedirá que o governo continue investindo no programa espacial brasileiro. Ele deu essa informação em entrevista concedida nesta segunda-feira (25), quando lamentou o acidente ocorrido na Base de Alcântara (MA) e afirmou que o Brasil não pode negligenciar esse setor.

Sarney acredita que, até em homenagem aos que morreram no acidente, o programa não pode parar. A área de pesquisa aeroespacial é difícil e exige esforço para ter continuidade, disse.

- Há uma restrição mundial sobre vetores, porque qualquer veículo desse porte pode transportar uma carga nuclear, química ou biológica. Os países que detêm tecnologia estão num círculo muito fechado - explicou.

Como nesse mercado não há país disposto a vender sua tecnologia, disse Sarney, isso obriga o Brasil a desenvolver-se nessa área. Ele lembrou que o país já avançou bastante em tecnologia espacial e tem experiência acumulada, não podendo agora abandonar o trabalho feito. O senador pediu que não se considere, como tem feito a imprensa internacional, que, por ser um país pobre, o Brasil deve negligenciar investimentos nessa área.

Sarney reconheceu que os investimentos têm sido escassos no setor e observou que todo dinheiro que se aplicar no programa espacial resultará em independência tecnológica para o Brasil. O mercado de lançamento de satélites é hoje o que mais cresce no mundo, disse o senador, lembrando que há 15 anos a China não lançava nenhum satélite comercial e, hoje, detém 12% desse mercado. Sarney recordou que, à época o Brasil fez um acordo de parceria com a China, que não foi levado adiante.

- Hoje, devemos pensar que esse é um setor em que o Brasil pode dar um passo significativo - disse o senador, destacando o fato de que a Base de Alcântara fica na linha do Equador, o que torna o local privilegiado.

Indagado sobre a possibilidade de, ocorrido o acidente de Alcântara, serem ampliados agora os recursos orçamentários destinados ao setor, Sarney afirmou que os recursos terão de aparecer, sejam de origem orçamentária, resultantes de empréstimos ou de qualquer outra fonte. Ele frisou que, ao investir nesta área, o Brasil não está desperdiçando recursos, mas assegurando o futuro e o desenvolvimento.

Sarney disse ainda que os técnicos vitimados pelo acidente na Base de Alcântara tinham salários inferiores ao que podiam obter na iniciativa privada, em qualquer lugar do mundo.

- Que o sacrifício desses homens sirva para que o Brasil possa encarar o programa espacial como um programa de interesse nacional, de todos nós brasileiros; para assegurar uma presença do Brasil cada vez mais ampla na corrida tecnológica - disse.

Sarney ressaltou que -o mundo do futuro não será um mundo de países grandes nem pequenos-, mas de países que dominam a tecnologia, o conhecimento e a ciência, e aqueles que não dominam.

- Se nós não o fizermos, ficaremos condenados a uma escravização tecnológica, que é uma outra forma de servidão - afirmou o senador.




25/08/2003

Agência Senado


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