Sarney: Tratado de Itaipu foi "gesto de solidariedade" e não pode ser revisto



O senador José Sarney (PMDB-MA) rebateu, nesta quarta-feira (30), a acusação feita pelo presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, de que o Brasil não paga um preço justo pela energia gerada em Itaipu e que não é consumida por aquele país. O parlamentar assinalou que o Tratado de Itaipu foi um "grande gesto de solidariedade" do Brasil, firmado soberanamente entre dois governos, não podendo, portanto, ser revisto.

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José Sarney lembrou que, durante a discussão sobre Itaipu, havia a possibilidade de a usina ser construída apenas em território brasileiro, a 50 quilômetros das Sete Quedas. Ele disse que, no entanto, o Brasil aceitou generosamente construir uma usina binacional, arcando com todas as responsabilidades financeiras da obra, financiando inteiramente a parte do capital inicial que cabia ao Paraguai e se comprometendo a comprar toda a energia que não fosse consumida.

- Agora, não é de outra maneira que devemos tratar o problema do Paraguai. Sobretudo, quando nós sabemos que fez parte da campanha a discussão sobre o Brasil ser um país espoliador e imperialista. Nada eu considero mais injusto e reconheço que talvez essas palavras tenham sido usadas como coisas apaixonadas e, muitas vezes, são excessos de campanha cometidos por todos os políticos - afirmou.

Na avaliação de José Sarney, o presidente eleito está certo quando assume a posição de defesa do seu país, mas está errado quando põe a culpa no Brasil e cobra mais transparência em relação a Itaipu. Para o senador, a culpa é do próprio Paraguai, que tem feito com que os resultados financeiros da usina não sejam transparentes para seu povo.

José Sarney fez um "chamamento ao bom senso", sugerindo que o presidente Fernando Lugo viabilize a estabilidade política e pense na industrialização do Paraguai, por meio de um melhor aproveitamento da energia de Itaipu.

- O que nós queremos é que um gesto de solidariedade e de nobreza não seja transformado em uma dor de cabeça, não só para o Paraguai, como para o Brasil. Estamos juntos, unidos. O empreendimento é dos dois países. Então, temos que construir soluções. Injusto não é o preço de Itaipu. Injusta é a acusação contra o Brasil. Porque o que fizemos com o Paraguai foi um gesto de generosidade, que queremos seja um fator de união dos nossos países, e não uma dor de cabeça para o Brasil - concluiu.



30/04/2008

Agência Senado


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