Saturnino crítica imprensa por caracterizar presidentes sul-americanos como populistas
Ao comentar matérias publicadas pela revista Carta Capital, o senador Roberto Saturnino (PT-RJ) criticou, nesta segunda-feira (21), a imprensa brasileira por caracterizar inadequadamente presidentes latino-americanos - como Hugo Chávez, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia - como populistas. Definindo populismo como uma tática político-eleitoreira imediatista, que não prioriza as classes mais necessitadas da população, Saturnino destacou que tanto Hugo Chávez como Evo Morales desenvolvem programas de alcance social importantes em seus países.
- Esta matéria de Mino Carta [na Carta Capital] é muito importante para que se esclareça que praticar políticas voltadas para o atendimento das necessidades principais da camada mais carente não é populismo, mas prática de justiça social, projeto de governo, projeto político, modelo de desenvolvimento, mudança de modelo de desenvolvimento que, até então, sempre foi voltado para as elites brancas, como diz o governador Cláudio Lembo [de São Paulo] - afirmou.
Criminalidade no Brasil
Referindo-se a artigo do economista Luiz Gonzaga Belluzo, também de Carta Capital, Saturnino sustentou que a criminalidade no país, antes de se originar na pobreza, seria fruto da injustiça social e da concentração da riqueza.
- A criminalidade não tem origem na pobreza. Tem origem na riqueza, nessa riqueza ilícita, subterrânea, fraudulenta, que prospera sob a luz das regras de mercado, sob a égide das regras de mercado, especialmente naqueles paraísos fiscais, isto é, naquelas economias que não têm regra nenhuma, que são inteiramente desregulamentadas, onde tudo é permitido - disse Saturnino, concordando com a argumentação de Belluzo.
No final de seu pronunciamento, o senador declarou identificar atualmente na sociedade brasileira uma tomada de consciência com relação à questão estrutural da má distribuição de renda no país. Em sua avaliação, a falta de equacionamento do problema da concentração da riqueza poderá inviabilizar o desenvolvimento do Brasil.21/08/2006
Agência Senado
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