Saturnino defende mudança de política econômica



O agravamento da crise econômica internacional, motivado pela redução das atividades em países como os Estados Unidos e o Japão, levou o senador Roberto Saturnino (PT-RJ) a defender nesta quarta-feira (26), em Plenário, a adoção pelo governo brasileiro de uma postura mais firme em favor do desenvolvimento.

Em quadros recessivos como o atual, observou o senador, o governo deveria buscar meios de proteger a própria economia. Ele reconheceu exageros de atitudes protecionistas do passado, mas apontou a existência de alternativas entre a situação antiga e a atual postura da equipe econômica.

- Nos momentos ruins da economia mundial, vale mais preservar as economias internas, para que não sejam muito afetadas pelo quadro externo. Mais importante do que apenas queixar-se do protecionismo dos outros é cuidar um pouco mais da proteção da própria economia nacional. Uma certa dose de proteção é necessária em um país que não atingiu níveis de produtividade das economias mais ricas - afirmou Saturnino.

O senador defendeu ainda a adoção de uma postura intervencionista do Estado na economia. Ele recordou o sucesso obtido pela Malásia ao adotar a administração do câmbio, durante a crise da Ásia, e citou como exemplo da falta de uma ação mais efetiva do governo em defesa da economia a decisão da Petrobrás de conceder a um grupo estrangeiro o direito de construção de uma plataforma de exploração de petróleo.

Em aparte, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) lembrou que o Brasil já contou com uma grande indústria de construção naval e que, atualmente, gasta até US$ 5 bilhões por ano com o pagamento de fretes a empresas estrangeiras. Após afirmar que se tornou "pecado" no país se falar de política industrial, ele observou que a China exportava há 10 anos tanto quanto o Brasil. Hoje em dia, comparou, enquanto o Brasil vende ao exterior US$ 56 bilhões anuais, a China exporta ao mundo US$ 210 bilhões.

O senador Bernardo Cabral (PFL-AM), também em aparte, lamentou que atualmente no Brasil exista uma "espécie de erupção cutânea" quando se fala da participação do Estado na economia, ao mesmo tempo em que até nos países mais desenvolvidos os governos adotem posturas de apoio ao desenvolvimento.

Por sua vez, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que a permanência de altos níveis de desemprego tem permitido o desenvolvimento de atividades como o narcotráfico, especialmente no Rio de Janeiro. Em resposta, Saturnino disse que a crescente população de rua na capital fluminense indica a tendência de "africanização" do Rio.



26/06/2002

Agência Senado


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