FREITAS NETO DEFENDE MUDANÇA NO MODELO DE POLÍTICA ECONÔMICA
Essa visão, segundo Freitas Neto, estaria se difundindo entre os estratos dirigentes do país. O senador acredita que não seja mera coincidência o fato de que as denúncias sobre as conseqüências do atual modelo de política econômica partam de representantes do Norte e do Nordeste, as regiões mais pobres do país.
- Precisamos repensar o modelo. Devemos reorientar as políticas públicas. A omissão do Estado representa a condenação inapelável de regiões inteiras à pobreza - defendeu.
Até mesmo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, na opinião do senador, renderam-se à evidência de que o receituário por eles recomendado aos países em desenvolvimento precisa ser revisto. Freitas Neto citou vários trechos de entrevista concedida pelo governador do Ceará, Tasso Jereissati, ao jornal Folha de S. Paulo, em que o político cearense constata que a adoção do modelo recomendado pelo FMI provocou maior concentração de renda e aumento da pobreza, teve impacto negativo sobre os índices de popularidade do presidente da República e exige uma profunda reavaliação.
Nessa revisão, o senador salientou a posição de Tasso Jereissati sobre a necessidade de se reconhecer que, num país tão heterogêneo como o Brasil, o Estado continua tendo importantíssimo papel na promoção do desenvolvimento e na redução das disparidades regionais e sociais.
No entanto, lamentou o senador, há mais de uma década o Brasil não conta com políticas públicas voltadas para a redução das desigualdades regionais. Após a promulgação da Constituição de 1988, que registrou mais explicitamente o papel do Estado na superação dessas desigualdades, a presença pública na economia passou a ser reduzida ao máximo, "seguindo à risca os cânones dos téoricos da globalização", disse.
Em aparte, o senador Gerson Camata (PMDB-ES) afirmou que o Brasil, por ser muito suscetível a modismos econômicos, comemorou a globalização e ao neoliberalismo. "Eis que, agora, vê-se que a globalização produziu desemprego e perda da qualidade de vida, sendo que a política de privatizações, a título de reduzir a dívida pública, dilapidou o patrimônio público, resultou em aumento de tarifas e não evitou a explosão da dívida externa", disse.
29/09/1999
Agência Senado
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