Saturnino diz que política econômica do governo é incompatível com desenvolvimento



O senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) criticou a política econômica do governo, alertando para a gravidade da situação econômica e social do país e para os riscos de uma desagregação em escala ainda maior. Ele lembrou que na semana passada ocorreu a quarta desistência do titular da pasta do Desenvolvimento, o que, segundo ele, se deve à incompatibilidade da tarefa de promover o desenvolvimento com a política econômica traçada pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento.

Saturnino afirmou que esta política "é restritiva e contrária a qualquer idéia de desenvolvimento", acrescentando que "não há no horizonte, pelo menos até a assunção de um novo governo", nenhuma perspectiva de retomada do desenvolvimento. Ele ressaltou que o atual governo é subserviente ao mercado financeiro internacional, ao Fundo Monetário Internacional "e a tudo que está na raiz dos problemas atuais".

O senador lembrou as promessas do presidente Fernando Henrique Cardoso de retomada do desenvolvimento e destacou que este é o único caminho para combater o desemprego e melhorar a distribuição de renda. Ele recordou que o desenvolvimento era uma promessa dos grandes centros capitalistas do mundo na década de 50, quando foram criadas instituições para fomentá-lo, e lamentou que hoje a expressão tenha sumido do vocabulário econômico.

O projeto de desenvolvimento era ligado à soberania das nações, disse Saturnino, "mas o mercado e a visão neoliberal reduziram o papel dos Estados-nação, e o desenvolvimento fica dependente das decisões do mercado financeiro internacional, criando vulnerabilidades crescentes" em todos os países.

- Não existe mais desenvolvimento, mas um mercado financeiro cruel com as questões sociais e exigente nas questões de afirmação dos seus interesses sobre as soberanias dos Estados nacionais - afirmou.

Saturnino disse ainda que o Senado não pode fugir da responsabilidade de examinar e julgar, com presteza, as denúncias que envolvem o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) para poder dar atenção a outros assuntos graves da nação, como a crise econômica.

Em aparte, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) disse que não há outra solução, nem para a Argentina nem para o Brasil, que não seja uma nova forma de encarar o pagamento das dívidas interna e externa. Ele acrescentou que o Brasil está caminhando para um quadro pior que o da Argentina. O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) parabenizou Saturnino pelo discurso e disse que o povo quer o fim imediato desse governo.

01/08/2001

Agência Senado


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