Senado debate requerimento para que o Brasil desencoraje retaliação contra inocentes



O Senado debateu requerimento da senadora Heloísa Helena (PT-AL) solicitando que a Casa informe o governo brasileiro a respeito de sua posição favorável a que a política externa brasileira busque desencorajar Nações amigas a levarem adiante atos de retaliação contra populações inocentes, face aos atentados terroristas do dia 11 de setembro. A votação ficou para a sessão desta quinta-feira (4).

Ao encaminhar o requerimento, Heloísa Helena disse que o terrorismo "é um ato abominável, que destrói vidas e nada constrói". Ela observou, no entanto, que "deve ser desencorajado o massacre de populações inocentes, especialmente no Afeganistão, onde a pobreza está levando milhões de mulheres e crianças a fugirem da fome e da opressão, numa situação de calamidade que atos de guerra irão aumentar ainda mais".

Para o senador Tião Viana (PT-AC) ações de guerra não podem contar com o apoio do governo brasileiro. A diplomacia brasileira, segundo ele, deve insistir em ações pacíficas e negociação para conseguir que os responsáveis pelos atos terroristas sejam descobertos e punidos.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) comparou o primitivismo dos talibãs aos excessos cometidos pela Santa Inquisição da Igreja Católica, até o século XVIII. Ele ressaltou que isso não quer dizer que se deva justificar os ataques aos Estados Unidos. Ao contrário, disse o senador, é preciso "reprovar o machismo do regime talibã, mas também condenar qualquer aventura do Brasil ao lado de ações de guerra dos países desenvolvidos da América do Norte ou Europa".

Segundo a senadora Marina Silva (PT-AC), ações terroristas não podem servir de justificativa para atos violentos contra populações inocentes. O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) lembrou que os interesses do complexo industrial militar dos Estados Unidos estão querendo guerra para tirar o país da recessão, como aconteceu na 2ª Guerra Mundial.

O senador Ademir Andrade (PSB-PA) disse que o governo norte-americano não está agindo precipitadamente. Ao contrário, suas ações têm sido comedidas e responsáveis, envidando pressões diplomáticas para que o governo do Afeganistão entregue Osama bin Laden para ser julgado. "Os talibãs se negam e o impasse está criado mas ninguém pode querer que Osama saia impune dessa situação", disse.

O senador Gerson Camata (PMDB-ES) lembrou que o regime talibã do Afeganistão faz terrorismo de estado, sendo a ditadura mais cruel do mundo de hoje. Ele entende que é preciso buscar os responsáveis pelos atos terroristas e puni-los exemplarmente. "Nós também fomos atingidos: houve mortos brasileiros no World Trade Center; 50 mil já perderam seus empregos no Brasil e muitos outros serão atingidos pela recessão econômica", argumentou.

O relator do requerimento, senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) disse que seus objetivos principais são simples: manifestar repúdio ao terrorismo e desencorajar retaliação violenta.

03/10/2001

Agência Senado


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