Senado prorroga a cobrança da CPMF



Por 58 votos a favor, sete contra e duas abstenções, o Plenário do Senado prorrogou a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 31 de dezembro de 2004. A proposta de emenda à Constituição (PEC) com o texto da medida foi aprovada em votação final (segundo turno) e promulgada ainda nesta quarta-feira (12), às 19h30, em sessão conjunta do Congresso convocada extraordinariamente pelo presidente do Senado, Ramez Tebet.

De acordo com a proposta, nos anos de 2002 e 2003, a alíquota da CPMF será de 0,38%, ficando a Saúde com 0,20%; a Previdência, com 0,10%; e o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza, com 0,08%. A partir de 2004 a CPMF cairá para 0,08%, destinando-se os recursos integralmente ao Fundo de Combate à Pobreza.

O texto foi aprovado sem a exigência do prazo de 90 dias entre a promulgação e o reinício da cobrança da CPMF, a chamada noventena. O senador Romero Jucá (PSDB-RR) apresentou emenda à PEC original eliminando a restrição. Com isso não haverá interrupção na cobrança, como o governo temia, pois sua prorrogação foi aprovada antes da data limite, que é dia 18 de junho.

Conforme a emenda constitucional, a partir de 30 dias depois de sua promulgação, as contas correntes utilizadas especialmente para operações em bolsas de valores não pagarão o tributo. Isso significa que quem comprar e vender ações não vai pagar CPMF.

Durante a discussão, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) criticou a maneira, a seu ver "fraudulenta", com que o regimento foi usado para impedir que, com a extinção da noventena, a PEC voltasse para nova votação na Câmara dos Deputados. "Hitler também fez esse tipo abominável de distorção das leis", comparou.

Para o senador Lauro Campos (PT-DF), somente os trabalhadores geram riqueza e pagam impostos no Brasil. "Por isso voto contra a prorrogação da CPMF, porque a carga tributária já está muito grande". O líder do Bloco Oposição, Eduardo Suplicy (PT-SP), encaminhou o voto de sua bancada, favorável à prorrogação da cobrança, em função da necessidade de arrecadar esses recursos para fechar as contas do governo.

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) declarou ser favorável à prorrogação da cobrança da CPMF, por ser indispensável ao equilíbrio das contas públicas. "Sou contrário à extinção da noventena, mas não entrarei com ação junto ao Supremo Tribunal Federal porque, se o fizer, serei responsável por um terremoto no mercado brasileiro. Estamos vivendo uma triste situação em que os eleitores, intimidados, irão votar no candidato que acalmará o mercado e não naquele de sua preferência".

O senador Paulo Souto (PFL-BA) manifestou-se favorável à prorrogação, mas criticou o fato de os recursos da CPMF não serem compartilhados com os estados. Para Álvaro Dias (PDT-PR), o equilíbrio das contas do governo seria mais facilmente obtido se o governo tivesse lutado pela aprovação de uma reforma tributária justa.

Os líderes do governo, do PFL, PTB, PMDB, PSDB, PDT e PT encaminharam o voto favorável de suas bancadas, sem fechar questão sobre o tema.

ISS

A PEC da CPMF também estabelece que lei complementar irá fixar as alíquotas mínima e máxima do Imposto Sobre Serviços (ISS), regulando a forma e condições para concessão ou revogação de isenções ou benefícios fiscais. Enquanto essa lei complementar não for aprovada, a alíquota mínima do ISS não poderá ser inferior a 2%. Portanto, os prefeitos não poderão conceder vantagens fiscais para atrair empresas que resultem em cobrança de ISS inferior a esse valor.




12/06/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Ademir apresenta emenda à PEC que prorroga cobrança da CPMF

Senadores debatem PEC que prorroga a cobrança da CPMF até 2004

SENADO PRORROGA CPMF ATÉ JANEIRO DE 1999

Suplicy defende cobrança da CPMF

Magno Malta condena fim da cobrança da CPMF

Magno Malta critica fim da cobrança da CPMF