SENADORES DESTACAM PRODUÇÃO LEGISLATIVA E REPUDIAM CRÍTICAS



Em 38 dias de trabalho extraordinário - a convocação do Congresso foi de 6 de janeiro a 13 de fevereiro - o Senado aprovou nada menos que 48 matérias, perfazendo média superior a um projeto aprovado por dia, incluídos os fins de semana. E, no entanto, as críticas de parte da imprensa ao trabalho do Legislativo continuaram, segundo constatação de diversos senadores que, além de repudiar, em entrevistas, os ataques à atividade parlamentar, questionaram a real motivação dessa atitude.

Para o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), essas "críticas injustas atendem aos interesses de quem quer manter o Poder Legislativo acuado". Ele detalha sua acusação: "Há um interesse do Poder, e quando falo em Poder não estou falando só do Poder Executivo, mas falando do Poder real, do Poder econômico, em manter o Congresso acuado.E por quê? Porque com todos os seus defeitos, e são muitos, com todos os problemas de vários congressistas, deputados e senadores, e também eles existem, o Congresso é um poder mais livre, mais liberto, mais identificado com a opinião pública, mais próximo do povo. Daí, é preciso sempre desqualificar o Congresso para manter o Legislativo sob controle, sob pressão, dizendo que o pessoal não vota, o que não é verdade".

Por sua vez, o senador Jefferson Péres (PSDB-AM) deu o próprio exemplo para ilustrar a impropriedade de muitas críticas da imprensa ao Parlamento. "Eu próprio fui incluído pelo jornal Folha de S. Paulo entre os 10 mais faltosos e sou um dos 10 parlamentares mais assíduos". O erro de avaliação do jornal paulista originou-se em um pedido de licença do parlamentar para viajar. Licença sem remuneração.

- Viajei às minhas custas, perdi meus subsídios, não recebi dinheiro público, mas por isso, no total, apareci como um dos mais faltosos, embora seja dos mais assíduos- frisou Péres.

A acusação da mídia às constantes viagens dos parlamentares, aliás, é outra "impropriedade" na opinião do senador Lúcio Alcântara. "Isso não é privilégio, mas sim outro ônus do mandato", explica o parlamentar cearense. Segundo ele, os políticos têm que estar em contato constante com suas bases, debatendo problemas e explicando os projetos que o Congresso aprova. Dois exemplos recentes: "A sociedade brasileira foi pega de surpresa com a lei de doação de órgãos e o novo Código Nacional de Trânsito, apesar de os temas terem sido debatidos pelo Legislativo durante anos. Só que a imprensa não acompanhou os debates e nem informou a sociedade sobre essas matérias".

Já o senador Carlos Wilson (PSDB-PE) não acredita que as críticas da imprensa afetem realmente a imagem do Congresso. Na sua avaliação, "o conceito do Legislativo junto à população nunca foi tão positivo como agora". No entender do parlamentar pernambucano, "a população sabe do trabalho dos parlamentares, sabe o que foi produzido no Congresso e principalmente nesta legislatura". Ele destacou justamente o novo código de trânsito e a lei de doação de órgãos como iniciativas que "orgulham" o Legislativo brasileiro.



02/03/1998

Agência Senado


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