Senadores devem manifestar "inconformismo" com a reforma da Previdência, sugere Alvaro Dias
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) relembrou a imagem do ex-deputado Ulysses Guimarães, com quem conviveu, para exortar os parlamentares a votar a proposta de reforma da Previdência, na terça-feira (25), de acordo com as suas próprias consciências e com liberdade para expressar o -inconformismo- de cada um. Ele fez duras críticas à maneira como o governo conduziu as negociações sobre as mudanças no sistema previdenciário, no Congresso Nacional.
- Discordamos frontalmente da forma e do conteúdo da reforma da Previdência. Ela agride a Constituição brasileira. Ficamos impotentes diante da força do governo. Desde o início do processo da reforma, na Câmara, sobressaiu-se a autoridade governamental, impedindo manifestação livre das entidades sindicais nos debates naquela Casa, provocando até atentados contra o Congresso. Nem no auge do período militar impediram-se as manifestações - sustentou.
Alvaro apontou o que chamou de -postura perversa- do governo em relação às questões sociais do país. Ele destacou as críticas dos movimentos sociais em relação à meta da reforma agrária, de assentar 335 mil famílias até 2006. -O presidente da Pastoral da Terra, Dom Tomás Balduíno, disse que o governo está indicando que fará uma reforminha agrária e que não se podia esperar outra coisa do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto-, exemplificou, lembrando que representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra estão acampados em Brasília.
As entidades dos proprietários de terra, segundo o senador, também não pouparam suas críticas à meta da reforma agrária. De acordo com seu relato, o presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antônio Ernesto de Salvo, reagiu dizendo que a atitude do governo para com o setor é como o paciente que não foi consultado antes da cirurgia.
Alvaro acrescentou que o governo sequer cumprirá a meta de assentar 30 mil famílias em 2003. Os número revelados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e divulgados por ele em Plenário mostram que até outubro foram assentadas 13.672 famílias, das quais 12.830 pelo governo federal, 176 pelas prefeituras com ajuda do Incra e o restante pelos governos estaduais.
O senador ressaltou ainda o não cumprimento dos compromissos de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontando o aumento de 1 milhão aos 11 milhões de desempregados, para quem prometia criar 10 milhões de novos postos de trabalho. Citou, entre outros dados, a queda nos investimentos públicos e os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em relação ao crescimento dos trabalhadores infantis de 10 a 14 anos, com 132 mil crianças a mais em comparação a setembro de 2002.
21/11/2003
Agência Senado
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