Senadores discutem redução do "spread" bancário com presidentes do Banco Central e da Febraban



As alternativas para reduzir a diferença entre a taxa paga pelos bancos na captação de recursos e a cobrada dos clientes que tomam empréstimos, chamada de spread bancário, serão discutidas esta semana com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fábio Colletti Barbosa. Meirelles fala na quarta-feira (25), às 10h, aos senadores das Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Acompanhamento da Crise Financeira e de Empregabilidade, e Barbosa participa, na quinta-feira (26), às 14h, também de reunião conjunta dos colegiados.

As duas audiências públicas integram a série de debates promovidos pelas comissões, que visam identificar estratégias para reduzir os efeitos da crise financeira internacional. A queda de juros e a ampliação do crédito têm sido apontadas como importantes medidas para reaquecer a economia interna e proteger os empregos.

Os debates marcados para esta semana reúnem dois segmentos essenciais na composição dos juros praticados pelo mercado - o Banco Central, responsável pela definição da taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), e os bancos, que estabelecem o spread, no qual está embutido o lucro bancário. Somados, Selic e spread formam a taxa final de juros cobrada dos brasileiros que tomam empréstimos de instituições financeiras.

Desde o início da crise, autoridades da área econômica têm criticado os bancos por não acompanharem, no spread bancário, o ritmo de queda da taxa Selic. Para o governo, o spread médio cobrado pelos bancos já passa de 30%, tendo acompanhado a elevação do custo do dinheiro, nos últimos meses. Já os bancos argumentam que só uma pequena parcela do spread representa lucro, sendo a maior parte destinada a cobrir os custos da inadimplência.

Em debates anteriores, os bancos oficiais foram chamados a "dar o exemplo", reduzindo os juros do crédito. Para os presidentes do Banco do Brasil, Antonio Francisco de Lima Neto, e da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho, a saída para a inadimplência, e consequentemente para a queda de custo do crédito, estaria na adoção de um cadastro positivo de bons pagadores. Eles participaram de audiência realizada no último dia 18 e defenderam projeto que cria o cadastro positivo, em tramitação na Câmara dos Deputados. De autoria do então senador Rodolpho Tourinho, o projeto (PLS 263/04), já aprovado pelo Senado, tramita na Câmara com o nome de PL 405/07. 

Além de saídas para a redução das taxas de juros no Brasil, Meirelles também deve falar sobre a desvalorização do Real e sobre a política monetária e cambial adotada pelo governo. Já Fábio Barbosa deverá discutir com os senadores medidas para ampliar as operações de crédito realizadas pelo sistema financeiro. Os debates serão realizados na sala 19 da Ala Alexandre Costa, no Senado.

23/03/2009

Agência Senado


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