Senadores do PMDB decidem não apoiar criação de CPI



Por 18 votos a 4, a bancada do PMDB no Senado decidiu nesta quarta-feira (dia 28) que o partido não vai apoiar a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar diversas denúncias de irregularidades na administração de recursos públicos. Os cinco senadores ausentes - José Sarney (AP), José Alencar (MG), Amir Lando (RO), Pedro Simon (RS) e Gerson Camata (ES) - foram consultados durante a reunião ou já haviam manifestado sua opinião, mas não tiveram seus votos contabilizados.

- A decisão do PMDB foi a mais democrática possível e decorre do fato de a bancada entender, em sua maioria, que não deve ser feita uma investigação política das denúncias, deixando essa tarefa para os órgãos com tal atribuição, como o Ministério Público, o Judiciário e o Tribunal de Contas da União - declarou o líder do partido, senador Renan Calheiros (AL), que distribuiu nota à imprensa explicando que a CPI proposta "é derivada de contendas pessoais e está sendo gerenciada com propósitos nitidamente políticos e eleitorais".

Segundo Renan, a decisão aconteceu em clima de democracia e em nenhum momento os senadores do partido que já assinaram o requerimento de criação da CPI sofreram ou vão sofrer algum tipo de pressão.

- O PMDB usa a tática do convencimento. Nós não vamos exigir ou negociar nada. Não vamos transformar o partido em quitanda clientelista - garantiu o líder.

Seis senadores do PMDB já assinaram o pedido de CPI. José Alencar (MG), Pedro Simon (RS), Maguito Vilela (GO), Roberto Requião (PR), José Fogaça (RS) e o presidente da Casa, Jader Barbalho (PA). Até o momento, 25 senadores, no total, solicitam a criação da comissão, sendo 16 dos partidos de Oposição, três do PFL e seis do PMDB.

Saída antecipada

Os senadores José Fogaça (RS), Maguito Vilela (GO) e Roberto Requião (PR) deixaram a reunião logo após votarem e confirmaram suas intenções de não retirar a assinatura pelo pedido da CPI da corrupção. Requião disse que, em sua opinião, o partido deveria apoiar em bloco a CPI pois o senador Jader Barbalho havia apresentado, durante a reunião, um documento emitido pelo Banco Central, inocentando-o de qualquer tipo de irregularidade junto ao Banpará.

- Ora, a prova que Jader mostrou é contundente e constitui-se documento jurídico consistente da isenção do senador. Este então é mais um motivo para o PMDB apoiar a CPI. Assinar ou não deve ser uma atitude de consciência em primeiro lugar e não de decisão partidária - defendeu Requião.

Esse também é o entendimento dos senadores José Fogaça e Maguito Vilela. Maguito disse ainda que sempre apoiou e continuará apoiando a criação da comissão. "O PMDB não devia estar no governo. Mas já que está, continue", comentou o senador sobre a posição final de sua legenda.

Já o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que também assinou o documento pela CPI, considerou grave a decisão do PMDB.

- Acho que é preciso interpretar esse ato, pois o comum é que o líder assinando um requerimento, seus liderados o acompanhem - disse.

Quanto ao fato de Jader haver solicitado aos integrantes da legenda que continuassem apoiando o governo, Antonio Carlos declarou: "Ou ele assinou precipitadamente (o pedido de CPI) ou está arrependido".

28/03/2001

Agência Senado


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