Senadores não podem mais renunciar ao mandato, afirma Demóstenes



Os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Magno Malta (PL-ES), acusados de participar da máfia das ambulâncias, não poderão mais renunciar ao mandato, porque os processos que pesam contra eles já foram instaurados pela Mesa do Senado e protocolados às 9h30 desta quinta-feira (24) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, na forma de representação.

Os processos foram instaurados pela Mesa do Senado e em seguida enviados pelo presidente da Casa, Renan Calheiros, ao Conselho de Ética, o que anula qualquer tentativa de renúncia, como explicou o vice-presidente do Conselho, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), à Agência Senado. Segundo o senador, os três acusados poderiam renunciar ao mandato até momentos antes de o processo ser instaurado, mas, mesmo assim, isso não lhes traria vantagem.

Demóstenes explicou que, mesmo com a renúncia ao mandato, o processo contra os senadores continuaria e teria efeitos secundários posteriormente, podendo, inclusive, resultar na perda dos direitos políticos. Ele citou o artigo 20 do Código de Ética e Decoro Parlamentar, instituído pela Resolução 20/93, do Senado Federal, que diz: "O processo disciplinar regulamentado neste código não será interrompido pela renúncia do senador ao seu mandato, nem serão pela mesma elididas as sanções eventualmente aplicáveis aos seus efeitos".

Segundo Demóstenes, que é relator do processo contra Serys Slhessarenko, o Conselho de Ética ouvirá novamente os acusados e envolvidos no escândalo da máfia das ambulâncias, inclusive a família Vedoin, proprietária da Planam, empresa apontada como organizadora da fraude. Demóstenes reiterou que continua disposto a assumir a relatoria do processo contra Magno Malta, já que o senador Sibá Machado (PT-AC) desistiu de ser relator. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) é o relator do processo contra Ney Suassuna.

Depois de julgados pelo Conselho, se os senadores forem considerados culpados, os processos serão examinados pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que verificará somente os aspectos legais, como constitucionalidade, juridicidade e regimentalidade.

Em seguida, a matéria voltará novamente para o Conselho, que fará uma resolução a ser encaminhada ao Plenário, que a colocará na ordem do dia para votação. Para que os senadores sejam cassados no Plenário, será necessária a aprovação de maioria absoluta (41 senadores) em votação secreta.



24/08/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Em defesa do mandato, Demóstenes diz que outros senadores podem estar na mesma situação que ele no futuro

Senadores eleitos para os governos estaduais têm até 31 de dezembro para renunciar ao mandato legislativo

Jader admite renunciar ao mandato

Jader anuncia que vai renunciar ao mandato

Candidatos à reeleição no Executivo podem ter que renunciar

Candidatos à reeleição podem ser obrigados a renunciar