Serra muda a estratégia



 





Serra muda a estratégia
Orientação é não falar mal dos rivais, nem mesmo de Ciro, e elogiar mais FH

BARREIRAS - Candidato do governo à Presidência da República, José Serra deve alterar a sua estratégia de campanha para melhorar seus índices de aceitação junto aos eleitores. Não vai polarizar com Ciro Gomes, nem mesmo rebater qualquer ataque do adversário da Frente Trabalhista. Recentemente, Serra disse que Ciro era um ''genérico do Collor'', referindo-se ao ex-presidente que renunciou, depois de sofrer um processo de impeachment.

José Serra também não fará mais críticas à atuação do governo federal. Em visita ao Oeste da Bahia, ontem, ele criticou o ''clima de bate-boca'' que, a seu ver, começa a tomar corpo na campanha de sucessão a FH. Mas sua visita à feira agropecuária da cidade foi encurtada no momento em que lhe comunicaram que a comitiva de um parente do ex-senador e maior cacique político da Bahia, Antonio Carlos Magalhães (PFL), estava no local.

Antonio Carlos Magalhães Neto, candidato a deputado federal, cumprimentava eleitores no local e distribuía propaganda eleitoral de Ciro Gomes.

''Em campanha eleitoral, a maior parte dos candidatos passa só falando mal. Tende a se acentuar o clima de negativismo. Eleição deve servir como uma ótima oportunidade para a gente debater idéias, propostas a respeito de nosso país; não para fazer baixarias, troca de insultos'', disse para uma platéia lotada de comerciantes, industriais e exportadores de soja e café da Bahia.

Aos empresários de Barreiras, Serra afirmou ainda que não pretende mudar as propostas em curso na administração de FH, desde que apresentem resultados positivos.

Para amenizar a reação local dos carlistas ao seu nome, Serra fez questão de frisar que era amigo do ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães, o falecido filho de ACM. ''Luiz Eduardo está acima das divergências políticas: era um homem, um político competente que deu um bom exemplo de fazer política no Brasil, era meu amigo pessoal'', afirmou. ''Hoje em dia, ele está acima dessas questões, esteja onde estiver. Portanto, por ele mantenho uma memória de amizade e de respeito'', continuou. Integrantes do PSDB local, inimigos de ACM, no entanto, protestaram contra os elogios de Serra a um adversário.

Durante quase uma hora de corpo-a-corpo na Exposição Agropecuária, Serra sambou, bebeu cerveja, conversou com eleitores, beijou mulheres e foi novamente apresentado a uma vaca. ''Vocês vão testemunhar que eu fui apresentado a uma vaca'', comentou Serra, sem reparar que a vaca, na verdade, era um boi.


Ciro afasta PPS de Collor
BRASÍLIA - O diretório do PPS de Alagoas recuou na decisão de apoiar o candidato do PRTB do ex-presidente Fernando Collor ao governo do Estado, um dia depois de o candidato a presidente, Ciro Gomes, criticar a aliança. O diretório alagoano divulgou, ontem, nota garantindo que não existe acordo para apoiar Collor ao governo de Alagoas. A coligação seria apenas para as eleições proporcionais (deputados estaduais e federais). No entanto, no Diário Oficial foi publicada a relação dos partidos que apoiariam Collor para o governo e, entre eles, estava o PPS.

A mudança de postura do PPS alagoano ocorreu um dia depois de Ciro criticar a aproximação do partido Collor. Ontem, o candidato a vice, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, defendeu a intervenção do diretório nacional do PPS em Alagoas. ''Não precisamos fazer esse tipo de coisa. Não vale a pena ganhar assim''.

Na nota do diretório estadual do PPS em Alagoas, seu presidente, Anivaldo Pinto, afirma que o partido coligou-se com a chamada Frente de Oposição no Estado. ''Isso não implica qualquer participação do PPS na campanha do candidato do PRTB'', garantiu.

Em Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, a atriz Patrícia Pillar fez na madrugada de ontem o seu discurso de estréia em comícios do marido. Ao lado de Ciro, ela elogiou a capacidade administrativa de Ciro e pediu votos.

Aplaudida, Patrícia agradeceu, acenou para a multidão, e passou o microfone para Ciro. Mas ainda não era o momento de o candidato falar. O locutor da campanha corrigiu o erro e anunciou outra ''grande atração''.


PT busca o voto de dissidentes
Entre as articulações do PT nacional para os próximos dias, está a busca de apoio para a campanha do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva de dissidentes de outros partidos, principalmente os do PMDB. Segundo a direção do PT, o candidato peemedebista ao governo do Estado de São Paulo, o escritor Fernando Morais, será um dos primeiros nomes a ser procurado pela legenda. Morais, inclusive, já declarou apoio a Lula em outras ocasiões.

Até meados de agosto, conforme agenda política do PT, deverá ocorrer um encontro público entre Lula e Morais, apesar de o candidato oficial do partido ao governo paulista ser o deputado federal José Genoino.

Em Minas Gerais, há contatos semelhantes com peemedebistas dissidentes como os prefeitos de Uberlândia, Zaire Rezende, e de Juiz de Fora, Tarcísio Delgado. Lula fará essa ofensiva, embora o governador mineiro, Itamar Franco, que declarou seu apoio ao petista há mais de um mês, ainda não tenha dado sinais de participação ativa na busca de votos naquele Estado.

Até aqui, o PT tem adotado como regra a prioridade absoluta à candidatura de Lula, sem observar interesses regionais. A aliança com o PL, por exemplo, aconteceu à revelia de diversos diretórios estaduais.

Lula não deve fazer oposição nem mesmo a Paulo Maluf (PPB), que já previu que grande parte de seus eleitores deve votar em Lula. O mesmo acontece com outros inimigos históricos do partido, como Newton Cardoso (PMDB) em Minas e Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).


Garotinho encontra Benedita
Adversários ocupam o mesmo palco em culto evangélico mas não se falam

O culto da igreja presbiteriana que reuniu ontem à tarde, no Maracanãzinho, cerca de 15 mil fiéis, colocou frente à frente dois irmãos de fé e inimigos políticos: Anthony Garotinho, candidato do PSB à Presidência da República, e Benedita da Silva, governadora do estado e candidata à reeleição pelo PT. A petista teve que encarar ainda a sua adversária, a ex-primeira dama Rosinha Matheus (PSB). O caráter religioso da cerimônia não fez com que os políticos relevassem as rivalidades.

Garotinho e Rosinha não cumprimentaram a governadora, que retribuiu a descortesia na mesma moeda, apesar de todos estarem ocupando o mesmo palco, erguido no centro do estádio, de onde o culto foi celebrado.

A presença dos políticos foi mencionada no sermão do presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil, Isaías de Souza Maciel. Ele pediu aos fiéis que orassem também pelos candidatos. ''Vou quebrar o protocolo, irmãos, para que oremos pela nossa irmã governadora, doméstica da fé, Benedita da Silva''. O pastor Isaías também pediu que orassem pelo secretariado de Benedita e pela força-tarefa que vai combater a violência no Estado. ''Porque eles pretendem garantir nossa segurança'', justificou o pastor, que chegou a ser seqüestrado durante o governo Garotinho, em junho de 2000. Na ocasião, permaneceu 10 dias acorrentado num cubículo de dois metros quadrados na Favela Vai-Quem-Quer, em Duque de Caxias.

No culto, os dois políticos oraram, cantaram dezenas de hinos em louvor a Deus, deram as mãos a seus vizinhos, cearam pão e vinho e ajoelharam-se por quase 10 minutos. Garotinho mostrou-se um pouco mais dispersivo, rindo e conversando com assessores de campanha e ministros da igreja durante o sermão. Benedita era um pouco mais compenetrada, apesar de também ser constantemente consultada por sua assessoria.

No fim da cerimônia, a governadora deixou o Maracan ãzinho apressadamente. Perguntada sobre se não teria sentido um impulso cristão de cumprimentar o irmão Garotinho e superar suas adversidades com o ex-governador, ela voltou a desconversar: ''Estou em comunhão com meus irmãos e não misturo questões políticas com religiosas. Somos todos presbiterianos'', disse.

Garotinho, antes de deixar o palco, disse que não tinha ''nada pessoal contra a governadora, nem contra ninguém''. Lembrado das declarações de Benedita, que o acusou de não ter cumprido a promessa de deixar R$ 500 milhões nos cofres do estado, o ex-governador se segurou até certo ponto: ''Não é o momento apropriado para se discutir esses assunto, até porque o próprio secretariado dela já admitiu ter herdado os R$ 500 milhões''.

Na noite anterior, em Brasília, Garotinho modificou sua agenda na última hora para participar do evento evangélico. Minutos depois de atacar a TV Globo, a quem acusa de crime eleitoral, ele se ajoelhou, pôs as mãos sobre a Bíblia. De olhos fechados, ocupou um lugar no alto de um palco, na Esplanada dos Ministérios, fez uma oração curta.


FH retoma diálogo com OAB
BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso vai tentar contornar a crise provocada com a saída de Miguel Reale Júnior do Ministério da Justiça. A primeira tentativa será feita hoje, com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Approbato, que Fernando Henrique encontra às 16h30. Participam da reunião o novo ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, e o secretário de Estado de Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro.

Foi Fernando Henrique quem convidou Approbato. Assessores da Presidência insistem em que houve ''um problema de comunicação'' entre o Planalto e o Ministério da Justiça, que acabou gerando a crise. Pela versão oficial, Fernando Henrique não teve responsabilidade na decisão do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, de arquivar o pedido de intervenção federal no Espírito Santo. O pedido, de iniciativa da OAB, foi aprovado no Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Ministério da Justiça, no último dia 4.
Brindeiro teria apoiado à intervenção, voltado atrás após reunião com Fernando Henrique. Quando arquivou o pedido, deixou revoltados Reale e de Approbato.


Procurador: ''Jader é chefe da quadrilha''
Acusações poderão atingir também Roseana e Jorge Murad

BRASÍLIA - O ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) está sendo apontado como um dos grandes beneficiários do esquema que desviou R$ 44 milhões do projeto Usimar Componentes Automotivos. O projeto foi aprovado por uma reunião do Conselho da Sudam, presidida pela então governadora do Maranhão, Roseana Sarney, em 1999. Segundo quatro procuradores do Ministério Público, há depoimentos diretamente envolvendo Jader Barbalho como beneficiário do dinheiro.
Os procuradores que investigam o caso vão se reunir quarta-feira em Palmas, capital de Tocantins, para redigir a primeira denúncia sobre o caso Usimar. Um dos procuradores encarregados das investigações é o chefe do Ministério Público no Tocantins, Mário Lúcio Avelar. Ele diz que não vai revelar detalhes das investigações. Mas afirma que já dá para tirar uma conclusão: ''O que eu posso dizer é que Jáder Barbalho é um dos grandes chefes da quadrilha da Sudam''.

O assessor de Jáder que aparece nas investigações tem o nome de Antônio José. Cabia a ele, segundo os investigadores, receber o dinheiro destinado ao ex-senador paraense, que seria uma espécie de comissão pela aprovação dos projetos para os quais era solicitado financiamento na Sudam. O dinheiro desviado primeiro era encaminhado para Curitiba, onde fica a New Hubner, dona do projeto Usimar. Uma parcela era remetida para Belém e passava pela Casa de Câmbio Cruzeiro. Outra ia para casas de câmbio no Rio e em São Paulo, antes de ser enviada para o exterior, principalmente para os Estados Unidos.

As investigações poderão respingar na ex-governadora Roseana Sarney e no seu marido, Jorge Murad. Roseana aprovou o projeto Usimar em 1999. Murad era secretário do governo do Maranhão e interferiu para a liberação do projeto. Os procuradores vão decidir na quarta-feira se incluem os nomes de Roseana e Murad como co-responsáveis pelas fraudes. A Polícia Federal encontrou na empresa de Roseana e Murad, a Lunus Participações, documentos referentes ao projeto Usimar.

O assessor de imprensa de Jáder informou ontem que o ex-senador não vai falar sobre o assunto. Segundo o assessor, Jáder está ''enojado'' com o que chama de ''campanha patrocinada'' contra sua pessoa.


Artigos

Eleições e soberania
Dom Demétrio Valentini

Não é possível que passem em branco as afirmações de George Soros sobre a situação do Brasil diante das eleições presidenciais de outubro. Ele declarou, simplesmente, que o sistema financeiro mundial já escolheu o futuro presidente do Brasil. E tem que ser esse, se o país quiser evitar o caos.

Portanto, segundo esse ilustre ''megainvestidor'' ou ''megaespeculador'', representante típico do novo império dos poderosos que enriqueceram colhendo lucros fabulosos da crise financeira em que se encontram países estrangulados pela dívida, nós não teríamos mais nada a fazer em outubro. As eleições brasileiras não seriam para valer, não mudariam nada, só teriam como justificativa ratificar uma decisão já tomada.

As declarações de Soros nem mereceriam ser citadas se se reduzissem a expressão de prepotência e arrogância de quem acha que o dinheiro compra tudo. Mas acontece que ele não está sozinho. É expressão de um sistema que se pretende fruto de uma realidade econômica irreversível, advogando para si próprio uma lógica determinista que estaria acima da liberdade humana.

Na verdade, é resultante de tramas muito bem urdidas, que aplainaram os caminhos para o capital financeiro gozar de toda proteção para agir segura e livremente, removendo todos os itens do arcabouço jurídico penosamente construído pelas democracias modernas, de proteção ao trabalho e de defesa dos direitos humanos.

Os especuladores acham que o que vale é o dinheiro e advogam para ele cancha livre, lucrar à vontade, mesmo que para isso se sacrifique a soberania nacional, como propõe Soros.

O assunto é sério demais e exige um posicionamento dos candidatos. A dignidade nacional urge que votemos em candidatos que são nossos, não dos americanos ou de outros especuladores. Um candidato eleito pelo voto dos especuladores internacionais não teria nenhuma legitimidade para governar o Brasil. O assunto exige também um posicionamento do governo. A soberania nacional não pode estar comprometida por nenhuma dependência financeira.

O alerta é imprescindível. Mais do que nunca será oportuno o Grito dos Excluídos, programado para a Semana da Pátria, com o lema providencial já escolhido acertadamente: Soberania não se Negocia. Nenhum Soros tem o direito de nos impor candidato.


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA – Dora Kramer

Ecumenismo de resultados
Pioneiro na defesa da tese de que o Brasil necessita de nova conformação de forças políticas que aglutine a centro-esquerda mais arejada, deixando que a esquerda siga seu destino na companhia de seus valores já ultrapassados, o senador Roberto Freire, presidente do PPS, ou perdeu os sentidos da visão e audição, ou, depois de anos de ateísmo, converteu-se à fé.

Pois é à fé inabalável dos religiosos que parece se apegar quando, depois de muito lutar contra, recebeu o apoio do PFL a Ciro Gomes como quem ainda não entendeu bem o espírito da coisa.

''O PFL está entrando numa aliança que já tem um projeto construído e um rumo traçado'', disse o artífice da transformação do velho PCB no atual PPS, no mesmo dia em que Jorge Bornhausen declarava apoio a Ciro e este explicitava o desejo de ter consigo todos os 27 diretórios pefelistas do país.

Antes de se completarem 24 horas da declaração de princípios de Roberto Freire, lá estava Ciro assegurando ao PFL que ''as forças vitoriosas serão as forças de ocupação''. Abstraindo-se o caráter belicoso da forma, nos dediquemos apenas a compreender o conteúdo dos termos de compromisso.

Significam que o PFL terá assento, voz e voto no governo federal caso a Frente Trabalhista - cujo comando agora é do petebista José Carlos Martinez, proprietário de qualidades pecuniárias que Freire não tem - vença as eleições.

Certamente não fazem parte das intenções pefelistas a implementação dos planos originais de Roberto Freire. A proposta dele era reunir as forças de centro-esquerda, em contraposição não apenas à esquerda, que considerava sectária e atrasada, mas também contrárias à aliança de centro-direita feita por Fernando Henrique, tida por Freire como equivocada.

Amigo de FH, companheiro da tucanagem em velhas lutas emedebistas, Roberto Freire sempre discordou da antiga turma exatamente naquilo que de nefasto acreditava existir na coligação com o PFL.

Agora, eis que se vê obrigado à rendição, ante as necessidades eleitorais de um candidato a quem imaginou que manteria sob controle. Partidária e programaticamente falando, é claro. Da mesma forma como agora reafirma a crença na submissão pefelista ao projeto ''alternativo às forças conservadoras'', para usar palavras do próprio Freire, pronunciadas em defesa da ''nova formação''.

Forças ocultas
É preciso identificar onde estariam hoje esses nefastos conservadores, já que na concepção do candidato do PPS, o PFL está isento de qualquer distorção no rumo do governo FH.

O problema, segundo Ciro Gomes, não foi ''deste ou daquele partido'', mas ''a perda da hegemonia moral e intelectual do projeto no começo do governo''.

E que fatores teriam levado a essas perdas? O PT e seus 60 gatos pingados no Congresso certamente não foram decisivos para a distorção das reformas administrativa e da Previdência e de seus resultados pífios frente ao projeto original que futucava os feudos, há décadas controlados pelo atraso.

Quem sabe não coube ao PC do B a imposição, na figura de políticos de expressão e influência nacional de que dispõe o partido, da lógica da disputa escancarada de poder com aquele que havia sido eleito para presidente? Tudo na base do grito ou da esperteza, dependendo da conveniência.

Pela ótica do ecumenismo de resultados, o PFL não tem nada a ver com isso e hoje se enquadra ao centro do espectro político nacional. E isso por enquanto, porque, mais um pouco, declara-se de esquerda e aí já não haverá um de espinha reta com moral para discordar.

Se Roberto Freire tiver alguma dúvida, é só passar no Palácio da Alvorada. Mora lá um conhecido dele que pode contar da missa a outra metade.

Caso perdido
A versão é do próprio entorno de Itamar Franco. Hoje é, de fato, outra a disposição do governador de Minas com o presidente da República. A avaliação é a de que a boa vontade instalou-se nos dois palácios: da Liberdade e do Planalto.

Mas daí a se pensar em mudança de declaração do voto de Itamar, de Lula para Serra, são outros muito quinhentos.

Enquanto os tucanos acreditam que a relação entre o governador e o candidato tenha azedado porque o mineiro quis ser vice de Serra e não conseguiu, um auxiliar poderoso e amigo próximo de Itamar assegura que a história é outra.

Há dois meses, num dos programas partidários de televisão, José Serra qualificou o governo de Minas como ''retrógrado''.

O governador não perdoou e ainda considerou um acinte a desculpa apresentada por um emissário de Serra: o candidato simplesmente leu o texto que lhe deram sem atinar para o conteúdo.

No rebote, Itamar mandou perguntar se a distração seria a mesma caso o redator tivesse escrito ao locutor pronunciamento desistindo de disputar a Presidência.


Editorial

BATALHA DE VAIDADES

Mais do que ação coordenada, houve declarações diárias de vaidade. Mas as palavras não acalmaram a população diante do crime que se organizou à sombra da omissão do poder público.

A força-tarefa veio para somar esforços estaduais e federais, mas a cota de vaidade das duas vertentes ainda não faz a operação de somar. São quantidades que se estranham. O primeiro passo conjunto terá de levar a operação a resultados mais convincentes do que cada um para um lado.

A Polícia Federal começou a abrir caminho no Complexo do Alemão, enquanto o Estado do Rio se prepara para a ocupação da área que se criou sem o Estado e cujo papel o crime organizado pretende usurpar. Alguém terá de de recuar: que seja o crime e não a lei.

Depois de um início politicamente correto, com boa receptividade da opinião pública, a governadora Benedita da Silva começou a perder pontos diante da reafirmação do crime organizado. A violência recrudesceu e ampliou o sentimento de vulnerabilidade a partir do caso Tim Lopes, com requintes de crueldade.

A candidatura da governadora vai conhecer dificuldades crescentes até que a curva da estatística dos assaltos, confrontos diários com a polícia, casos de corrupção policial, vulnerabilidade das prisões de segurança máxima e fechamento das vias expressas reponha a ação polícial em vantagem. Mas não será isoladamente e, sim, pela ação conjunta.

A população tem pressa, mas os resultados não virão por milagre. O fato é que uma demonstração convincente precisa ser feita já. A prisão dos autores da morte de Tim Lopes será o marco de competência para garantir a palavra empenhada: a necessidade de eficiência policial é que poderá devolver um pouco da paciência perdida pela sociedade. A governadora terá de vencer a primeira batalha para decidir a guerra em favor da lei e da sociedade.


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07/15/2002


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