Serra altera estratégia de campanha









Serra altera estratégia de campanha
Lideranças se reuniram para tentar reverter o crescimento de Ciro nas pesquisas eleitorais

BRASÍLIA - Os comandos do PSDB, do PMDB, PTB e PFL e lideranças políticas ligadas à campanha do presidenciável tucano, José Serra, se reuniram ontem, em Brasília com o objetivo de traçar estratégias para deter o avanço de Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas. A opinião de muitos dos participantes do encontro foi a de que Serra precisa se projetar mais na imagem do presidente Fernando Henrique para subir nas pesquisas.

Algumas estratégias de campanha foram traçadas na reunião. A primeira medida tomada é a troca das atividades de campanha no Norte do País, programadas para a próxima semana, por eventos no Sudeste. O objetivo é centrar fogo nos três principais colégios eleitorais - São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Também na próxima semana, está programada reuniões com governadores e prefeitos das cem maiores cidades brasileiras que apóiam Serra. O objetivo é mostrar que a coligação PSDB-PMDB possui a maior estrutura de campanha e possibilidade de maior sustentação nacional. Não estão descartadas mudançasna coordenação de campanha.

Os líderes do PMDB na Câmara e no Senado, Geddel Vieira Lima (BA) e Renan Calheiros (AL), respectivamente, estavam sorridentes. Geddel deu o tom da principal preocupação de Serra no momento. "É uma falácia Ciro dizer que zerou a dívida do Ceará quando era governador". Na prefeitura de Fortaleza ele ficou apenas um ano. No Ministério da Fazenda, só três meses. A não ser que ele seja um gênio não reconhecido, fica difícil adquirir experiência".

O vice-presidente Marco Maciel (PFL) disse que Serra deve destacar os pontos positivos do atual Governo. Segundo ele, o ideal seria investir na participação de FHC nos programas de TV e no próprio horário eleitoral gratuito.

Segundo o site oficial de Serra, o presidente do PMDB, Michel Temer, disse, após a reunião, que seu partido também sugere uma participação mais ativa de FHC na campanha. Segundo Temer, FHC deveria dar mais declarações a favor da candidatura de Serra. "Fernando Henrique deve mostrar que ainda há muito o que fazer e quem tem melhores condições de concluir sua obra é Serra", declarou o deputado.

Serra, contudo, minimizou essa posição. "O que o presidente tem de fazer com relação à minha campanha é continuar governando bem o Brasil. A sua participação acontecerá normalmente como militante do PSDB", disse o candidato. Serra afirmou que não haverá grandes mudanças no rumo de sua campanha.

apoio - O site de Serra mostra que o deputado federal Francisco Dornelles (PPB-RJ) garantiu que seu partido continuará apoiando Serra. Dornelles declarou que 23 diretórios estaduais do PPB estão com Serra.

Preocupado com a ascensão de Ciro Gomes nas pesquisas, o presidente Fernando Henrique aconselhou o seu candidato, José Serra (PSDB), a reforçar alianças regionais para evitar uma debandada e se uniu ao PMDB na defesa de uma correção de rumos da campanha.

O próprio presidente Fernando Henrique está disposto a socorrer mais fortemente o tucano, radicalizando o discurso de que Serra trará mais segurança econômica ao País, mas avaliaque a liturgia do cargo lhe impõe limites para agir publicamente.


Aliado de Ciro Gomes acusado de corrupção
CURITIBA - O primeiro-secretário nacional do PTB e um dos coordenadores da campanha presidencial de Ciro Gomes, Emerson Palmieri, é um dos nomes citados na investigação que a Polícia Federal faz sobre a existência de um caixa dois na campanha de reeleição do prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi (PFL), em 2000. Em duas retiradas de dinheiro registradas em um livro-caixa, ele teria recebido R$ 560 mil.

Apesar de o Ministério Público do Paraná ter apontado evidências que comprovariam o caixa dois de Taniguchi, o processo ainda está sob investigação da PF, que deve entregar à Justiça Eleitoral um relatório, ainda que preliminar, no fim do mês.

O PFL declarou à Justiça Eleitoral ter gasto pouco mais de R$ 3,1 milhões na campanha de 2000. Mas documentos de um caixa paralelo apontam que teriam sido gastos mais de R$ 32,9 milhões. O livro com a movimentação paralela foi entregue ao MP pelo ex-tesoureiro da campanha de Taniguchi, Francisco Paladino Júnior. Em depoimento, ele confirmou a autenticidade da documentação.

Muitas cópias de recibo e de cheques também foram entregues. Eles se somam a depoimentos de dezenas de pessoas. Numa das poucas vezes em que comentou o caso, o delegado da PF, Hugo Martins, admitiu que "em tese, está configurado o crime eleitoral".


Jarbas promete priorizar a Educação
Programa de Governo da aliança está em elaboração e concentra investimentos no social

Um eventual segundo Governo de Jarbas Vasconcelos (PMDB), caso ele vença a eleição deste ano, terá a Educação como prioridade número um. É o que diz o programa administrativo que está sendo montado para a campanha do governador à reeleição e que será apresentado no próximo mês. A área educacional também figurava no Pernambuco Já, programa da eleição de 1998 e que norteou a atual gestão. Mas aparecia como terceiro item mais importante da gestão do peemedebista, precedido pelos investimentos em logística e tecnologia. No programa atual, os maiores investimentos serão, nesta ordem, em Educação, tecnologia e logística - setor que acumula as obras estruturais, como a da BR-232.

As linhas-mestras estão definidas e indicam que Jarbas quer apostar agora no social.

Não por acaso: o programa servirá como subsídio para os discursos do governador durante a campanha e a área social é apontada como seu "ponto-fraco" - a vidraça que está na mira dos adversários, especialmente do PT. A coordenação do projeto de Governo começou a ser elaborada em abril deste ano e está sob a orientação do secretário de Desenvolvimento Social do Estado, o sociólogo José Arlindo Soares.

A base da gestão nos próximos quatro anos é a qualificação profissional, centrada na juventude. O programa prevê a complementação do quadro de pessoal no ensino médio (particularmente nas disciplinas de biologia, física, matemática); e a informatização de todos os laboratórios escolares. Atualmente, de acordo com José Arlindo, 100% das secretarias de escolas já estão informatizadas; e 50% dos laboratórios possuem equipamentos de informática. Existe, ainda, a expectativa de duplicar o número de jovens assistidos por programas do Governo, como o renda mínima, Rumo à Universidade e Primeiro Emprego. Hoje, eles são 20 mil.

A linha condutora das ações para a área de tecnologia é o Porto Digital. O programa prevê investimento descentralizados em centros tecnológicos nas regiões em desenvolvimento, a exemplo do centrotecno-têxtil de Caruaru; do gesso, no Araripe; e do Instituto da Uva e do Vinho, no São Francisco. Outra promessa: a ampliação da rede Pernambuco Digital, assim como o aproveitamento das potencialidades de exportação de softwares e a ampliação do esforço para atração de empresas que gerem empregos qualificados nessa área.

Complementariedade é a palavra para as ações que envolvem o setor de logística. "O Estado supriu uma defasagem histórica", avaliou José Arlindo. Agora, os governistas querem apostar na BR-101 Sul e Norte, nas fronteiras com Alagoas e Paraíba e iniciar novas obras no metrô e ações para implantar um movo sistema de integração de transportes urbanos.


Lula: "Hoje é a largada de Humberto"
Presidenciável reúne mais de 20 mil militantes em comício e aposta na vitória contra Jarbas

Caminhada com bandeiras tremulando nas ruas, papel picado jogado dos edifícios e palavras de ordem. Comício com foguetório e discursos inflamados. A visita do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Recife, ontem, deflagrou o clima de eleições em Pernambuco. Os petistas locais ficaram entusiasmados e garantem que a sucessão estadual também vai pegar fogo. Foi o próprio Lula quem disse, referindo-se à candidatura de Humberto Costa (PT) ao Governo do Estado: "As turbinas estavam sendo esquentadas. Hoje é o Dia D, hoje é a largada".

Lula chegou ao Recife por volta das 10h, acompanhado do seu candidato a vice-presidente, o senador mineiro José Alencar (PL). A parte da manhã foi toda reservada para entrevistas à Imprensa. Às 15h, um ato político na sede da antiga Sudene, na Cidade Universitária.

Mas foi no final da tarde, que a visita ganhou clima apoteótico. Uma grande caminhada tomou as principais ruas do Centro do Recife, culminando com um comício no Marco Zero. Só do Interior, foram trazidos 220 ônibus para engrossar a caminhada. De acordo com os organizadores, 30 mil pessoas estiveram presentes. Para a Polícia Militar, foram 20 mil.

A passeata saiu da praça Oswaldo Cruz e seguiu pela avenida Conde da Boa Vista. Um lado da via ficou completamente tomado pela militância. "É o maior ato de Lula no Nordeste, desde que a campanha foi iniciada oficialmente", festejou o coordenador da campanha petista na Região, Francisco Rocha.

Seguindo à frente, em uma camionete, o presidenciável foi muito bem recebido pela população. Das calçadas, das janelas dos edifícios e de dentro dos ônibus, pessoas gritavam o nome de Lula. Os candidatos da chapa estadual da Frente de Esquerda, pegaram carona no carro do presidenciável.

À medida que a passeata seguia em direção ao Centro, mais pessoas íam se aglutinando. O clímax aconteceu na avenida Guararapes, quando uma girândola de fogos foi acionada de cima de um dos edifícios.

O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), foi umas lideranças estaduais mais animadas com as manifestações de apoio da população. "Fiz questão de vir andando, junto com a multidão. Senti o clima das pessoas e era de muita receptividade.

A campanha em Pernambuco, agora, decolou de vez", festejou.

O presidente do PT em Pernambuco e prefeito de Camaragibe, Paulo Santana, acredita que o sentimento dentro da Frente de Esquerda será outro daqui para frente. "Estávamos fazendo ajustes na parte organizacional e material. Agora, estamos com tudo pronto e a militância está animada. Nada mais pode nos segurar", entusiasmou-se.

No comício, os discursos se sucederam em tom de animação, no Marco Zero. O candidato Humberto Costa arrematou. "Foi aqui que comemoramos a vitória de João Paulo à Prefeitura do Recife, em 2000. É aqui também que estamos dando a largada para a vitória ao Governo do Estado e à Presidência da República", sob o delírio da militância petista.


Impugnações no TRE
Começa hoje a contagem regressiva para que partidos, coligações, candidatos e Ministério Público eleitoral entrem com pedidos de impugnação de candidaturas. O prazo se estende até a próxima segunda-feira, quando completam cinco dias da publicação do edital com os nomes e os registros dos 889 concorrentes da eleição de outubro. A lista foi publicada ontem pelo TRE no Diário Oficial do Estado.

Segundo informações da secretaria judiciária do TRE, as solicitações de impugnação serão julgadas pelos relatores dos pedidos de inscrição, ou seja, os seis desembargadores integrantes do pleno do Tribunal. Um pedido de impugnação de alguma candidatura da União Por Pernambuco PFL, por exemplo, será analisada pelo relator dos pedidos de inscrição daquela aliança. O prazo para a defesa, que é de sete dias, começa a contar a partir do final do período destinado às formulações dos pedidos de impugnação. A notificação será feita logo em seguida à chegada da solicitação no TRE.

Ontem, a frente União por Pernambuco informou que irá apresentar defesa contra o pedido de liminar feito pela Frente de Esquerdas (PT/PL/PMN) ao TRE. A Frente quer a suspensão da propaganda do Circuito do Frio, pelo fato de o "coquinho alto astral", símbolo da atual administração estadual, aparecer na peça publicitária.


Petista quer reformas no primeiro ano
Presidenciável promete fazer mudanças tributária e previdenciária, além de reativar o Proálcool

O primeiro ano de um eventual governo do PT começaria logo com "as principais reformas que o Brasil precisa", a reabertura da Sudene, a reativação do Proálcool e prioridade para um programa de "primeiro emprego" para os jovens, prometeu ontem no Recife o candidato do partido à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista coletiva. Entre as reformas ele destacou a tributária, que consistiria em "cobrar mais de quem tem mais, para fazer a justiça social para quem tem menos", sem "penalizar" a classe média. Afirmou que esta reforma precisa ser feita "logo no primeiro ano, porque a partir do segundo fica mais difícil".

As outras reformas seriam a da Previdência, a política, a da estrutura sindical e legislação trabalhista e a do comércio exterior - esta mereceu uma ênfase especial de Lula. "O Brasil precisa ser mais ousado nessa área. Em cada embaixada teremos um representante comercial, porque neste mundo globalizado nós temos que saber vender melhor os nossos produtos", disse ele.

Das propostas que vêm sendo defendidas por Lula, três têm relação direta com o Nordeste. A primeira, a reabertura da Sudene, fechada pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, em 2001. A segunda, uma nova fase para o Proálcool - este programa foi criado em 1975, após a crise mundial do petróleo, como uma forma de incentivar a produção e o uso do álcool como combustível para automóveis. O programa, enfraquecido pelo subsídio a usineiros e outras distorções, está praticamente desativado. Lula disse que a reativação que pretende fazer não inclui subsídios. A terceira proposta é a transposição do rio São Francisco (as águas dele seriam transpostas para terras ao norte da foz). Lula disse que esta precisa, antes, ser submetida a estudos e debates. Caso a viabilidade da obra seja confirmada, economicamente ela não "é o fim do mundo", disse ele, acrescentando: "O (banqueiro Salvatore) Cacciola levou R$ 2,8 bilhões do Banco Central sem gerar um único emprego". A obra da transposição é estimada em R$ 3 bilhões.


Artigos

Velhas secas, novos sertões
Roberto Cavalcanti de Albuquerque

Gustavo Maia Gomes pertence a grupo de economistas pernambucanos integrado, entre outros, por Clóvis de Vasconcelos Cavalcanti, Cristovam Buarque, Renato Duarte, Yony Sampaio, Jorge Jatobá, Maurício Romão, José Raimundo Vergolino. Eles têm em comum duas características. Uma é a presença, como professores ou alunos, no Programa Integrado de Mestrado em Economia e Sociologia, Pimes, da Universidade Federal de Pernambuco (foi com esse nome e escopo que o Pimes foi fundado, nos anos 1960). A outra é a motivação e o êxito com que navegam outras províncias do espírito (a pesquisa social, a história, a literatura, o jornalismo) ou se envolvem na política e na administração pública.

Velhas secas em novos sertões (Brasília, Ipea, 2001, 326p.), o último livro de Gustavo Maia Gomes, não é obra só para economistas. Destina-se a público mais amplo. Flui em prosa amena, por vezes levemente irônica e mesmo encrespada (quando, por exemplo, o autor investe contra afirmações infelizes de ícones do saber econômico nacional). Situa-se entre o bom jornalismo e o ensaio. Nela, o conhecimento especializado estrutura a análise mas disfarça-se no empenho comunicativo. E o viés acadêmico apenas aflora em veios de cores mais fortes, ou se trai nas desculpas freqüentes por medições mais arriscadas.

O livro, já se adivinha , divide-se em duas partes. Velhas secas abre-se com crônica bem documentada das secas de 1998-9: os primeiros alertas, de sempre, na imprensa; o atraso de sempre das medidas de governo, o programa (sempre bilionário) de combate a seus efeitos; a fatalidade, o drama, a miséria: de sempre. Seguem breve história das secas, síntese competente, e relato da decadência da economia tradicional do semi-árido, só recentemente insuflada de bem-vindo sopro de vida. Novos sertões trata de iniciativas como a moderna fruticultura irrigada, de alta produtividade; as indústrias têxtil e de confecções de algumas cidades; a soja dos cerrados; a "economia (quase) sem produção" gerada pelas aposentadorias e empregos públicos; até mesmo o "Polígono da Maconha". Dentre elas, apenas a economia sem produção tem dimensão significativa, recebendo renda de cerca de R$5 bilhões anuais, de tamanho equivalente à gerada pela economia tradicional do semi-árido. Cuidado encarte iconográfico separa, no livro, as velhas, trágicas secas dos novos, promissores sertões.

É mais que oportuna uma reflexão sobre o semi-árido no ano em que se comemora o centenário de Os sertões, de Euclides da Cunha. Ele deu aos sertões um significado brasileiro. Ao colocar-se, no dizer de Gilberto Freyre, "a favor do deserto incompreendido, dos sertões abandonados, dos sertanejos esquecidos." As intervenções pelo desenvolvimento do Nordeste semi-árido já renderam frutos, Gustavo Maia Gomes reconhece. E algumas delas, como a agricultura irrigada, a indústria têxtil e de confecções, apontam direções corretas. Carecem, contudo, de maior dimensão para ter impacto transformador relevante. Sérias restrições, entre elas a insuficiência hídrica, a baixa escolaridade, a nenhuma qualificação da grande maioria da população, precisam ser superadas. São obstáculos formidáveis ao crescimento. No curso dessa superação, iniciativas de maior envergadura poderão prosperar. Não é preciso dizer que tanto a assistência aos flagelados pelas secas quanto a economia sem produção são soluções insuficientes e sem sustentação, embora circunstancialmente necessárias.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - Divane Carvalho

Apenas uma tendência
A onda vermelha, expressão usada com freqüência para designar o crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas, pode reduzir sua intensidade se o obstáculo Ciro Gomes (PPS) continuar crescendo, como revelou a última pesquisa do Ibope.

Apenas uma tendência, dizem os especialistas, lembrando que uma parcela do eleitorado só decide em quem vai votar na véspera ou no dia do pleito. Mas ao ultrapassar José Serra (PSDB) em sete pontos, ficando mais perto do primeiro colocado, o ex-governador do Ceará chega a uma situação bem confortável. Por conta de uma cadeia de fatos que funciona mais ou menos assim: com percentuais altos o candidato ganha novas adesões, com elas mais recursos para a campanha, que, com mais dinheiro, fica mais animada e dessa forma consegue atrair novos eleitores. Luiz Inácio Lula da Silva não quis comentar o crescimento de Ciro Gomes, alegando que tem uma equipe no partido que faz isso. Mesmo assim, revelou preocupação com os números do Ibope.

Quando disse no programa Geraldo Freire, da Rádio Jornal, ontem, que seu adversário cresceu por conta dos programas de TV ou talvez pela participação da atriz Patrícia Pilar na campanha. O petista tem razão em não se aprofundar na avaliação porque deve cuidar mesmo é do seu palanque, para não perder o favoritismo nessa quarta tentativa de se eleger presidente da República. Pois mantendo-se a tendência, ele terá que enfrentar Ciro Gomes e não José Serra (PSDB), como gostaria, no segundo turno.

Waldemar Borges (PPS) disse que Ciro Gomes (PPS) pediu prudência e calma a todos, terça-feira, após a divulgação da pesquisa do Ibope onde ele ultrapassou José Serra (PSDB). Antes de iniciar a reunião com os coordenadores da sua campanha, no Rio de Janeiro

Feijoada
Os amigos de Maviael Cavalcanti (PFL), candidato a deputado estadual, promovem uma feijoada, domingo, para reforçar sua campanha, na Associação dos Plantadores de Cana de Pernambuco, na Imbiribeira. A partir das 11h.

Título
Antônio Camarotti informa que os títulos de eleitor em Olinda e Jaboatão já estão sendo emitidos no sistema online. Segunda-feira, o presidente do TRE inaugura o sistema no Agreste, às 10h, no Fórum de Caruaru e às 16h em Garanhuns. Facilitando a vida de quem deseja a segunda via do documento.

Almoço 1
O almoço em homenagem ao presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Neto, foi prestigiado pelos políticos. Até o vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Alencar, foi cumprimentar o deputado.

Almoço 2
Também o governador de Sergipe, Albano Franco (foto), o prefeito do Recife, João Paulo, os ex-governadores Cid Sampaio, Carlos Wilson e Joaquim Francisco, o ex-prefeito do Recife, Gilberto Marques Paulo e o vice Mendonça Filho.

Almoço 3
Apesar de ser o primeiro pernambucano a assumir a presidência da poderosa CNI, Jarbas Vasconcelos não foi ao almoço de Armando Neto, que é deputado federal pelo PMDB, o partido do governador. O motivo, poucos devem saber.

Bagunça 1
O Governo do Estado é o único responsável pela bagunça que os kombeiros fizeram, ontem, no Recife e Região Metropolitana, quando obstruíram ruas e impediram a circulação dos ônibus para protestar contra a blitz da EMTU.

Bagunça 2
Pois faz tempo que eles pintam e bordam e até a última segunda-feira, não havia qualquer providência para impedir os abusos que praticam, como se fosse a coisa mais natural do mundo um grupo de vândalos mandar na cidade.

Bagunça 3
E deve ser. Porque a blitz foi suspensa e os kombeiros vão voltar às ruas, hoje, mais fortes ainda. Enquanto o Governo fica desgastado porque não teve pulso para, de uma vez por todas, regulamentar o transporte alternativo.

Injusto
Fernando Ferro, do PT (foto), reconhece: foi injusto com Pedro Eugênio (PT-PE) quando disse que ele tinha doado um fardo de carne aos acampados do MST em Condado. Ferro diz que seu colega deputado não participou dessa história.


Editorial

ALICERCES ABALADOS

Num quadro endêmico de crise política, econômica e social, a América do Sul transformou-se no patinho feio do processo de globalização. Por natureza, o capital é covarde. Foge de riscos desnecessários. E o continente sofre os efeitos de um círculo vicioso, em que a falência do processo institucional expulsa investimentos internos e externos. Sem investimentos, o desemprego aumenta, gerando mais instabilidade e abalando os alicerces das instituições.

As causas do círculo vicioso são muitas. A América do Sul apresenta indicadores econômicos e sociais preocupantes. A distribuição de renda é injusta, falta saneamento básico e o acesso à educação e ao sistema de saúde é precário. Além disso, as nações sul-americanas estão mal-aparelhadas para sobreviver na economia globalizada. Abriram a economia apressadamente e usaram práticas de câmbio artificiais, o que terminou por destruir boa parte dos parques industriais, implantados à custa de grandes financiamentos e incentivos do Estado.

O esforço não recebeu justacontrapartida dos países desenvolvidos. Por meio de subsídios e barreiras, Europa, Japão, Canadá e Estados Unidos fecharam os mercados aos produtos agrícolas sul-americanos. Políticas econômicas equivocadas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) só agravaram a situação. As aplicações feitas por especuladores - remuneradas com juros altíssimos - servem para cobrir a dívida interna e externa dos países da região. Investimentos produtivos não chegaram em quantidade suficiente. Afinal de contas, o capital tornou-se mais exigente, quer garantias de produtividade e não se deixa seduzir com a promessa de mão-de-obra barata, mas sem capacitação. Essa explicação serve, sobretudo, para a Argentina, o Uruguai e Peru, mas não se aplica à Colômbia, Bolívia, Paraguai e Venezuela.

Os colombianos sofrem os efeitos de uma guerra civil de 40 anos agravados pelo narcotráfico. A queda do preço das matérias-primas - cobre e petróleo - afeta Bolívia e Venezuela. No caso paraguaio, o problema está diretamente ligado aos 50 anos de ditadura do general Alfredo Stroessner. A democracia lá é fenômeno relativamente recente e suas raízes ainda não se firmaram nas instituições. A Associação Nacional Republicana, o Partido Colorado, continua infiltrada na administração pública e uma disputa em seus quadros termina por se refletir na nação como um todo.

A crise na América do Sul pode-se resolver com a vinda de investimentos produtivos, reescalonamento dos débitos internacionais e o respeito dos países desenvolvidos às regras de mercado, com preços justos para as matérias-primas e o fim de subsídios e barreiras. A estabilidade econômica e a democracia ficam, assim, preservadas.


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07/18/2002


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