Serra promete ser bom negociador
Serra promete ser bom negociador
O senador José Serra deixou ontem o cargo de ministro da Saúde, para iniciar a campanha como candidato do PSDB à Presidência, se apresentando como um bom negociador, mas afirmou ter grande disposição para brigas e conflitos. O discurso durou quase uma hora, no Centro Cultural do Banco do Brasil, com a presença de mais de mil pessoas.
No balanço bem-humorado dos quatro anos a frente do ministério, Serra apresentou números otimistas da saúde brasileira e brincou várias vezes com o sucessor, o ex-secretário executivo do ministério, Barjas Negri.
José Serra lembrou da luta para implantar os medicamentos genéricos e a conquista brasileira com a quebra de patentes contra a Aids. "Quando o Bush ganhou me disseram para esquecer as patentes, mas mostrei que as dificuldade não são impossiblidades".
Segundo ele, a queda na mortalidade infantil foi a maior conquista do ministério: o índice caiu de 40 crianças mortas em cada mil nascidas para 30 mortes. Citou o caso do sarampo, doença que o País está livre há uma ano, de acordo com as estatísticas oficiais, e da malária, ausente na área urbana. A batalha contra o cigarro, a saúde indígena e a prioridade à saúde da mulher também fizeram parte do discurso de Serra.
Aconselhando o subsituto, o presidenciável garantiu que sem o Congresso não se governa. E afirmou que o Ministério da Saúde conseguiu aprovar sete projetos, muitos mais que os outros ministérios, numa demonstração do poder que tem para negociar e da "importante força do diálogo".
O ex-ministro viaja hoje para São Paulo, retorna para a pré-convenção do PSDB no domingo e na segunda-feira reassume a cadeira no Senado. Mas o discurso de volta ficará para quinta-feira.
Ciro Gomes recebe apoio e diz que o PT faz papel de otário
Candidato do PPS acusa partido de Lula de estar sendo manipulado para perder as eleições.
O pré-candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, disse ontem que o PT de Luiz Inácio Lula da Silva representa a oposição escolhida para perder as eleições. A declaração foi feita durante o ato, realizado ontem na Câmara dos Deputados, em Brasília, que selou a aliança entre o PPS, o PTB e o PDT, em torno da candidatura de Ciro ao Palácio do Planalto.
Ciro classificou o bloco de apoio a ele como uma "aliança trabalhista com cara de centro-esquerda". Os três partidos juntos têm uma bancada de 64 deputados federais e 11 senadores.
"Sabemos que nossa aliança vai cutucar a onça com vara curta pelos dois lados. O oficial (governo) e a oposição escolhida para perder. Nossos amigos do PT estão sendo manipulados para isso, eles não têm culpa porque não percebem esse jogo ridículo do sistema (partidário) no Brasil", disse Ciro.
Na solenidade, estiveram presentes os presidentes nacionais dos três partidos, Leonel Brizola (PDT), Roberto Freire (PPS) e José Carlos Martinez (PTB).
Ao ser questionado sobre as diferenças entre os partidos que formam a aliança, Ciro disse que a aproximação entre eles não é "fisiologia". Segundo ele, os partidos firmaram um compromisso com o momento que o País está vivendo. "Nossa intenção é encantar a sociedade em torno de um projeto que tenha respostas para o futuro do Brasil", afirmou.
Tanto Ciro quanto os representantes dos partidos deixaram claro que a aliança só será oficializada a partir de junho, com a realização das convenções. Por enquanto, segundo Ciro, é um "compromisso verbal, como os homens de bens fazem".
Ciro Gomes, que foi ministro da Fazenda de Itamar Franco (PMDB), não poupou elogios ao agora governador mineiro, que também é pré-candidato pelo seu partido à Presidência da República. "Eu, como brasileiro, admiro Itamar Franco. Acho que ele é um patriota, um homem de bem e que está sendo vítima de um aliciamento na cúpula do PMDB com remédios que fariam corar um frade de pedra", disse Ciro.
O pré-candidato do PPS criticou duramente a decisão do ministro da Saúde, José Serra, de deixar a pasta antes do prazo final previsto pela legislação eleitoral, que é o dia 5 de abril. Serra, candidato do PSDB à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, deixou o cargo ontem (veja matéria abaixo).
Segundo Ciro, o ato de Serra é "inconseqüente" no momento em que o País está na iminência da "explosão" de uma epidemia de dengue.
Presos suspeitos de atentado à bomba
A Polícia Civil de São Paulo afirmou ter esclarecido o atentado à bomba feito contra a Secretaria da Administração Penitenciária, no último dia 13. O delegado Jorge Carrasco, da 1ª Delegacia Seccional, no centro da capital paulista, apresentou ontem quatro acusados de envolvimento no crime. De acordo com o delegado, há indícios de que os suspeitos tenham ligação com outros dois atentados, ocorridos nos dias 15 e 18, contra o prédio da mesma secretaria.
Promotores são acusados de crime
A Corregedoria do Ministério Público de Minas Gerais está apurando denúncias contra dois promotores das Varas de Infância e Adolescência de Araxá, a 320 quilômetros de Belo Horizonte, acusados de aliciamento de menores, pedofilia, envolvimento com uma máfia de prostituição infantil e de fazer ameaças de morte a membros do Conselho Tutelar municipal. Segundo o deputado estadual Durval Angelo (PT), os promotores da 1ª Vara, Armando Lourenço da Silva, e da 2ª, Luiz Alexandre Cruz Ferreira, começaram a ser investigados há três anos.
STF autoriza teste em placenta de mexicana
Agora, só falta ordem de juiz do DF para que seja identificado o pai do filho de.
O Plenário do Supremo Tribunal Federal autorizou, na tarde de ontem, por maioria, a realização do exame de DNA na placenta da cantora mexicana Glória Trevi.
A decisão foi tomada durante o julgamento da Reclamação, ajuizada pelos advogados da cantora, contra medida da Justiça Federal, que determinou a coleta da placenta para que o exame fosse feito.
Agora, assim que o juiz da 10ª Vara Federal do Distrito Federal determinar, o exame será realizado.
A defesa de Glória alegou que o teste de DNA é de caráter personalíssimo e que o pedido devia ser feito pelo pai, mãe ou pelo filho. Os advogados disseram que a decisão do STF é uma violação da intimidade da cantora.
Glória deu à luz um menino, Angel Gabriel, na segunda-feira. Ela continua internada no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), já que conseguiu permanecer mais uma semana no hospital antes de retornar para a Papuda, onde estava presa.
A cantora não revelou quem é o pai da criança, embora tenha dito, por intermédio de seus advogados, que foi vítima de "relação não consentida" dentro da carceragem da Polícia Federal, em Brasília, onde ficou detida antes de ir para a Papuda.
Há uma testemunha que garante que o pai de Angel Gabriel é o empresário e marido da cantora, Sérgio Andrade, com quem ela teria se relacionado dentro da PF, mas os advogados de Glória descartam esta possibilidade.
Artigos
Nos tempos da borduna
José Roberto Lima
No momento em que um projeto de lei tramita no Congresso Nacional com o objetivo de restringir o uso de armas e, em outro sentido, proíbe o seu porte por cidadãos brasileiros, é natural que haja “tiroteios” de todos os lados contra a proposta.
Tenta-se, por todos os meios, provar que o cidadão honesto, civilizado, cumpridor de seus devedores tem todo o direito à legítima defesa, ou seja, como qualquer bandido, também pode matar para resguardar a sua integridade ou a de sua família.
Busca-se, inclusive, estabelecer comparações sem sentido prático para defender o uso dos armamentos pelos civis. Corre pelos canais da mídia eletrônica uma nota publicada na Folha de São Paulo, no dia 29 de janeiro, indicando que a Inglaterra, primeiro país a adotar o desarmamento civil, vê-se agora envolvida em uma grave crise, com o aumento dos crimes cometidos por marginais que usam armas ilegais. Estão lá as estatísticas: de 2000 para 2001 os homicídios aumentaram 90% e os assaltos com armas de fogo cresceram 53%. E mais: os assaltantes, cada vez mais jovens, estão trocando a faca por um revólver.
Que a notícia seja verdadeira nem precisa se questionar. Mas, no nosso caso, a situação pode ser diferente se deixarmos de lado essa tendência de pensar que o que é bom para a Inglaterra é bom para o Brasil.
Para começo de conversa, até a direção deles é do lado contrário. Então, esqueçamos a Inglaterra e vamos pensar que o nosso problema vai muito mais fundo.
Começa por um sistema penal extremamente frágil e cada vez mais sucateado. Por que o nosso Legislativo decidiu acabar com as buscas domiciliares? Por que instituiu punições severas para policiais que matam bandidos? Por que só se aumentam os efetivos das polícias militares, que exercem missão ostensiva/preventiva, enquanto que as polícias civis investigam, correm atrás das provas e, de fato, levam os bandidos para a prisão?
A questão não é aumentar cada vez mais o número de policiais militares, como se estivéssemos em uma situação de guerra, mas promover um equilíbrio entre as polícias civil e militar. A unificação das polícias não é malvista pelas classes, desde que se estabeleçam critérios hierárquicos e disciplinares que possam manter as duas polícias trabalhando em harmonia.
O que a sociedade precisa é de uma força policial capaz de reprimir a criminalidade e regras de civilização não funcionam nesse caso. Outro dia vi um policial militar se exibindo frente às câmeras de tevê ao prender um assaltante: “Vocë tem o direito de ficar calado...”, disse ele, imitando os agentes de filmes policiais norte-americanos.
Cá para nós: funcionava muito melhor nos tempos de Filinto Müller, quando a ordem era: “Teje preso e cala a boca, seu safado, sem-vergonha”, enquanto o cassetete esquentava as costas do salafrário.
Editorial
Segurança em pauta
O Congresso criou uma Comissão Mista de Segurança para apressar a aprovação de projetos de combate à violência. O relator da Comissão, deputado Morani Torgan(PFL-CE), pretende, já em abril, encaminhar à votação várias propostas. Torgan quer, em primeiro lugar, deixar claro que a solução do problema deve ser compartilhada pelos três poderes. Segundo ele, o Poder Legislativo está assumindo a responsabilidade com a urgência necessária e vai colocar na pauta de votação questões como seqüestros, crime organizado dentro e fora dos presídios e a estrutura da segurança. Torgan também acredita que o tráfico de armas deverá merecer uma atenção igual ou superior ao tráfico de drogas, por estar intimamente ligado ao crime organizado.
A Comissão, porém, enfrentará sérios problemas. Os mais evidentes serão a proibição da venda de armas e a unificação das polícias. Embora o governo federal tenha anunciado que só vai liberar recursos do Fundo Nacional de Segurança para estados que desenvolverem projetos de trabalho conjunto entre as polícias Civil e Militar, as resistências são grandes.
Quanto à proibição da venda de armas, dificilmente o projeto será aprovado se estender essa proibição aos cidadãos comuns. Vários parlamentares, mesmo os que defendem a medida, admitem que a proibição geral da venda de armas vai ter reflexos apenas nos crimes comuns, como brigas de trânsito, mas nunca no crime organizado, que tem como conseguir armas de várias maneiras, menos as legais.
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02/22/2002
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