Serra se lança e promete realizar o que FHC não fez
Serra se lança e promete realizar o que FHC não fez
Ministro faz aceno a Itamar e elogia competência nordestina; Lema será nada contra a estabilidade, tudo contra a desigualdade
Com um discurso de 25 minutos, no qual recolocou Itamar Franco no panteão do Plano Real, prometeu manter as "coisas certas" do atual governo, elogiou a oposição e criticou indiretamente Ciro Gomes (PPS), o tucano José Serra lançou ontem sua candidatura a presidente sob o lema "nada contra a estabilidade, tudo contra a desigualdade".
À mesa, organizada sob medida para demonstrar a unidade dos tucanos, o ministro da Saúde ficou entre o governador do Ceará, Tasso Jereissati, e José Aníbal (SP), presidente do PSDB, dois antigos adversários de sua candidatura. Serra e Tasso se dirigiram um ao outro apenas uma vez. O tom da reunião foi dado pelo presidente da Câmara, Aécio Neves. "[É" o PSDB se encontrando e se reencontrando", disse.
Tasso foi aplaudido quando Aécio lembrou que ele desistira da candidatura. "O PSDB iniciará e terminará essa jornada unido. Acima das postulações, existe um projeto de país". Além de Tasso, os demais governadores do PSDB -Geraldo Alckmin (SP), Dante de Oliveira (MT), Marconi Perillo (GO), Albano Franco (SE) e Almir Gabriel (PA)- estavam presentes. O governador Mário Covas, morto em março último, foi homenageado na figura da filha, Renata. Serra abraçou emocionado uma convidada especial: Vilma, viúva do ministro Sérgio Motta, morto em 98.
Chama o PFL
Serra começou a falar às 13h40. A sala do Espaço Cultural da Câmara, com 108 lugares, estava abarrotada. Antes do discurso, as pessoas suavam no empurra-empurra à procura do melhor lugar. Na confusão, alguém reclamou alto: "Faltou o PFL para organizar a festa!". Quem não conseguiu lugar acompanhou o ministro por um telão no salão ao lado.
Em 14 páginas datilografadas, nas quais introduziu "cacos" enquanto lia, Serra começou dizendo: "Venho hoje declarar que sou candidato a presidente da República". Logo no terceiro parágrafo, uma frase de efeito: "O progresso ou é de todos ou não é duradouro. Se o progresso for só para alguns, não será de ninguém".
Serra disse que o país tem um "rumo claro" desde a implantação do Real. Prometeu manter as "coisas certas" que levaram à estabilização e fazer "aquilo que não foi possível fazer". No lema "nada contra a estabilidade, tudo contra a desigualdade", sintetizou o sentimento dominante de seu pensamento, segundo o qual a estabilidade não é uma camisa-de-força que impeça investir na área social.
Foi também um recado velado para o Nordeste, região na qual Serra enfrenta dificuldades políticas. Mais explícito logo adiante, o ministro falou: "A esperança, a força de vontade e a competência dos nordestinos contribuíram muito para erguer o parque industrial de São Paulo".
"Brasil moderno"
Serra juntou Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso entre os líderes da construção do "Brasil moderno". Getúlio implantou a siderurgia; JK, a indústria automobilística; Ulysses, Tancredo e Montoro "atravessaram uma noite de 21 anos e conduziram o país a uma nova alvorada", numa alusão ao regime militar e seu fim.
FHC, "levado ao ministério da Fazenda por Itamar Franco", entrou na relação como o presidente que derrotou a inflação após 15 anos, oito planos de estabilização e quatro moedas diferentes.
Na parte referente à sua passagem pela Saúde, Serra destacou a aprovação dos medicamentos genéricos e a vitoriosa proposta brasileira que permite a quebra de patentes de remédios essenciais.
O ministro disse ser falso o debate sobre a inserção ou não do país no processo de globalização e citou a Argentina como um exemplo de má subordinação aos EUA. "Países que seguiram ou foram obrigados a seguir as certezas dos outros pagaram pelas más escolhas (...) O que aconteceu na Argentina é um exemplo do que não devemos fazer", disse.
"Ampliar o possível"
A receita de Serra para o Brasil: "Produzir mais, exportar mais e gerar grandes excedentes comerciais com o exterior". A redução da dependência de investimentos externos, aliada à estabilidade, permitirá, de acordo com Serra, a queda da taxa de juros, o investimento produtivo, o fortalecimento das empresas e o crescimento da produção e do emprego.
O ministro reservou a parte final do discurso para fazer uma breve autobiografia política, do exílio, em 1964, ao Ministério da Saúde. Declarou-se um "obstinado" pelas teses que defende e cutucou de leve FHC, que caracterizou seu mandato como "a utopia do possível". Serra fez uma paráfrase: "Não compartilho a tese cômoda de que a política é a arte do possível. Para mim, política é ampliar os limites do possível".
Churrasco
"Agora vai?", perguntaram a Vilma Motta após o discurso. "Agora vamos!", respondeu. Ao seu lado, a cearense Moema Santiago, ex-deputada pelo PSDB, observou: "Mas o discurso foi morno, não foi?". Segundo muitos tucanos, teria "faltado emoção" ao discurso.
A festa tucana foi esticada numa churrascaria às margens do Lago Paranoá. Tasso alegou que tinha compromissos no Ceará e não foi. O presidente da Câmara, Aécio Neves (MG), também voltou correndo para o Rio.
Serra deu uma "passadinha", suficiente para percorrer as duas longas mesas principais e cumprimentar correligionários. Nem sentou. Foi embora sem comer nada, exceto uma batata frita que pegou no prato do presidente do partido, José Aníbal.
Tucano reage com críticas ao "flerte" de Serra e Itamar
Ex-governador de Minas rompe imagem de unidade do PSDB
Apesar da tentativa do PSDB de demonstrar unidade, o ex-governador de Minas Eduardo Azeredo criticou o ministro da Saúde, José Serra, no lançamento de sua pré-candidatura presidencial.
Para o tucano Azeredo, Serra está fazendo jogo duplo ao trocar telefonemas e acenos com o governador de Minas, Itamar Franco (PMDB). "O Itamar está se promovendo à custa do Serra", disse Azeredo, que perdeu a eleição de 1998 para Itamar e pode concorrer de novo ao posto.
"O Serra é o melhor candidato no momento, mas somos pela fidelidade partidária e a lealdade. Ele vai ter de escolher o seu lado", disse o tucano. Itamar tem dito que não disputará a reeleição, mas é adversário de quase todo o PSDB de Minas. A exceção é o presidente da Câmara, Aécio Neves, tucano mineiro com quem Itamar se dá bem.
"Itamar foi extremamente grosseiro com o presidente Fernando Henrique Cardoso, como o ministro Pimenta da Veiga Comunicações" e comigo, além de fazer um péssimo governo", disse Azeredo. O ex-governador afirmou que Serra, antes de pensar no eventual apoio de Itamar, "tem de unificar o PSDB".
No discurso de Serra, quando o presidenciável mencionou Itamar, dando a ele crédito pela paternidade do Plano Real, Azeredo e Pimenta trocaram um olhar de contrariedade. "Nós vamos ter de conversar", disse Azeredo, referindo-se a Serra.
O presidente do PSDB, o deputado federal José Aníbal (SP), tentou minimizar a nova crise: "A menção do Serra a Itamar foi histórica . Mostrou que ele teve um momento de lucidez. Um momento singular". Aníbal descartou um acordo com Itamar.
Tasso
O governador do Ceará, Tasso Jereissati, compareceu ao lançamento de Serra após ouvir um apelo de Aécio. Em referência ao seu bom relacionamento com a adversária do PSDB, Roseana Sarney (PFL), governadora do Maranhão, Tasso disse que apoiará Serra, mas que tem independência para "falar com quem quiser, na hora que achar necessário".
Tasso, que perdeu a disputa pela candidatura no partido, julgou "natural" Roseana ter descartado ser vice de Serra devido à sua vantagem nas pesquisas. No último levantamento do Datafolha, ela tev e 21%. Serra, 7%.
O governador, porém, afirmou que crê numa eventual aliança presidencial entre PSDB e PFL. "Ela [Roseana] está numa boa posição nas pesquisas, por que discutir isso agora? Não acredito, no entanto, que esteja fechada para conversar", afirmou.
Renata Covas, da Executiva do PSDB, afirmou que sua família apoiará Serra. O governador Mário Covas (1930-2001) defendia a candidatura presidencial de Tasso.
Itamar nega intenção de ser vice de ministro
Um dia depois de ter admitido que poderia compor com os tucanos, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), afirmou ontem que nunca teve a "ousadia" de dizer que seria vice do ministro José Serra em sua empreitada presidencial.
A tarefa de desdizer o que não disse -ele apenas havia admitido a hipótese, afirmando que "tudo pode acontecer"- foi uma forma de tentar minimizar a repercussão que suas declarações tiveram entre alguns de seus aliados. "Há diálogo aberto entre os dois (Itamar e Serra), mas diálogo aberto é uma coisa, agora uma aliança com o ministro é muito difícil, porque ele é o candidato do atual governo, leva a marca FHC na testa", disse Marcelo Siqueira, assessor do governador de Minas.
O governador não quis comentar o lançamento ocorrido ontem da pré-candidatura de Serra, que lembrou ter sido Itamar o responsável pela entrada do então ministro FHC no governo federal.
Itamar disse que só conversa com "homens do governo" quando é, por educação, procurado por eles.
Roseana acredita que Serra cresça
A pré-candidata do PFL à Presidência da República, Roseana Sarney, admitiu ontem que José Serra deve crescer nas pesquisas de intenção de voto agora que oficializou sua disposição de concorrer ao Planalto.
"Com certeza", disse a governadora ontem pela manhã, ao ser questionada se estava de acordo com as avaliações de tucanos quanto ao eventual crescimento do ministro da Saúde.
Demonstrando pouca disposição em comentar a candidatura de Serra, a pefelista limitou-se a dizer ainda que a entrada no palco sucessório do ministro "é saudável para o debate".
À tarde, ao terminar uma sessão de gravações do programa que o PFL leva ao ar no dia 31 de janeiro na casa do publicitário Nizan Guanaes, no bairro paulistano dos Jardins, Roseana foi cautelosa ao falar do lançamento de Serra. "Não ouvi o discurso do Serra porque estava gravando o programa. Mas desejo boa sorte a ele."
A pefelista também esteve ontem no escritório do publicitário Mauro Salles, onde discutiu sua estratégia de campanha. No fim da tarde, visitou a sede da Folha.
FHC se diz desinformado sobre ato
O presidente Fernando Henrique Cardoso deixou Kiev ontem de volta a Brasília -depois de cinco dias entre a Rússia e a Ucrânia- decidido a não falar sobre o lançamento da pré-candidatura do ministro José Serra (Saúde) à Presidência da República.
Mas, no Brasil, anteontem estavam sendo agendadas duas viagens em que FHC e Serra participariam juntos de eventos. Uma está prevista para a próxima sexta, dia 25, para São Paulo, onde os dois devem participar de evento na Associação Paulista de Cirurgia Dentária. Três dias depois, a agenda prevê viagem a Recife.
Ontem, FHC disse que iria falar sobre a pré-candidatura só em Brasília. "Não estou acompanhando a evolução dia a dia porque estamos bastante defasados no horário [cinco horas a mais em Moscou, quatro em Kiev]. Quando chegar ao Brasil, vou me informar", disse, questionado se o comparecimento do governador Tasso Jereissati (CE), ao lançamento de Serra tranquilizava o PSDB. Mas, minutos depois, afirmou que, mesmo em Kiev, estava mantendo contato com o presidente do Chile, Ricardo Lagos, sobre a situação argentina. A defasagem de horário do Chile, comparada à de Brasília, é ainda maior.
Roseana muda inserções na TV para ofuscar dia de Serra
Pefelista antecipa filmete sobre programas sociais do Maranhão
Para tentar neutralizar o lançamento da candidatura de José Serra (PSDB) à Presidência, a cúpula do PFL substituiu ontem o tom crítico de suas inserções partidárias na TV por filmetes que mostram programas sociais implantados pela pré-candidata Roseana Sarney como governadora do Estado do Maranhão.
As duas novas inserções de 30 segundos, exibidas ontem à noite, foram as mais bem avaliadas nas pesquisas qualitativas feitas pelo partido. Os temas foram o Programa de Aceleração Escolar e o Programa do Primeiro Emprego.
O principal objetivo do PFL é rebater críticas de opositores que afirmam que a governadora não tem conteúdo. O efeito, no entanto, pode ser o inverso, já que as inserções são de caráter genérico.
Um locutor apenas anuncia o nome dos dois programas e afirma que eles estão sendo adotados em outras administrações do país. Não há detalhes sobre custos, abrangência ou resultado dos projetos. Nem sequer as administrações que teriam implementado as duas propostas são citadas.
Em seguida, são reproduzidas imagens de crianças e de jovens com a bandeira do Brasil, acompanhadas por jingles.
"Somos crianças precisando de cuidados, saúde e educação. O meu lugar não é num banco de praça, exposto ao que vier. É na escola, garantindo o meu futuro. Esse é o Brasil que a gente quer", diz trecho do jingle sobre o programa de educação.
A imagem de Roseana aparece somente no final da inserção, atrás de uma bandeira do Brasil.
O PFL previa veicular dez inserções, de 30 segundos cada, durante o horário nobre de ontem.
Críticas
Inicialmente, o PFL pretendia reproduzir as mesmas inserções veiculadas na última terça-feira. Nelas, o partido tentava desqualificar indiretamente a candidatura do tucano e a do líder petista, Luiz Inácio Lula da Silva.
Roseana dizia que o eleito não poderia ser o presidente "da república de São Paulo", "da república da CUT (Central Única dos Trabalhadores), ou "da república do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)".
São Paulo é a principal base eleitoral do tucano e algumas das principais lideranças da central sindical e do movimento são filiadas ao PT. O programa tentava ainda vincular Lula aos distúrbios ocorridos na Argentina.
A preocupação pefelista em relação ao tucano é justificável, já que o alvo número um de Serra na tentativa de subir nas pesquisas de opinião será o simpatizante do PSDB que planeja votar na governadora do Maranhão.
Na última pesquisa Datafolha, 34% dos eleitores que se dizem simpáticos aos tucanos demostraram intenção de votar nela.
A expectativa do pré-candidato do PSDB é obter dois ou três pontos percentuais, retomando parte desses eleitores. Com isso, poderá diminuir a pressão sobre sua candidatura e a dúvida a respeito de sua viabilidade eleitoral.
Artigos
José Serra, o candidato
Eliana Cantanhêde
BRASÍLIA - Em 25 minutos de discurso, o tucano Serra deixou todas as pistas de como serão os seus nove meses de campanha.
1) Forçou uma comparação quase subliminar. Roseana Sarney (PFL) dá prioridade à forma, não ao conteúdo, e ele fez o contrário. Os elogios ao discurso foram fartos. Mas as críticas à falta de emoção também.
2) Aluno de teatro quando jovem, Serra evitou dar um pulo da imagem de ministro sisudo e competente que as pessoas conhecem e aprovam para a imagem de candidato alegre, saltitante, palanqueiro. Manteve a pose.
3) Não citou, mas seguiu à risca a idéia básica da "continuidade sem continuísmo", traduzida por um slogan longo demais para encantar o eleitorado: "Nada contra a estabilidade, tudo contra a desigualdade".
4) Enfatizou todo o tempo três qualidades que os aliados lhe reconhecem e os eleitores lhe atribuem em pesquisas: esperança, obstinação e competência. E videntemente, esqueceu-se dos defeitos.
5) Citou os símbolos óbvios de qualquer candidatura de centro e democrática: Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Franco Montoro. E os símbolos de presidentes bem-sucedidos, de boa lembrança: Getúlio Vargas (apesar de tudo) e Juscelino Kubitschek.
6) Elogiou a esquerda, que ajudou a aprovar os genéricos, e... surpresa! citou Itamar Franco. Tudo para favorecer, mais adiante, uma "ampla convergência de vontades políticas".
José Serra falou como José Serra. E falou, sobretudo, sem pressa. Aos que querem salamaleques de marketing, pulos nas pesquisas, grandes movimentos, avisou ontem em rápido telefonema para a coluna: se alguém está com pressa, não é ele.
Ao se transformar no único candidato do PSDB, ele bem ou mal uniu os tucanos. Agora, quer acordar as bases estaduais do partido, gerar segurança nos aliados e crescer devagar e sempre. Como Mário Covas na última campanha em São Paulo.
Serra começou ontem uma prova de resistência. Acha que não ganha o mais rápido, ganha o mais forte.
Colunistas
PAINEL
Contagem regressiva
FHC telefonou para José Serra antes do lançamento da candidatura do ministro à Presidência. Disse que o PSDB irá apoiar seu nome até o final e que não existe um plano B. No partido, no entanto, a expectativa é outra: o tucano de SP terá até maio para decolar nas pesquisas.
Marca fatal
Se chegar a 15% em maio, Serra deverá unir o PSDB, obter o apoio do PMDB e, possivelmente, até do PFL. Mas, caso continue estacionado nas pesquisas, a previsão no tucanato é de que haverá uma gradativa debandada em favor de Roseana (PFL).
O pragmático
Tucanos citam uma velha frase de FHC para justificar o prazo de validade da candidatura Serra: "Não brigo com os fatos".
Mudança de atitude
FHC disse a Serra que ele não pode mais reclamar. E o aconselhou a deixar o individualismo de lado e mostrar ao PSDB que "todos irão ganhar se ele for eleito". "Só assim o partido irá entrar de cabeça na campanha".
Sauna tucana
O auditório onde ocorreu o lançamento da candidatura Serra era tão apertado e quente que deu margem a ironias no próprio PSDB. "É mais fácil o Serra decolar do que eu conseguir chegar ao palco", dizia o deputado Sebastião Madeira (MA).
Sinal amarelo
A festa de lançamento da candidatura de Serra foi planejada pela promotora de eventos Bia Aidar, que trabalhou com Nizan Guanaes na campanha de 1998. Mais um indício, segundo pefelistas, de que o marqueteiro pretende trocar Roseana por Serra.
Inimigo comum
Há pelo menos um ponto em comum nos discursos de Serra e Roseana: ambos tentam passar a imagem de que o Brasil pode se contaminar da crise argentina se a oposição chegar ao poder.
Risca de giz
O banqueiro Edemar Cid Ferreira, amigo da governadora Roseana Sarney e que anteontem a recebeu em sua casa em SP, tem um desafeto no comando da campanha de José Serra (Saúde), o deputado federal Márcio Fortes (PSDB-RJ).
Chumbo trocado
Em 92, então presidente da empresa João Fortes Engenharia, o deputado acusou Cid de ter-lhe pedido uma comissão para facilitar a licitação de uma obra da Sistel (fundo de pensão), como parte do esquema PC Farias. Cid processou Fortes por calúnia e difamação.
Tesoura pefelista
A rádio CBN do Recife cancelou a entrevista que estava marcada com Anthony Garotinho (PSB-RJ) para a manhã de ontem. Segundo o PSB, o deputado Inocêncio Oliveira (PFL), um dos maiores apoiadores da candidatura Roseana, é sócio da emissora e vetou a entrevista.
Não, obrigado
Cláudio Lembo (PFL) recusou o convite de Geraldo Alckmin (PSDB) para assumir a Secretaria de Justiça de SP.
Por baixo dos panos
Valdemar Costa Neto (PL) anulou ontem a filiação de Antônio Belinati, prefeito cassado de Londrina (PR). Alega que ele entrou no partido pelo diretório estadual sem o conhecimento da cúpula nacional.
Segunda opção
Quércia disse a Pedro Simon que o apoiará nas prévias do PMDB para a Presidência se Itamar desistir. Caso o PMDB tenha candidato próprio na eleição, o ex-governador concorrerá à sucessão de Alckmin e lançará o deputado Lamartine Posella para o Senado.
Visita à Folha
Roseana Sarney, governadora do Maranhão e pré-candidata do PFL à Presidência da República, visitou ontem a Folha. Estava acompanhada do senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do partido.
TIROTEIO
Do senador Roberto Requião (PMDB-PR), sobre a candidatura Roseana Sarney (PFL-MA):
- O marqueteiro Nizan criou mais um bichinho da Parlamat. Só que esse tem dentes e morde o pé do José Serra.
CONTRAPONTO
Campanha silenciosa éçóíãúO ministro, acompanhado de assessores, começou a circular entre as mesas, cumprimentando os tucanos. Era seguido o tempo todo por um grupo de jornalistas e de cabos eleitorais, todos querendo ouvi-lo. Mas Serra continuava falando apenas com os dirigentes tucanos. Ficou menos de dez minutos no restaurante. Na saída, continuou seguido pelos jornalistas. Entrou no carro e fechou a porta. Uma repórter bateu no vidro e pediu para entrevistá-lo. Ele desceu o vidro e disse apenas:
- Eu não vou dar entrevista.
Decepcionada, a jornalista respondeu:
- Assim o senhor não vai ganhar a eleição!
Serra fechou o vidro e foi embora. Calado.
Editorial
LIÇÕES DO CAMINHO
A queda do presidente do Banco Central argentino é mais um episódio traumático numa sucessão de acidentes cujo fim ainda não está à vista. Essa mudança não é casual: ela ocorre em meio a fortes pressões de bancos estrangeiros contra o câmbio duplo e em meio a uma visita da missão técnica do FMI ao país.
Os críticos do governo Duhalde reclamam da falta de um modelo, de um plano consistente. Mas o problema não é técnico e, sim, político.
As pressões aumentaram depois que o presidente argentino sinalizou com a imposição de custos mais elevados aos bancos e empresas privatizadas. A queda-de-braço tem envolvido do governo da Espanha aos bancos multinacionais, passando pelas empresas petrolíferas.
A cada dia o "corralito" assume nova feição, novas regras são criadas. Aos poucos, o próprio sistema financeiro vai sendo reconstruído (por exemplo, com a criação de um mercado futuro para o câmbio). A proposta de abandonar o sistema de câmbio duplo também ganha força. O paralelo com a brevíssima tentativa brasileira de evitar a desvalorização do real em janeiro de 1999 tem sido frequente. O câmbio duplo, sem reservas em caixa para que o BC regule o mercado, é insustentável.
Afinal, o mergulho num sistema de câmbio flutuante e uma liberação mais rápida dos recursos retidos em contas dolarizadas exigiria um significativo aporte de capitais externos, possivelmente do próprio Fundo Monetário Internacional.
Resta saber em quais condições esses recursos poderiam ser oferecidos. Parece que nem o governo Duhalde nem o FMI dispõem de cacife político para desenhar um futuro para a Argentina e sua economia despedaçada. Ambos estão traçando um caminho, errático, na medida mesma em que caminham ao sabor das pressões ora da população nas ruas, ora dos lobbies nos gabinetes de Buenos Aires ou de Washington.
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01/18/2002
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