Serra quer ver o programa de Ciro









Serra quer ver o programa de Ciro
Tucano questiona a plataforma do adversário e minimiza a sua colocação nas pesquisas

O presidenciável pelo PSDB, José Serra, preferiu minimizar as críticas ao adversário Ciro Gomes (PSDB), que afirmou ser vítima de "ódio e da agressividade" da atual campanha. O tucano, que visitou a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos, ontem à tarde, optou por falar mais sobre seu plano de governo.

"O programa de insultos dele (Ciro) a gente já conhece, o que quero conhecer é o programa de governo e debater o meu, que é o da geração de empregos, o Projeto Segunda-feira", afirmou Serra, em tom irônico, no Rancho Ponto de Pouso, onde cumprimentou os organizadores da festa e do concurso culinário Queima do Alho, que prepara o prato mais típico das comitivas de tropeiros.

Ainda no campo eleitoral, Serra minimizou a atual terceira posição nas pesquisas de diversos institutos. "A partida começou na semana passada e vamos ganhar até o segundo tempo", resumiu ele, apostando na virada, com o auxílio do programa eleitoral gratuito de rádio e televisão, para chegar ao segundo turno, em outubro.
Serra chegou a Barretos acompanhado de sua vice, Rita Camata (PMDB-ES) e participou de uma carreata até o centro da cidade.

Na região central participou de uma pequena passeata e aproveitou para cumprimentar os eleitores no calçadão. Entre um pedido e outro de apoio, apertos de mão, abraços e beijos aos transeuntes, embalado por um grupo de cabos eleitorais do PSDB local, que imprimiam o ritmo na bateria, o presidenciável chamou uma moça, de prenome Diana, para uma tentativa de samba. Apesar de desengonçado, demonstrou estar bem-humorado. A moça, porém, após ficar diante das câmeras fotográficas e de televisão, desapareceu.


Lula cancelará compra feita pela Petrobrás
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem, em Santarém, que cancelará a compra das três plataformas que a Petrobras encomendou ao exterior, caso vença a eleição. "Vou chamar o presidente da Petrobras e dizer: pare com essa obra". Até agora, Lula havia se limitado a criticar a estatal pela encomenda das plataformas e, pela primeira vez, anunciou a decisão de cancelar a compra.

Ao participar de comício realizado numa praça central da cidade, o candidato petista deixou no ar a informação de que, se chegar à Presidência, impedirá que os novos caças da Força Aérea Brasileira sejam encomendados em outro país. "A Embraer tem tecnologia, tem mão-de-obra qualificada e condição de fazer esses aviões no Brasil, em parceria com outras empresas. Isso é transferência de tecnologia com geração de empregos no Brasil", afirmou para uma multidão que lotou a praça, às margens do Rio Amazonas, no local em que recebe o Tapajós, na margem direita.

Ainda sobre a polêmica em torno das plataformas, Lula disse que elas vão custar ao Brasil U$ 1,5 bilhão. "É um contra-senso ficar pedindo dinheiro ao FMI e gastar esse montante de recursos na compra de plataformas. O dinheiro poderia ser usado para gerar empregos no Brasil", afirmou. A Petrobras, segundo o candidato, estaria "sendo incompetente e irresponsável com o País".

O candidato petista demonstrou muita felicidade ao ser informado, durante entrevista coletiva, que o economista e prêmio Nobel Joseph Stiglitz havia dito que preferia votar em Lula do que em George W. Bush, o presidente do Estados Unidos.

Petista lidera em pesquisa telefônica
Rastreamento feito pelo Instituto Datafolha, esntrevistando eleitores que têm telefone fixo em casa, indicou o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, com 31% de intenções de voto. O levantamento, feito na sexta-feira, põe Ciro Gomes (PPS) com 26%, José Serra (PSDB), 18%, e Anthony Garotinho (PSB), 10%. Segundo o Datafolha, a margem de erro máxima é de quatro pontos percentuais e, por isso, Lula e Ciro estariam sob empate técnico. O rastreamento é uma modalidade nova de pesquisa que o Datafolha está divulgando (seu nome vem do inglês é "tracking"). A avaliação será feito às quartas, sextas-feiras e domingos, que são os dias seguintes às exibições das propagandas gratuitas dos candidatos à Presidência na TV. Os resultados serão publicados diariamente. No primeiro levantamento, feito no dia 21, Lula obteve 27% das intenções de voto, Ciro, 32%, Serra, 17%, e Garotinho, 11%.


Remédio grátis gera economia de R$ 140
Postos de saúde oferecem 181 tipos de medicamentos mais usados. Tendo receita, qualquer um pode buscá-los

Os brasilienses podem economizar em média R$ 140,00 caso optem por adquirir os remédios que precisam nos centros de saúde. Atualmente, os governos federal e o do Distrito Federal distribuem gratuitamente 181 medicamentos diferentes. Com isso o tratamento de problemas de saúde como diabetes, hanseníase, Aids, doença de Parkinson, osteoporose e mal de Alzenheimer saem praticamente de graça.

Segundo a responsável pela Gerência de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Saúde do GDF, Ana Márcia Yunes Salles Gaudard, não há dificuldades para pegar os medicamentos, basta levar a receita médica ao Centro de Saúde. "Não há distinção nenhuma. Tanto o mais pobre quanto o mais rico são atendidos. É um direito do cidadão", explica. "Hoje, se o tratamento não for muito especializado é possível que a pessoa encontre todos os medicamentos que precisa de graça", explica Gaudard.

Ainda de acordo com ela, muitos brasilienses acabam gastando muito dinheiro em remédios que são fornecidos gratuitamente pelo governo. "A lista têm remédios de todo tipo, desde analgésicos para dor de cabeça até remédios para doenças mais complicadas", afirma a gerente de Assistência Farmacêutica. Gaudard diz ainda que, embora a média de economia para cada morador do DF seja de R$ 140,00, algumas pessoas podem conseguir descontos muito maiores se optarem pelos medicamentos oferecidos pelo governo. "Alguns só precisam de um analgésico enquanto outros necessitam de remédios mais caros", explica.

Para conseguir os medicamentos gratuitos basta ter a prescrição médica e procurar um Centro de Saúde. A exceção fica por conta dos remédios classificados como de alto custo. Para estes é necessário um cadastro que exige a apresentação de documentos pessoais e alguns documentos relativos ao problema de saúde. O cadastro é feito na Diretoria de Procedimentos de Alta Complexidade, que fica atrás do Edifício das Pioneiras Sociais, no Setor Comercial Sul. É importante ligar para a diretoria com antecedência para saber os documentos necessários. Os telefones de contato são 224-5432 e 322-7632

Falta de alguns itens atrapalha
Os programas de distribuição de remédios dos governos federal e do Distrito Federal contam com uma relação expressiva de produtos, mas muita gente nem sabe que poderia estar ganhando o medicamento que normalmente compra. Algumas pessoas teriam condições de economizar até R$ 400,00 por mês se buscassem os medicamentos nos Centros de Saúde.

A aposentada Albertina Maciel Lemos, 70 anos, afirma nunca ter ouvido falar em distribuição gratuita de medicamentos. Ela gasta cerca de R$ 200,00 com o tratamento para hipertensão e anemia. No entanto, mesmo depois de ser informada sobre a possibilidade de não gastar com os remédios, ela diz que não deve mudar o hábito. "Acredito que economizaria bastante. Mas tenho dinheiro para comprar, então acho que é melhor deixar para quem precisa mais", afirma a aposentada.

No entanto, quem busca os remédios nos postos de saúde costuma apresentar uma mesma reclamação. A auxiliar de limpeza Filomena Dantas Barbosa Garajau, 40 anos, compra os medicamentos para a mãe doente todos os meses e também recebe do governo alguns. "O problema é que muitas vezes quando a gente chega lá não tem nada. Como não se pode esperar até que cheguem algumas coisas, temos de comprar mesmo", conta.
Somente em medicamentos a mãe da auxiliar de limpeza gasta todo a pensão de R$ 400,00 que recebe e mais uma ajuda de cada um dos filhos. "Se o governo sempre tivesse os remédios, acho que daria para economizar, pelo menos, uns R$ 300,00", avalia Filomena. A mãe dela sofre de diabetes, asma e alergia além de ter problemas de hipertensão e de coração.


Cresce oferta de serviços
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) baseado na indústria não terá impacto significativo na expansão do emprego, segundo a gerente-executiva da área de emprego do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Sheila Najberg. O aumento do número de postos de trabalho deverá ser puxado pelos serviços, como já ocorreu na década de 90.

Um retrato das contas nacionais do País entre 1990 e 2000, de acordo com números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indica uma tendência. Nesse período, o valor da produção industrial caiu 3% enquanto a alocação da mão-de-obra recuou ainda mais, 21%.

Já no comércio, o valor da produção recuou 5% e a participação do emprego cresceu 15%. No setor de serviços, o valor da produção aumentou 6% na década de 90 e a mão-de-obra empregada cresceu 30% nessa mesma época.

Sheila explica que a redução do emprego na indústria resultou, em parte, da abertura comercial acelerada que fez com as empresas instaladas aqui adotassem padrões de competitividade mais rigorosos. Para isso, as companhias reestruturaram os métodos de produção e terceirizaram vários serviços que não faziam parte do foco do negócio, como refeição, limpeza, entre outros.

Além disso, com a privatização, surgiu um grande número de empresas prestadoras de serviços. "O que nós percebemos é que enquanto as indústrias demitem, as prestadoras de serviços absorvem essa mão-de-obra", diz Sheila.

Só o turismo rende divisas
Segundo Sheila Najberg, não adianta só ampliar o setor de serviços porque, desta forma, estará sendo atacada só uma parte do problema: os milhões de desempregados existentes hoje no País.

A outra parte do problema, segundo ela, é o déficit na balança comercial. Exceto o segmento de turismo, os demais setores prestadores de serviços não rendem divisas para o País, porque não é possível exportá-los. "O turismo é o único segmento que ataca o problema do emprego e da balança comercial simultaneamente", observa.

Números das contas nacionais mostram que a agropecuária é um setores que pode, assim como o de turismo, resolver as duas questões ao mesmo tempo. Em 1990, a agropecuária respondia por 25,7% do pessoal ocupado e 6,4% do valor da produção nacional.

Em 2000, a participação na produção nacional foi ligeiramente maior, de 7%, e no emprego de 23%. "A agroindústria é intensiva em mão-de-obra e gera empregos indiretos", destaca a economista. Se o País tiver políticas dirigidas para a exportação de produtos agropecuários, será possível equacionar parte do problema da falta de emprego e o déficit da balança comercial, diz Sheila.

Já a geração do emprego em setores intensivos em mão-de-obra como a construção civil proporcionam uma reação rápida para falta de postos de trabalho no caso de qualquer política para ampliação do emprego. No entanto, diz a economista, esse setor não cria postos de trabalho duradouros.


Hoje é o último dia de superliquidação no DF
Muitos lojistas estão oferecendo descontos maiores que os 40% propostos pela CDL para 2 mil lojas

Hoje é o último dia da megapromoção que envolve mais de duas mil lojas de shoppings centers, grandes redes e de comércios locais do Distrito Federal. É o Liquida Tudo, evento promovido pela Câmara de Dirigentes Lojistas do DF (CDL-DF), criado para oferecer descontos entre 5% e 40%, mas que foi além.

"Temos produtos com mais de 50% de promoção. Uma camisa de linha, por exemplo, que custava R$ 98 está saindo por R$ 38", garante Flávio Urgal, subgerente da Toulon, loja de roupa masculina que fica no Conjunto Nacional.

Ele explica que a coleção outono-inverno estava abarrotada antes do Liquida Tudo. "As vendas aumentaram cerca de 50%", diz, lembrando que na loja o período de promoção vai ser esticado até a sexta-feira, dia 30.
A vendedora Núbia Dantas, da loja Gregos e Throyanos, no Pátio Brasil, também avalia que o crescimento nas vendas ficou em torno de 50% durante o evento – iniciado no último dia 16 .

Ela explica que antes da liquidação as quatro balconistas da loja estavam vendendo, juntas, R$ 1 mil. "Um horror. Ontem, só eu consegui vender R$ 2,2 mil", disse Núbia, assegurando, às 16h30, que ainda estava sem almoço em virtude do grande movimento de clientes.

E mesmo que a adesão não tenha sido total, quem não está com as vitrines cheias de anúncios do Liquida Tudo, aproveita o embalo e faz propaganda de descontos de até 60%, a exemplo da Siberian no Pátio Brasil.
Além do comércio, lojas financeiras, administradores de cartões e bancos participam, reduzindo taxas de juros e facilitando os pagamentos. O único shopping center que ficou fora dessa megaliquidação foi o ParkShopping.

Descontos foram convincentes
Ontem à tarde muita gente aproveitou para gastar nas lojas dos shoppings que aderiram à promoção Liquida Tudo. Muitos dos ávidos consumidores saíram de casa apenas com o intuito de passear, mas acabaram sendo atraídos pelos cartazes vermelhos e brancos nas vitrines que a identificavam.

É o caso do bancário Alberto de Azevedo, 36 anos. "Eu vim mesmo para ir à Feira do Livro, mas acabei entrando no shopping e aí não teve jeito, fui pego pela promoção". Azevedo comprou um sapato por R$ 95. "Antes da promoção ele custava R$ 125", disse. Em outra sacola, mais duas bermudas. "Estava passando na frente da loja, achei o preço bom e entrei", explicava, dizendo que os preços estavam em torno de 30% menores.

Dezenas de outras pessoas saíam com alguma sacola nas mãos. Com menos de R$ 100, Rosemeire Ferreira, 30 anos, comprou, no Conjunto Nacional, três pares de sapato, duas calças jeans e blusas para as filhas. "Achei blusinhas de até R$ 1,99", dizia, assegurando que a promoção está boa, mas que é preciso pesquisar.
A gerente da Le Postiche do Pátio Brasil reitera que só reclama quem não vai atrás de bons preços. "Uma só cliente levou cinco bolsas outro dia", lembra.

Segundo o presidente da CDL-DF, Pedro Américo, a intenção é incorporar o Liquida Tudo ao calendário promocional de Brasília, e repeti-lo. Ele afirma que nas próximas edições do evento, até o Sindicato dos Taxistas deve participar, oferecendo descontos para os usuários do serviço.


Soldados atacados no Afeganistão
As forças especiais dos EUA estiveram sob ataque de granadas no leste do Afeganistão, informou um porta-voz norte-americano, ontem. Diversas granadas foram lançadas na sexta-feira sobre uma base dos EUA em Asadabad, na província de Kunar, próxima à fronteira com o Paquistão. Ele não informou sobre danos causados.

Uma unidade foi enviada para o local em que se produziu o ataque e quatro homens foram capturados. Horas antes, 12 pessoas haviam sido detidas perto de Asadabad.

O porta-voz acrescentou que as forças de coalizão lideradas pelos Estados Unidos descobriram dois arsenais durante suas operações perto da cidade de Zormat.

A operação faz parte dos projetos do exército norte-americano de capturar membros da rede Al-Qaeda e do movimento Taleban que, acreditam, se escondem em zonas ao sul do país.


Artigos

No buraco negro
Paulo Pestana

Passei anos resistindo, mas na última quinta-feira capitulei. E não foi por causa dos filhos adolescentes que passam a léguas de distância dessa feira de tostesterona e vaidade chamada de Micarecandanga. Durante três horas de tortura assisti a uma exibição de ignorância que não cabe nem em toda a filmografia de Charles Bronson. A Micarecandanga é, antes de mais nada, uma arena de vale-tudo. A primeira impressão é a de uma festa, com muitas caras felizes se preparando para entrar numa avenida cercada por dois paredões, onde se dependuram quem está nos camarotes. Num extremo aponta um imenso caminhão cheio de gente em cima. Alguns tocam instrumentos musicais - era o Chiclete com Banana abrindo o que chamavam de festa da paz.
Só que, lá em baixo, o couro come. Vendedores de cerveja são agredidos e a cerveja desaparece nas mãos de alguns; a taxa etílica média sobe e, enquanto garotos urinam ali mesmo na passarela, outros vomitam e caem pelo chão. Lança-perfume é artigo liberado e garotas trocam um beijo na boca de um desconhecido por uma cafungada na blusa embebida com o éter. Maconha também não é reprimida e os seguranças têm tanto cuidado em separar as brigas – sabe-se lá de quem é filho aquele moleque – que preferem deixar o pau comer por alguns minutos para só depois trabalhar.

Tudo vem embalado pela – vá lá – música que não passa de uma marchinha acelerada e eletrificada. No meio, débeis mentais expõem os bícepes trabalhados nas academias numa exposição narcísistica que vai ao extremo quando se atracam, suados, rostos colados, mãos na nuca, corpos grudados, como se estivessem num tatame de jiu-jítsu ou numa cama com espelho no teto.

Há quem diga que isto é diversão. Deve ser. Talvez seja eu um mal-humorado, mas nem as boas companhias, incluindo o menino johninho na flor de seus oito anos, conseguiam fazer com que eu tivesse vontade de soltar uns pulinhos. Só notei o tamanho do desespero quando o disc-jockey do camarote, Chiclete longe, tocou uma música techno que eu achei ótima. Incrível: a tal baianidade sonora tinha entorpecido meus tímpanos de tal forma que eu encontrei alguma musicalidade até no techno.

De uma coisa certamente a experiência valeu: mais uma vez está provado que, por pior que alguma coisa seja, há sempre outra pior. A mediocridade desconhece limites e parece tentar nos engolir a todos como se fosse um buraco negro antimatéria no espaço sideral. O meu consolo é que poucos voltam do buraco negro; só preciso lembrar das penitências a pagar.


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Ensino jurídico tem nota zero
Após oito anos de governo FhC, o ensino jurídico no País piorou tanto
que a magistratura está com receio de ficar sem novos juízes nos próximos anos. O quadro é dramático, como revelou recente concurso em Santa Catarina para o preenchimento de 68 vagas de juízes. Após a primeira prova seletiva, o Tribunal de Justiça divulgou o resultado: dos 1.756 candidatos inscritos, apenas sete advogados passaram. O índice de reprovação foi de 99,4%. O fenômeno não é só catarinense, é nacional.

Ciro evita Freire
Ciro está evitando contatos com o senador Roberto Freire (PE), presidente do PPS, a quem havia garantido que a presença de aliados conservadores não iria alterar o teor centro-esquerdista do seu programa de governo. Mas a adesão do economista José Scheinkman atropelou o compromisso. Freire está uma fúria com a presença “dos ACMs e outros gabirus”.

A canoa furou
Dizendo representar Rita Camata, conhecida dupla da política capixaba fez “consulta informal” a um ministro do TSE sobre a possibilidade e o prazo legais para que ela desista de sua candidata a vice-presidente, na chapa de José Serra, a fim de tentar a reeleição à Câmara dos Deputados.

Também tô fora
O PMDB do Acre fez juras eternas de fidelidade a Serra, mas pede votos para Ciro Gomes no estado.

Malan leu Suplicy
Na palestra a empresários, sexta-feira, o ministro Pedro Malan revelou que ao contrário da maioria dos petistas, incluindo Lula, leu o best-seller “Renda e Cidadania - A Saída é pela porta” (Cortez Editora, SP, 2002, 367 pp, esgotado), do senador Eduardo Suplicy. Foi quando destacou as idéias do economista José Maria Camargo sobre programas sociais, citadas na obra.

Caixa lenta
A Caixa Econômica Federal parece ter um pacto indissolúvel com atraso e a lentidão: em plena era dos computadores com velocidade de 4.0 gigabytes, o banco estatal faz licitação para comprar 25.000 micros de 1.2 Gb.

Cofres vazios
Anda seca uma fonte pródiga em doações às campanhas: os empreiteiros. Eles acusam o governo, que não os paga desde o início do ano, de fazer caixa com os R$ 4 bilhões da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), imposto concebido para recuperar o setor. Enquanto isso, as estradas, como as contas dos candidatos, estão cheias de buracos.

Parece até inimigo
O governador do Piauí Hugo Napoleão é uma rara liderança política nordestina que insiste no apoio ao candidato do governo, José Serra. Mas é tratado como inimigo: o Palácio do Planalto não libera nem os recursos do Orçamento para socorrer Napoleão e os piauienses de 195 municípios em estado de calamidade pública, devastados pela seca.

Dois senhores
Ignorando a sentença bíblica de que não é possível servir a dois senhores, o marqueteiro Nizan Guanaes quase amarga dupla demissão. Os aliados de Tasso, cuja campanha supervisionava no Ceará, viam-no como quinta-coluna de Serra. E os adeptos de Serra desconfiavam do contrário. Tasso saiu na frente e demitiu Nizan, que, dessa forma, recuperou a confiança de Serra. Perdeu os anéis, mas manteve os dedos (ou foi o contrário?).

O neto oculto
Álvaro de Mattos Rodrigues Neto, 29, processa Cristiano Chagas Freitas, na 8ª Vara de Família do Rio. Cristiano seria seu irmão, segundo teste de DNA. O pai, Antônio Ivan, morreu num acidente de carro em 1984. O tio, Cláudio Chagas Freitas, não quer colaborar, mas d. Zoé, viúva do ex-governador, aceitou outro teste. Álvaro também quer direito à herança.

Dito e feito
Acusado de oportunismo pelos adversários, o ex-ministro e ex-presidente de Furnas Centrais Elétricas, Luiz Carlos Santos, não os desaponta: embarcou com malas e ferramentas na campanha de Ciro Gomes. Terá o mesmo papel das campanhas de FhC, articulando o apoio malufista à candidatura. O senador Roberto Freire (PPS-PE) deve estar adorando.

Feira moderna
José Serra chamou o pai na TV de “fruteiro” (teve gente que entendeu outra coisa). Por que não feirante? É que o filho só entende de abacaxi.

Jogando a toalha
Festival de desistências entre opositores do governador do Tocantins, Siqueira Campos. Primeiro foi o candidato a senador pelo PPS, Raul Filho, depois um suplente do PSB e agora o senador Carlos Patrocínio, que tentava a reeleição. Já se espera Freire Jr (PMDB), candidato ao governo, também desista. Já fez isso antes, mas depois voltou atrás.

O perfeito maluquinho
Alunos de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá (RJ) criaram o site foracesarmaia.hpg.com.br de denúncias contra “uma das piores figuras da política contemporânea”. Pretendem divulgar “o outro lado” do prefeito do Rio, capaz de “mentiras, frieza, insensibilidade”. Maia é comparado a Bin Laden, Hitler, Stalin e outros ditadores. É capaz de o maluco beleza adorar.

Atualíssimo
Nelson Rodrigues teria feito 90 anos esta semana. Se vivo estivesse, certamente encontraria no horário eleitoral da TV o óbvio ululante. Acharia a propaganda bonitinha, mas ordinária. Engaçadinha, então, nem se fala. A pirotecnia dos marqueteiros o impediria de ver a vida como ela é. E ao examinar as alianças dos candidatos, resumiria: perdoa-me por me traíres.

Poder sem pudor

O poder é frág il
O país estava confuso, com as notícias desencontradas sobre o golpe militar, naquele 31 de março de 1964. Havia rumores sobre a fuga do presidente João Goulart para o Uruguai. No Palácio do Planalto, reinava o caos. Toca o telefone e o jornalista Otacílio Lopes atende.
- O presidente João Goulart está?
- Ele não trabalha mais aqui.
Assistindo à cena, o presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili, finalmente se deu conta que era ele o presidente da República.


Editorial

CHEGA DE INFORMALIDADE

Em apenas uma madrugada fiscais da Secretaria de Fazenda, auxiliados pela Polícias Militar e Rodoviária, apreenderam 40 caminhões que tentavam entrar no Distrito Federal com mercadorias irregulares. A maior parte era de caminhões que foram pegos em estradas vicinais, tentando burlar a fiscalização. É uma cabal demonstração da situação brasileira atual, na qual aumenta cada vez mais a tentativa de se instalar um estado paralelo, uma economia informal, sem regras e baseada apenas na teoria equivocada da manutenção de subempregos, na verdade, exploração de trabalhadores.

A ocupação de milhares de pessoas tem sido a desculpa favorita de governantes de todos os matizes políticos para manter feiras irregulares, contrabandos evidentes e sonegações variadas. Se a fiscalização fosse rigorosa, alegam, muitos seriam desempregados; o mal menor, seguindo esta mesma linha de raciocínio, é o subemprego, a humilhação de depender de uma remuneração sem a menor garantia que beneficia apenas aos barões que financiam toda a operação. É preciso inverter a ordem do pensamento e investir no mercado formal como forma de fortalecer a economia como um todo e apostar num país mais justo e que dê oportunidades iguais para todos em vez de facilitar as coisas para os oportunistas de sempre. Com uma fiscalização mais rígida sobre as irregularidades variadas, o comércio e a indústria seriam beneficiados imediatamente, uma vez que a demanda teria que ser suprida por eles. Na mesma cadeia, mais empregos devem surgir, a arrecada ção de impostos deve aumentar e possibilitar até a redução da carga tributária. Uma sociedade organizada é sempre a melhor alternativa.

As grandes cidades brasileiras hoje convivem com uma caótica economia que deixa descobertos os comerciantes regulares. Muitos chegam a participar desta economia paralela financiando bancas que fazem concorrência com a própria loja ou mesmo incentivando a sonegação, seja por meio de nota fiscal, ou mesmo na hora de adquirir uma mercadoria. O Congresso Nacional instalou uma CPI que investiga, entre outras coisas, a participação de grandes redes de supermercado no negócio de roubo de cargas de caminhões. É sempre assim: uma irregularidade puxa a outra. Já passa da hora de se desenvolver uma ampla campanha, em nível nacional, que alcance todos os elos desta corrente irregular e que comece não apenas com o esclarecimento, mas com atos concretos como, por exemplo, a chance de todos regularizarem, em curto espaço de tempo, suas atividades. Em seguida, fiscalização, fiscalização e fiscalização.

É a única forma de fazer com que toda a economia seja organizada e o país possa crescer ordenadamente. Sem que os cidadãos tenham sempre a impressão de estarem cometendo um delito ao comprar em uma feira qualquer e sem que os políticos precisem dar desculpas constrangidas para ações que ninguém quer assumir. Esta é uma responsabilidade de todos, busca-se uma liderança capaz de levá-la a cabo.


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08/25/2002


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