Serra tenta mobilizar aliados










Serra tenta mobilizar aliados
Tucano pede empenho de governadores para chegar ao 2º turno e mantém ataques a Lula

BRASÍLIA - O comando político da campanha presidencial de José Serra (PSDB) decidiu ontem manter os ataques ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no horário eleitoral gratuito, mas foi advertido pelos marqueteiros do tucano de que o programa de TV não basta para levar o candidato ao segundo turno da eleição. Numa intervenção gravada em vídeo, apresentada na reunião em Brasília, o publicitário Nizan Guanaes disse que só com o programa de TV isso não é possível. Seria necessária também a mobilização de todos os políticos para Serra ir ao segundo turno e "ganhar a eleição".

O comando político da campanha de Serra se reuniu ontem no salão de um hotel cinco estrelas com os candidatos aliados nos estados. Entre outros, compareceram o vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), os governadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Esperidião Amin (PPB-SC) e Amazonino Mendes (PFL-AM) e o prefeito do Rio, César Maia (PFL), além dos presidentes do PMDB, Michel Temer (SP), e do PSDB, José Aníbal (SP). Os governadores do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PMDB) - que no domingo fez caminhada com Serra - e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), não compareceram.

Segundo o cientista político Antônio Lavareda, há um percentual de eleitores de Lula, estimado entre 6% e 10%, passíveis de mudar de candidato. É esse o nicho em que Serra agora concentra esforços. As pesquisas detectaram um contingente de eleitores que vota de acordo com a indicação do governador, candidato a governador e outras lideranças regionais. A reunião de ontem se destinou a mobilizar os aliados para que eles peçam votos para Serra.

O programa de TV de Serra com ataques a Lula, exibido anteontem no horário eleitoral gratuito, foi reprisado na reunião. Ao final da exibição, todos aplaudiram. Alguns, como o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM), mudaram de opinião entre a chegada e a saída. "É, eu não tinha visto o programa, gostei", disse o deputado.

SÁBADOS - Outro item aprovado na reunião de ontem foi a realização de "supersábados" até o final da campanha. O primeiro "supersábado" será realizado já neste fim de semana, quando Serra visitará seis municípios dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

A possibilidade de Lula vencer no primeiro turno foi descartada por todos, ao menos publicamente. "O Serra consolidou sua posição no segundo turno. Devemos antecipar o segundo turno, começar a trabalhar como se ele já tivesse começado", disse o vice-presidente Marco Maciel. "Tenho convicção de que haverá segundo turno. Não há voto definido. Há intenção de voto. Eu acho que o Serra tem condições de crescer com o voto dos indecisos e até com a intenção de votos de outros candidatos", disse o governador Geraldo Alckmin (SP).


Ciro decidirá rumo da campanha
BRASÍLIA - O comando da campanha do candidato da Frente Trabalhista (PPS/PTB/PDT) à Presidência da República, Ciro Gomes, está dividido quanto aos próximos passos: parte quer bater duro na candidatura do presidenciável tucano José Serra, mas outra facção defende que Ciro assista ao tiroteio entre Serra e o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, sem se envolver. A decisão sobre o rumo da campanha será do próprio Ciro.

Mas apesar de existir uma divisão quanto aos rumos da campanha, os aliados de Ciro Gomes são enfáticos ao garantir que ele não pensa em renunciar à sua candidatura.

Motivo: a desistência de Ciro afetaria diretamente a eleição de deputados, senadores e governadores da Frente Trabalhista. "Ele (Ciro) puxa votos para a legenda e se ele desistir, liquida conosco", disse o líder do PTB na Câmara, deputado Roberto Jefferson (RJ). "Se ele renunciasse deixaria todos os candidatos aos demais cargos em uma situação extremamente delicada", observou o ex-governador e deputado LuizAntônio Fleury Filho (PTB-SP).

Um dos que defende que Ciro Gomes fique longe do tiroteio entre Serra e Lula é o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE). "A estratégia agora é o Ciro afirmar o projeto político da Frente Trabalhista, que é contra o Governo e não se confunde com o projeto petista", disse Freire. "Não sou PT e sou contra o Governo e acho temos espaço para crescer aí, e o Ciro não vai entrar na baixaria", garantiu, ao lembrar que o PPS votou a favor da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), enquanto o PT foi contra.

Freire comemorou ainda as defecções do PFL que, com a queda de Ciro nas pesquisas de intenção de voto, está aos poucos abandonando a candidatura da Frente Trabalhista.

Parte do PFL de Minas Gerais, por exemplo, que estava apoiando Ciro Gomes, agora já está com a candidatura de José Serra. "Acho que não perdemos nada com a saída do PFL. Pelo contrário, acho que vamos até ganhar porque volta para o leito natural da Frente", afirmou o senador.


Trabalhadores fazem queixa sobre o FGTS
O pagamento das correções do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) está causando uma procura na central de atendimento do Banco Central. Desde que foi iniciada pela Caixa Econômica Federal (CEF), em junho passado, a quitação dos expurgos já levou 1.867 trabalhadores a recorrem ao 0800 do BC em busca de informação. O que representa uma média mensal de 622 telefonemas. Outros 27 optaram por procurar o banco pessoalmente e formalizar a reclamação. Em períodos normais as ligações não excedem o limite de 80/mês.

A maior parte das reclamações é referente ao extrato do FGTS. De acordo com a gerente regional de Relacionamento Institucional do BC, Vilma Sabino, os trabalhadores alegam que a Caixa ainda não enviou o documento para suas casas, apesar deles terem procurado a instituição para cobrá-lo. "Nós orientamos essas pessoas a procurarem a Caixa e solicitarem que a instituição peça os dados ao banco de origem", explica a gerente.

Eles também procuram o BC para saber o endereço do banco que administrava sua conta de FGTS antes dos dados terem sido centralizados na Caixa - a partir de dezembro de 1991 a instituição passou a administrar todas as contas do fundo. A grande dificuldade é que muitos bancos foram fechados ou comprados por outros.

Segundo a gerente, o BC tem essa relação disponível para todos. "Temos os endereços dos bancos que foram liquidados ou dos que foram incorporados a outras instituições financeiras", destaca Vilma Sabino.


Artigos

De que lado está Deus
Frei Aloísio Fragoso

Passam-se os anos e, a cada dia, fica mais claro que a chamada Nova Ordem política internacional, cantada e decantada logo após a queda do muro de Berlim, como última fronteira do socialismo histórico, não passou da velha desordem com novos sócios.

O que veio a seguir, o proclamado "Fim da História", significando o adeus definitivo aos ideais e ideologias como força criadora e propulsora dos acontecimentos, inutilizou sonhos e utopias, trocados pelo pragmatismo absoluto (só é bom e útil o que dá resultados contábeis).

Não é preciso recordar com saudade os tempos de ontem, eles deixaram grandes traumas na alma da Humanidade. No entanto, muita gente anda se perguntando se a existência de duas forças antagônicas (USA x URSS) não convinha mais ao equilíbrio mundial do que um único império, arrogando-se o direito de policiar o Mundo.

Como é de praxe, os vitoriosos trataram de satanizar a memória dos derrotados. Para tanto elegeram um personagem parâmetro: Stalin.Tirano exterminador de milhões de vidas humanas. A cara do comunismo.

Em menos de duas décadas e por conta de um único acontecimento, o 11 de setembro, o trem da História desca rrilou. Ninguém de bom senso hoje acredita que os antigos demônios foram substituídos por anjos do bem. Ao contrário, as intenções secretas do capitalismo neoliberal não são menos diabólicas do que eram as do comunismo real. Disfarçam-se, porém, com a retórica da paz: "É preciso eliminar o eixo do mal, que divide o Mundo entre os terroristas e os combatentes da liberdade. Lá impera Satanás, cá reina Deus, o que proíbe qualquer relação confiável de lá pra cá, de cá pra lá. Nesta batalha dantesca, ninguém pode dar-se ao luxo de escolher a neutralidade."

Na verdade, os grandes impérios não sobrevivem sem um inimigo à vista. Eles não admitem entregar à ferrugem seus imensos arsenais bélicos. No dia 11 de setembro de 2001, o terrorismo ofereceu-se, idiotamente, para ser o novo inimigo global. Por sinal, mais aterrorizante do que o seu antecessor, o comunismo, pois, não tendo rosto definido e visível, dá ao adversário o pretexto de escolher arbitrariamente o alvo de plantão.

O alvo de plantão é o Iraque. Para uma guerra já declarada, a farsa está muito bem montada. A mídia encarrega-se de espalhar o pânico entre a população. Esta, por sua vez, apavorada, prefere ser protegida por um Bush do que por um Gandhi, por razões óbvias. Os argumentos não precisam de racionalidade, basta-lhes a lógica do mais forte: "quem não vai à guerra comigo está contra mim". Toda esta representação atinge o seu paroxismo quando George W. Bush faz cara de Deus ante os apelos de paz dos simples mortais (inclusive o Papa) e grita do alto do seu poderio bélico: "Faremos guerra de qualquer maneira!"

A arrogância do presidente norte-americano fortalece a convicção de que o tempo antes era menos mau, um mundo unipolar é muito mais perigoso do que era um mundo bipolar. Antes, podíamos assistir a dois gladiadores na mesma arena, digamos Bush e Stalin, e escolher a torcida. Cada um deles, por medo de perder torcedores, na última hora desligava o botão da morte.

Agora somos todos vítimas em potencial da obsessão que afeta o juízo do homem mais poderoso da terra.

Uma vez que a falta de todo recurso nos torna impotentes, recorramos ao poder superior da Fé. Oremos pela paz e contra a guerra e vejamos de que lado está Deus.


Colunistas

DIARIO POLÍTICO - Divane Carvalho

Belo espetáculo
O crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última rodada de pesquisa TV Globo/Ibope, chegando aos 41% das intenções de voto, mostra que os eleitores continuam resistentes a José Serra (PSDB) que manteve os 19% da rodada anterior.

Apesar de ter derrubado Ciro Gomes (PPS), que agora disputa o terceiro lugar com Anthony Garotinho (PSB), imaginando que assim chegaria mais perto de Lula. A novidade da amostragem é que, mantendo-se essa tendência, o presidenciável petista pode ganhar a eleição no primeiro turno para desespero dos tucanos, pefelistas, peemedebistas e seus coligados. Faltando apenas 15 dias para a eleição, os marqueteiros de José Serra terão que agir rápido se quiserem levar a decisão do pleito para o segundo turno. Porque se Lula crescer mais dois pontos percentuais na próxima semana, o clima da campanha com certeza mudará no Brasil inteiro. Naturalmente todo mundo sabe que eleição só se ganha no dia e que muita água ainda vai rolar até 6 de outubro. Mas se o quadro que está aí não mudar favorecendo Serra, pode ser sinal de que uma nova onda vermelha está se formando e bem mais cedo do que a maioria dos petistas imaginava. É possível que não tenha a mesma força daquela que surgiu em 1998 e abalou muitas candidaturas municipais. Mesmo assim, forte suficiente para levar os militantes petistas ao delírio, animando as ruas com suas bandeiras, num belo espetáculo que virou marca registrada do partido da estrela nas eleições.

As mulheres que apóiam os candidatos do PT fazem ato de campanha, em todo País, sexta-feira, denominado de caminhada lilás. No Recife a concentração será em frente da Câmara municipal, às 14h, e o destino é o Pátio de São Pedro

Batismo
Dizem que Marco Maciel faz articulações nos bastidores para reaproximar José Serra (PSDB) dos pefelistas que vão abandonar Ciro Gomes (PPS). É hora de batizar de oportunismo o que se convencionou chamar de pragmatismo do PFL

Estresse
Para controlar o estresse na reta final de campanha, o presidenciável José Serra (PSDB) recorreu à acupuntura, terapia alternativa que ele reconheceu quando estava no Ministério da Saúde. Pelo menos é o que se comenta entre os tucanos do Planalto Central.

Secretário 1
Byron Sarinho (PPS) não gostou nem um pouco da nota publicada aqui dizendo que ele e João Braga (PV) são fortes candidatos a secretários num possível segundo governo Jarbas Vasconcelos.

Secretário 2
Diz que, além de improcedente, o comentário foi "extremamente desconfortável porque candidatura pressupõe vontade/postulação /pretensão, posturas que absolutamente não me ocorrem".

Secretário 3
E mais: "A simples divulgação dessa hipótese inexistente provoca enormes constrangimentos no meu já limitado relacionamento com os setores governistas, em particular com os verdadeiros secretariáveis".

Secretária 4
Sarinho se irritou com uma questão meramente de semântica. Se o Diário Político tivesse dito que ele e João Braga estão cotados para secretários se Jarbas Vasconcelos se reeleger, esse assunto tinha terminado ontem.

Afro
Pedro Eugênio, do PT, anima a militância, hoje, com uma noite afro no seu comitê instalado na avenida João de Barros. A partir das 20h, as bandas Afoxé Ará Odé, Marcatu Nação Porto Rico, Josan e Afoxé Oju Obá fazem a festa.

Televisão
Eurico Bitu, juiz aposentado e advogado, informa que não é só em Águas Belas que não chega o guia eleitoral. Em Pedra também ninguém assiste aos programas eleitorais da TV e pergunta: "A quem isso interessa?" O TRE deve saber.

Coligação
Eduardo Henriques, candidato a estadual pelo PV, diz que alguns candidatos, e não o partido apóiam Jarbas Vasconcelos:" Não apóio o projeto dinástico de poder por 20 anos da coligação robotizada dita de União por Pernambuco".


Editorial

CRISE ECONÔMICA

A economia mundial entra em crise e a recuperação pode estar muito distante. Os investimentos estrangeiros diretos (IED sigla em inglês) estão caindo de forma assustadora tal como aconteceu em 2001. O índice despencou 51% no ano passado conforme assinala a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). Trata-se da maior queda nos últimos trinta anos e que alcança uma cifra de US$ 750 bilhões.

Os investimentos diretos de muitos países caíram de forma significativa durante o corrente ano, fato que assinala uma estimativa de ruim à péssima, já que a maioria dos casos ocorrem nas nações em desenvolvimento. A tendência é que o fluxo de capital direto continuará em queda no Mundo inteiro o que poderá ocasionar uma retração ainda maior em 2003. O Brasil, envolvido nesse rumo, tem que usar de extrema cautela com o seu superávit primário junto ao Fundo Monetário Internacional.

A situação é preocupante em todos os níveis industriais e de comércio. As metas tomadas pelo Brasil junto ao FMI estão prestes a condicionar os investimentos públicos, exatamente agora no momento em que os investimentos estrangeiros se retraem. Caso as importações se reduzam ainda mais, a produção será afetada em médio prazo. Isso vai gerar problemas para o próximo governante. Como iremos produzir o superávit dentro desse patamar?

Mais: a imprevisibilidade da economia mundial afetará de forma considerável a oferta de investimentos nos países emergentes. Isso não é novidade, mas causará grandes impactos no médio e no curto prazo. No ano passado os países da América Latina receberam US$ 85 bilhões, ou 11% a menos do que em 2000, quando esse fluxo de capitais já havia se retraído outros 13%, em comparação a 1999.

Daqui para frente, de acordo com setores ligados à economia mundial, tudo dependerá do comportamento da economia norte-americana, a qual, por sua vez, dependerá do conflito dos EUA com o Iraque. Declarada a guerra o preço do petróleo irá disparar, talvez para um patamar de US$ 40 por barril ou mais. Nuncaé demais lembrar que crises geradas por fatos desse calibre são difíceis de administrar. Escapar delas é mais penoso do que sair de uma recessão inflacionária.


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09/19/2002


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