SIMON QUER QUE ALVAREZ EXPLIQUE OPINIÃO SOBRE RELATÓRIO DA CPI



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) quer que Luiz Carlos Alvarez, o ex-diretor de Fiscalização do Banco Central que chamou de "lixo" o relatório da CPI do Sistema Financeiro, seja convocado a depor na própria comissão, se ainda houver tempo, ou na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Simon acha que mais importante que o desrespeito com que o ex-diretor se referiu ao trabalho da CPI é o conteúdo do relatório votado, que mostra novos números sobre a operação de salvação de bancos em crise.
O senador disse que encontrava-se em Cuiabá (MT) quando a TV Globo o procurou, neste fim de semana, para lhe dar conhecimento das declarações de Alvarez. Ele enviou então um fax ao presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, solicitando a convocação, por entender que o relatório da CPI é tão grave que não pode ser respondido apenas com grosserias. "O importante é o conteúdo - há duas teses gravíssimas em confronto - e não me passa pela cabeça que o presidente Fernando Henrique soubesse disso", afirmou.
Simon observou que nas inúmeras vezes em que falou dos números do Proer, o presidente da República assegurou que não estavam ali recursos públicos, mas dinheiro dos próprios bancos. "Vem agora o relatório da CPI e deixa claro que o presidente Fernando Henrique não sabia de nada, que o dinheiro usado na salvação de bancos era dinheiro nosso. Estamos diante de duas posições - a da CPI e a do Banco Central", constatou.
Na opinião do representante gaúcho, é grave que a imprensa tenha dado a entender que Alvarez foi demitido pela falta de jogo de cintura político. Simon disse que mais grave ainda é descobrir-se que a operação de salvação de bancos possa ter consumido R$ 13 bilhões além do que se pensava. Ele lembrou que a Comissão Mista para a Erradicação da Pobreza, que reuniu a maior unanimidade de posições no Senado, conseguirá no máximo R$ 7 bilhões para reduzir a miséria.
Simon também lembrou que o presidente da República, durante o processo de reestruturação do sistema bancário, dizia que a oposição não entendia que o programa estava salvando o Brasil de uma explosão no sistema financeiro, assim como as contas bancárias de milhares de pequenos depositantes. "Mentiram ou não mentiram para o presidente? Teriam dito ao presidente o que não era verdade? O presidente poderia conhecer a fundo o Proer e dizer outra coisa para a sociedade?", questionou o parlamentar.
Ainda referindo-se a Alvarez, Simon disse que "um comportamento tão prepotente por parte de um servidor de segundo escalão não seria tão absurdo se partisse de um funcionário competente". Ele mencionou a resistência do ex-diretor em fornecer informações pedidas pela CPI e asseverou: "se ele fosse meu funcionário, há muito tempo, eu o teria demitido do cargo que ocupou, não pela entrevista em que chamou de lixo o relatório da CPI, mas pela irresponsabilidade de comandar um departamento que permitiu que o Banco Nacional tivesse 750 contas fantasmas durante dez anos".
Na opinião do senador, a demissão de Alvarez aconteceu com vários anos de atraso. "Há muito tempo ele devia ter sido demitido, com vários outros funcionários do departamento de fiscalização", afirmou. Em aparte, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) disse que a CPI dos Bancos, no mínimo, mostrou a fragilidade do sistema financeiro do país e que Alvarez não podia mesmo continuar diretor do Banco Central.

29/11/1999

Agência Senado


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