Sindicalistas fazem crítica à aliança PT-PL



Sindicalistas fazem crítica à aliança PT-PL A eleição de 2002 pode colocar no mesmo palanque dois rivais históricos do sindicalismo brasileiro: o ex-presidente da CUT Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, 44, e o fundador da Força Sindical e deputado federal, Luiz Antônio Medeiros, 53. Os adversários serão obrigados a se portar como aliados caso se confirme a aliança de PT e PL em torno da quarta candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. O PL pode indicar o senador José Alencar (MG) como vice. Filiado ao PT e pré-candidato a deputado federal, Vicentinho expressa dúvidas sobre a conveniência de "engolir" a aliança com Medeiros, presidente do PL paulista, em nome da ampliação da base de apoio a Lula. "O Medeiros já disse uma vez que não votava no Lula por princípio. Nós é que não precisamos do voto dele. Sua presença é um obstáculo à coligação, no meu entender." A rivalidade entre os dois líderes, ambos metalúrgicos, remonta às origens do renascimento do sindicalismo brasileiro, na fase final do regime militar. Discípulo de Lula, Vicentinho liderou greves operárias nos anos 80, como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Apesar de ter se firmado como negociador, sempre defendeu um sindicalismo "combativo". Já Medeiros é crítico antigo da prática cutista. Criador do "sindicalismo de resultados", mais flexível, concebeu a Força como contraponto à CUT. Como seu rival, Medeiros também se mostra pouco entusiasmado com a coligação. "Não sei se ela vai se concretizar. É preciso que seja bem avaliada para não haver problemas mais à frente." Mas também faz um aceno ao petista: "Não há por que não subir no palanque junto com o Vicentinho, se for o caso. Já estivemos juntos em palanques antes. Até fizemos cooper juntos na Bélgica uma vez", diz o deputado, em referência às campanhas que as duas centrais já promoveram juntas, apesar das diferenças. Medeiros também nega que tenha dito que jamais votaria em Lula. "Nunca falei isso. Não cometeria equívoco tão primário." A possível aliança entre os dois sindicalistas deve se resumir à eleição presidencial. Para a sucessão estadual, o PT de Vicentinho deve lançar José Genoino, enquanto o PL de Medeiros irá de Francisco Rossi. Ontem, filiou-se ao PT o prefeito de Belo Horizonte, Célio de Castro e ao PL, o senador Alencar. Lideranças dos dois partidos prestigiaram ambos os eventos. Lula diz que não foi procurado por Edir Macedo O presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Roma que não foi procurado pelo bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, para um encontro. "Não tenho notícias de nenhum jantar marcado com Edir Macedo", disse. A conversa está sendo articulada por lideranças do PT e do PL, partido que tem deputados ligados à Universal. Ressaltando que seu partido é ecumênico, Lula declarou que os petistas querem "o voto dos eleitores, homens e mulheres, sem distinção de credos religiosos". O líder petista encontrou-se em Roma com líderes da esquerda italiana. Lula comentou também o fato de o senador José Alencar poder apoiá-lo: "Gostaria muito [do apoio", mas antes deve ser apresentado e aceito pelo partido no Brasil". O petista segue hoje para Lisboa. Cúpula tucana se reúne para discutir nome para 2002 Divididos internamente e novamente atritados com seu principal aliado, o PFL, os tucanos reúnem hoje em Goiânia a nata do partido a fim de tentar estabelecer um entendimento mínimo para a escolha do candidato da sigla à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Para efeito externo, o encontro do PSDB servirá para uma avaliação das conquistas da legenda, ao final do prazo de filiações partidárias, e também vai discutir o programa de governo de seu candidato em 2002. Nos bastidores, o que deve dominar a cena é a acirrada disputa entre os pretendentes à indicação tucana. Esse é um dos motivos que devem levar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, a não comparecer à reunião. Ao PSDB, Alckmin alegou o problema da guerra fiscal entre Goiás e São Paulo para evitar a viagem e não estimular protestos de grupos goianos descontentes. Na prática, o governador paulista firmou um acordo de apoio com o ministro da Saúde, José Serra. Só não pretende explicitá-lo agora, quando ainda está fresca na memória do PSDB a declaração de apoio de Mário Covas, governador morto em março, ao governador Tasso Jereissati (CE). A disputa Serra-Tasso esquentou nos últimos dias com as sondagens feitas por deputados paulistas a tucanos do Ceará e de São Paulo propondo a retirada das pré-candidaturas de Tasso e do ministro da Educação, Paulo Renato Souza, em favor do ministro da Saúde. Ambos reagiram negativamente e ameaçaram se voltar contra Serra, que nega que tivesse autorizado a iniciativa. A data e a forma da escolha do candidato também dividem os tucanos. Para o governador Dante de Oliveira (MT), o PSDB deveria realizar uma prévia logo, a tempo de apresentar o seu nome no programa eleitoral de TV do partido em 15 de novembro. "Estamos perdendo tempo. O pior é ficar sem uma alternativa enquanto outras vão se materializando", diz Dante de Oliveira, numa referência ao crescimento nas pesquisas da candidatura de Roseana Sarney (PFL). Essa proposta foi levada a FHC, que ficou de meditar, mas é sabidamente contrário a ela. Os dois principais pré-candidatos, Serra e Tasso, também. A definição do nome tucano converge para dezembro ou janeiro. E deve ser decisão de cúpula. Sem prévia. Paralelamente, serão feitas consultas às cúpulas dos demais partidos que integram a aliança governista. Mas, nos últimos dias, as relações entre as siglas que compõem a aliança voltaram a se deteriorar devido à "canibalização" verificada na reta final do troca-troca partidário. O incidente mais grave ocorreu com a tentativa de o PSDB filiar o prefeito de Curitiba (PR), Cássio Taniguchi, e o senador baiano Paulo Souto, ambos do PFL. Souto é ligado ao ex-senador Antonio Carlos Magalhães, que reagiu no seu estilo conhecido. Taniguchi, um dos principais nome da ala pefelista ligada a Jorge Bornhausen (SC) e ao vice-presidente da República, Marco Maciel. A extensão do descontentamento pefelista foi levada a FHC por Marco Maciel, que já enfrentou perdas de partidários para o PSDB em Pernambuco. Os tucanos preferiram ficar de bem com o aliado e recuaram. A expectativa de Itamar Franco permanecer no PMDB também acendeu as luzes de advertências do Palácio do Planalto. Se o governador mineiro efetivamente ficar na legenda, FHC deve usar a caneta (nomeações) e os cofres para a ala que dirige atualmente a legenda a fim de evitar uma vitória de Itamar na prévia prevista para janeiro próximo. Mesmo após a "canibalização", o presidente do PSDB, José Aníbal, acha possível formar alianças com PMDB e PFL na maioria dos Estados. Pelas contas de Aníbal, o PSDB tem candidatos com reais chances de chegar ao governo em 12 Estados. Em dois, a candidatura viável só foi possível com filiações recentes. Na Paraíba, o candidato deve ser Cássio Cunha Lima, ex-PTB. E no Piauí, o partido deve apostar no senador Freitas Neto, que veio do PFL. Nos demais 14 Estados e no Distrito Federal, os tucanos devem apoiar candidatos do PFL ou do PMDB. Acordo é nova polêmica de Itamar Um dia depois de ameaçar sair do PMDB e "resolver" ficar devido a um suposto acordo com a cúpula do partido, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, já está envolvido em outra polêmica. O acordo anunciado anteontem pelos mineiros como moeda de troca para a permanência do oposicionista Itamar no partido não foi confirmado pela Executiva Nacional do PMDB, dominada pela ala governista. O deputado federal Michel Temer (SP), presidente nacional da legenda, não fecha as portas para um entendimento, mas afirmou ontem que não está garantido que um aliado de Itamar vá ocupar a vaga de primeiro vice-presidente nacional do PMDB, aberta após a saída do partido do senador mineiro José Alencar. "O Itamar decidiu ficar no partido por conta dele. Não há acordo nenhum. Esse assunto poderá vir a ser tratado no futuro", disse Temer. Escudeiro A informação de que o escudeiro de Itamar que preside a estatal mineira de saneamento, Marcello Siqueira, será o nome itamarista a ocupar o cargo na Executiva foi dada anteontem pelo presidente do PMDB-MG, deputado federal Saraiva Felipe, que voltou a afirmar ontem que houve um "acordo". "Aconteceu um acordo com a direção do partido: a vaga será de Minas Gerais. Por consenso [no PMDB-MG", o nome escolhido é do Marcello Siqueira. Foi oferecida a vaga à deputada Maria Lúcia Cardoso [mulher do vice-governador Newton Cardoso", mas ela não quis", disse. A deputada federal Maria Elvira (PMDB-MG), que levou anteontem a reivindicação dos itamaristas a Temer, também negou que esteja decidido que Siqueira vá assumir a vaga na Executiva. "O único fato que sei é que existe o desejo de contemplar Minas Gerais com essa vaga", afirmou a deputada, que defende a retomada das conversas com o grupo governista que comanda a sigla. Anteontem, o senador Renan Calheiros (AL), líder no Senado, disse que o nome do novo vice não estava definido, mas confirmou que a vaga seria de Minas. Se for mantida essa posição, são poucas as chances de o cargo não ficar com o grupo de Itamar, que domina o PMDB no Estado. Saraiva disse que a permanência de Itamar no PMDB foi também uma forma de "atender os apelos" de alguns peemedebistas, citando o próprio Temer e os senadores Calheiros e Ramez Tebet. Temer disse que o único fato político dos últimos dias foi a garantia dada pela Executiva Nacional de que o partido realizará a previa em 20 de janeiro para indicar o candidato da sigla à Presidência da República. Cresce a chance de o PDT lançar nome próprio Praticamente rompido com o PPS e com a decisão do governador Itamar Franco de permanecer no PMDB e participar de prévias, cresce a possibilidade de o PDT lançar candidato próprio ao Planalto, sem alianças. ""Não precisamos nos apoiar nos candidatos dos outros", disse anteontem o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola. A Agência Folha apurou que existe uma possibilidade de o PDT lançar o ex-governador do Rio Grande do Sul Alceu Collares como candidato. Por ser negro, acredita-se que Collares representaria uma inovação na política. Em relação ao PPS, Brizola praticamente enterrou qualquer possibilidade de acordo. ""Eles que sigam seu destino, que nós seguiremos o nosso. Acho muito difícil recolocarmos nos trilhos esses entendimentos", declarou. Anteontem, foi a vez de o senador José Fogaça (RS) trocar o PMDB pelo PPS. Brizola disse ainda que uma aliança com o PT só seria possível em um eventual segundo turno. Garotinho diz que vai cumprir decisão judicial Após dizer que ontem era "o dia mais triste" de sua vida pública, o governador Anthony Garotinho afirmou que irá cumprir as decisões judiciais que vinha desrespeitando até então e que aumentam em 15% a folha de pagamento do Estado. "Me sinto com vergonha de ser brasileiro", disse, ao se ver obrigado a assinar o compromisso de cumprir as decisões. "Vai ser muito duro não dar um cheque-cidadão de R$ 100 para uma família pobre, para pagar um salário de R$ 35 mil para uma pessoa." Garotinho é acusado pelo Judiciário de não cumprir, desde o ano passado, 117 processos com liminares deferidas. Em decorrência disso, 11 pedidos de intervenção federal foram aprovados pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Segundo o governador, os processos somam um total de R$ 77 milhões por mês a mais na folha de pagamento, que é de R$ 500 milhões. "Quero que a população fique ciente dos problemas que poderão advir dessas decisões. Eu acho que as leis existem para serem cumpridas. Mas é bom lembrar que a escravidão também já foi lei", disse o governador. Ele afirmou que já cumpriu centenas de decisões judiciais e que só tem se recusado a cumprir três: o pagamento da gratificação faroeste (criada pelo ex-governador Marcello Alencar para premiar policiais que se saíam bem em confrontos com bandidos); o pagamento de salários de servidores acima do teto de R$ 9.600; e a reintegração de policiais afastados por terem cometidos irregularidades. "O cumprimento dessas decisões vai colocar por terra o saneamento financeiro que nós implementamos no Estado." Jader entrega carta de renúncia a Tebet Jader Barbalho (PMDB-PA), 56, enviou ontem à noite ao presidente do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), carta renunciando ao mandato de senador, pondo fim a um suspense que durou uma semana. A carta foi entregue a Tebet por volta das 19h50, em sua casa, por uma assessora de Jader, após o Senado passar o dia em ritmo de espera. Jader não apareceu ontem na Casa. A comunicação será lida pela Mesa Diretora na sessão de hoje, tornando oficial a renúncia. Tebet não revelou o conteúdo da carta porque quer que os senadores sejam os primeiros a tomar conhecimento. Com a renúncia, a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra Jader que estava sendo analisada pela Mesa Diretora será arquivada. Além disso, o senador, que em setembro renunciou à presidência do Senado, perde a imunidade parlamentar, mas mantém seus direitos políticos, podendo se candidatar nas eleições de 2002. A vaga de Jader deve ser ocupada por seu segundo suplente e amigo, Fernando Ribeiro. Ribeiro também é citado nas investigações de desvio de recursos do Banpará (Banco do Estado do Pará), uma das acusações que pesam contra Jader. O primeiro suplente de Jader é seu pai, Laércio Barbalho, que já disse que não vai assumir. Suspense Até a entrega da carta, o Senado viveu ontem novo dia de suspense. Pela manhã, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), anunciou que o ""desfecho" ocorreria ainda ontem. ""Não dá mais para postergar", disse. O dia foi marcado por rumores sobre a aguardada carta e sobre o paradeiro de Jader. A espera chegou a ter um momento inusitado. Durante a sessão do Senado, Renan pediu para usar a palavra com o objetivo de fazer um comunicado de interesse partidário. Nesse momento, as pessoas que estavam no plenário pararam, achando que ele falaria sobre a renúncia de Jader. Mas ele começou a falar sobre a produção de leite em Alagoas, provocando risos. Por volta das 18h, houve um boato de que um ofício de apenas duas linhas com a renúncia de Jader teria acabado de chegar à presidência do Senado. Minutos depois, a informação foi negada por Tebet, que deixou o gabinete demonstrando impaciência. ""Na hora em que [a carta" aparecer, eu aviso vocês. Eu vou guardar uma coisa dessas? Só se eu fosse louco! Essa expectativa é ruim para todo mundo. Não está beneficiando ninguém. Se vai mandar, que mande logo", afirmou Tebet. Espera A renúncia de Jader era esperada desde quinta-feira da semana passada, quando o Conselho de Ética aprovou o relatório de Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson Péres (PDT-AM) recomendando que ele fosse submetido a processo de cassação. ""Para o PMDB, este é um assunto encerrado desde a votação no Conselho de Ética. Defendíamos que ele renunciasse naquele dia", disse o líder do PMDB. Entre as informações do dia, uma das mais surpreendentes partiu do presidente do conselho, Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS). Ele disse ter informações de que Jader teria decidido enfrentar o processo. ""Se ele tem tanta certeza de sua inocência, é até bom que enfrente", afirmou Fonseca. A Renan, Jader disse que adiaria a renúncia um pouco mais, principalmente para atuar como senador até o final da semana, atraindo filiações de políticos do Estado ao PMDB e evitando defecções. Disse que queria aguardar o resultado da perícia determinada pela Justiça do Pará nos documentos relativos aos desvios de recursos do Banpará, dos quais é acusado de se beneficiar. ACM Abrindo mão do mandato, Jader tem o mesmo fim do seu maior adversário no Senado, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que renunciou em 30 de maio deste ano também para escapar de um processo por quebra de decoro. Juntamente com o ex-senador José Roberto Arruda (PFL-DF), o primeiro a renunciar, ACM foi responsável pela violação do painel eletrônico do Senado, que quebrou o sigilo da sessão que resultou na cassação do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Artigos Bush e FHC CLÓVIS ROSSI NOVA YORK - Um amigo meu que acaba de ser designado para importante posto em "The New York Times" dá a seguinte explicação para a espantosa tolerância da mídia norte-americana com o presidente George Walker Bush: como pouco se esperava dele, o fato de não ter feito depois dos atentados (e até agora) nenhuma grande bobagem já aparece como uma conquista formidável. Não pude evitar lembrar a situação inversa de Fernando Henrique Cardoso. Como se esperava muito dele, sua gestão acabou por ser frustrante. Lembra-se de que o notável antropólogo Darcy Ribeiro, já morto, dizia que era "um luxo" para o Brasil poder escolher entre FHC e Lula? O presidente brasileiro desbotou. Bush revelou, no mínimo, sensibilidade. Exemplo: anteontem, ao falar do kit de ressuscitação da economia norte-americana (no total, vai chegar a US$ 130 bilhões), Bush disse que, "se uma só pessoa for deixada de lado, será muita gente". Sim, eu sei que é retórica e que, como sempre, muita gente será deixada de lado. Mas, na boca de um empedernido republicano, soa como heresia -e heresias são necessárias, em especial nas horas amargas. Já FHC, que não é republicano nem conservador, rendeu-se. Deixou mais de um de fora, como se sabe muito bem e, em entrevista de tempos atrás a Vinicius Torres Freire, desta Folha, conformou-se com que vivessem do "sopão". Antes de continuar, recados aos patrulheiros de um lado e de outro: não estou virando "bushista". Remeto os interessados ao que já escrevi sobre ele desde a posse. Mantenho tudo. Para o outro lado: não estou dizendo que o governo brasileiro tenha US$ 130 bi para gastar e que deva fazê-lo. Só estou tentando repetir que governar é também (ou acima de tudo) oferecer esperanças. É o que Bush está tentando fazer com os seus (os outros que se lixem, como é de hábito). Já FHC dá a nítida sensação de que apenas espera que os fatos lhe passem por cima. Colunistas PAINEL Eleição na praia Itamar Franco vai negociar com Michel Temer o adiamento para março das prévias que definirão o candidato do PMDB à Presidência. O governador alega que em janeiro, o prazo original, todos os políticos com mandato estarão em férias, o que poderá prejudicar seu desempenho. Curral eleitoral Na avaliação do governador de Minas Gerais, se as prévias forem mesmo em janeiro, apenas os filiados arregimentados pelos governistas irão votar. Problema necessário Itamar tem feito exigências constantes ao PMDB porque sabe que a cúpula governista do partido precisa dele. Sem um presidenciável de peso, a sigla perde força na mesa de negociação dos aliados para a eleição 2002, ficando em desvantagem em relação ao PSDB e ao PFL. Perigo no ar Fernando Collor confirmou ontem que fica no PRTB e que transferiu seu domicílio eleitoral de São Paulo para Maceió. Diz que vai tentar o Senado, enfrentando Renan Calheiros (PMDB) e Teotonio Vilela (PSDB). Em cima do muro O governador Almir Gabriel (PSDB-PA) convidou três pré-candidatos tucanos à Presidência -José Serra, Paulo Renato e Tasso Jereissati- para a festa do Círio de Nazaré, na semana que vem. Almir, ligado ao ex-governador Covas, ainda não disse qual é seu nome preferido. Ingresso ameaçado Membros da direção nacional do PT querem impedir a filiação de Delcídio Gomes, ex-diretor da Petrobras, que será secretário de Zeca do PT (MS). Alegam que ele sempre foi ligado ao governo FHC e que quer entrar no PT apenas por conveniência. Nova fé O deputado Flávio Arns (PR), sobrinho de d. Paulo Evaristo Arns, trocou o PSDB pelo PT. Relações cortadas A cúpula do PSDB vai recomendar no encontro de hoje em Goiânia que nenhum diretório estadual do partido faça alianças com o PT em 2002. O partido considera que Lula será o principal rival do candidato de FHC nas eleições presidenciais. Mudança de rumo Se a idéia vingar na reunião de Goiânia, o maior prejudicado será o governador Jorge Viana (PT-AC), que tentará a reeleição. Na eleição de 98, a aliança com o tucanato, que indicou o vice, Edson Cadaxo, foi fundamental para a vitória do petista. Cobrança extra-judicial Do presidente interino do STJ, Nilson Naves, sobre Paulo Renato (Educação) ter retido no banco por alguns dias salários dos servidores grevistas: "Nos países democráticos decisão judicial não se discute, cumpre-se. Faltou respeito para com o segundo maior tribunal do país". Bússola eleitoral O TSE deve antecipar para janeiro o prazo para que todas as pesquisas de intenção de voto sejam registradas no tribunal antes da divulgação. O atual prazo é de seis meses antes da eleição, mas os partidos querem a antecipação para ter maior controle sobre os dados. Imagem colada Vivaldo Barbosa (PDT) ironizou a carta enviada por Ciro a Brizola, na qual queixa-se de ter ficado em segundo plano nas articulações do PDT: "A carta revela que Ciro é exatamente como seus críticos dizem. Alguém cuja personalidade lembra a de um conhecido ex-presidente". TIROTEIO Do ex-governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola (PDT), sobre o governo de Fernando Henrique Cardoso: - FHC deslumbrou-se com os salões do capitalismo. Seu governo é pior do que foi o de José Sarney [1985-1990]. CONTRAPONTO Curso intensivo O secretário da Saúde de Recife, Humberto Costa, reuniu-se segunda-feira com vereadores que apóiam o prefeito João Paulo (PT). Na eleição, muitos estavam com Roberto Magalhães (ex-PFL). Contudo passaram a votar com o PT na Câmara. Na reunião, foram cobrar do secretário cargos em troca do apoio. O secretário passou uma lista com vários servidores que já haviam sido indicados pelos vereadores, como agentes de saúde, vigias e merendeiras. O vereador Francismar Pontes (sem partido) percebeu que havia oito vagas para biólogos e pediu para indicar os nomes. O secretário argumentou que eram cargos técnicos e que o vereador não teria ninguém capacitado para as vagas. Irritado, Pontes respondeu: - Mas isso não é problema, secretário. Se o senhor precisar até de um astronauta treinado, a gente arruma agora mesmo! Editorial PUTIN NA OTAN Um elemento parece consolidado na ofensiva norte-americana na Ásia Central. Forma-se uma grande e há uma década inusitada aliança militar no cerco ao Afeganistão. É evidentemente cedo para afirmações taxativas, mas desse fato pode surgir o esboço de um novo desenho geopolítico para o planeta. E o acontecimento com o maior potencial para alterar o modo como o poder está dividido entre as nações é o esforço do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para mostrar-se um aliado de primeira hora dos EUA. O líder russo já havia liberado espaço aéreo para ações de ajuda humanitária dos EUA. Não se opusera a que os EUA usassem, para fins militares, bases de ex-repúblicas soviéticas na Ásia Central. Também se dispusera a dividir com os serviços de inteligência de Washington informações sobre atividades terroristas. O mais recente movimento do presidente russo foi mais ousado. Mostrou-se disposto a rever o veto à expansão da Otan para países que compunham a URSS. E o que aumentou o impacto da declaração foi ela ter sido feita na ocasião da primeira visita de um governante da Rússia à sede da aliança militar ocidental, em Bruxelas. Uma confluência de interesses de Moscou ajuda a explicar essa tentativa de aproximação com o Ocidente. Os russos buscam legitimidade internacional para a sua atuação contra os separatistas islâmicos na Tchetchênia; tornaram-se dependentes crônicos de ajuda financeira externa; desejam adquirir mais influência política na Europa. Tendo o jogo das nações voltado a exigir grandes lances de geopolítica, a Rússia se aproveita de sua posição estratégica para tentar voltar ao proscênio. Do resultado dessa aproximação russa, que ainda vai levar tempo para ser conhecido, vão depender ações cruciais para a nova estabilidade geopolítica do planeta, como o encaminhamento do Tratado Antimísseis Balísticos -acordo para a redução de arsenal bélico-, que Bush, antes dos acontecimentos de 11 de setembro, ao que parece, pretendia rasgar. Topo da página

10/05/2001


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