Suecos e franceses disputam preferência para seus aviões de combate
A concorrência pelo contrato bilionário que garantirá a venda de 36 caças às Forças Armadas Brasileiras chegou ao Senado. Nesta quinta-feira (1º) representantes da Suécia e da França compareceram a uma audiência pública com os integrantes da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) e da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) para defender suas propostas.
Como parte da decisão de acompanhar de perto o projeto do governo de reaparelhamento das Forças Armadas, a CRE foi palco de uma típica disputa comercial, da qual depende em boa medida a capacidade do país de se defender num novo cenário geopolítico regional. A compra dos caças também é vista como um elemento chave na proteção das plataformas de exploração de petróleo no pré-sal.
Autoridades militares e diplomatas suecos e franceses se esforçaram em descrever as vantagens de técnicas de seus aviões de combate e em reafirmar a intenção de cooperarem tecnicamente com o Brasil, mas procuraram evitar aspectos políticos delicados, como o futuro uso dos caças pelo Brasil.
Também estiveram presentes às reuniões os representantes das empresas fabricantes, o que marcou ainda mais o tom de disputa. O vice-presidente da empresa francesa Dassault, Eric Trapier, por exemplo, chegou a dizer sobre o projeto sueco que "o avião oferecido ao Brasil existe somente no papel".
Ele se referiu ao caça Grippen NG, da empresa sueca Saab, concorrente do francês Rafale, avião que tem até o momento maior simpatia da parte do governo brasileiro.
O Grippen foi objeto de explicações, ainda na parte da manhã, pelo secretário de Estado de Defesa da Suécia, Hákan Jevrel, que ofereceu ao Brasil a "oportunidade de desenvolvimento conjunto de aviões de combate do futuro". Ake Svensson, presidente mundial da Saab, propôs uma "parceria entre iguais" com o Brasil.
À tarde foi a vez de os franceses serem ouvidos pelos senadores. Além de Trapier, falaram o almirante Edouard Guillaud, chefe do estado maior particular do presidente da França, Nicolas Sarkozy, acompanhados do embaixador Antoine Pouillieute.
- Um acordo de transferência de tecnologia se faz com confiança - afirmou o almirante Guillaud, acrescentando que o maior problema técnico a ser enfrentado caso o avião venha a ser fabricado no Brasil seriam as turbinas e equipamentos eletrônicos, já que a indústria brasileira não elabora peças com o nível de sofisticação exigido.
Outro concorrente, mas que ainda não se manifestou é o F18 Super Hornet, da norte-americana Boeing, utilizado pelas Forças Armadas da Austrália e dos Estados Unidos.
A audiência foi presidida pelo senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da CRE.
Da redação, com informações de Marcos Magalhães e José Paulo Tupynambá / Agência Senado
01/10/2009
Agência Senado
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