SUPLICY COBRA MEDIDAS CONTRA O DESEMPREGO



Um ano depois da mudança na política cambial - com a desvalorização do real - o governo ainda deve ao País "ataque suficiente" ao desemprego, na opinião do senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Em discurso pronunciado nesta quinta-feira (dia 27), Suplicy apresentou dados sobre a evolução do desemprego em 1999, observando que o acréscimo de 45 mil novos postos de trabalho na região metropolitana de São Paulo foi insuficiente para absorver as 175 mil pessoas que ingressaram no mercado de trabalho, segundo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), desenvolvida pela Fundação Seade em parceria com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese).Para o senador, o que ocorre em São Paulo aproxima-se bastante da realidade do resto do País. Em dezembro, mês que normalmente é o de maior atividade econômica, o total de desempregados na região pesquisada atingiu 1,7 milhão. A taxa anual de desemprego manteve a trajetória de crescimento desde 1994, passando de 18,2% em 1998, para 19,3% em 1999.Segundo os dados do Dieese, a taxa de desemprego ampliou-se em todas as parcelas da população. No caso das mulheres, o desemprego chegou a 21,7%, no seu quarto ano consecutivo de aumento. Entre os homens, a taxa chegou a 17,3%. Quanto à faixa etária, o desemprego cresceu mais na faixa dos 18 anos ou mais.Suplicy mencionou o ceticismo do ministro da Fazenda, Pedro Malan, com relação aos dados colhidos pelo Dieese. Para Malan, a pesquisa adequada à situação do Brasil é a do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contudo, alerta Suplicy, mesmo os dados do IBGE mostram a gravidade do quadro. A taxa de desemprego médio para seis regiões metropolitanas foi de 7,6% em 1999, segundo o instituto.Outro aspecto grave, conforme Suplicy, é o que se refere ao aumento do emprego informal. Em 1995, 48,4% dos trabalhadores empregados possuíam carteira assinada. Em 1999, esse número havia caído para 44,5%.- Diante da gravidade desse quadro, nós da oposição estamos dizendo da premência de o presidente Fernando Henrique Cardoso e sua equipe ouvirem com maior humildade nossas propostas para compatibilizar a estabilidade de preços com o crescimento mais acelerado da economia e o aumento das oportunidades de emprego - disse Suplicy.Em aparte, o senador Roberto Saturnino (PSB-RJ) referiu-se a outra face do desemprego - a substituição de trabalhadores brasileiros por estrangeiros nas empresas estatais privatizadas ou nas empresas privadas vendidas ao capital internacional. A transferência ao Brasil de diretores e empregados de nível médio já chega à casa das dezenas de milhares, de acordo com Saturnino, que é favorável a algum tipo de restrição a esse fluxo.Em resposta, Suplicy considerou grave esse problema e acredita que uma boa solução seria o estabelecimento de tratado entre o Brasil e os demais países, a fim de que os trabalhadores estrangeiros ingressassem no Brasil mediante tratamento igual concedido aos brasileiros no exterior. Também em aparte, o senador Cacildo Maldaner (PMDB-SC) chamou a atenção para o "lado sentimental" que normalmente está por trás das estatísticas: o pai de família que passa o dia inteiro procurando emprego e retorna sem resultados ao lar.

27/01/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


EMÍLIA FERNANDES COBRA MEDIDAS OBJETIVAS CONTRA O DESEMPREGO

MELO ELOGIA MEDIDAS DE FHC CONTRA DESEMPREGO

BENEDITA DEFENDE MEDIDAS URGENTES CONTRA O DESEMPREGO

SUPLICY COBRA MEDIDAS QUE CORRIJAM DEFASAGEM DO CÂMBIO

CARLOS BEZERRA PREGA ADOÇÃO DE MEDIDAS CONTRA O DESEMPREGO

DUTRA QUER CONVOCAR MINISTRO DO TRABALHO PARA EXPLICAR MEDIDAS CONTRA DESEMPREGO