SUPLICY COBRA MEDIDAS QUE CORRIJAM DEFASAGEM DO CÂMBIO



Colocar entraves às despesas com turismo no exterior, cartões de crédito internacionais e compras em free shops, taxar as remessas de dólares, regulamentar o Imposto Sobre Grandes Fortunas e restabelecer a alíquota de 35% para ganhos mais elevados foram apontadas pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) - autor do requerimento que resultou no convite ao ministro da Fazenda - como medidas compensatórias para o corte de gastos na área social. Na opinião do senador, essas medidas poderiam ser adotadas para corrigir o que chamou de "problema fundamental que levou o governo a aumentar tanto as taxas de juros".- Medidas que pudessem representar o aumento significativo das receitas de exportação e que diminuíssem as despesas com divisas. Se o governo alega que, nesse momento de turbulência internacional, não pode com segurança fazer o ajuste mais acentuado da taxa de câmbio, poderia, por exemplo, coordenar um aumento de tarifas no âmbito do Mercosul, até porque as economias dos países que o compõem também apresentam problemas semelhantes - sugeriu Suplicy, que iniciou as interpelações ao ministro.Pedro Malan disse ser contrário a uma maior desvalorização do real em relação ao dólar, e que a taxação sobre compras e viagens ao exterior não representa a solução para os problemas estruturais do país. "Não defendemos a elevação da taxa de câmbio, porque a desvalorização da moeda teria o efeito de reduzir o poder de compra dos salários", afirmou o ministro. Malan reconheceu que a alta taxa de juros tem efeitos negativos, mas que não haverá mudanças abruptas na estratégia econômica e, uma vez encaminhada a solução dos problemas estruturais, com a ajuda do Congresso Nacional, poderá haver uma significativa redução da taxa de juros ao longo do tempo.Suplicy observou que talvez fosse imprudente uma grande desvalorização, mas argumentou que é preciso avaliar o momento certo e a precisão de um reajuste cambial. O senador acredita que um reajuste cambial não provocaria uma aumento da inflação e disse que alguns países têm feito ajustes cambiais sem aumento da inflação, fazendo com que suas economias cheguem próximo ao pleno emprego.O ministro da Fazenda afirmou que o reajuste cambial já vem sendo feito de maneira discreta. "Em 1998, o real já foi desvalorizado em 7,5% e tivemos, neste mesmo ano, uma inflação de 1,5%, ou seja, tivemos uma desvalorização de 6% em termos reais", explicou. Malan voltou a insistir que a desvalorização da moeda é uma forma de reduzir também o salário do trabalhador e deu exemplos de países, como o México, Rússia e Indonésia que tentaram fazer maxidesvalorizações controladas de suas moedas e não conseguiram. "Exemplos não são animadores", disse o ministro.

29/10/1998

Agência Senado


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