SUPLICY CONTA DIÁLOGO DE MARTA COM FILHAS DE MALUF



Logo depois de pedir esclarecimentos do chefe da Casa Militar sobre documentos que incriminariam o presidente da República com a existência de uma empresa nas Ilhas Cayman, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) contou que sua esposa, a deputada Marta Suplicy (PT-SP), foi procurada, no dia 4 de outubro passado, por Lígia e Lina (filhas do ex-governador Paulo Maluf) e por Jaqueline (nora de Maluf), as quais lhe pediram que levasse essa denúncia a público.Suplicy disse que Marta não conhecia essas senhoras e que pediu detalhes do que elas lhe contavam. Alegando estarem movidas por sentimentos de defesa da "mulher brasileira", essas senhoras teriam dito que não dispunham dos dados que incriminariam Fernando Henrique Cardoso, José Serra (ministro da Saúde), Mário Covas (governador de São Paulo) e Sérgio Motta (ex-ministro), mas que esses documentos já estariam nas mãos de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República.Conforme Suplicy, só então Marta ficou sabendo que Paulo Maluf já procurara Lula, pedindo-lhe que fizesse a denúncia. Depois de uma conversa telefônica com o advogado Márcio Thomás Bastos, o casal Suplicy ficou sabendo que os supostos documentos eram cópias xerox que atestariam a existência nas Ilhas Cayman de uma conta bancária com um saldo de US$ 368 milhões, pertencente a membros do governo. "Como fazer uma denúncia daquela ordem sem maior conhecimento?", questionou Eduardo Suplicy.Alguns dias depois, o senador disse que Lígia Maluf voltou a ligar para Marta, indagando se o PT tinha resolvido fazer algo. "Eu nem li o documento e nem sei do que se trata", teria respondido a deputada, argumentando que, se tudo era verdade, por que o próprio Paulo Maluf (candidato na disputa para o governo de São Paulo) não fazia a denúncia? Do outro lado da linha, a filha de Maluf teria dito que seu pai não sabia de nada."Tudo soa muito estranho", comentou Eduardo Suplicy, lembrando que na mesma época as ruas de São Paulo exibiam cartazes de Maluf ao lado de Fernando Henrique Cardoso. "E depois, como ele seria confiável para ser ministro, depois de todo o esforço para fazer a denúncia?", questionou ainda o parlamentar, conjeturando que o povo brasileiro deve estar agora cheio de perguntas. Outra indagação de Suplicy é sobre "como fica a base de sustentação do governo diante desses fatos".

10/11/1998

Agência Senado


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