SUPLICY DESEJA QUE MENDONÇA DE BARROS VENHA ESCLARECER O QUE DISSE
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu nesta segunda-feira (dia 23) que a Mesa do Senado indague do ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros se ele deseja retificar as informações dadas no plenário da Casa sobre o que seria a "bomba atômica" que poderia ser acionada durante a formação dos consórcios que disputaram as empresas do Sistema Telebrás. "Evidentemente, ele não falou a verdade", afirmou o parlamentar, lembrando que, pela Constituição, incorre em crime de responsabilidade prestar informação falsa. Na presidência da sessão, o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) informou que o assunto não se enquadra no que determina o artigo 50 e parágrafos 1º e 2º da Constituição. Ele apoiou "irrestrita e enfaticamente" o entendimento de Eduardo Suplicy de que é inaceitável que algum cidadão preste informações não verdadeiras ao Senado. Mas sustentou que a conclusão de que Mendonça de Barros não foi veraz é uma constatação pessoal de Suplicy, a qual ele não comentaria. Melo prometeu dar o encaminhamento necessário a requerimento que o senador vai apresentar sobre o assunto.Suplicy explicou que, quando inquiriu Mendonça de Barros, na semana passada, estava demandando informações, exatamente como prevê o artigo 50 da Constituição. Daí por que seria inconcebível que o então ministro faltasse com a verdade. Segundo o senador, no entanto, apesar de Mendonça de Barros ter dito em plenário que a expressão "bomba atômica" referia-se à informação privilegiada de que o consórcio Telemar não estava conseguindo recursos para o lance mínimo no leilão da Telebrás, ele teria dado essa informação exatamente diante de Pérsio Arida, o sócio do Opportunity, um disputante eticamente impedido de ouvi-la.Suplicy leu trecho do jornal O Globo, segundo o qual, Pérsio Arida estava na sala quando Mendonça de Barros deu essa informação ao presidente da Previ, Jair Bilachi. Daí por que concluiu: "Portanto, se Pérsio Arida até então não sabia, ficou sabendo." O parlamentar também informou que, para a Folha de S. Paulo, o ex-ministro disse que "bomba atômica" significava uma intervenção mais forte no Fundo Previ. Mal terminou de fazer esse relato, o senador indagou da Mesa: "Qual o procedimento que o Senado vai tomar diante da evidência de que o ministro não falou a verdade? Isso é crime de responsabilidade." Suplicy acha que, mesmo afastado do governo, Mendonça de Barros deve ter a oportunidade de esclarecer esses fatos. O senador reconheceu que qualquer ser humano pode se equivocar ao prestar informações, devendo ser-lhe concedido o direito de esclarecê-las. Também afirmou que, da decisão presidencial de afastar os auxiliares envolvidos com a privatização da Telebrás, extrai-se que houve "reconhecimento de impropriedade de procedimento".
23/11/1998
Agência Senado
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