Suplicy espera evolução do Bolsa-Família para Renda Básica de Cidadania




O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) manifestou nesta quarta-feira (6) sua expectativa de que o programa Bolsa-Família, um dos responsáveis pela boa avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, evolua na direção da Renda Básica de Cidadania. Em pronunciamento no Plenário, ele informou que a Assembleia Nacional do Irã aprovou um programa semelhante ao de renda básica, implantado em seis províncias desde 21 de setembro e com previsão de se estender por todo o país a partir de 23 de outubro.

- O Irã passou à nossa frente - afirmou o parlamentar, explicando que, inicialmente, serão pagos US$ 15 ao mês para cada um dos 70 milhões de iranianos.

Suplicy disse que, apesar de aprovada desde 2004, para implantação gradual, a Renda Básica de Cidadania ainda não foi adotada pelo governo brasileiro. Um projeto de sua autoria, aprovado pelas duas Casas do Legislativo, transformou-se na Lei 10.835/04, instituindo o programa.

Direito à vida

O senador leu o texto Menino Pequeno, de autoria da escritora Rachel de Queiroz, falecida em 2003, com uma veemente defesa do direito à vida que, na avaliação de Suplicy, se confunde com a própria defesa da Renda Básica de Cidadania. Disse a escritora cearense:

"Sim, sei que a gente nasce para morrer. Mas não tão cedo. Não tão depressa que não dê nem para sentir o gosto da vida. Quem se dá ao trabalho de vir ao mundo deveria ter pelo menos um direito garantido - o de sobreviver. Para que, afinal, a gente se organiza em sociedade, para que obedece às leis, para que aceita essa porção de contratos com a civilização - casamento, serviço militar, impostos, moral, semana inglesa, Ministério do Trabalho, eleição, Justiça, polícia - se em troca nem ao menos se garante a chance de viver a um menino que nasce debaixo dessas leis?"

Suplicy disse esperar que o programa ocupe o centro das preocupação da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, e dos responsáveis por seu programa de governo, como Antonio Palocci, José Eduardo Cardozo e Ciro Gomes.

Renúncia ao voto

O senador ainda pediu aos políticos que façam uma reflexão sobre os sentimentos dos 35 milhões de brasileiros que se abstiveram de votar ou que, comparecendo às urnas, votaram em branco ou nulo. Ele leu um texto do escritor Férrez, de Capão Redondo, bairro da periferia de São Paulo, com um desabafo contra os políticos, suas promessas e suas práticas.

Suplicy leu também um texto de Alfredo Sirkis, autor de Os Carbonários, presidente do Partido Verde (PV) no Rio de Janeiro e recém-eleito deputado federal, com uma análise sobre o papel da candidata do PV, Marina Silva, nestas eleições. Segundo Sirkis, a candidata verde tornou-se instrumento para elevação de um debate que tende a virar briga de torcida organizada, na busca da vitória a qualquer preço.

O senador sugeriu a Marina - a quem cumprimentou pelos quase 20 milhões de votos no primeiro turno das eleições - que, levando em conta a reflexão de Alfredo Sirkis, coloque com maior clareza os pontos de seu programa de governo, "aquilo que ela considera o mais importante para o Brasil e, daí, transmita a todos aqueles que nela votaram".

06/10/2010

Agência Senado


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