SUPLICY REGISTRA ACORDO DA VOLKS COM SINDICATOS DO ABC E DE TAUBATÉ
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) registrou hoje (dia 23) a importância do acordo coletivo de trabalho firmado entre a Volkswagen e os Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e de Taubaté na semana passada, cuja íntegra deverá constar dos anais da Casa, a pedido do senador.
A seu ver, esse acordo é regido por princípios diferentes dos que fundamentaram o que feito pela Força Sindical entre o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e o Sindipeças, que implicou em redução de 10% nos salários e de 20% na jornada de trabalho.
Pelo acordo, nos casos de trabalho adicional, a Volks poderá convocar apenas os empregados necessários, o pagamento da primeira parcela do décimo-terceiro foi transferido de fevereiro para junho e a possibilidade de venda de um terço das férias deixou de vigorar, disse. Além destas, duas outras cláusulas foram fundamentais para assegurar o futuro dos trabalhadores: 12 meses de garantia no emprego e, especialmente, "a decisão de se produzir em São Bernardo e Taubaté, a partir do ano 2000, a nova família de automóveis da Volkswagen, o denominado projeto PQ24", acrescentou.
- Estima-se que as perdas salariais dos trabalhadores devem ser da ordem de 1,2% e virão da diminuição do adicional noturno, que passa de 30 para 25%, e da redução dos valores a serem pagos a título de auxílio-alimentação e transporte - frisou.
Outro resultado do acordo foi a criação do Banco de Dias, além do Banco de Horas, que já existia, salientou o senador. Havendo retração de mercado e necessidade de reduzir o volume da produção, os empregados trabalharão 4 dias por semana nas três primeiras semanas do mês e 3 dias na última semana do mês, sem prejuízo salarial.
Segundo Suplicy, os metalúrgicos do ABC e Taubaté basearam-se na experiência dos sindicalistas alemães, que vieram ao Brasil para relatá-la. Lá, a empresa ameaçava demitir 30 mil dos 105 mil empregados caso não houvesse acordo, que resultou numa redução de 13% do salário e de 20% da jornada de trabalho. Apesar do entendimento, observou o senador, houve umaperda de 10 mil postos de trabalho, o que "reforçou a convicção dos trabalhadores brasileiros de que não deveriam ceder facilmente à intenção da empresa".
A lição que pode ser tirada do acordo, na opinião do senador, é a de que "a revisão das normas que regulam as relações de trabalho só será saudável se ocorrer com a participação dos trabalhadores e dos seus sindicatos".
GABEIRA
Suplicy também registrou a importância do diálogo entre o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, e o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Melvin Levitsky. Este assegurou que lei daquele país impede a concessão de visto de entrada a participantes de atos terroristas, daí a impossibilidade de o deputado Fernando Gabeira obtê-lo.
Conforme o senador, "é preciso considerar que o governo americano permite, sim, o ingresso de pessoas que participaram de lutas armadas". Ele citou, entre outros casos, a recepção de Bill Clinton ao líder da OLP, Yasser Arafat.
Suplicy considerou, em defesa de Gabeira, que "houve momentos da história do Brasil em que pessoas avaliaram que deveriam derrubar o presidente constitucionalmente eleito, como no governo João Goulart, quando navios americanos deslocaram-se para a costa brasileira, prontos para uma ação armada". No caso do deputado, acrescentou, ele foi anistiado pela Justiça, fez autocrítica de sua participação no seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick e, hoje, é um dos maiores defensores das instituições democráticas, com atuação marcante na área dos direitos humanos.
23/01/1998
Agência Senado
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