Tarso aposta na vitória Lula para ganhar eleição no RS









Tarso aposta na vitória Lula para ganhar eleição no RS
Segundo o candidato da Frente Popular ao governo do Estado, Tarso Genro, a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência da República e a sua no Estado facilitariam a relação entre os governos federal e estadual. Conforme ele, o bom relacionamento garantiria a vinda de recursos "mais facilmente aplicáveis no Estado, em função da afinidade de projetos".

Esse é apenas um dos argumentos utilizados pelo petista para reverter a diferença nos índices de intenção de voto entre ele e o adversário, Germano Rigotto (PMDB), neste segundo turno da eleição. Nesta entrevista, Tarso admite que o forte embate com o ex-governador Antônio Britto (PPS) no primeiro turno permitiu o crescimento de Rigotto, dificultando a situação do PT. Ele avalia, também, os apoios à sua candidatura e apresenta algumas propostas de administração do Estado.

Jornal do Comércio - Como reverter a vantagem de Germano Rigotto (PMDB) neste segundo turno?

Tarso Genro
- A vantagem decorreu de um natural agrupamento dos votos da oposição num primeiro momento, logo após o primeiro turno. Nós temos uma pesquisa que mostra que a diferença de Rigotto para mim é de 10,5%, aproximadamente. Isso é facilmente reversível na campanha do segundo turno, em que temos igualdade de condições na disputa. O tempo de televisão é igual, permitindo o debate cara a cara. Não é aquela situação de absoluta inferioridade que tínhamos, com dois minutos e vinte e poucos segundos contra mais de quinze minutos dos adversários. Nos debates, eles ainda trocavam gentilezas para não nos permitir falar. Temos confiança no trabalho que estamos fazendo e plena convicção da reversão e da vitória, como ocorreu com Olívio Dutra na eleição anterior.

JC - Como vai ampliar seu espectro eleitoral?

Tarso
- Enquanto a direção do PTB, por exemplo, dava apoio formal a Rigotto, o prefeito do PTB da cidade mais importante do Estado fazia um manifesto de apoio à minha candidatura. Vários prefeitos do PPB, inclusive do PFL e dezenas de prefeitos do PDT estão nos apoiando. É natural que as cúpulas que estavam na oposição assim permaneçam. Não há nenhum estranhamento nisso. Mas o mais importante é o que está ocorrendo no sentido contrário, o fato de eles não terem conseguido manter a unidade. Há um grande deslocamento de forças para nos apoiar no segundo turno, como demonstramos na inauguração do comitê suprapartidário.

JC - Isso seria um reconhecimento desses prefeitos ao trabalho do governo do Estado em relação aos municípios?

Tarso
- Há três motivações principais. A primeira de prefeitos que entendem que é bom para o Rio Grande ter um governador articulado com o presidente da República. Isso traz mais progresso, mais desenvolvimento e a identidade do projeto recomendaria. Segundo: determinados prefeitos avaliam que a capacidade de gestão pública que eu demonstrei na prefeitura é recomendável para o governo do Estado. No terceiro caso, há outros que se baseiam na motivação ideológica, como vários setores do PDT que não aceitam apoiar um candidato do PMDB, do governo Britto, do Fernando Henrique e do Serra.

JC - Por que está investindo em setores mais progressistas do PDT?

Tarso
- O PDT tem um enraizamento muito grande na população de baixa renda em várias regiões do Estado. É, historicamente, um defensor de muitos projetos que também defendemos, como a oposição às privatizações, a defesa da manutenção dos direitos sociais dos trabalhadores e de um modelo econômico produtivista e não subordinado ao capital financeiro. O PDT progressista, histórico, vai estar conosco. Os demais, obviamente, têm todo direito de fazer a sua migração para defender Rigotto, mas a base eleitoral do PDT não aceita essa integração com o projeto neoliberal.

JC - Como define sua estratégia de campanha para o segundo turno?

Tarso
- Estamos fazendo a comparação das biografias políticas dos dois candidatos, o que não implica em relações familiares e juízos morais sobre o indivíduo. Falamos de comportamentos que tivemos na Câmara Federal e na função pública, qual é o programa mais adequado para o Estado e, finalmente, o futuro do Rio Grande conectado com a questão nacional. Haverá uma grande mudança econômica e social no País a partir de janeiro. Esse trânsito tem que ser feito com estabilidade e negociação. Por isso, é muito importante para o Rio Grande do Sul e para o País que o governador do Estado esteja afinado com o presidente da República, sendo inclusive seu representante político.

JC - Na possibilidade de sua eleição, haverá um campo mais aberto para os pleitos do Estado junto a um
governo de Lula?

Tarso
- Não é que o presidente vá discriminar um ou outro governador, violando a Constituição. Isso, na minha opinião, nem o Fernando Henrique fez. Mas é óbvio que o Fernando Henrique tinha muito mais afinidade com o governador da Bahia, que é um apoiador e tem um projeto de desenvolvimento igual ao dele, do que com o Olívio Dutra, que tinha um projeto de crescimento econômico para fortalecer nossa indústria, nossa agricultura. O governo da Bahia é neoliberal, do ACM, e isso fez com que o presidente tomasse atitudes políticas em favor da Bahia. Como nós temos o mesmo projeto de desenvolvimento do Lula, o Estado vai funcionar muito mais, muito melhor e muito mais rápido num governo da Frente Popular, por afinidade de projetos e não por qualquer tipo de preconceito do presidente. Então, é muito bom para o País e para o Estado que Lula e Tarso estejam no governo. Isso significa um reforço político enorme para o Rio Grande do Sul e uma promessa de desenvolvimento muito mais avançado.

JC - Os apoios de Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB) a Lula podem levar parte dos eleitores
gaúchos deles a optarem por sua candidatura?

Tarso
- O Garotinho já optou pela minha candidatura, gravando inclusive programas. A declaração de apoio de quem obteve 16% dos votos válidos chama a atenção para a importância da união das oposições no País, visando a garantia da estabilidade ao governo Lula e a administração de acordo com o projeto que apresentamos, com o fortalecimento do emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda.

JC - Não é incoerência o senhor insistir na realização de debates aqui quando o PT só quer um debate na campanha presidencial?

Tarso
- Essa é uma pauta política das candidaturas, e é natural que as pessoas queiram, às vezes, mais ou menos debates. Não é uma questão de princípio. Lula é um candidato nacional e precisa estar em todo o País. O Serra tinha dez minutos no primeiro turno, e o Lula não chegava a cinco. Portanto, o Serra transitou com enorme superioridade de tempo na televisão no primeiro turno e não convenceu. Aqui é o contrário. Eu tinha dois minutos e vinte e fui isolado nos debates para não poder responder, porque passavam a bola de um para o outro para dar sustentação às suas teses, atacar o governo e nossa candidatura. Não estou numa postura de exigência sectária de debates, mas quanto o mais forem realizados, melhor será para o Rio Grande. Estou à disposição para participar de todos.

JC - O senhor vai continuar batendo na tecla de que Rigotto foi líder do governo na Câmara e compactuou com as privatizações do governo Britto?

Tarso
- Não estou batendo nesta tecla. Estou transformando em argumentos aquilo que ele mesmo disse: que é do PMDB, que apoiou Fernando Henrique, que foi líder do governo FHC e que o governo Britto, do PMDB, teve muitas coisas boas. Só o ajudo a divulgar sua própria posição.

JC - O tratamento respeitoso permanecerá até o final da campanha do segundo turno?

Tarso
- No primeiro turno, mantivemos uma polarização excessiva com a candidatura Britto, que nos agrediu violentamente desde o início e tivemos que responder duramente. Isso não foi bom para nós. Já estávamos exaustos daquele debate. Mas aquela polarização permitiu que o Rigotto viesse por fora e colhesse os votos da oposição. Ele não nos tirou votos. Nós crescemos lentamente, de 31% para quase 38%. No segundo turno, as posições ficam mais transparentes para a sociedade. A nossa agenda é essa: o que somos enquanto governo e o que fizemos, qual é a natureza do nosso projeto para o Estado e qual é a relação deste projeto para o futuro do País com o Lula presidente. É uma agenda superior politicamente e de alta qualidade, que será mantida.

JC - Rigotto cresceu porque o PT derrubou Britto?

Tarso
- O próprio Britto disse de uma maneira muito franca: alguns fazem um serviço mais duro, mais de embate. Ele se revelou, nos últimos quinze dias da campanha, como propulsor da candidatura do Rigotto. É natural, porque os dois têm a mesma visão de Estado, governaram juntos e representam Fernando Henrique Cardoso.

JC - O PT não se arrependeu de ter batido tanto em Britto? Não seria mais fácil disputar com ele o segundo turno?

Tarso
- Isso é o tipo de coisa que se vê depois da festa, depois do evento. Nossa coordenação de campanha fez uma opção. Todos nós achávamos que estávamos corretos de fazer aquele debate mais duro com o Britto, que se revelou no fortalecimento de um terceiro candidato.

JC - A que o senhor atribui o fato de o tucano José Serra ter um de seus melhores desempenhos no Rio
Grande do Sul?

Tarso
- Aqui, nós somos governo. E não é porque o governador é o Olívio. Onde as forças políticas são governo o embate é mais duro, porque nenhum governo consegue responder de maneira completa todas as demandas da sociedade. O Serra aproveita isso em seu favor. Mas esse favoritismo vai terminar até o fim do segundo turno porque, com dez minutos na televisão, vamos poder mostrar melhor o que o nosso governo fez, e o Serra vai se esvaziar politicamente, assim como o Rigotto.

JC - Resumidamente, o que o senhor vai fazer que o governo da Frente Popular ainda não fez?

Tarso
- Dezenas de coisas, baseados naquilo que foi feito. Entre elas, criaremos o Conselho Estadual de Desenvolvimento, as casas de Exportador e as secretarias das Cooperativas. Manteremos uma relação muito mais forte com o governo federal, o que garantirá a vinda de recursos que serão mais facilmente aplicáveis aqui no Estado, porque os projetos são os mesmos. Há uma série de condições favoráveis para o próximo período, que o governo Olívio já deixou preparado para o nosso segundo governo. Aliás, como ocorreu na Prefeitura de Porto Alegre.


Candidatos fazem ultimos movimentos de campanha
Rigotto contabiliza o apoio dos partidos

O candidato da coligação União pelo Rio Grande (PMDB/PSDB/PHS) ao Governo do Estado, Germano Rigotto, declarou ontem estar muito feliz com o apoio que tem recebido de outros partidos, como PDT, PPB e PTB neste segundo turno. Apesar das pesquisas ainda apontarem para uma vitória expressiva nas urnas, Rigotto prefere ser cauteloso. Para Rigotto, "esse segundo turno deverá ser disputado palmo a palmo". Por isso, segundo o candidato, "é necessário muito trabalho e mobilização nessa última semana que antecede as eleições".

Neste final de semana Rigotto esteve na Expoijuí-Fenadi 2002, em Ijuí, acompanhado do deputado federal reeleito Darcísio Perondi. Durante a visita, o candidato peemedebista admitiu que também pretende atrair os partidos de esquerda, apesar dos ataques pessoais que vem sofrendo. "Não é o discurso, é a forma de agir", garante. O candidato também visitou a 90ª Expofeira de Bagé e a Oktoberfest em Santa Cruz do Sul.

Para Rigotto, é preciso passar por cima da divisão política existente no Estado e criar um ambiente favorável ao desenvolvimento, a geração de emprego e a atração de investimentos. Segundo ele, é natural, no segundo turno, que haja um acirramento nas posições entre os candidatos. "Os ataques pessoais que venho sofrendo, com denúncias falsas e difamações são absurdos, mas não aparecem na TV e no rádio ou no Programa do PT.

Eles vêem do subterrâneo".

Apesar de ser do PMDB e apoiar o candidato José Serra para a Presidência, Germano Rigotto afirmou que não pretende ser um governador que vá promover o confronto com o Presidente, no caso de vitória do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Rigotto também participou, ainda em Ijuí, de uma reunião com lideranças cooperativistas da região. Segundo o candidato, a região Noroeste tem um grande potencial para se desenvolver, o que não aconteceu o suficiente até agora. Por isso, ele espera contar com a parceria das cooperativas no Estado.

Rigotto confirmou presença no debate que a RBS-TV realizará na noite da próxima quinta-feira. Esse será o terceiro embate dos candidatos ao governo no segundo turno, somando-se aos encontros promovidos pela Band-TV e a Rede Pampa. Em razão dos muitos convites recebidos para debates, Rigotto chegou a pedir que a Associação Gaúcha das Emissoras de Rádio e Televisão (Agert) intermediasse a realização de um pool de emissoras, mas a alternativa mostrou-se inviável. Assim, a TV Guaíba optou por realizar entrevistas individuais com os candidatos e a TVE vai realizar um debate com os candidatos a vice-governador

Tarso denuncia números apresentados nas pesquisas
O candidato a governador Tarso Genro, da Frente Popular, denunciou ontem à tarde, em entrevista coletiva realizada no seu Comitê, o que considerou "graves fatos políticos ocorridos nos últimos dias, incluindo a última pesquisa divulgada pelo Ibope e o programa eleitoral de Serra agredindo o Rio Grande do Sul". Tarso identificou como uma transparente articulação política dos candidatos Serra e Rigotto em resposta ao visível crescimento de sua candidatura e da de Lula no RS.

Tarso disse que, estranhamente, os dados da pesquisa do Ibope se opõe ao conjunto de pesquisas feitas no Estado e se choca com o senso comum nas ruas. "Estas pesquisas já nos causaram danos no primeiro turno; o Ibope, particularmente, tem errado sistematicamente, sempre no mesmo sentido - contrário à Frente Popular", afirma.

Ao lado da pesquisa, conforme Tarso, estão os programas eleitorais de José Serra veiculados dias 18 e 19, em que o candidato do PSDB fez, pela segunda vez, violentos ataques ao povo gaúcho e suas conquistas. "Estes ataques foram feitos de maneira que ofende a nossa tradição política, porque baseado em inverdades", disse.

Segundo Tarso, "Serra diz inverdades do RS e Rigotto quer se apresentar como candidato sem passado e como candidato da concórdia. Nós já dissemos que ele tem passado e dizemos que ele é o candidato do ódio.

O que ele pensa do RS está sendo dito, a pedido dele, pelo Serra."

Segundo o petista, a resposta será dada politicamente ao movimento articulado, que engloba a pesquisa do Ibope, os programas de Serra e o marketing que fabricou a imagem de paz de Rigotto. A Frente Popular encaminhou requerimento ao TRE para que o IBOPE apresentasse todos os dados da pesquisa e franqueasse os questionários e demais elementos que a compuseram. O requerimento foi deferido ainda no sábado, dia 19 de outubro. Quanto à violência dos programas eleitorais de José Serra, três pedidos de resposta aguardam decisão do TSE: um da Frente Popular, um da Coligação Lula Presidente e o terceiro do governo do estado do Rio Grande do Sul.

O que diz a Frente Popular
- Dos 27 prognósticos feitos em 5 de outubro o IBOPE acertou apenas cinco dentro da margem de erro;
- Em geral, os principais prejudicados pelos números do IBOPE foram os candidatos do PT, dos quais 16 tiveram seus índices subestimados;
- A discrepância mais gritante entre a pesquisa e a realidade, sem dúvida, foi referiu-se aos índices da votação do candidato Paulo Paim, que em todas as pesquisas do IBOPE esteve em quarto lugar e foi o segundo candidato mais votado, elegendo-se senador pelo RS.

Governo do Estado repudia
"ataques grosseiros" de Serra
Em nota oficial divulgada, ontem, o governo do Estado repudiou, o que chamou de "ataques grosseiros" desferidos pelo candidato José Serra, que disputa o Planalto pela coligação PMDB-PSDB. De acordo com a nota, as agressões promovidas por Serra, durante os programas de rádio e televisão do horário eleitoral gratuito, "usado para mentir e desmoralizar", atingiram ao governo e ao povo gaúcho.

O documento do Piratini estabelece o contraponto a informações apresentadas no programa de Serra, que foi ao ar no sábado (19/10). Sobre o fechamento das farmácias de manipulação, a nota do governo gaúcho informa que o fechamento "só ocorreu após sindicância, realizada com a participação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, que identificou irregularidades em 26 das 39 farmácias existentes. Na questão da segurança, a nota segue informando que os investimentos feitos entre 1999 e 2001, cerca de R$ 2,51 bilhões, obtiveram R$ 100 milhões a mais do que os do governo anterior, de 1995 a 1998, na casa de R$ 2,41 bilhões. Quanto ao número de efetivo, o documento informa que os números de Serra, também contém inverdades. Ao contrário dos 23 mil policiais, na verdade, o Rio Grande possui 24.825 mil servidores, tendo empossado, no atual governo, 3.261 novos policiais.

O governo do Estado ainda rebateu as acusações de que não aplica o dispositivo constitucional que destina 10% da arrecadação em saúde, e lembra os prêmios de cinco programas estaduais concedidos pelo próprio ministério da Saúde. A nota também contrapôs dados referentes aos investimentos em educação.

Presidenciáveis fazem campanha em São Paulo
Naquela que foi classificada pelo PT como a "maior carreata" da candidatura de José Genoino, que disputa o segundo turno das eleições estaduais com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o candidato e o presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva percorreram 40 quilômetros da zona Sul da capital paulista.

Junto a eles, a mulher de Lula, Marisa, a prefeita Marta Suplicy (PT), o senador eleito Aloizio Mercadante (PT) e cerca de mil veículos cumpriram o trajeto em quase três horas na manhã de ontem.

A carreata partiu do terminal João Dias e passou por bairros como Capela do Socorro, Capão Redondo, Interlagos e Jardim Miriam. Antes de iniciar o trajeto, Genoino conclamou, do alto do carro de som em que os políticos seguiram na carreata, as centenas de militantes do PT que estavam no terminal a "pedir o voto dos indecisos" e a "trazer o voto de adversários que foram derrotados no primeiro turno". "Estamos aqui juntos (referindo-se a Lula), enquanto o adversário esconde seu candidato à Presidência (o tucano José Serra)", disse o petista. O senador eleito Aloizio Mercadante, que obteve a maior votação da história para uma cadeira no Senado, também foi aplaudido pela militância petista.

Pouco depois de iniciada, a carreata petista passou pela estação de metrô Capão Redondo, da Linha 5, que foi inaugurada pelo governo estadual hoje de manhã. Os militantes do PT e tucanos que estavam ali para a cerimônia de inauguração trocaram agressões verbais.

Já o candidato tucano José Serra, participou, ao lado do governador e candidato à reeleição, Geraldo Alckmin, de encontro com representantes de mais de 90 cidades do interior paulista, no colégio Sagrado Coração de Maria, em Campinas. Além dos dois candidatos tucanos, compareceram o deputado Michel Temer (PMDB) e o senador Romeu Tuma (PFL). Segundo cálculos dos organizadores, havia cerca de mil pessoas na manifestação. Na noite anterior, o presidenciável havia dado o tom de sua campanha, em sua metade final, em encontro com grupos evangélicos. "Estamos agora numa batalha eleitoral e precisa ser ganha. É uma questão do Brasil: em um dia nós vamos decidir 4 anos. Em 4 anos podemos decidir 40 anos do País", afirmou. "É uma questão dramática", complementou.

Em seguida, Serra voltou a cobrar a participação de seu adversário do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em debates pela tevê. "Eu tenho procurado apresentar as minhas idéias com clareza e creio que o povo sabe o que esperar do meu governo. Não creio que essa mesma clareza esteja se apresentando do outro lado e daí vem a dificuldade em realizarmos os debates", apontou.

Serra disse, ainda, que nenhum governante que tenha por sonho realizar seu mandato com justiça e direito pode deixar de ter o companheirismo das igrejas. Ele deixou o Shopping Frei Caneca, em São Paulo, onde o evento foi realizado, sem conceder entrevista e seguiu para a produtora, para gravar novos programas


Motoristas passam sob viaduto da Nilo Peçanha
O trânsito de veículos no cruzamento das avenidas Nilo Peçanha e Carlos Gomes foi liberado no último sábado. O trafego foi aberto nos dois sentidos da Nilo Peçanha, sob o viaduto. O sentido Sul/Norte da avenida Carlos Gomes também foi aberto lateralmente ao elevado, diminuindo assim o número de desvios que os motoristas eram obrigados a realizar naquela área.

As rotas alternativas foram necessárias devido a da construção do viaduto, uma das obras da Terceira Perimetral. Está mantido o atual desvio da Carlos Gomes, sentido norte/sul, pelas ruas Furriel Antônio Vargas e Regente. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) considerou como tranqüila a abertura do trecho da Nilo Peçanha, que passa a comportar mais carros com o final dos desvios - já que eles estavam tumultuando o tráfego na avenida.

A obra agora está concentrada na parte superior do viaduto, na colocação de placas de concreto e na execução dos encontros do viaduto com a via. Um dos encontros, na parte sul do viaduto, deve estar finalizado em duas semanas. Também estão sendo adaptadas as paradas de ônibus sobre o viaduto, assim como os elevadores de pedestres. A previsão é que o viaduto seja entregue em dezembro.


Fábricas de móveis têm US$ 1,32 milhão a receber da Argentina
O débito de empresas argentinas com a indústria moveleira gaúcha está estimado em US$ 1,32 milhão. As dificuldades de recebimento começaram em junho de 2001. Desde então, empresas, governo, sindicatos e associações iniciaram uma série de ações para saldar o montante de U$$ 11 milhões em prejuízo.

A maior parte das negociações foi feita diretamente pelas empresas. Segundo o presidente da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), Sérgio Dalla Costa, os bancos maiores pagaram as cartas de crédito. Atualmente, são cerca de 30 empresas do país vizinho que não efetuaram os pagamentos dos produtos vendidos. "As indústrias de pequeno porte são as mais prejudicadas", avalia Dalla Costa.

Ele explica que a necessidade de repor estoques na Argentina, que estão praticamente inexistentes, força as importadoras a resolverem seus problemas de débito. O presidente da Movergs afirma que as negociações de novas remessas iniciaram, mas os cuidados são redobrados. "A venda na base da confiança acabou. Agora, somente com pagamento é antecipado ou através da garantia de bancos ou dos Bancos Centrais dos dois países".

Na SCA, que ainda está com pagamentos pendentes, a saída foi por via judicial. Das quatro empresas em débito com a indústria gaúcha, duas já buscaram negociar após o início da ação, sendo que uma já acertou a forma de pagamento. Através do Tratado de Las Leñas, que envolve o Mercosul, a parte prejudicada pode entrar com uma ação no fórum local, que passa a ter validade no País da outra parte.

O diretor-superintendente da empresa de Bento Gonçalves, Sérgio Manfrói, destaca que a utilização da via judicial impacta imediatamente. "O problema que se arrastava por mais de um ano começa a ser resolvido.

Outro fator determinante para o reinício das negociações é a necessidade de reabastecimento de móveis".

Com a relação entre as moedas real, peso e dólar, a SCA está iniciando negociações, mas com cautela.

Com pendências desde junho de 2001, a Mobitec, fábrica de Bento Gonçalves, deve ajuizar brevemente uma ação para buscar o pagamento de seus produtos. De acordo com o presidente da indústria, Paulo Barros, a empresa precisou readequar mercados e produtos para reverter a queda das vendas para a Argentina. Com praticamente 100% dos produtos exportados, a companhia passou a focar as vendas no mercado interno. "Há 3 anos, a Argentina representava quase todas as nossas vendas, mas passamos a buscar outros mercados, como o Chile e a América Central, antes da crise eclodir", afirma Barros.

O prejuízo com o país vizinho está estimado em um mês de faturamento da empresa em exportação. Isso fez com a Mobitec passasse a diversificar mercados, para evitar que a instabilidade prejudicasse a empresa. As mudanças foram além das linhas de produtos e busca de outros parceiros comerciais. A fábrica produz cerca de quatro mil móveis por mês


Degradação do solo prejudica a pecuária
O Rio Grande do Sul perde anualmente cerca de 130 mil hectares de pastagens naturais por mau uso desses recursos. A colocação de cercas, as queimadas e a fertilização estão entre as causas desse índice. No Estado, onde estão abrigadas cerca de 13 milhões de cabeças de gado, um dos exemplos do prejuízo é a catalogação de 21 tipos de gramíneas ameaçadas de extinção.

As informações do professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Paulo César Faccio Carvalho, denunciam a degradação e alertam para a necessidade de renovação das práticas aplicadas pelos pecuaristas gaúchos. "É difícil conjugar a necessidade econômica de ser produtivo com a obrigação social da preservação", constata o zootecnista.

Em uma área de 450 mil km2 onde estão inseridos uma parte do sul do Brasil, o nordeste da Argentina e todo o Uruguai, existem 65 milhões de ruminantes domésticos. Embora seja uma atividade que iniciou apenas no século 18 no Brasil, a pecuária é intensa no País. "As nossas pastagens ainda não estão acostumadas com a produção, que muitas vezes ultrapassa o número ideal de animais por hectare", analisa o especialista. "Isso quer dizer que dois ou três bovinos em um hectare vão ter um ganho de peso diário igual a zero, enquanto apenas um animal na mesma área ganhará 500 gramas por dia", complementa.

O assunto, que significa um desafio para os produtores, foi exposto neste final de semana, no Ciclo de Palestras Viver no Campo, realizado durante a 90ª Expofeira de Bagé.

Possíveis soluções apontadas pelo professor vão desde o controle do pastejo, ou seja, o gerenciamento e a distribuição adequada dos lotes de animais na propriedade, até a adaptação de certos tipos de forrageiras com materiais como o nitrogênio. "Apenas em modificações no manejo, o volume da pastagem pula de 60 quilos para 180 quilos por hectare. Com o uso do nitrogênio, a produção é de cerca de 170 quilos por hectare", justifica Carvalho.

Embora os investimentos sejam altos, é possível pagar pelos gastos já no primeiro ano de produção pecuária, assegura o professor. "A perda de pastagem será menor, o ganho de peso do animal será mais alto e a rentabilidade do produtor vai aumentar", acredita.

O professor compara o trabalho de um pecuarista ao de um garçom, que oferece ao cliente apenas aquilo que ele deseja. "No lugar de oferecer ao animal o alimento que para ele é o mais certo ou mais barato, o produtor deve entender as necessidades do rebanho". Na avaliação do zootecnista, uma forma de analisar a saúde de um lote é através de posição adotada pelo gado. "Um animal estará deficiente de alimento quanto mais procurar por ele e quanto mais tempo passar ruminando. O ideal é que os bovinos passem mais tempo deitados, porque daí estarão engordando", destaca.


Artigos

Polícia e a opinião pública
Cyro Martini

Hoje, as polícias reclamam não dispor das condições, sob todos os aspectos, necessárias e indispensáveis para a execução de suas missões. Se, de fato, carecer de recursos, de meios de toda a sorte, não há, por óbvio, como chegar a bom termo, quanto ao exercício das suas funções. Os policiais, pessoal e diretamente ou por intermédio de suas entidades de classe, queixam-se seguidamente das condições que o governo lhes põe à disposição, para o cumprimento dos seus deveres. Declaram não dispor de viaturas na quantidade necessária. Lamentam, constantemente, não contarem com o armamento necessário, com a munição indispensável, com coletes à prova de balas, com equipamento moderno para o trabalho. Vão longe as queixas dos policiais, no que concerne aos recursos materiais, com os quais deveriam contar. Os policiais também reclamam da lei, que lhes desampara, não lhes assegurando a autoridade devida, para que eles possam bem cumprir o papel que a sociedade lhes confia. Sob a vigência da legislação anterior à atual Constituição Nacional, a autoridade policial tinha o poder legal consistente em determinar, caso necessário e com fundamento, por óbvio, busca e apreensão em um domicílio. Hoje, a polícia, para tanto, precisa de uma autorização judicial. Os policiais dizem - e com razão - que o tempo demandado entre a constatação da necessária busca domiciliar e o encaminhamento judicial para que a mesma possa ser efetivada pode torná-la inútil.

Reclamam dos poderes governamentais e das entidades não-governamentais, que, sob o ponto de vista da responsabilidade penal e moral, cobram deles duramente, fazendo com que eles temam acerca das conseqüências dos seus atos, no exercício de suas missões. Os policiais, por evidente, não querem parar na cadeia, por causa da realização de suas obrigações, mesmo que, no curso das mesmas, cometam algum equívoco. Talvez até algum excesso indesejado. Por que - dizem - ir de encontro a delinqüentes, se logo adiante podem vir a tropeçar em uma desatenção legal, assim ficando à mercê da devida responsabilização criminal, por parte de autoridades que não dispõem da necessária sensibilidade e inteligência, para compreenderem os motivos da sua prática ou para entenderem as razões do que veio, mesmo que logo após, consolidar-se como um erro? Para todos, errar é humano; para o policial, não. Queixam-se dos seus salários.

Que os poderes públicos não lhes amparam, assim como as suas famílias, caso eles necessitem de respaldo jurídico, médico ou hospitalar. E mais e mais reclamações, ponderações. Como resolver as questões pertinentes a estas reclamações? As experiências pessoais, tanto na atividade pública, sobretudo na policial, quanto na comunitária e na política, apontam apenas um caminho para se resolver de maneira acertada: buscar, através da plena participação do povo, as respostas necessárias. Quem tem que responder sobre as questões colocadas pelos policiais, é o povo. Os milhões de brasileiros têm de dizer se os policiais estão certos ou estão errados. A lei, ao respaldar a ação policial, terá que ter a cara do povo. Para assenhorear-se plenamente da realidade policial, o povo terá que tomar conhecimento direto desta realidade. As delegacias e os quartéis terão que abrir, plenamente, as suas portas para o povo, para que ele veja o que, efetivamente, lá existe.


Colunistas

ADÃO OLIVEIRA

Esperado grande troca-troca de partidos

A geografia política do Congresso em 20 03 pode perder os contornos definidos pelas urnas. Antes mesmo da posse, parlamentares eleitos pensam em trocar de partido para ficar mais perto do novo governo. Se confirmados os resultados das pesquisas, que dão ao petista Luiz Inácio Lula da Silva a chance de vitória em 27 de outubro, o PL, aliado do candidato, pode dobrar de tamanho, recebendo, de braços abertos, aqueles que gravitam em torno do poder. O PL, partido do vice de Lula, o senador mineiro José Alencar, teve bom desempenho na eleição: fez dois senadores e 26 deputados, quatro a mais do que tem a bancada atual. As contas dos dirigentes indicam que o PL poderá tomar posse na Câmara em 1º de fevereiro com 50 representantes.

A previsão coincide com estimativas feitas também pelo PT. "Muitos deputados, influenciados por questões regionais, querem se acomodar perto do governo, mas não querem se chegar ao PT", justifica o presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP). Estão de olho no PL deputados eleitos pelo PFL, pelo PPB, pelo PSDB e pelo PMDB. A sigla, se eleito Lula, passa a representar uma porta para o governo, um canal para o deputado que constrói a carreira por meio da obtenção de verbas e do controle de cargos de terceiro e quarto escalões, como delegacias regionais do Trabalho, da Agricultura, da Educação, ou superintendências do INSS.

"Há deputados que contrariam a máxima que diz: "Há governo, sou contra". O lema deles é: "Há governo, sou a favor"... ironiza o deputado Bispo Rodrigues (RJ). Até a posse, em 2003, ele se ocupará das negociações com deputados que, em caso de vitória de Lula, pensam em migrar para o partido. Coincidência ou contradição, Rodrigues é hoje o relator do projeto da fidelidade partidária que, aprovado, barraria esse movimento. O crescimento artificial do PL deve repetir o processo vivido pelo PSDB com as vitórias de Fernando Henrique em 1994 e em 1998. O falecido ministro Sérgio Motta era um crítico do inchaço e costumava dizer que o PSDB estava se transformando num "partido-ônibus".

No PL, não há inquietação. Ao contrário. O partido estimula as filiações e tem até urgência, amparado por um argumento bastante pragmático: é o número de deputados verificado na posse que serve para calcular o tempo de TV a que o partido terá direito nas próximas eleições, em 2004 e 2006. "Precisamos crescer e crescer mais.

Partido sem tempo de televisão no Brasil não existe. Pode esquecer de fazer política", diz Costa Neto. As filiações pós-eleitorais podem compensar largamente os prejuízos que o partido teve nas urnas ao fazer aliança com Lula. As regras para as alianças, que vincularam coligações regionais às nacionais, fizeram com que o PL perdesse a oportunidade de eleger mais cinco ou seis deputados. "Fomos prejudicados no Amapá, no Pará, na Bahia, em Goiás e no Acre", contabiliza Rodrigues.

Criado em 1985 pelo deputado Álvaro Valle, morto em janeiro de 2000, o PL nasceu social-liberal, pregando uma opção à "confusão doutrinária" daqueles que "se radicalizavam no socialismo agonizante ou no liberalismo capitalista reacionário", como diz o manifesto. Denunciava ainda a "gravíssima crise ética, com o abastardamento da classe política, cada vez mais voltada para seus próprios interesses". Em 1989, o partido se tornou conhecido com o lançamento da candidatura do empresário Guilherme Afif Domingos à Presidência.

Desde a eleição passada, passou a abrigar representantes dos evangélicos, cujo maior expoente é o Bispo Rodrigues. Dos 26 eleitos, 12 têm origem na religião. Os dois novos senadores do partido, Marcelo Crivella, do Rio, e Magno Malta, do Espírito Santo, são pastores.


CARLOS BASTOS

Pesquisas divergentes provocam celeuma
O resultado apresentado pelas três últimas pesquisas divulgadas no Rio Grande do Sul, que contam com números muito divergentes, estão provocando uma grande celeuma na campanha eleitoral. O Cepa da Ufrgs deu uma vantagem de onze pontos entre o candidato Germano Rigotto, do PMDB, e Tarso Genro, do PT. O Correio do Povo apresentou uma diferença de oito pontos entre os dois candidatos, e o Ibope manteve quase na íntegra seus números da pesquisa anterior, dando vantagem para o peemedebista de 23 pontos sobre o petista. Esta divergência só será resolvida após a apuração dos votos do próximo domingo, aqui no Estado.

Ontem, Tarso Genro, o PT e a Frente Popular, abriram o verbo contra os números apresentados pela pesquisa
do Ibope, e inclusive entraram com um recurso na Justiça Eleitoral, pois estão inconformados com os números apresentados. Entendem que depois de dois debates pela televisão, que entendem Tarso Genro ter levado nítida vantagem sobre seu adversário. E agregam o que se está chamando de "onda vermelha", com o crescimento dos candidatos do PT a governador que disputam o segundo turno em todo o país. O candidato Tarso Genro concedeu uma entrevista à imprensa, demonstrando sua inconformidade com a pesquisa do Ibope.

Há muita reclamação de todos os partidos, em todos os Estados, com os números apresentados pelas pesquisas nesta campanha eleitoral. Registre-se que no primeiro turno para a presidência da República, três dos institutos considerados de mais credibilidade - Ibope, Datafolha e Vox Populi - apresentaram números muito distantes do resultado da eleição, e todos dando índices muito mais baixos do que o candidato tucano José Serra alcançou. O instituto que mais se aproximou do resultado oficial foi o Sensus, de Minas Gerais, que tem contra si o fato de seu proprietário ser da direção nacional do PFL, e ter sido eleito vice-governador de Minas Gerais com Aécio Neves.

Aqui, no caso gaúcho, todos os institutos de pesquisa indicaram no primeiro turno o crescimento do candidato Germano Rigotto e, inclusive, o fato de ter superado na boca-de-urna seu concorrente petista Tarso Genro.

Deve-se ficar atento, agora, para um detalhe muito importante. Está visível no eleitorado brasileiro o desejo de mudança, que foi um dos fatores que alavancaram a candidatura de Lula, do PT, e está inflando outras candidaturas petistas que são oposição nos Estados. Aqui no Rio Grande do Sul, entretanto, o PT é governo, como também acontece com Zeca do PT, no Mato Grosso do Sul, que está com sua reeleição ameaçada, mas ainda pode ganhar o pleito.

Nos Estados em que o PT é oposição, o partido está se credenciando para conseguir grandes e surpreendentes vitórias. Cite-se o Pará, o Ceará, o Sergipe, o Distrito Federal. As maiores dificuldades com que os petistas se defrontam é onde são situação, casos do Rio Grande e Mato Grosso do Sul, e São Paulo, onde a prefeitura da capital é ocupada pela petista Marta Suplicy, apesar do tucano Geraldo Alckin ser candidato à reeleição. O sentimento de mudança do eleitorado, neste caso, estaria beneficiando Lula na sucessão presidencial, e prejudicando o partido em Estados em que é governo.

Cultura tem programa em governo de Lula

A Secretária da Cultura de Porto Alegre, Margarete Moraes, participa hoje no Canecão do Rio, do lançamento oficial do programa de governo do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva para a área da cultura. Margarete lidera uma comitiva formada por intelectuais e artistas gaúchos. O programa foi elaborado durante três meses em oito seminários realizados em capitais de Estado.


FERNANDO ALBRECHT

Tudo na mesma
Depois de uma breve ofensiva contra as carroças parece que tudo voltou a ser como dantes no quartel dos Abrantes. Em qualquer avenida ou rua e principalmente nas horas de pico lá vem suas excelências atravancando o trânsito. Mas as carrocinhas dos papeleiros também estão em todas. No caso da foto, na esquina da Borges de Medeiros com a Andrade Neves, um ponto extremamente congestionado e sensível a qualquer obstáculo. Quando algum táxi inventa de parar por alí, os azuizinhos chegam na hora. Já o papeleiro, po de.

Soldo baixo
Uma situação inusitada na folha de pagamentos da Brigada Militar preocupa a Associação dos Oficiais da Brigada Militar. Segundo o presidente da entidade, Cairo Bueno de Camargo, um reajuste concedido aos tenentes da corporação fez com que 30% deles passem a ganhar mais que os capitães assim que as parcelas sejam incorporadas no soldo. Sem falar que capitão precisa ser bacharel em Direito. Ganha de básico R$ 1,8 mil enquanto um Delegado de Polícia ganha R$ 4,8 mil.

Universidade do Churrasco I
A nota sobre o curso superior de churrasqueiros e afins de churrascarias, em estudo pela Univates, de Lajeado, levou a várias manifestações de leitores. Há menos de 15 dias um diplomata alemão disse, em Berlim, que esperava que o Fogo de Chão abrisse uma casa na capital alemã. O diplomata garantiu a um amigo que os berlinenses estão ansiosos por uma autêntica churrascaria gaúcha (e não argentina). Ele é um dos inúmeros fãs do churrasco gaúcho.

Universidade do Churrasco II
Outro leitor que veio há pouco dos Estados Unidos conta que para conseguir comer nosso churrasco na Fogo de Chão em Atlanta (ou Dallas, ou Chicago), só com reserva de duas a três semanas de antecedência. E os salões estão sempre cheios. E reforça a idéia da Universidade do Churrasco. Lembra que há tempos os paulistas deitam e rolam no deboche ao nosso prezado acepipe. O fato é que churrascaria/rodízio no exterior parece ser uma mina de ouro.

Universidade do Churrasco III
Já o empresário Harry Focking, pai da criança, ficou feliz com a repercussão. "Entraram em contato comigo desde os tradicionais boi-corneta, típicos do RS, até algumas universidades que reclamaram por eu não as ter procurado. E o melhor, apareceu um financiador do projeto piloto". Os bois-corneta, conta Harry, perguntavam se era tão complicado assim fazer hamburguer, pizza ou cafézinho. Bueno, perguntem aos McDonald's da vida se é fácil...

Nizan, o mágico
A produção dos programas do PT é tão boa que dá a impressão que até Enéas se elegeria presidente se Nizan Guanaes fosse seu marqueteiro. Tudo nos trinques. E Lula está com os dentes tão alvos e parelhinhos que poderia fazer um comercial de dentrifício. Jaqueta ou aquela fina camada de porcelana?

Problemas da cidade
Com a aproximação da Feira do Livro recomeça a invasão do Centro pelos camelôs e ambulantes. Melhor dito, a diminuição do espaço já escasso destinado aos pedestres, aquela figura em extinção que insiste em caminhar por ruas e calçadas que já não lhe pertencem. Na Praça da Alfândega isso fica pior, porque os camelôs e ambulantes (que aqui são fixos) praticamente obstruem a Rua da Praia.

Atrás do prejuízo
As declarações dos candidatos Tarso Genro e Germano Rigotto sobre a área de tecnologia de informação no Clube de Jornalistas de Opinião repercutiram no setor, com fortes críticas de presidentes das entidades aos candidatos. A nota foi publicada no Baguete , informativo da área de TI. Depois da nota desta página, Germano Rigotto marcou encontro com o setor dia 23. "Espero que Tarso também se manifeste e procure as entidades", disse o diretor do Baguete, Gilnei Quintana Marques.

Cultura em ação
O secretário Luiz Marques, do Estado da Cultura, participa ativamente da campanha de Tarso Genro. Marques diz que sem o apoio formal do PDT "a fotografia de Rigotto é igual a do governo Antônio Britto". Já a secretária municipal de Cultura, Margarete Moraes representa o Estado no lançamento do programa de governo de Lula, hoje às 16h no Canecão, no Rio de Janeiro.

Novas escolas
O Senai inaugura nesta semana uma nova escola em Soledade e amplia outras três em Farroupilha, Canela e Uruguaiana. Conforme o diretor regional do Senai-RS, José Zortéa, esta ação visa atender a demanda por qualificação profissional identificada pelas comunidades locais e empresariais. A partir do dia 23, o Centro de Educação Profissional Senai de Farroupilha conta com uma oficina modelo de malhas e o Núcleo de Informação do Setor Têxtil.

Do Oiapoque ao Chuí
Que tal a diferença nas três pesquisas? A da Caldas Júnior dá menos de sete pontos de diferença, a da Cepa-UFRGS dá cerca de 14 e a do Ibope dá 23 pontos de vantagem ao peemedebistas. Fosse um intervalo de semanas vá lá, mas foi tudo na mesma semana. Uma coisa é certa: quando as urnas forem abertas vai sobrar para quem errou, em termos de credibilidade. Há suspeitas que as diferenças tenham origem em bolsões não pesquisados, talvez o interior pese mais que supõem os institutos de pesquisa.

Escola de Administração da UFRGS promove a partir do dia 22 no São Rafael Assembléia do Conselho Latino-americano de Escolas de Administração.

Effector-TI realinha seu portfólio oferecendo também consultoria e assessoria.

Inaugura quarta no Shopping Praia de Belas a Frozen de calçados e acessórios; em novembro abre outra na Félix da Cunha, 1145.

Em formato soft abriu o bar Fellini, na Galeria 24 de Outubro, sob comando de Rogério Messina.

Abav-RS realiza encontro com o trade turístico a partir das 8h30min do dia 22 no São Rafael.

Fundação CEEE recebeu o Prêmio Nacional Abrapp, destacando-se entre os fundos de pensão.

A 5ª Tecno Hotel já tem data confirmada: será de 14 a 16 de maio, na ExpoGramado.


Editorial

REFORMAR A PREVIDÊNCIA AINDA É TABU

Os dois presidenciáveis sabem disso, mas nenhum quer falar no assunto, com medo de perder votos. A Previdência pública, como está, é uma bomba-relógio que explodirá em cima de todos os contribuintes, via Tesouro Nacional, inclusive os beneficiários de agora. Estudo feito pelo especialista Renato Follador informa que os três milhões de aposentados servidores públicos, da União, 27 Estados, 5.500 municípios e dos Poderes Legislativo e Judiciário consumiram R$ 48,6 bilhões, enquanto a área social, Saúde, Educação e Segurança, levou R$ 40 bilhões, em 2000. Desta forma, cada aposentado público custou, em média, aos cofres dos diversos setores oficiais, R$ 14.590,95 por ano, ou seja, a diferença entre as contribuições previdenciárias arrecadadas destes mesmos funcionários e o valor pago em aposentadorias. A comparação inevitável fica com o INSS, onde cada um dos 19,5 milhões de segurados consumiu a média de R$ 656,41 anuais, déficit do Instituto bancado pelos cofres do Tesouro. Por isso o Ipergs é uma bomba cujo pavio foi acesso nos últimos governos. No ano de 2001, o programa Bolsa-Escola pagou R$ 1,5 bilhão aos pais das 8,2 milhões de crianças pobres. Os próximos presidente da República e governadores, por estes dados, não podem ficar por aí prometendo o paraíso terrestre. Semeiam ilusões e vão colher frustrações.

Ora, os Estados estão comprometendo 65% das suas Receitas com Pessoal, 13% no pagamento das dívidas com o Tesouro Nacional, 5% em financiamentos externos e 8% no custeio das respectivas máquinas administrativas. Sobram 9% para investir em Saúde, Educação, Segurança e Infra-Estrutura. Portanto, é fundamental que todos os Poderes, nos três níveis, federal, estadual e municipal, criem fundos de previdência, através do regime de capitalização, segundo o qual o valor da aposentadoria será calculado pelo que o funcionário pagou durante sua vida ativa. Atualmente, independente do valor da contribuição, todos ganham, pelo menos, o numerário do último contracheque, geralmente mais, o único País do mundo onde isso ocorre, com o beneplácito do STF, acusou o ex-secretário da Previdência do Paraná. Caberá ao novo presidente e aos governadores tratar, logo, de mudar as regras, aproveitando a carência de seis meses de total boa vontade com que são recepcionados os dirigentes dos Executivos no Brasil, prazo que Fernando Henrique Cardoso, nesta questão, perdeu e, depois, jamais conseguiu a aprovação, no Congresso e no STF, de uma verdadeira Reforma da Previdência. No setor público, a média de idade da aposentadoria é de 53 anos para os homens e de 48 anos para as mulheres. No INSS, o benefício máximo está em R$ 1.561,56, pouco e injusto no modelo atrasado de repartição, cerca de US$ 380,00, mas o tempo da aposentadoria foi postergado pelo fator previdenciário e o homem só pode se aposentar aos 60 anos e, a mulher, aos 55. No Judiciário, os aposentados ganham, na média, R$ 6 mil, US$ 1.520,00, incluindo-se de desembargadores a contínuos. Somente o Brasil e a Espanha pagam o mesmo valor da ativa aos jubilados, em Portugal é 85%, 70% na França, 48% nos EUA, 50% na Polônia, 45% no Reino Unido e 40% na Irlanda. Se fossem criados os fundos de previdência, como no Paraná, haveria a complementação da aposentadoria. Além disso, o presidente eleito, os governadores e os servidores formariam a tão sonhada poupança interna, onde o governo, em vez de pagar aos bancos, tomaria parte desse dinheiro para obras, tirando o Brasil da eterna dependência dos capitais externos. É que os fundos têm compromissos no longo prazo, casando os desembolsos com as entradas dos recursos. Este assunto não pode mais ser tabu, mas colocado em discussão.


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10/21/2002


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