Teatro Castro Alves (BA) é tombado
O mais frequentado equipamento cultural do estado da Bahia e um dos mais importantes do Brasil, o Teatro Castro Alves (TCA) passa a ter a proteção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A proposta de tombamento foi feita pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, nesta quarta-feira (27), em Brasília. Situado na principal praça da capital - o Campo Grande – o Teatro Castro Alves evoca as lutas gloriosas da Independência da Bahia e foi fruto das ideias desenvolvimentistas do Governador Antônio Balbino.
O espaço cultural, cujo nome homenageia o Poeta dos Escravos, além de seu valor histórico, é também um marco da arquitetura moderna brasileira e palco privilegiado de acontecimentos culturais que marcaram a história recente do Brasil.
Um teatro-origami
Inteiramente dedicado à música, dança e artes cênicas, o projeto arquitetônico do Teatro Castro Alves, com sua armação do origami gigante, como que feito de dobras geométricas de uma peça de papel, foi executado pelo arquiteto José Bina Fonyat Filho, com a colaboração do engenheiro Humberto Lemos Lopes, durante o governo do médico Luis Régis Pacheco. O edifício guarda em sua forma arquitetônica uma série de elementos que lhe garantiram o destaque que na arquitetura brasileira do século XX. Compõem o complexo cultural do TCA a Sala Principal, com capacidade de abrigar 1,5 mil espectadores; Sala do Coro, comporta até 201 espectadores; e a Concha Acústica, além de albergar até 5,5 pessoas. Cada um dos seus seis camarotes, servidos por uma estrutura de apoio com bar e sanitário, comporta 25 pessoas.
Poucos dias antes de sua inauguração programada, em 1958, e depois de obter uma menção honrosa na Primeira Bienal de Artes Plásticas de São Paulo, em 1957, um grande incêndio comprometeu a obra. Queimado, o edifício denunciou sua simplicidade: numa extremidade, uma grande caixa fechada para o palco e apoio (coxia); e na outra, uma lâmina baixa para o foyer. O incêndio o destruiu quase por completo, tendo escapado apenas o vestíbulo ou foyer.
No foyer preservado, foi logo instalado entre 1960 e 1963 o Museu de Arte Moderna da Bahia, originalmente dirigido por Lina Bo Bardi. Desta forma, mesmo antes das artes cênicas, foram as artes plásticas que tomaram conta do complexo cultural. O foyer se impôs com as reveladoras mostras de Carybé, Mário Cravo, Emanuel Araújo, entre outros artistas locais e internacionais. Pouco a pouco, o complexo foi ocupado, constituindo-se num verdadeiro centro de produção e reflexão cultural. Recuperado, foi finalmente inaugurado em 1967. Desde então, o Teatro Castro Alves – assumindo lugar de destaque na vida do país – cumpre com sua missão cultural.
Entre tantos que já passaram pelo maior e mais importante centro artístico de Salvador, destacam-se Raul Seixas e Marcelo Nova, Gilberto Gil, Chico Buarque, João Gilberto, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia, Ney Matogrosso, Flávio Venturini, Paulo Autran, Montserrat Caballé, Mikhail Baryshnikov, os Balés Bolshói e Kirov, o maestro Zubin Metha e a Filarmônica de Israel.
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural
O Conselho que avalia os processos de tombamento e registro é formado por especialistas de diversas áreas, como cultura, turismo, arquitetura e arqueologia. Ao todo, são 22 conselheiros, que representam o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB, o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - Icomos, a Sociedade de Arqueologia Brasileira – SAB, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama, o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro dos Museus – Ibram, a Associação Brasileira de Antropologia – ABA, e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do IPHAN.
Fonte:
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
27/11/2013 17:55
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