Tebet confirmado para presidir o Senado Federal
Tebet confirmado para presidir o Senado Federal
Por dos 41 dos 75 votos da Casa, o ex-ministro do governo FHC assume em meio a uma crise que está longe de ser superada.
Assim que foi anunciada a vitória, vários senadores do PFL deixaram o plenário. Apenas três deles ouviram o discurso conciliador do novo presidente da Casa.
O senador Ramez Tebet, do PMDB do Mato Grosso do Sul, foi eleito ontem presidente do Senado, em substituição a Jader Barbalho, do mesmo partido, que renunciou há três dias. Tebet obteve 41 dos 75 votos dos senadores presentes à sessão. Trinta e um senadores votaram em branco e três anularam o voto.
Tebet obteve o mesmo número devotos de Jader Barbalho, quando disputou o cargo com outros dois candidatos: Jefferson Péres, do PDT do Amazonas e Arlindo Porto, do PTB de Minas. Na sessão de eleição, a oposição decidiu votar em branco. O PFL, que liberou sua bancada, chegou a estimular o voto em branco. Mas o senador Roberto Freire, do PPS de Pernambuco, contrariou a orientação e votou em Tebet.
Jair Soares e João Dib apóiam Bernardi.
O ex-governador do estado, Jair Soares (PPB), acredita que Celso Bernardi deva ser o vencedor das prévias do partido neste domingo. "São dois grandes nomes, mas Bernardi tem o apoio da maior parte dos filiados", analisa.
O vereador João Dib compartilha a mesma opinião. "Estou apoiando o Bernardi e acredito que ele será o candidato escolhido. Mas o Fetter Júnior também é um grande nome. Quem sai fortalecido é o partido", opina.
O PPB realiza suas prévias para a escolha do candidato do partido ao governo do estado em 2002 e também escolhe os integrantes dos diretórios municipais. No total devem votar 170 mil filiados.
Concorrem o presidente licenciado do diretório estadual, Celso Bemardi, e o deputado federal Adolfo Fetter júnior. O PPB é a sigla que tem mais prefeituras no Rio Grande do Sul. No total, são 174 prefeitos pepebistas eleitos. O PMDB é o segundo colocado, com 139. Já o PDT governa 77 municípios, número inferior aos 84 da eleição anterior. O PT possui 32 prefeituras e o PTB 31.
A votação terá início às 9h e término às 16h. A previsão é de que ainda na noite de domingo ou, no máximo, na segunda-feira pela manhã sejam divulga os resultados finais.
Fogaça: grupo comanda PMDB.
O senador José Fogaça afirmou ontem, que o ministro dos transportes, Eliseu Padilha, comanda o PMDB. Fogaça desabafou dizendo que o partido está entregue a um grupo, composto pelo líder do partido no Senado, Renan Calheiros; o presidente do Congresso Nacional, Ramez Tebet; o ministro dos transportes, Fliseu Padilha; o presidente nacional do partido, deputado Michel Temer, e o deputado Gedel Vieira Lima. "Nada existirá se não passar por eles", finalizou Fogaça.
O ministro Eliseu Padilha nega qualquer influência no PMDB e disse que não teve nenhuma participação na eleição à presidência do Senado, onde Fogaça foi derrotado por Ramez Tebet. Padilha garantiu: "Muitas vezes atribuem a mim poderes que não tenho, e ações que não pratiquei e não posso praticar". Embora tenha sido procurado pelo PFL e pela oposição para se candidatar diretamente no plenário na eleição de ontem, Fogaça recusou. "Vou respeitar a decisão do PMDB", disse. "Mas não discuto o resultado, o que questiono é o comando do partido."
ACM ataca a "banda podre".
O ex-senador Antônio Carlos Magalhães reagiu com indignação à eleição de Ramez Tebet para a presidência do Senado e voltou a disparar contra o presidente Fernando Henrique Cardoso. Em nota divulgada ontem, disse que o resultado da votação "deixou clara a aliança do presidente da República com a banda podre do PMDB para evitar a cassação do corrupto Jader Barbalho".
ACM afirmou que foi com o objetivo de preservar Barbalho que FH trabalhou junto com o PMDB para colocar na presidência do Congresso "o parlapatão, o rábula do Pantanal, Ramez Tebet, cuja incapacidade e ausência de qualquer virtude ficou comprovada". Retomando o tom explosivo, ACM disse que "esse grupo pensa que o Senado é uma casa de tolerância e os senadores são eunucos".
A batalha pela presidência do Senado deixou grande número de feridos. Enquanto o PFL jogava duro em defesa de José Sarney, o PMDB, aliado a Serra, se revoltou. Na contra-ofensiva, acabou atingindo Sarney. Magoado, Sarney sabe que não foi apenas vítima das restrições do comando do PMDB, mas também do Planalto. Seus apelos a FH e a Calheiros foram ambos recusados.
Jader tumultua seu julgamento.
”Eu me arrependi de ter renunciado". É Barbalho em mais uma performance.
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) festejou uma dupla vitória ontem, ao garantir o adiamento da reunião do Conselho de Ética. Ele ganhou tempo e tumultuou o processo. Quando a maioria absoluta dos senadores se preparava para votar a abertura do inquérito contra Jader por quebra de decoro parlamentar, o presidente do Conselho de Ética, Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS) adiou a decisão para a próxima quinta-feira. Jogou para a Comissão de Constituição e justiça definir se Jader tem direito a apresentar sua defesa antes que a investigação seja aberta.
Com a manobra, Jader ganhou, no mínimo, uma semana. O senador Jefferson Péres (PDT-AM) ameaça abandonar o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, e aconselha que todos os conselheiros oposicionistas façam o mesmo, caso haja uma nova ação protelatória no caso Jader.
ARREPENDIMENTO - "Eu me arrependi de ter renunciado", afirmou Jader em discurso à bancada do PMDB na agitada reunião da noite de quarta-feira, que aprovou a indicação do senador Ramez Tebet (MS) para o cargo de presidente do Senado.
O ex-presidente do Senado disse que renunciou para pacificar as relações e que isso não teria ocorrido. "O PMDB é um partido perseguido no Senado", reclamou, referindo-se especificamente ao PFL. "E, para atingir o PMDB, tentam me atingir", queixou-se Barbalho. "Parecia um orgasmo cívico", contou o senador José Fogaça (PMDB-RS).
Editorial
Um novo trauma
Com a autoridade de quem pôs fim à intervenção de nove anos dos russos no Afeganistão, o ex-líder soviético Mikhail Gorbatchev pediu ontem cautela na resposta dos Estados Unidos aos ataques terroristas: "Não devemos perder a cabeça. Precisamos dialogar com o Islã. Como se pode entrar em uma guerra convencional neste país montanhoso? Colocando tanques de novo e bombardeando cidades? Não posso imaginar isso."
Ver os ataques terroristas em tempo real, repetidos inúmeras vezes pelos canais de televisão, e ver, sob todos os ângulos, os aviões derrubando as torres gêmeas do World Trade Center, criou um inevitável sentimento de identificação com as vítimas e o pais atacado.
Todos estávamos lá. Por isso o sentimento generalizado de ódio ao terror, o choque cujo impacto ainda não se desfez por inteiro. No Afeganistão, a tragédia nos parecerá mais distante. O mundo ocidental não terá sua vida tão abalada pelas milhares de mortes que irão vingar aquelas soterradas em Nova York.
O governo Bush está enviando um aparato bélico de última geração para enfrentar um inimigo sem a mínima sofisticação tecnológica. Mas com uma imensa experiência em oferecer resistência dura e eficaz. Diz-se, das guerras, que sabe-se como começam, mas não como terminam. Ao dar uma satisfação à opinião pública americana, o presidente Bush ignora os crescentes apelos pacifistas. Como os de crianças alemãs, que ontem, em Berlim, erguiam cartazes dizendo: "Guerra nunca mais" e "Retaliação não leva à paz". Se mais vozes se juntarem a elas, talvez a anunciada Guerra Santa se torne menos sangrenta.
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09/21/2001
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