Termina expedição científica brasileira no interior da Antártica



A expedição científica brasileira Criosfera 1, que tinha a finalidade de instalar no interior da Antártida um módulo para monitoramento meteorológico e coleta de informações sobre a mudança do clima, encerrou suas atividades oficialmente nesta segunda-feira (23). A equipe embarcou no navio Ary Rangel da Marinha brasileira, em Punta Arenas, no Chile, nesta segunda, rumo ao Brasil.

Com a coordenação-geral do cientista e explorador polar Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a expedição teve pleno sucesso ao realizar várias atividades pioneiras. Primeiramente, instalou e colocou em funcionamento um laboratório automatizado e sustentável (toda a energia é provida por geradores eólicos e solares) para estudos atmosféricos a 670 quilômetros (km) do Polo Sul Geográfico. O módulo, batizado de Criosfera 1, já está transmitido via satélite dados meteorológicos e da química atmosférica diretamente para o Brasil.

Essas informações serão essenciais para melhorar as previsões meteorológicas no País e para estudos sobre o impacto das mudanças do clima. O Criosfera 1 já mede a concentração do CO2 (dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa). As concentrações naquele lugar isolado confirmam as medições realizadas em outros lugares remotos do mundo (chegam a 386 partes por milhão – ppm - por volume, um aumento de 40% desde o início da Revolução Industrial, no século 19).

A Expedição Criosfera, concebida e realizada pela comunidade científica nacional com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), marca um novo estágio no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Ao comemorar o centenário da chegada do homem ao Polo Sul Geográfico e os 30 anos de atividades do Proantar, o Brasil finalmente tem um laboratório científico no interior da Antártica, ampliando a área geográfica de atuação do Proantar em mais de 4 milhões de km².

Cooperação

A Expedição Criosfera foi uma missão interdisciplinar envolvendo 17 pesquisadores de sete instituições nacionais e duas chilenas. O grupo volta ao Brasil com amostras de gelo que contarão a história do clima e das mudanças na química da atmosfera ao longo dos últimos 300 anos. Houve ainda a medição com satélites e na superfície Antártica para saber como o gelo está respondendo as variações das mudanças do clima.

O Brasil é o sétimo País mais próximo da massa de gelo do planeta: e 90% da criosfera (o conjunto da neve e gelo da Terra) está na Antártica. O volume é tão grande que se colocado sobre o Brasil cobriria os 8,5 milhões de km² com uma camada homogênea de quase três quilômetros de espessura. Atualmente, mesmo pequenas variações neste gelo afetam o nível dos mares e o cotidiano.

No trigésimo ano do Proantar, a Expedição Criosfera também é um sucesso em termos de política internacional. Ao realizar uma missão no interior do continente, o Brasil demonstra mais uma vez o seu pleno interesse no futuro da região Antártica, quer ambientalmente como politicamente, reforçando sua posição no âmbito do Tratado da Antártica, o regime jurídico aplicado e que decidirá o futuro de seus 36 milhões de km².

A expedição também recebeu apoio da Frente Parlamentar em Prol do Proantar da Secretaria Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm) da Marinha, da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) 

Saiba mais

A cerimônia de inauguração do Criosfera 1 aconteceu no dia 12 de janeiro. A intenção do grupo era obter análise sobre os reflexos dos poluentes gerados na América do Sul e outras partes do mundo no continente antártico.

Os cientistas chegaram na Antártica no dia 17 de dezembro de 2011, para instalar todos os equipamentos internos e externos do módulo que foi concluído com sucesso.  As primeiras transmissões de dados meteorológicos foram enviadas para o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos (SP), via satélite.

Entre as principais atividades do grupo estavam a perfuração das camadas de gelo no acampamento avançado; a montagem e ativação do módulo Criosfera 1, que ficará funcionando de forma autônoma e enviando dados meteorológicos durante todo o ano e o levantamento da morfologia e dinâmica das massas de gelo da Geleira Union e como elas respondem as variações ambientais.

 

Fonte:
CNPq

 

23/01/2012 19:26


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