Tucano pressiona por redução de juro
Tucano pressiona por redução de juro
O candidato da aliança PSDB-PMDB, José Serra, pressiona o presidente Fernando Henrique Cardoso a diminuir a taxa de juros básicos da economia, hoje em 18,5% ao ano. Serra avalia que uma queda de 0,25% ou 0,5%, por exemplo, teria efeito psicológico que o ajudaria na campanha.
Em conversas reservadas com o presidente nos últimos dias, Serra voltou a cobrar insistentemente de FHC ações para convencer o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, a diminuir os juros.
Amanhã o Copom (Conselho de Política Monetária) anuncia sua decisão mensal sobre os juros. Na última reunião, o Copom adotou o viés de baixa (mecanismo que permitiria queda independentemente de novo encontro do conselho), mas manteve a taxa em 18,5%. Um mês atrás, Serra também fez pressão pela queda, mas não foi atendido.
Nos dois mandatos, FHC sempre deixou a cargo da equipe econômica a palavra final sobre os juros, mesmo quando havia forte pressão empresarial e política.
Serra disse a interlocutores que acha que agora convenceu FHC, que estaria também preocupado com sua imagem de final de mandato. O candidato responsabiliza as más notícias na economia pela sua "parada" nas pesquisas.
O maior medo de Serra é que Ciro conquiste a bandeira de anti-Lula e passe ao segundo turno. Ciro aproveita as más notícias econômicas para avariar Serra.
É a economia
Apesar de outros percalços, como dificuldade de arrecadação de recursos e suposta desorganização de atos de campanha, Serra crê que sua principal fonte de problemas é mesmo a economia.
Apesar de o efeito real de uma queda de juros demorar de quatro a seis meses para ser sentido na economia, uma diminuição da taxa a três meses da eleição sinalizaria confiança do governo no futuro econômico.
Ou seja, Serra quer produzir uma expectativa positiva, por avaliar que a não-redução da taxa alimenta avaliações negativas do mercado financeiro e dos formadores de opinião.
Desde a semana passada, Serra repete críticas à Petrobras, que aumenta a gasolina quando o dólar sobe, mas não baixa o preço quando cai a cotação da moeda dos EUA. Ele diz que mais de 70% da produção de petróleo é nacional, o que não justifica alinhamento direto entre o dólar e o preço do combustível.
Pela primeira vez, Malan diz votar em Serra
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou ontem, pela primeira vez, que votará no candidato governista à Presidência, José Serra. Ele revelou seu voto em nota enviada ao jornal espanhol "El País" para esclarecer entrevista recente dada por ele ao diário.
Na entrevista, Malan disse que não ficaria no próximo governo, independentemente de quem ganhasse a eleição. A declaração foi vista como mais um sinal de que ele poderia não votar em Serra.
Na nota enviada ao "El País", Malan diz que seu candidato é o do presidente Fernando Henrique Cardoso, e esse candidato é o ex-ministro José Serra (PSDB). "Serra é o mais bem preparado", diz a nota. Os dois ministros, durante todo o governo FHC, nunca se deram bem. Eles discordaram em vários temas, o que fez com que muitos apostassem que Malan não iria votar em Serra.
Serra sobe o tom e acusa Ciro de ser o "novo Collor"
Em passeata em São Paulo, tucano diz que eleitor vai rejeitar opções de 89; presidenciável do PPS vê "desespero"
Os presidenciáveis José Serra (PSDB) e Ciro Gomes (PPS) voltaram ontem a trocar críticas depois de o tucano ter novamente comparado o ex-ministro da Fazenda ao ex-presidente Fernando Collor de Mello.
"Ele disse outro dia no Rio que ele era jovem e que eu sou velho. É a mesma coisa que o Collor dizia. É o mesmo estilo, a mesma forma, o mesmo conteúdo, as mesmas companhias. E o Brasil não vai aceitar em 2002 ter a mesma opção que em 89. Só que agora com o novo Collor e Lula", afirmou o tucano, referindo-se a uma declaração de Ciro, que dizia que Serra "está constipado pela idade".
Seguindo estratégia definida pelo comando de sua campanha, Ciro evitou partir diretamente para o ataque, preferindo ressaltar a importância do debate programático na campanha.
""Ele não está tomando o cuidado de ver que isso é um sinal de desespero. É preciso que usemos esse precioso tempo para ajudar a sociedade a compreender que os problemas são graves e quais são as soluções que cada um de nós propõem. Nossa sociedade não está disposta a usar esse tempo para ouvir insultos e agressões", declarou o candidato do PPS, pouco antes de uma caminhada na Estação da Luz, em São Paulo.
Tecnicamente empatados, Serra e Ciro disputam a consolidação no segundo lugar nas pesquisas.
A subida de Ciro chamou a atenção do comando da campanha de Serra, que voltou a usar da tática de colar a imagem do candidato do PPS a Collor.
Os tucanos exploram o fato de que, assim como Collor, Ciro fez sua carreira política no Nordeste, é jovem e tem um temperamento explosivo. Além disso, o candidato do PPS recebe o apoio de integrantes do PTB que fizeram parte da tropa de choque de Collor. Registro entregue ao TRE no último dia 5 revela ainda que o PPS, legenda de Ciro, compõe a chapa do ex-presidente, em Alagoas.
O candidato do PPS disse considerar o assunto envolvendo a coligação alagoana ""encerrado", já que, segundo ele, a decisão sobre o caso cabe à direção do partido. ""Tudo o que eu podia fazer já fiz para registrar o meu desagrado com essa situação", afirmou Ciro, que aproveitou apenas para declarar que seu candidato ao governo alagoano é, ""desde sempre", Geraldo Sampaio, do PDT.
Ao tentar se defender dos ataques, o PPS colocou no site de seu candidato que a propaganda tucana segue a estratégia nazista.
""A técnica nazista de [Paul Joseph" Goebbels [ministro da cultura e propaganda de Hitler, defensor da idéia de que uma mentira repetida muitas vezes transforma-se em verdade", de mentir, mentir, mentir e que alguma coisa ficará, isso eles estão fazendo", completou Ciro.
O tucano fez ontem uma caminhada pelo Mercado Municipal de São Paulo, da qual participaram a candidata a vice em sua chapa, Rita Camata (PMDB), o governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição e o candidato ao Senado, José Aníbal.
Já Ciro, acompanhado de seu vice, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PTB), cumprimentou eleitores por 20 minutos.
Ciro erra ao dizer que resgatou dívida do CE
O presidenciável Ciro Gomes (PPS) superfatura seus feitos no governo do Ceará ao afirmar que, durante sua gestão (1991-94), pagou toda a dívida em títulos (mobiliária) do Estado.
"Eu fui o único caso de administrador público brasileiro que pagou 100% da dívida mobiliária do seu Estado, quando fui governador do Ceará, com 15 anos de antecedência", disse, em entrevista ao "Jornal Nacional", na última segunda-feira.
O próprio site do candidato na internet (www.ciro23.com.br) conta a história em outros termos: os títulos da dívida cearense teriam sido comprados por meio da corretora do Banco do Estado do Ceará, que na época pertencia ao governo do Estado.
À primeira vista, parece a mesma coisa. Se o Ceará devia a seu banco, a dívida, na prática, não existia mais.
A diferença, no entanto, ficou clara quando o Ceará fez em 97 acordo com a União para federalizar sua dívida mobiliária, que somava, em valores da época, R$ 114 milhões. Os valores estão relacionados na resolução 123 do Senado, de dezembro de 97.
Na época, o governo conduzia um programa de socorro pelo qual assumia as dívidas estaduais com o mercado; os Estados passavam a dever à União, mas em condições favorecidas de prazos (até 30 anos) e juros (6% ao ano).
Os custos da dívida mobiliária cearense, portanto, não acabaram com Ciro. Foram, isso sim, transferid os mais tarde à dívida federal -o que não teria ocorrido se a dívida do Estado tivesse mesmo sido "100% paga".
Mauro Benevides Filho, que foi secretário do Planejamento de Ciro e hoje é seu assessor econômico, não contesta esses fatos.
Ele argumenta, porém, que os valores envolvidos na operação são irrisórios se comparados ao socorro concedido pelo governo aos demais Estados. São Paulo, por exemplo, federalizou dívidas, em títulos inclusive, que em 97 passavam dos R$ 50 bilhões.
Segundo seu raciocínio, o programa de subsídios às dívidas estaduais favoreceu os Estados que, ao contrário do Ceará, não adotaram políticas prudentes de endividamento.
Benevides Filho considera ainda que a compra dos títulos cearenses pelo BEC configura, sim, um resgate total da dívida mobiliária, uma vez que, na gestão Ciro, o Estado ficou livre do custo dos papéis.
Dados oficiais, entretanto, lançam dúvidas também sobre essa afirmação. As estatísticas do Banco Central apontam que a dívida em títulos do governo do Ceará passou de R$ 34 milhões, no final de 1990, para R$ 50 milhões em dezembro de 94, em valores corrigidos até a última data.
Ainda pelos números do BC, no final de 94, quando Ciro vivia sua experiência de menos de quatro meses no Ministério da Fazenda, apenas R$ 10 milhões em títulos cearenses estavam em poder de bancos estaduais.
Os dados sugerem que a compra dos títulos pelo BEC -que, hoje federalizado, está com a privatização marcada para setembro deste ano- só tenha sido concluída na gestão seguinte, de Tasso Jereissati (PSDB).
PT quer mudar cálculo de tarifa elétrica
Um eventual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deverá promover a renegociação dos contratos com empresas do setor elétrico, com o objetivo de "expurgar" do cálculo da tarifa a variação cambial.
Também haveria, em um governo petista, controle maior sobre o impacto da variação do câmbio sobre o preço dos combustíveis. Nesses casos, a variação cambial seria assumida pelo governo.
"Os contratos com as empresas elétricas podem ser discutidos. (...) O que não pode é criarem pressão inflacionária que poderia ser evitada", afirmou o principal assessor econômico de Lula, Guido Mantega.
Hoje, os contratos do governo com empresas privadas, geradoras e distribuidoras de energia elétrica, prevêem que o reajuste tarifário seja feito também com base na flutuação cambial. No sábado, Lula disse que os preços administrados pelo governo têm sido os principais responsáveis pelo aumento da inflação.
Mantega propõe que, em um novo sistema, não haja o repasse automático do câmbio às tarifas.
"Não se trata de romper os contratos. É você sentar para ver se tem uma maneira de expurgar a variação cambial dos contratos, porque estão exercendo uma pressão inflacionária forte."
Mantega cita como exemplo o acordo feito pela Petrobras na exploração do gás vindo da Bolívia, pelo qual o produto é importado em dólar, mas repassado às termelétricas em reais. A diferença originada pela flutuação do dólar é bancada pela estatal, que pode repassá-la para a tarifa somente após 12 meses. "É possível fazer algo semelhante no sistema elétrico. Mas nossa discussão ainda é preliminar", afirma Mantega.
O objetivo do PT, diz o economista, não é tomar uma decisão unilateral. "O objetivo não é impor perdas ao setor, que cumpre um papel como o de fazer investimentos. Só é preciso ver uma fórmula que elimine a flutuação cambial." Vários empresários do setor elétrico já demonstraram interesse em conversar com Lula, o que, na visão dos petistas, mostra que há margem para negociação.
Mantega afirma que o governo não vai necessariamente arcar com ônus ao assumir a variação cambial. O contrário poderia ocorrer, já que, na visão do economista, há possibilidade de o dólar cair do atual patamar próximo a R$ 2,80 para algo entre R$ 2,50 e R$ 2,60. "Se você fecha a R$ 2,80 [com as empresas" e depois o dólar estabiliza abaixo, você resolveu o problema para o Tesouro."
FHC
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que não comentaria as críticas ao aumento das tarifas controladas pelo governo. O presidente da Petrobras, Francisco Gros, defendeu a política de preços da estatal de correção pelo dólar e pela variação do mercado externo. Disse, porém, que, se necessário, ela será mudada.
No Rio, o ministro Pedro Malan afirmou que os críticos do atual modelo de reajuste não devem ""se esquecer que o preço do petróleo sobe e que o câmbio se deprecia". Ele rejeitou a adoção de subsídios para conter os reajustes.
Lula admite pegar dinheiro do FMI
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou ontem à noite durante comício, em Fortaleza, que pode até pedir dinheiro emprestado, mas o FMI (Fundo Monetário Internacional) não deverá dar "palpite" na política econômica do país.
"Se for necessário um dia pedir dinheiro emprestado, a gente vai pedir, mas é importante que o FMI não dê palpite na nossa política econômica porque é coisa nossa", afirmou.
Lula dividiu o palanque com ex-deputado Paes de Andrade (PMDB) e com uma liderança estadual do PSB, o candidato ao Senado Eudoro Santana, que declarou votar no petista e não no candidato de seu partido, Anthony Garotinho. No palanque, Lula afirmou que havia recebido a confirmação do apoio de outro peemedebista, o candidato ao governo de Goiás Maguito Vilela.
O petista afirmou não ser contra nem a favor da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), mas disse que só aceitaria que o país integrasse o acordo caso as condições comerciais do Brasil sejam iguais às dos EUA. "Não sou contra nenhuma política de livre comércio desde que haja igualdade de oportunidades", afirmou, tendo ao fundo gritos de "Alca não". Segundo a PM, cerca de 4.000 pessoas participaram do comício.
O senador José Alencar (PL), vice de Lula, chegou a ser vaiado quando apresentado no palanque. Lula, depois disso, como uma forma de fazer a militância do partido aceitar seu vice, contou que tinha preconceito contra o senador por ele ser empresário, mas que entendeu que não pode julgar as pessoas sem antes conhecê-las.
Pesquisa
Rumores sobre uma pesquisa do Ibope, a ser divulgada hoje, que indicaria Ciro Gomes (PPS) isolado em segundo lugar dominaram a visita de Lula a Fortaleza.
"Eu tenho de trabalhar corretamente para que não haja segundo turno. Em tendo, vou disputar com quem os eleitores escolherem, podendo ser o Zé Maria (PSTU), o Ciro ou o Serra", disse durante entrevista.
A se confirmar o resultado da pesquisa, que só teria suas entrevistas concluídas ontem, Ciro estaria isolado em segundo lugar, seguido por José Serra (PSDB) em terceiro. O Ibope não confirma nenhuma preliminar dos números, que serão divulgados hoje.
O petista evitou atacar Ciro, mesmo quando instado pelos jornalistas a falar da aliança com Fernando Collor de Mello em Alagoas: "Se o PPS decidir assim, não cabe a mim dar palpite".
A única referência negativa de Lula ao candidato do PPS foi quando questionado sobre se as propostas econômicas de Ciro seriam mais de oposição àquelas da atual equipe do ministro Pedro Malan do que as do próprio PT.
"Ninguém conhece o programa econômico do Ciro. O PT não precisa dizer que é do contra, botar na testa rótulo de oposição. Até nossos adversários sabem que somos contra o modelo que está aí. Nesta campanha, todo mundo é oposição. O governo está tão desacreditado que nem o candidato do governo é governo."
Artigos
Fique em casa, O'Neill
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - Paul O'Neill, o secretário do Tesouro norte-americano, desembarca em breve no Brasil e na Argentina. Dizem que vem para "acalmar os mercados".
Se disso se trata, seria melhor inverter a coisa e mandar Fernando Henrique Cardoso e seus "calmantes" para os Estados Unidos. Podem não ter funcionado muito bem por aqui, mas, hoje por hoje, se há mercados nervosos, são os dos Estados Unidos e os dos países europeus.
Eu, se fosse José Dirceu, o presidente nacional do PT, que está nos Estados Unidos, avisaria: a instabilidade em Wall Street só pode ser culpa das eleições (sim, há eleições legislativas nos EUA, em novembro).
Num esforço de reportagem, a Folha apurou que a maioria dos candidatos não tem passado como executivo de grandes firmas e, portanto, não teve ocasião de praticar nenhuma maracutaia contábil.
Sendo assim, não podem ser candidatos confiáveis aos olhos do mercado, o que certamente contribui para a instabilidade. Mercado que é mercado só confia nos seus.
Tanto FHC como José Dirceu poderiam explicar a George Walker Bush que é bobagem ficar dizendo, como o presidente dos EUA fez ontem, que "o país tem os fundamentos para crescer".
Por aqui, um quilo de analistas tentou dizer a mesma coisa, e o resultado foi mais instabilidade. Bush, por ter sido executivo de empresa de petróleo, hábil o suficiente para pular fora antes que suas ações virassem pó, deveria saber que o mercado pouco se importa com fatos. Quer sangue.
Ah, é bom também dizer a Bush e a O'Neill que a Bolsa de Valores de melhor desempenho nos últimos 12 meses foi a da Rússia (crescimento de 89%, enquanto quase todas as outras caíram). A Rússia, para quem não se lembra, foi à moratória há quatro anos, e todos os analistas de mercado diziam que ela estava, por isso, condenada à danação eterna.
Colunistas
PAINEL
Cabo eleitoral
Em razão das restrições à publicidade oficial, FHC orientou seus ministros a viajar mais frequentemente para fora do eixo Rio-SP a fim de divulgar as obras do governo e dar um empurrão à campanha de Serra.
Marketing de ocasião
Nas viagens, segundo FHC, os ministros são procurados para falar às emissoras de TVs e rádios e aos jornais das cidades visitadas. Não é o mesmo que propaganda, mas ajuda.
Só falta o Garotinho
Após flertar com Ciro e sinalizar apoio a Lula, Itamar mudou novamente de posição e disse ao PSDB que pedirá votos para Serra. A promessa de socorro financeiro feita pelo governo federal ao Estado foi decisiva.
Codinome enigma
Itamar apóia Aécio Neves para governador e está sendo convidado pelo tucano a subir já no palanque de Serra em comício na quinta-feira em Contagem (MG). O comitê de Serra comemora o apoio, mas, pelo histórico, mantém um pé atrás.
Direitos autorais
Roseana Sarney diz que Serra plagiou o slogan que ela utilizou em sua curta aventura presidencial: "Vou cuidar das pessoas, vou cuidar do Brasil". A frase foi utilizada pelo tucano em sua entrevista ao "Jornal Nacional".
Mera coincidência
Roseana lançou o slogan em um discurso na Bahia, em março, na entrega do prêmio Luís Eduardo Magalhães. Queria dizer que o Plano Real cuidou da economia, mas deixou o bem-estar das pessoas de lado. O marqueteiro de Serra é o mesmo de Roseana: Nizan Guanaes.
Ausências justificadas
Edison Lobão (PFL) e Antero Paes de Barros (PSDB) são membros da Mesa do Senado e, portanto, não são obrigados a participar das comissões permanentes da Casa. Estudo sobre a presença dos senadores apontava-os entre os mais faltosos.
Dívida proporcional
Os presidentes das empresas aéreas se reunirão hoje com Sergio Amaral (Desenvolvimento). A piada que corre na Esplanada é que a TAM e a Varig irão ao encontro de chapéu na mão. Já Wagner Canhedo (Vasp) levará um sombreiro mexicano.
Anti-Rita
Lula recorrerá a Marta Suplicy (PT) para tentar agradar ao eleitorado feminino -no qual seu desempenho no Datafolha é bem pior do que no masculino (31% e 45%, respectivamente). A prefeita viajará pelo país para pedir votos ao petista. O roteiro será definido nesta semana.
Carimbo na testa
Ciro Gomes (PPS) foi aconselhado por seus estrategistas de campanha a parar de rebater as insinuações de que seja parecido com Collor. A avaliação é que quanto mais ele reclamar, mais será associado ao ex-presidente.
Força maior
Motivo que levou Garotinho (PSB) a adiar o início da venda dos bônus de R$ 1 idealizados para reforçar o caixa de sua campanha, previsto para a semana passada: falta dinheiro para imprimir os cupons.
Nau Capitânia
Com as oscilações do dólar, adversários do presidente do Banco Central passaram a chamá-lo de "Armínio Naufraga".
Versão oficial
O embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa, diz não ter feito críticas à possível morosidade de Celso Lafer (Relações Exteriores) no caso da restrição dos EUA ao aço brasileiro. "O Brasil já pediu à OMC uma inspeção sobre o assunto", defende o embaixador.
Visita à Folha
Nilson Vital Naves, presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Marcelo Cordeiro, chefe da assessoria de imprensa do STJ.
TIROTEIO
Do presidente do PSDB, José Aníbal, desdenhando da subida de Ciro nas pesquisas:
- Ciro é só uma onda que morrerá na praia. Não tem densidade. Todas as suas propostas são inconsistentes.
CONTRAPONTO
Paixão pragmática
Em 94, o deputado federal Alvaro Valle (RJ), então presidente do PL, era candidato à reeleição e foi participar com outros políticos de um programa numa rádio de grande audiência. Era ano de Copa do Mundo e o futebol dominava o noticiário.
O entrevistador perguntou qual era o time dos convidados.
- Sou América -respondeu Valle.
Outro entrevistado não acreditou e provocou o deputado:
- Essa foi boa, você é muito inteligente! Fala que torce para um time pequeno e simpático para não perder os votos dos torcedores de times grandes.
Mesmo sendo realmente torcedor do América, Valle concordou com o comentário. Na saída, um assessor perguntou ao deputado por que ele não tinha reagido. O deputado esclareceu:
- Eu, não. Ele me elogiou tanto que não tive coragem de desmenti-lo...
Editorial
O PERIGO DA RECESSÃO
As principais Bolsas globais tiveram mais um dia tenso, com quedas acentuadas na Europa. O Dow Jones, dos Estados Unidos, caiu 440 pontos, mas se recuperou no fim do dia e fechou com leve queda. Em 12 meses, o Dow Jones recuou 18% e o Nasdaq, 36%. Os mercados da América Latina e da Ásia também sofreram desvalorizações significativas, lideradas pelo Brasil e pela China, com perdas de 22%.
Estima-se que mais de US$ 11,5 trilhões já tenham desaparecido dos mercados de capitais de todo o mundo desde março de 2000. Essa desvalorização das ações está associada a um conjunto de fatores: o fim do ciclo especulativo na "nova economia", a desaceleração do crescimento mundial, a retração dos fluxos de capitais para emergentes e a onda de fraudes contábeis que se abateu sobre o mercado americano. Desconfiança se lança, inclusive, sobre altas autoridades do governo dos EUA.
A restauração na confiança dos investidores nos mercados de capitais somente deverá acontecer quando os balanços das empresas passarem a mostrar perspectivas de lucros e dividendos. Em 2001, os lucros das corporações americanas caíram 15,9%; no primeiro trimestre de 2002, 16,9%. Neste mês, as empresas dos EUA divulgam seus balanços do segundo trimestre. As expectativas de lucro não são promissoras.
Não é à toa que a moeda americana vem apresentando forte desvalorização em relação ao euro e ao iene. Com um euro já se compra mais de US$ 1. A queda dos investimentos estrangeiros nos EUA pode dificultar o financiament o do seu déficit externo, que está acima dos 4% do PIB.
O cenário é preocupante não por temores acerca da solvência do Tesouro americano, ainda que se projete déficit público em torno de US$ 165 bilhões neste ano. Os EUA continuam a não ter grandes obstáculos para fazer mais dívida. O problema pode surgir se a desvalorização do dólar impuser ao Fed (banco central americano) o aumento dos juros. A elevação da taxa básica nos EUA pode acarretar contração no volume de crédito para todo o mundo, o que desaguaria numa recessão global.
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07/16/2002
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