Valadares sugere novo modelo de financiamento para resolver crise nos hospitais universitários



A crise que afeta 114 dos 150 hospitais universitários e totaliza a dívida de R$ 320 milhões foi analisada nesta terça-feira (25) pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que lembrou que o único hospital universitário da capital federal fechou suas portas por não dar conta de pagar os fornecedores. A solução para a rede de hospitais de ensino depende, no seu entendimento, da abolição do atual modelo de financiamento e da adoção de tratamento isonômico ao dos hospitais militares, por exemplo.

- O modelo que os tecnocratas inventaram para repasse de verbas públicas a esses hospitais é uma aberração. Primeiro, eles não possuem verba nem dotação orçamentária fixa, como os hospitais militares possuem e, segundo, o governo remunera por procedimento médico usando uma tabela que funciona como uma espécie de redutor do repasse de verbas, já que não sofre atualização nem diante da inflação, nem do câmbio, apesar dos equipamentos hospitalares serem importados em dólar - afirmou.

De acordo com Valadares, o que gera dívidas em bola de neve com os fornecedores é o fato de a tabela ter sido programada a partir de valores baixíssimos, bem inferiores aos custos reais dos procedimentos. O governo, disse o senador, vinha pagando R$ 2 por consulta médica, ao longo dos anos, e só recentemente esse valor foi reajustado para R$ 7. Subcalculada, essa tabela vive sempre desatualizada, permitindo que o governo sempre repasse menos verbas do que a necessária - explicou o senador.

Os hospitais universitários, disse Valadares, estão integrados à rede de atendimento público, ao Sistema Único de Saúde, e constituem a porta de acesso da população em geral a uma cirurgia de alta complexidade, a um transplante ou a atendimento sofisticado como a hemodiálise. Sem a rede de hospitais de ensino, o senador disse que o SUS perderia sua espinha dorsal e a população ficaria desassistida.

- Uma coisa é certa, não é possível aceitar o debate nos termos em que o governo o coloca, ou seja, para pagar a dívida aos banqueiros há dinheiro público, enquanto os hospitais públicos e o SUS, que aprendam a viver na penúria - protestou Valadares.



25/05/2004

Agência Senado


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