Zambiasi defende 20 de novembro como marco nacional da história dos negros
O presidente da Assembléia destacou que as homenagens do Parlamento gaúcho estão direcionadas para a comunidade negra, declarando que a instituição soma-se à aspiração de transformar o 20 de novembro em feriado nacional e em forte alavanca na luta contra a segregação e o preconceito.
Zambiasi lamentou que o 13 de maio, data da abolição da escravatura, continue como referência para a raça negra. “Isso mostra, como diria o historiador Décio Freitas, que a história escrita pelos ''pseudovitoriosos'' é uma história repleta de incorreções e mistificações”, enfatizou.
Para Zambiasi, a expectativa é de que o 20 de novembro se transforme em marco na luta do povo negro e resgate de sua história. “A história verdadeira, de homens como o marinheiro gaúcho João Cândido, conhecido como o Almirante Negro, que acabou banido da Marinha depois de liderar a Revolta da Chibata, quando os negros se rebelaram contra os maus tratos a que eram submetidos. Ou casos só agora redescobertos, como o de Manoel Mina, ou Manoel Padeiro, considerado o Zumbi Gaúcho e que aqui liderou o mais importante quilombo, localizado na Serra dos Tapes”, referiu.
A luta, segundo ele, é para transformar o feriado como símbolo da luta contra a discriminação e o preconceito e que aponte também no sentido da reparação aos afro-descendentes dos efeitos da escravidão e da discriminação, considerados na recente Conferência de Durban crimes contra a humanidade, horríveis tragédias da história.
Disse que o negro brasileiro quer e merece reparação, como refere Edna Roland, presidente da Fala Preta! Organização de Mulheres Negras e relatora-geral da 3º Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância: “O Estado brasileiro deve pedir desculpas formais aos afro-descendentes, sobreviventes de verdadeiras políticas de extermínio, através de ato solene a ser realizado em Brasília, quando deverá ser anunciado o conjunto de medidas reparatórias já em implementação ou a serem implementadas". Dessa forma, afirmou Zambiasi, o grande desejo é que se faça justiça e que se caminhe para o fim da intolerância
O presidente da Assembléia disse que, na Casa do Povo, todas as raças e culturas estão representadas no espaço equilibrado pela democracia e que as portas estarão sempre abertas à divulgação da cultura dos ancestrais do povo negro que, assim como qualquer outro, compõe o fantástico mosaico racial do Brasil, especialmente do Rio Grande.
11/21/2001
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