ACM ataca Garotinho por fax









ACM ataca Garotinho por fax
Usado como arma para constranger o candidato à Presidência Ciro Gomes (PPS) no debate de domingo à noite na TV Bandeirantes, o ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) enviou ontem um indignado fax a Anthony Garotinho (PSB).

Na mensagem, ACM chama Garotinho de tímido e sem caráter. Lembrando que o candidato do PSB telefonou-lhe várias vezes pedindo apoio a sua candidatura, ironizou:
– Será que a queda nas pesquisas, que é maior do que a do palanque, lhe afetou a memória? Você se esquece que me telefonou várias vezes pedindo meu apoio e dizendo que retiraria Lídice da Mata ou qualquer pessoa do seu partido se eu quisesse? E ainda adiantou que sua digna esposa, dona Rosinha, era minha fã de carteirinha.

No fax, de agressivos três parágrafos, ACM duvida ainda da fé de Garotinho.

– Na sua idade isso é muito grave, porque eu vou verificar, se Deus me der vida, o quanto de falta de caráter você ainda vai demonstrar no futuro. Com comiseração, peço a Deus, (em) que você fala e não acredita, que lhe dê juízo e caráter.

Ao comentar a participação de Garotinho no debate em que chamou de “espúrias” as alianças dos adversários da oposição, ACM disse ainda que o candidato tinha proposto um pacto a Ciro.
– Ele propôs um acordo, uma troca de apoio no segundo turno. Mas nem falei com Ciro porque sei que Garotinho não o cumpriria – disse ACM.

No debate, Garotinho questionou o candidato Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, sobre o apoio de ACM a sua candidatura. O ex-governador do Rio insinuou que o ex-senador baiano representaria a direita, a ditadura e a repressão política.


Brizola cancela visita e PDT adia decisão
Presidente nacional do partido deve vir ao Estado para o encontro de sexta-feira

Depois de uma reunião de mais de três horas, ontem, a executiva estadual, os deputados e o conselho político do PDT não chegaram a um consenso sobre as possibilidades de buscar um nome para disputar o governo do Estado ou de apoiar Antônio Britto (PPS).

A decisão deverá ser tomada na sexta-feira, com a presença do presidente nacional do PDT, Leonel Brizola. Ele viria ao Estado ontem, mas cancelou a viagem com o pretexto de que teria ficado até a madrugada reunido com a coordenação da campanha do candidato do PPS a presidente, Ciro Gomes.

O vice-presidente estadual do partido, Pedro Ruas, anunciou apenas que, apesar das dificuldades financeiras que motivaram a desistência de José Fortunati, o nome de João Bosco Vaz está mantido como candidato a senador. Bosco explicou que continuará viajando no carro de candidatos a deputado e até pernoitando em casas de companheiros para diminuir custos. O material gráfico para apresentá-lo aos eleitores também deverá ser conjunto.

A decisão de empurrar a definição para o final da semana deixa apreensivos alguns setores do PDT, como os 79 prefeitos, claramente divididos na polêmica gerada pela renúncia de Fortunati. Historicamente submissos a Brizola, os prefeitos têm feito duras críticas ao ex-governador depois da renúncia do candidato.

Na reunião de ontem, o presidente da Associação dos Prefeitos do PDT, Flavio Lammel, prefeito de Vic tor Graeff, cobrou da direção uma solução rápida. Na sexta-feira, o auditório da sede do PDT deverá ficar lotado para a decisão que Brizola deverá anunciar, embora muitos insistam que o líder virá a Porto Alegre “apenas para ouvir”.

– O ideal seria a candidatura própria, mas se isso não ocorrer posso dizer que já há uma tendência de 80% do partido contrária a um apoio ao PT – arrisca o presidente do diretório metropolitano, Nereu D’Ávila.

O cálculo de D’Ávila não tem respaldo entre os prefeitos do partido, que têm se mostrado divididos.

– É claro que estamos divididos e é por isso que a direção precisa tomar uma decisão logo – disse Lammel.

Vieira da Cunha, que desde sexta-feira vem sendo cogitado para substituir Fortunati, não participou das discussões de ontem em razão do nascimento das filhas gêmeas, Alice e Marina. No partido, cresce a pressão para que o deputado aceite disputar o Piratini.

– Vieira da Cunha será o nosso candidato se concordar, porque sacrificá-lo e colocá-lo no pelourinho só para bonito também não dá – afirmou D’Ávila.


Olívio e Famurs assinam acordo
Protocolo inclui pagamento do salário-educação

O governador Olívio Dutra e o presidente da Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Paulo Ziulkoski, oficializaram ontem acordo que coloca fim a impasse de quase 10 meses entre Estado e municípios.

A assinatura do Protocolo Geral para Acerto de Contas inclui o pagamento de parcelas atrasadas do salário-educação. O acordo final foi fechado sexta-feira, quando ficou acertada a forma de pagamento das parcelas, atrasadas desde setembro de 2001. Segundo o acordo, até o final do ano, o Estado terá pago aos municípios R$ 61 milhões do salário-educação e R$ 27 milhões relativos a verbas da saúde.

O protocolo, que estava sendo negociado há cerca de três meses, foi assinado no Palácio Piratini com a presença de cerca de 30 prefeitos, que representaram as 24 Associações Regionais de Municípios que compõe a Famurs.

O documento também oficializa o repasse regular de recursos referentes ao Programa Municipalização Solidária, ao transporte e merenda escolar e ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Municipal (Pradem).

Ziulkoski afirma que os municípios ainda têm a receber do Estado créditos referentes a multas de trânsito, cedência de funcionários e de prédios.

– Cada município tem pelo menos dois prédios cedidos ao Estado, mas não está recebendo estes recursos – afirmou.


Lula compara crise do Brasil à situação na Argentina
Candidato atribuiu a semelhança às políticas dos dois países

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o Brasil corre riscos semelhantes aos da Argentina e que “as crises nos dois países são muito parecidas”.

As declarações foram publicadas ontem pelo jornal argentino La Nación. Lula disse que ambas as crises são resultado da aplicação de políticas econômicas neoliberais, que por muitos anos, “foram elogiadas pelas elites conservadoras em todo mundo”. Ele destacou que no país vizinho a situação foi agravada por 10 anos de conversibilidade da moeda.

– O Brasil corre riscos parecidos com os da Argentina porque o governo do presidente FH seguiu políticas semelhantes e também houve um enorme endividamento – afirmou.

Ontem, após encontro com empresários em São Paulo, Lula tentou contemporizar as declarações, afirmando que o Brasil não corre o risco de quebrar porque tem vocação empresarial, base agrícola e base intelectual.

– Não se pode comparar. O Brasil é, potencialmente, mais forte em tudo – disse.

À tarde, Lula visitou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e quebrou o protocolo. Em vez de dirigir-se primeiro ao 10º andar da instituição, onde o presidente da Bolsa, Raymundo Magliano Filho, costuma receber os candidatos, Lula misturou-se aos operadores no pregão. Depois de cumprimentá-los, fez um rápido discurso no púlpito da Bovespa.


Serra defende aumento de exportações
Tucano diz que país precisa de posição mais “agressiva”

Se for eleito presidente, o candidato do PSDB, José Serra, promete se transformar em um “caixeiro-viajante”, para promover os produtos brasileiros no Exterior.

A afirmação do tucano foi feita ontem, durante palestra a empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). É uma referência ao ex-presidente americano Bill Clinton, que ficou conhecido por este apelido graças a suas constantes viagens internacionais com objetivos comerciais.

Com a declaração, o tucano tentou convencer o empresariado paulista de que irá se empenhar muito mais do que o atual governo tem feito para aumentar o volume de exportações brasileiras. Segundo Serra, apenas uma posição mais agressiva em relação ao comércio exterior irá criar condições para que a economia brasileira volte a crescer.

O candidato evitou fazer críticas ao presidente Fernando Henrique Cardoso, que nos quase oito anos de mandato já passou mais de 365 dias fora do país. FH, no entanto, prefere se concentrar nas relações diplomáticas com outros chefes de Estado do que liderar missões comerciais.

– Vou ser um verdadeiro caixeiro-viajante para promover as nossas exportações. Só assim vamos conseguir abrir mercado no Exterior e atrair os dólares necessários para possibilitar a redução das taxas de juros praticadas no país – afirmou Serra.


Nova pesquisa mostra Lula à frente
Serra e Garotinho empatam em 3°

Com 34,9% das intenções de voto, o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, lidera a mais recente pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem. Ciro Gomes (PPS) aparece em segundo lugar, com 25,5%.

O candidato do PSDB, José Serra, com 13,4% das indicações, aparece tecnicamente empatado em terceiro lugar com Anthony Garotinho (PSB), com 12,5%.

A pesquisa foi realizada entre os dias 30 de julho e 1º de agosto, com 2 mil eleitores, em 24 Estados. A margem de erro é de até três pontos percentuais.

A pesquisa divulgada ontem apresentou também um levantamento feito entre os dias 22 e 25 de julho, cuja divulgação havia sido suspensa por meio de um pedido da coligação Grande Aliança (PSDB-PMDB) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lula oscilou de 33,8% para 34,9%, Ciro passou de 24,4% para 25,5%, Serra passou de 14,3% para 13,4% e Garotinho 11,5% para 12,5 %.


Collor diz que vinculação a seu nome fez Ciro crescer
Ex-presidente aponta semelhanças

O ex-presidente Fernando Collor (PRTB), candidato ao governo de Alagoas, disse ontem que seu prestígio impulsionou o crescimento do candidato à Presidência Ciro Gomes (PPS).

– Desde que a imprensa nacional começou a vincular o nome de Ciro ao meu, vocês vejam, Ciro cresceu – afirmou Collor em entrevista à TV Pajuçara, de Alagoas.

Segundo o ex-presidente, que lidera as pesquisas de intenção de voto em Alagoas, as semelhanças entre ele e Ciro são as responsáveis pelo bom desempenho do candidato à Presidência.

– Sou jovem e Ciro é um pouco mais jovem que eu. Somos do Nordeste e somos o novo – completou Collor.

Domingo à noite, em comício no município de Pilar, distante 48 quilômetros de Maceió, Collor pediu votos para Ciro Gomes, ao lado do prefeito tucano Carlos Alberto Canuto.

– Minha gente, para presidente vote no 23 (número do PPS), que somado ao 28 (número do PRTB) é igual a 51, uma boa idéia – afirmou o ex-presidente, numa alusão direta ao comercial da cachaça 51, industrializada em Pirassununga (SP), mas muito consumida na Região Nordeste.

O vice-governador de Alagoas, Geraldo Sampaio, candidato do PDT ao governo do Estado, chamou Collor de “biguzeiro”, ao criticar o apoio do ex-presidente a Ciro.

– Quando a campanha de Ciro estava lá embaixo, Collor dizia que não tinha candidato a presidente. Quando o nosso candidato dispara nas pesquisas, ele decide pegar bigu (carona) no sucesso do projeto da Frente Trabalhista – comentou Sampaio, que é presidente do diretório regional do PDT de Alagoas e faz parte da executiva nacional do partido.

Sampaio é ligado politicamente ao ex-governador do Rio Leonel Brizola, com quem esteve na semana passada. Ele lamentou que integrantes da Frente Trabalhista, como o PPS e o PTB, estejam participando, em Alagoas, da coligação de Collor, que é candidato ao governo pelo PRTB.


Eleitores jovens são 2,21 milhões
Conforme o Tribunal Superior Eleitoral, 27,9 milhões de eleitores têm entre 25 e 34 anos

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fechou ontem a estatística do eleitorado brasileiro por sexo e faixa etária.

Dos 115.271.811 eleitores registrados pela Justiça Eleitoral para ir às urnas no dia 6 de outubro, a maioria tem entre 25 e 34 anos: são 27.921.836 pessoas.

Elas representam 24,22% do total do eleitorado brasileiro. Os dados estão no site do TSE.
Exatos 8.878.009 eleitores votarão apenas se quiserem – é a soma dos eleitores com idades entre 16 e 17 anos e maiores de 70 anos, para os quais o voto é facultativo.

Segundo os dados do TSE, 635.632 eleitores têm 16 anos, e 1.582.378, 17. Esses só serão obrigados a votar nas próximas eleições, em 2004. Com mais de 70 anos, são exatas 6.659.999 pessoas optar a votar.

As mulheres, assim como na população brasileira, são a maioria: são 58.610.918 eleitoras contra 56.443.298 homens. Curiosamente, a Justiça Eleitoral não foi informada do sexo de 217.595 votantes.

O ministro Fernando Neves, relator das instruções das eleições de 2002, reúne-se hoje, às 16h, com representantes dos partidos políticos e da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV (Abert) para definir a distribuição do tempo no horário de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV, que se inicia no dia 20 e vai até o dia 3 de outubro.

A propaganda será dividida em dois blocos de 25 minutos, sempre às terças, quintas e sábados. Um terço desse tempo será dividido igualmente entre os seis candidatos à Presidência da República. O restante será distribuído de acordo com a representatividade do partido ou da coligação na Câmara dos Deputados.

No rádio, os candidatos à Presidência falarão das 7h às 7h25min e do meio-dia às 12h25min. Na TV, a propaganda será exibida das 13h às 13h25min e das 20h30min às 20h55min.


TSE mostra programas das eleições a partidos
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Nelson Jobim, submeteu ontem aos técnicos dos partidos políticos os programas que serão utilizados nas eleições de outubro.
Segundo Jobim, os técnicos terão até sexta-feira, para examinar os programas e sugerir possíveis alterações. Após essa data, os partidos terão cinco dias para impugnar programas.

A segurança e a confiabilidade da urna eletrônica foram garantidas por especialistas em informática de universidades federais. Eles descartaram qualquer possibilidade de o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Segurança das Comunicações, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), modificar votos na eleição deste ano. Cabe ao órgão, ligado à Presidência, controlar o programa de criptografia, que serve para embaralhar os votos. A Abin é responsável também pelo programa de segurança no transporte dos dados das seções eleitorais para o setor de totalização de votos.

Uma das modificações para garantir a segurança começará a ser implementada nesta eleição, com a impressão de 6% dos votos. Em 2004, o procedimento será obrigatório em todas as urnas. Com a impressão, o eleitor poderá conferir se o voto digitado por ele foi de fato registrado pela máquina.
O assessor técnico do PT na área de informática Moacir Casagrande disse que o partido tem plena confiança na urna eletrônica.

– Falar que a Abin poderia fazer ingerências no sistema é falta de conhecimento técnico. O PT acha a votação eletrônica muito melhor do que a tradicional – afirmou o técnico.


Barbosinha não será mais candidato a vice
Nos primeiros minutos da madrugada de hoje, a executiva estadual do PTB gaúcho decidiu, por unanimidade, que o juiz aposentado Luiz Francisco Corrêa Barbosa irá se retirar da disputa eleitoral.

Barbosinha, como é conhecido, era candidato a vice-governador ao lado de José Fortunati (PDT), que na semana passada também desistiu de concorrer alegando falta de apoio político e de recursos para a campanha.

A decisão foi anunciada pouco depois da meia-noite pelo presidente do diretório estadual do PTB, Cláudio Manfrói, que na manhã de hoje comunicará a resolução à direção estadual do PDT. Manfrói ainda levará ao presidente do PDT, Vieira da Cunha, a sugestão para que a aliança Frente Trabalhista (PDT-PTB-PAN) não substitua Fortunati por outro nome do partido e fique fora da disputa pelo Palácio Piratini.

– Achamos que o melhor agora é que a Frente Trabalhista centre forças no apoio a Ciro Gomes – disse Manfrói referindo-se ao candidato do PPS à Presidência da República.

Embora Manfrói afirme que o PTB quer manter a aliança com o PDT gaúcho, na prática, a saída de Barbosinha sepulta a coligação, válida apenas para a chapa majoritária. Além dos deputados estaduais e federais, registrados na Justiça Eleitoral em nominatas separadas. O PDT tem João Bosco Vaz e o PTB, Sérgio Zambiasi como candidatos ao Senado.

A saída do candidato do PTB já era esperada pelos filiados dos dois partidos depois da renúncia de Fortunati. No dia 14, o PTB se reunirá para decidir outras posições que adotará, como o provável apoio ao candidato a governador do PPS, Antônio Britto. No final de semana, alguns dirigentes do PTB já se posicionavam a favor deste apoio para manter coerência com a aliança nacional em torno de Ciro Gomes.


Rombo na Previdência espera futuro governo
Conta de aposentadorias tem déficit de R$ 2,55 bilhões

Uma bomba-relógio terá de ser desmontada pelo próximo ocupante do Palácio Piratini: a contabilidade explosiva da previdência pública do Rio Grande do Sul.

O volumoso déficit de R$ 2,55 bilhões na conta das aposentadorias em 2001 – equivalente a 33,08% da receita do Estado no ano passado – e o rombo de R$ 79,8 milhões no Instituto de Previdência do Estado (IPE) em 2002, produzido pela defasagem no cálculo das contribuições e pelo pagamento das pensões integrais, são promessas de tormento para o futuro governador.
Apontada como pilar corroído das finanças públicas, a despesa crescente com a previdência dos servidores e com as pensões do IPE não foi resolvida pelos dois últimos governos. Tanto o governo Antônio Britto (1995-1998) quanto o de Olívio Dutra (1999-2002) realizaram estudos que esbarraram ou na incapacidade do Tesouro de bancar o financiamento do sistema, ou em discussões sobre a melhor arquitetura previdenciária.

Embora já exista a legislação que autoriza as mudanças – como a Emenda Constitucional 20 e a Lei da Previdência Pública, ambas de 1998 –, as propostas não deslancham. Esbarram em polêmicas como valor de alíquotas, regime de contribuição (capitalização ou repartição simples) e existência ou não de previdência complementar.

– Falta coragem de fazer, porque isso terá reflexo direto no contracheque dos servidores – resume o deputado estadual Otomar Vivian (PPB), presidente da Comissão Especial da Previdência do Estado.

Enquanto as propostas não vencem resistências políticas e financeiras para recuperar a viabilidade do plano de previdência pública, o gasto com aposentadorias cresce. Em maio de 2002, por exemplo, de cada R$ 100 que saíram dos cofres públicos como despesa de pessoal da administração direta, R$ 45,13 acabaram no bolso de 109.956 aposentados.


Servidores descontam só 2%
A conta previdenciária não fecha porque os servidores só contribuem com 2% do salário para garantir a aposentadoria.

O peso da inatividade recai sobre o Tesouro estadual, que é o financiador do sistema. O gasto com aposentadorias foi de R$ 2,84 bilhões em 2001.

Como a arrecadação previdenciária ficou em apenas R$ 283 milhões, o déficit atingiu os R$ 2,55 bilhões, cobertos com recursos públicos.

– Junto com as matrizes tributária e salarial, a matriz previdenciária é um dos principais problemas do Estado. Estamos engessados – reconhece o Secretário da Administração e Recursos Humanos, Elton Scapini.

Paralelamente, a determinação constitucional de pagar pensões integrais deteriora o balanço contábil do IPE, ampliando o déficit primário do instituto. Foram R$ 21,24 milhões em junho – em dois meses, equivaleriam ao orçamento anual da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).

Em contrapartida, no jogo da administração das contas, o IPE obteve uma economia total de R$ 1 milhão, desde 1998, com o corte de 1,5 mil pensões das filhas solteiras.

– Sem o repasse complementar, seria o caos – admite o presidente do IPE, Ronaldo Küfner.
Qualquer que seja o modelo proposto, o próximo governo terá de negociá-lo com os servidores. Segundo o presidente da Federação Sindical dos Servidores do Estado do Rio Grande do Sul (Fessergs), Flávio Dall’Agnol, o funcionalismo aceita discutir saídas, mas ressalva que direitos adquiridos são intocáveis, e recomposição salarial, imprescindível.

– Antes de confiscar com alíquotas maiores, o governo deverá propor uma readequação salarial – dispara Dall’Agnol.


Duelo judicial por pensões integrais já dura quatro anos
As pensionistas e o Instituto de Previdência do Estado (IPE) travam uma batalha jurídica em torno do pagamento integral das pensões.

Das 22,5 mil mulheres que conquistaram o direito de receber 100% do salário dos maridos, apenas 14 mil recebem regularmente, inflando a despesa do instituto em R$ 11 milhões por mês.

As pensões integrais ajudam a pintar de vermelho a contabilidade do IPE. O cálculo atuarial feito em 1973 previa que a remuneração das viúvas seria de 45% do salário da ativa, mais 5% por dependente.

A Constituição Estadual de 1989 instituiu a integralidade. A decisão começou a repercutir em 1998, com as primeiras vitórias judiciais. Em janeiro daquele ano, 314 beneficiárias vitoriosas custavam R$ 344 mil por mês.

Ameaça de prisão de dirigentes, arresto de bens e bloqueio de contas bancárias são ingredientes do confronto jurídico, pelo lado do IPE. A manobra atual da diretoria tem sido recorrer das sentenças e adotar medidas administrativas para sustar o pagamento da integralidade.

Pelo lado das pensionistas, o impasse jurídico encobre o drama pessoal de mulheres que dependem do dinheiro para garantir a dignidade na velhice.

Celícia Jacques, 80 anos, vitimada por um câncer no seio, recebe R$ 190 por mês. A Justiça já definiu que deveria receber 50% a mais, mas o IPE não cumpre a sentença. Há um ano e sete meses, Alzira Silva, 71 anos, obteve a integralidade. Ela resume a angústia das viúvas do IPE:
– Vamos receber quando? Vivo com tantos problemas financeiros que estou no SPC.


Lula e Ciro empatam no debate
Os líderes nas pesquisas de intenção de voto foram considerados vencedores no primeiro confronto na TV

Os candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS) tiveram empate técnico no debate de domingo à noite na Rede Bandeirantes, segundo pesquisas do Instituto Retrato e da empresa Unidades de Pesquisas S/C Ltda (UP) divulgadas ontem.

Segundo o Instituto Retrato, 33% das 400 pessoas entrevistadas disseram que Ciro se saiu melhor, contra 32% de Lula. A margem de erro de 4,9% configurou o empate. Em terceiro, ficou o candidato José Serra (PSDB), com 16% e, em último, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PSB), com 8,3%.

Na pergunta sobre quem esteve pior, 43,8% dos entrevistados citaram Garotinho. Serra foi apontado como o pior por 23%, Ciro, por 12,3%, e Lula, por 12,87%. O le vantamento, feito por telefone logo após o programa, revela ainda que 21,3% dos telespectadores mudaram de opinião sobre o voto para presidente depois de ver os quatro candidatos juntos. Para 73,3% dos entrevistados, o debate contribuiu para que conhecessem melhor as propostas dos candidatos. A consulta foi feita pela Retrato para o programa Olhar 2002, da TV Educativa (TVE).

Das 1.970 pessoas ouvidas pela UP, 500 assistiram ao debate e, desse total, Lula é que foi considerado o candidato com melhor desempenho no debate, com 38,8%, seguido de Ciro, com 36,4%. José Serra ficou em terceiro lugar, com 12,4%, e Anthony Garotinho teve 8,8%.
– Os paulistanos não demonstraram simpatia por quem partiu para o ataque, como foi o caso de Garotinho. A tática de metralhar todo mundo não agradou – disse o diretor da UP e especialista em marketing político, Sidney Kuntz.

Kuntz destacou que, apesar do bom desempenho na pesquisa, Ciro Gomes foi muito contido, abusou dos termos técnicos de economia e não conseguiu explicar todas as acusações.
Apesar do mau desempenho nas pesquisas, Garotinho disse aos colaboradores que estava satisfeito com o resultado do debate. O candidato afirmou que ficou claro que não desistirá da candidatura.


Ataques entre Ciro e Serra continuam
Os ataques entre os candidatos Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PDT-PTB-PPS), e José Serra (PSDB), evidenciados no primeiro debate da TV, prosseguiram ontem nas páginas dos candidatos na Internet.

A nota “Serra Prova no Debate que Ciro não Diz a Verdade”, divulgada ontem no site do tucano, diz que “com números, Serra demonstrou que o salário mínimo não era de US$ 100 no tempo em que Ciro foi ministro da Fazenda, diferentemente do que o candidato da Frente Trabalhista tem repetido em entrevistas à imprensa”. A nota diz ainda que “Ciro não só não pagava mínimo de US$ 100, como ainda foi contra elevar o salário para esse valor”.

A página do presidenciável da Frente Trabalhista destaca uma questão que não teria sido respondida por Serra no debate. O texto “Onde foi parar a montanha de dinheiro das privatizações? A pergunta que não quer calar” coloca esse questionamento, feito ontem por Ciro a Serra, como “um dos momentos que mais marcaram o primeiro debate da sucessão presidencial”. Segundo o texto, “a pergunta ficou completamente sem resposta”. A nota diz que “a imagem que ficou foi a de um candidato desequilibrado”.


Artigos

Por que tanta surpresa?
Salézio Dagostim

Tudo o que está acontecendo com a economia brasileira estava previsto. O que mais nos causa admiração é a surpresa que as autoridades monetárias alegam estar vivendo com relação ao que está se passando.

A falta de controle na administração de um país é sinônimo de
falta de responsabilidade

O desconhecimento de noções de contabilidade por parte dessas autoridades monetárias é algo que merece registro. A primeira regra de contabilidade que deveriam saber é que toda a origem que representa entrada de recursos tem que ser devolvida. A segunda é que todas as origens têm que estar catalogadas no fluxo de caixa para que seja possível saber quanto e quando deve ser devolvido. Uma terceira regra contábil determina que, não havendo condições de devolução de acordo com a previsão, é necessário buscar uma fonte de recursos para suprir tal carência. Tudo isso deve ser feito, naturalmente, de maneira antecipada, para evitar a especulação. Um exemplo: se uma empresa precisa pagar em uma determinada data 50 sacas de arroz e sabe que terá, na data do pagamento, somente 30 sacas, deverá buscar um fornecedor que lhe empreste as 20 sacas restantes para manter o seu equilíbrio e cumprir com o seu compromisso. É necessário, evidentemente, que as 20 sacas emprestadas sejam alocadas no fluxo para ser devolvidas no prazo estabelecido, acrescidas, ainda, dos juros correspondentes. Tudo funcionará com harmonia, sem surpresas. Antes do vencimento dos compromissos há previsão de pagamento e o mercado funcionará sem traumas. Caso contrário, se as 20 sacas forem compradas na véspera da liquidação da dívida – e é isso que está acontecendo com os dólares no Brasil –, certamente aqueles que detêm o produto farão especulação e cobrarão um valor acima do preço justo. O produto será leiloado, provocando sua sobrevalorização.

A falta de controle, tanto nesse pequeno exemplo como na administração de um país, é sinônimo de falta de responsabilidade. No Brasil, hoje, para que o Executivo possa fazer qualquer coisa, é preciso buscar recursos externos. Não há qualquer preocupação quanto ao planejamento da devolução de tais recursos, se haverá retorno do capital para possibilitar a quitação da dívida. O importante é a execução inconseqüente dos projetos. O futuro não importa. Basta abrir o Diário Oficial da União. 25 de julho passado: Programa de Ação nos Cortiços do Estado de São Paulo, US$ 34 milhões. 3 de julho: Programa Paraná Urbano II, US$ 100 milhões. Na mesma data: Empréstimo de Ajuste do Setor Elétrico, US$ 454,55 milhões. 1º de julho: US$ 22,5 milhões para combate à pobreza rural de um único Estado. Esta é apenas uma pequena amostra. São empréstimos e mais empréstimos, de toda ordem, para todos os Estados. Até para duplicar a BR-101: US$ 1,1 bilhão.

Está mais do que na hora de o Congresso Nacional cumprir com suas funções e nossas autoridades monetárias mostrarem mais responsabilidade para com o país. Afinal, o que será de nós todos no futuro próximo? Ou será que não precisamos nos preocupar, pois tudo será perdoado? E continuaremos com ar de surpresos, como se a especulação fosse algo totalmente natural e necessário. Afinal de contas, o Brasil somos nós, e até nós ainda temos o direito de nos defendermos.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Confronto previsível
O primeiro debate dos candidatos à sucessão presidencial, domingo à noite pela TV Bandeirantes, na primeira parte foi morno, sem novidade ou emoção. Do meio para o final, as estocadas de Anthony Garotinho em José Serra cobrando a herança que será deixada pelo governo ao sucessor de Fernando Henrique Cardoso e atacando a aliança à direita entre o PT e o PL, feita por Luiz Inácio Lula da Silva, criou um tênue clima de disputa entre os candidatos. Mas coube a José Serra, assustado com o crescimento da candidatura Ciro Gomes, aprofundar a discussão em torno de temas econômicos, explorando incoerências do candidato do PPS.

José Serra tentou carimbar Ciro Gomes como mentiroso, repetindo a estratégia adotada pelo então candidato Olívio Dutra na disputa com Antônio Britto, nas eleições de 1998, no Rio Grande do Sul. Sem perder a serenidade, o candidato do PPS deve ter percebido o que o espera daqui para diante, à medida que as pesquisas forem divulgadas. Analistas políticos não descartam a possibilidade de um segundo turno entre José Serra e Ciro Gomes. Tudo vai depender do horário eleitoral gratuito e do desempenho dos candidatos nos próximos embates televisivos. Debates, todos sabem, podem decidir uma eleição.

Para surpresa dos que acompanharam todo o programa, nenhuma denúncia das que perturbam os comitês eleitorais de Lula (o rumoroso caso Santo André), José Serra (as denúncias contra Ricardo Sérgio, ex-Previ) e as dúvidas que perturbaram a paz no comitê de Ciro Gomes, envolvendo o candidato a vice, o ex-líder da Força Sindical Paulo Pereira da Silva, vieram à tona no debate. Quanto ao conteúdo, promessas feitas por todos. Irão estimular exportações, construção civil e agricultura, que serão as fontes de geração de empregos, hoje a grande inquietude dos brasileiros. Nada, porém, sobre segurança pública, que aparece como pesadelo para quem vive nas grandes e médias cidades. O saldo do pr imeiro debate foi positivo. Todos tiveram comportamento exemplar.
Bom para a classe política recuperar a confiança do eleitor. É cedo para saber se o debate de domingo vai alterar, substancialmente, o quadro sucessório.


JOSÉ BARRIONUEVO

Ciro perde na avaliação sobre o debate
Mais uma vez se confirma que o debate sobre o debate tem mais força do que o próprio evento. Apresentado domingo à noite pela TV Bandeirantes para todo o Brasil, por menor que tenha sido a audiência, o primeiro debate entre quatro candidatos a presidente atingiu quase 100% dos chamados formadores de opinião. Conseqüentemente, a repercussão na imprensa escrita – na TV e no rádio estas análises são proibidas – amplia o eco, pautando outros debates, reuniões e rodas de conversa ao longo da semana. Marca a campanha, como ponto de partida.
É quase um consenso que Serra conseguiu tirar melhor proveito do debate. Como terceiro colocado, escolheu Ciro como alvo em busca de um lugar no segundo turno, colocando em xeque pelo menos três afirmativas do candidato do PPS, seu principal adversário nesta fase.

Em busca da segunda vaga
Numa eleição em dois turnos, Lula e Ciro entraram no debate dispostos a não brigar com ninguém. Uma postura light apropriada para quem está na frente. O candidato do PT transitou livre, respondendo com humor e picardia a algumas estocadas de Garotinho, que animou o debate, azucrinando principalmente Ciro e Serra. Muito à vontade, arrancou risos da platéia com suas intervenções. Em queda nas pesquisas, Serra tinha que partir para cima de Ciro, que está lhe tirando votos. Foi o que fez. Programado para não polemizar, o candidato da Frente Trabalhista não soube reagir e perdeu pontos.

Livro de filósofo sobre o PT
Chega hoje às bancas o polêmico livro de Denis Rosenfield PT na Encruzilhada: Social-Democracia, Demagogia ou Revolução?. Um dos mais importantes pensadores políticos do país, mostra os impasses e as contradições da teoria e da prática do PT, um partido que parece oscilar entre a postura social-democrata, a crença revolucionária e a demagogia populista.

Cola para votar
A Assembléia mandou confeccionar 10 milhões de cartões que vão funcionar como cola no dia da eleição. Foi necessário utilizar um caminhão para a entrega do primeiro lote de 1 milhão ao TRE, que fará uma campanha de conscientização a partir das escolas. O presidente da Assembléia, deputado Sérgio Zambiasi, e o presidente do TRE, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal, abriram o primeiro pacote que chegou da gráfica ontem à tarde.

Debate com servidores
Mobilizados, os técnicos-científicos promovem hoje, às 9h, no Hotel Embaixador, um debate com os candidatos ao governo. O sindicato, presidido por Nadja de Paula, colocou outdoors convocando para o debate em que a categoria quer gravar as promessas. O ponto será liberado aos servidores que participarem da promoção.

PTB retira Barbosinha
Depois de cinco horas de reunião, o PTB decidiu retirar a candidatura de Luis Francisco Corrêa Barbosa, o Barbosinha, a vice de José Fortunati e fez um apelo para que o PDT não lance candidato ao Piratini. A decisão de um dos partidos da Frente Trabalhista dificulta mais ainda o propósito de alguns setores do PDT em apresentar candidato. A executiva do PTB elogiou a participação de Barbosinha na campanha. Os oradores destacaram que o PTB foi mais fiel a Fortunati do que o PDT, que não teria dado as condições mínimas para viabilizar sua candidatura a governador. Na prática, o PTB já aderiu à candidatura de Antônio Britto. Foi o que ocorreu no fim de semana com os deputados Aloisio Classman e Iradir Pietroski.

Processo visto como tentativa de intimidação
Eduardo Dutra Aydos denunciou, no encerramento da assembléia geral da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP), na Universidade de Niterói, o processo do PT gaúcho contra o professor José Antônio Giusti Tavares, que, como ele, é membro da ABCP. Apresentou como “uma tentativa de intimidação de um cientista político no exercício de sua função profissional, configurando violação da autonomia do saber universitário e da liberdade de expressão”. Num Estado com tradição libertária, o professor Aydos, da UFRGS, vê hoje no RS “uma tentativa de viver em pleno século 21 uma experiência com traços de comportamento político totalitário”.
Aydos faz questão de observar que não está sendo questionado o direito de processar, mas “o caráter político antidemocrático e o aspecto antiético de um partido político fazer isso”.
• Julgamento – Absolvido em primeira instância, Giusti Tavares é julgado hoje na 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. O PT, autor do processo, recorreu.
• Mais um – O procurador-geral do Estado, Paulo Peretti Torelly, entrou com mais um processo contra este colunista, que foi intimado ontem. É o terceiro.

Mirante
• Além de colocar Ciro como prioridade no encaminhamento de uma solução, os pedetistas decidiram ontem referendar a candidatura do vereador João Bosco Vaz para o Senado. Na aliança trabalhista, o outro candidato é Sérgio Zambiasi.

• Roberto Bandeira Pereira, Delmar Pacheco da Luz e Ricardo Oliveira Silva são os primeiros nomes em evidência para a chefia do Ministério Público. Cláudio Barros Silva conclui em abril o segundo mandato.

• Haverá uma grande reunião do PDT dia 12, no Rio, com a presença de Ciro.

• Ciro confirma vinda ao Estado no dia 24 para visitar o túmulo de Getúlio em São Borja. Acompanhado de Brizola, fará uma carreata até Uruguaiana.

• Se for candidato a governador e não se eleger, Vieira terá que deixar o PDT ao final de seu mandato de deputado. Não pode estar filiado a nenhum partido para reassumir suas funções no Ministério Público.

• Presidente da Associação dos Prefeitos do PDT, Flávio Lammel foi desautorizado depois de dar uma entrevista em que distorceu a posição do partido.

• Nasceram ontem as gêmeas do deputado Vieira da Cunha. Pai de dois meninos, Vieira é só sorrisos com a chegada de Alice e Marina. Ontem, Vieira passou longe dos problemas do PDT. Preferiu ficar ao lado da mulher, Luciane, e das pimpolhas.

• Partido Liberal cancelou a coligação com o Partido Geral dos Trabalhadores para viabilizar Aroldo Medina para governador e Valdir Caetano ao Senado.

• Aniversário da deputada Iara Wortmann será festejado hoje, às 20h, no CTG 35. Iara é cotada para comandar a educação pela terceira vez se Britto for eleito.

• Nelson Marchezan Júnior lança campanha para deputado federal hoje, às 20h, no Caixeiros Viajantes.


ROSANE DE OLIVEIRA

Vitória relativa
Pergunte-se a um eleitor quem ele acha que se saiu melhor em um debate. A maioria responderá que foi o candidato em quem está inclinado a votar. Não foi diferente com as pesquisas feitas depois do primeiro debate dos candidatos à Presidência, na TV Bandeirantes. A maioria achou que Luiz Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes se saíram melhor. Não por acaso são os dois que lideram as pesquisas de intenção de voto, com índices bastante próximos.

Quem assistiu ao debate de coração aberto, sem torcer para ninguém, constatou que não houve a diferença de desempenho apontada na pesquisa. No papel de franco-atirador, o candidato do PSB, Anthony Garotinho, foi muito bem, obrigado. Experiente radialista e acostumado a se comunicar com multidões nos cultos da sua igreja, Garotinho teve presença de espírito para tocar nos pontos fracos dos adversários.

Sem nada a perder e sem a preocupação de Lula, Ciro e Serra com a viabilidade de suas propostas, Garotinho estava completamente à vontade no debate. Sua tranqüilidade contrastava com o nervosismo de Serra e a calma estudada de Ciro, que em muitos momentos falou difícil e não conseguiu se fazer entender pelos telespectadores médios.

Caso raro para quem lidera as pesquisas, Lula foi o menos atacado. Ao final, seus aliados comemoraram o fato de ter saído praticamente incólume. Além de assistir ao enfrentamento entre os adversários, não cometeu nenhum escorregão econômico – principal preocupação da sua equipe de campanha.

O curioso é que todos tinham alguma coisa a comemorar. Ciro e Serra, que travam uma guerra particular pelo segundo lugar, tinham motivos diferentes para se considerar ganhadores. Com fama de pavio curto, Ciro se manteve calmo mesmo quando provocado por Serra e Garotinho. No momento mais tenso, quando Serra o acusou de “faltar com a verdade”, reagiu com sobriedade. O tucano, porém, saiu convencido de que conseguiu “botar o guizo no pescoço do gato”. Traduzindo: mostrar que Ciro teria mentido em mais de uma ocasião, referindo-se à sua passagem pelo Ministério da Fazenda e pelo governo do Ceará. Serra, segundo seus assessores, não usou todo o estoque de contradições que colecionou contra Ciro.

O debate não deve produzir grandes mudanças no cenário eleitoral, até porque a audiência foi modesta – nove pontos, em média, na Grande São Paulo. Para efeito de comparação, o Fantástico teve 33 pontos.


Editorial

O PRIMEIRO DEBATE

O primeiro debate entre os principais candidatos à Presidência da República, levado ao ar no domingo à noite pela Rede Bandeirantes de Televisão, acabou revelando uma convergência entre os adversários. Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, José Serra e Anthony Garotinho expressaram sua preocupação comum com um desafio extraordinariamente relevante: o da necessidade de o país retomar a trilha do crescimento, em grau compatível com as suas potencialidades humanas e materiais. Somente este último aspecto já legitimaria a iniciativa, pois é exatamente a expansão em níveis medíocres da atividade produtiva um dos maiores problemas deste país e uma das causas de sua presente e difícil situação econômica e financeira. O programa teve no entanto outros méritos, o primeiro dos quais permitir que os aspirantes ao Planalto expusessem suas idéias, seus princípios e seus valores políticos, fazendo com que a campanha, até aqui demasiado marcada por acusações e retaliações, ingressasse enfim num estágio mais substantivo.

Não se pode afirmar porém que o conteúdo do confronto haja sido excepcional, já a partir de uma constatação surpreendente: os concorrentes praticamente ignoraram a questão da segurança pública, que hoje inquieta oito entre cada 10 eleitores. A maior de todas, a do desemprego, foi examinada com algum vagar pelos quatro participantes, que apresentaram propostas pouco originais, mas ainda assim dignas de análise pela sociedade. Ficaram no mesmo, mediano patamar as discussões sobre o sistema previdenciário. A educação mereceu também intervenções, que denotaram no entanto pouca familiaridade dos participantes com as modernas tendências pedagógicas. Algumas respostas caracterizaram-se pela pregação de modelos francamente anacrônicos. E certamente falharam todos ao não valorizarem um tópico essencial, o da saúde dos brasileiros, não mais que, aqui e ali, tangenciado.

Os espectadores tiveram chance de melhor avaliar o que querem
e pensam os que lhes disputarão o voto

Registrou-se pelo menos um erro histórico, com uma alusão inteiramente equivocada à Revolução Farroupilha. Não foram mais felizes os momentos em que os disputantes brandiram números aleatórios, sem citar fontes. E sobrou em vários momentos amplo espaço para uma retórica deslocada, quando não para a pura e simples verborragia. Não se julgue, no entanto, por aspectos dessa natureza, que o debate não tenha sido uma experiência bem-sucedida. A circunstância da participação de somente quatro candidatos permitiu-lhes que dessem a conhecer algo de suas plataformas de governo. A despeito das inevitáveis simplificações ou das incursões no economês, os espectadores tiveram a oportunidade de avaliar melhor o que pensam e o que querem aqueles que disputarão seus votos nas urnas de 6 de outubro. Essa aproximação entre cidadãos e candidatos é, em verdade, uma exigência essencial do aprimoramento das instituições democráticas da nação.


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08/06/2002


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