Adiada decisão sobre rumo do PDT
Adiada decisão sobre rumo do PDT
A dois meses das eleições, a possibilidade de disputar com candidato próprio é cada vez mais remota
O PDT ficará mais uma semana sem candidatura própria ao governo e sem definição sobre seus rumos nas eleições deste ano. O presidente nacional do partido, Leonel Brizola, viria ontem a Porto Alegre para bater o martelo, mas adiou a reunião para sexta-feira ou sábado na tentativa de que as lideranças cheguem ao consenso. A possibilidade de os pedetistas terem candidato ao governo é cada dia mais remota. Muitos já assimilaram que a dois meses das eleições é praticamente impossível viabilizar candidatura.
Após reunião, ontem à tarde, entre lideranças do PDT, o deputado federal Pompeo de Mattos admitiu que qualquer candidatura que surja para substituir José Fortunati 'nasce morta'. O deputado estadual Giovani Cherini salientou que o adiamento da reunião por Brizola ocorreu para fragilizar ainda mais a chance de candidatura própria e ganhar tempo nas negociações com o PPS. O presidente da Associação dos Prefeitos do PDT, Flávio Lammel, defendeu que comitiva vá ao Rio de Janeiro forçar decisão. Ele rechaçou apoio ao PPS, lembrando que 19 prefeitos foram expulsos por fazer campanha para o PMDB em 1998.
Apesar das dificuldades enfrentadas para viabilizar nova candidatura, a renúncia de Fortunati será encaminhada ao Tribunal Regional Eleitoral somente amanhã. Com isso, o PDT ganha tempo, já que tem dez dias, a contar da oficialização da renúncia, para registrar outra candidatura. As opções são o ex-governador Alceu Collares, que já avisou aos partidários que não há a mínima chance de aceitar, e os deputados Vieira da Cunha e Airton Dipp. Os dois têm se esquivado, citando outros companheiros para liderar a chapa. O presidente em exercício, Pedro Ruas, preferiu não falar em possíveis apoios a outros partidos. O prefeito de Arambaré, José Carlos Rassier, apelou aos partidários para que não se precipitem, aderindo às candidaturas do PT ou do PPS.
TRE recebe 1 milhão de “colas”
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) recebeu ontem o primeiro lote de 'colas', 1 milhão do total de 10 milhões, resultado de parceria com a Assembléia. O presidente do Legislativo, deputado Sérgio Zambiasi, entregou o material ao presidente do TRE, desembargador Marco Antônio Barbosa Leal. A 'cola' ajudará o eleitor a votar corretamente. Será necessário teclar 25 vezes para eleger deputado estadual, deputado federal, dois senadores, governador do Estado e presidente da República. Leal ressaltou que a 'cola' é fundamental para que não haja lapso do eleitor. Zambiasi disse que o Parlamento deverá encaminhar as outras 9 milhões assim que o TRE solicitar. O material será distribuído nas 173 zonas eleitorais do Estado e em lugares de acesso do público como escolas, supermercados e igrejas.
Sintergs promove debate com candidatos ao Piratini
Os candidatos ao governo pelo PT, Tarso Genro; pelo PPB, Celso Bernardi; e pelo PMDB, Germano Rigotto, participam hoje, a partir das 9h, de debate do Sindicato dos Técnicos-Científicos do Rio Grande do Sul (Sintergs), no Hotel Embaixador. Terão 10 minutos para exporem programas de governo. Durante 50 minutos, responderão a perguntas dos técnicos sobre finanças.
Tarso lança plano na área energética
O candidato da Frente Popular (PT-PCB-PC do B-PMN) ao Palácio Piratini, Tarso Genro, lançou ontem, em Caxias do Sul, programa energético que integra seu plano de governo. Disse que o município foi escolhido porque ganhou em janeiro rede de transmissão compartilhada pela Eletrosul e pela Companhia Estadual de Energia Elétrica, que investiu R$ 80 milhões na obra. Lembrou que a distribuição de gás pela Sulgás beneficia a produção local.
Tarso apresenta hoje, em Porto Alegre, suas principais propostas ao governo. Vai enfatizar a criação de conselho de desenvolvimento, gabinete de estímulo ao cooperativismo, reforma agrária, paz no campo e a erradicação do analfabetismo
Contratação de servidores doentes vai à AL
O governador Olívio Dutra assinou ontem o projeto de lei complementar que prevê a contratação de servidores portadores de doenças graves, contagiosas ou incuráveis para o serviço público estadual. A matéria acrescenta mais um parágrafo ao artigo 7º da lei complementar nº 10.098, de 3 de fevereiro de 1994, que rege o Estatuto dos Servidores Públicos do Estado. Após a assinatura, a proposição foi enviada em regime de urgência à Assembléia Legislativa. A solenidade foi acompanhada por entidades médicas e de direitos humanos e por organizações que defendem os portadores de doenças.
Pelo texto, será permitido o ingresso de servidores portadores de certas doenças, desde que apresentem capacidade para exercer a função e que comprovem acompanhamento clínico e adesão a tratamento aprovado pelas autoridades de saúde. Para o secretário da Administração e dos Recursos Humanos do RS, Elton Scapini, a proposta amplia as condições de ingresso de pessoas portadoras de algumas doenças, desde que estejam em boas condições para desempenhar a função. Scapini lembrou ainda que o governo estadual está estudando uma proposta de emenda constitucional para alterar o artigo 40 da Constituição federal, que prevê aposentadoria integral a portadores de doenças graves em exercício.
O superintendente legislativo da Assembléia, Enilto Santos, explicou que o projeto deve ser votado em 30 dias, ou seja, no início de setembro. O projeto será publicado hoje no Diário da Assembléia On-Line.
Surfistas fazem ato público hoje
Hoje, a partir das 12h30min, integrantes do Movimento 'Nem tudo que cai na rede é peixe' farão um ato público diante da Assembléia Legislativa e entregarão um manifesto, às 14h, ao presidente Sérgio Zambiasi. A iniciativa visa exigir o cumprimento da lei 8676/88, de autoria do deputado Sanchotene Felice, que proíbe o uso de redes de pesca nas áreas de banho e determina a obrigatoriedade de colocação de placas de advertência.
Os manifestantes também querem a votação, ainda neste semestre, do projeto de lei 153/00, do deputado Kalil Sehbe, que, segundo o parlamentar, especifica o período e a delimitação territorial, estabelecendo a responsabilidade dos municípios pela demarcação e fiscalização. Os manifestantes vestirão luto. Com faixas e pranchas, pedirão ao Legislativo que participe da campanha de conscientização e segurança para os surfistas.
Agenda dos candidatos
HOJE
11 Celso Bernardi (PPB)
8h: gravação programa eleitoral gratuito. 9h: debate Sindicato dos Técnicos-Científicos do RS, Hotel Embaixador. 10h: reunião equipe do plano de governo. 17h: lançamento de andidaturas, comitê PPB.
13 Tarso Genro (PT-PCB-PC do B-PMN)
9h: debate Sindicato dos Técnicos-Científicos do RS. 12h: lançamento programa de governo, City Hotel. 14h: encontro com prefeitos do PT. 19h30min: Charqueadas.
15 Germano Rigotto (PMDB-PSDB-PHS)
9h: debate Sindicato dos Técnicos-Científicos do RS. 12h30min: palestra no Conselho Regional de Odontologia. 17h: plenária sobre Mercosul, Fiergs/Ciergs. 20h: Clube Subtenentes e argentos da BM.
16 Júlio Flores (PSTU)
9h: debate Sindicato dos Técnicos-Científicos do RS.
22 Aroldo Medina (PL-PSD)
19h: Cachoeirinha.
23 Antônio Britto (PPS-PFL-PT do B-PSL)
Reunião com entidades filantrópicas e assistenciais, em Porto Alegre. Gravação do programa eleitoral gratuito.
40 Caleb de Oliveira (PSB)
16h: elaboração de programas eleitorais gratuitos de rádio e TV.
Jefferson cobra atitude do vice: explica ou renuncia
O líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson, aconselhou ontem o candidato da Frente Trabalhista à vic e-presidência, Paulo Pereira da Silva, a explicar logo as denúncias contra ele ou pedir para sair. Sobre o debate de domingo na Rede Bandeirantes, Jefferson não se surpreendeu com a ausência de perguntas sobre José Carlos Martinez, que fez empréstimo com PC Farias: 'Teve gesto de grandeza ao renunciar para não prejudicar Ciro Gomes'.
Collor apóia Ciro alegando que conta com PPS e PTB
O ex-presidente Fernando Collor, candidato ao governo de Alagoas pelo PRTB, disse ontem que apóia e pede votos para Ciro Gomes, presidenciável da Frente Trabalhista. 'Voto em Ciro porque a composição para a minha candidatura conta com dois partidos da aliança de Ciro', afirmou Collor, referindo-se ao PPS e ao PTB. 'Desde que a imprensa passou a vincular o meu nome ao de Ciro, a sua candidatura não pára de crescer', salientou.
Feministas defendem cota de 50%
O Movimento Nacional das Mulheres lança hoje, na Câmara dos Deputados, a Plataforma Política Feminista, que traz 269 artigos, definidos em encontros com mais de 5 mil mulheres no país. A plataforma sugere mudança na lei de cotas, com aumento de 30% para 50% das vagas que os partidos têm de garantir às mulheres na disputa a cargos públicos. O documento foi aprovado em junho pela Conferência Nacional de Mulheres Brasileiras e aponta desafios para governos, candidatos, políticos e sociedade sobre o tema. Através das entidades organizadas, as mulheres encaminharão o documento aos candidatos à Presidência da República e aos partidos.
Lula teme repetição da Argentina
Diz que crise do Brasil é muito parecida e tem a mesma origem, a aplicação de políticas neoliberais
O candidato do PT ao Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou, em entrevista publicada ontem pelo jornal argentino La Nación, que o Brasil corre riscos semelhantes aos da Argentina e que as crises nos dois países são muito parecidas. Segundo Lula, elas constituem o resultado da aplicação de políticas econômicas neoliberais, que por muitos anos foram elogiadas pelas 'elites conservadoras' em todo o mundo. O presidenciável do PT destacou ainda que, no caso da nação vizinha, a situação também foi agravada pelos dez anos de conversibilidade da moeda. Ponderou que o Brasil é 'mais forte em tudo'.
Lula compareceu ontem à sede da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), onde disse que a economia brasileira precisa voltar a crescer para que mais empresas tenham papéis no mercado acionário. 'A Bolsa será forte na medida em que tiver confiabilidade e quando a economia estiver mais estável', concluiu. Ao chegar à Bovespa, Lula visitou rapidamente o pregão, dizendo aos operadores que sabia que mais de 1,2 mil pessoas já trabalharam no local, embora hoje eles sejam apenas 200. Em seguida, o candidato do PT fez palestra para os investidores.
Durante encontro com diretores da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base, Lula admitiu que a reforma tributária é 'um sonho de todos', mas lembrou que há inúmeras propostas divergentes, o que dificulta a aprovação de projeto de consenso. 'Cada segmento tem a sua proposição, mas, se não contar com o governo como uma espécie de maestro para tentar harmonizar os interesses e construir política tributária que sirva ao Brasil, ela não sai', sentenciou. O presidenciável do PT reafirmou que, caso ganhe as eleições, pretende reunir, ainda no primeiro semestre de 2003, representantes de todos os segmentos organizados da sociedade buscando construir proposta unificada de política tributária. Esse projeto seria encaminhado ao Congresso para votação no segundo semestre do ano que vem.
Pesquisa aponta Lula com 34,9%
O presidenciável do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, lidera a pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem, com 34,9% das intenções de votos. Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, obteve 25,5%. José Serra, da aliança PSDB-PMDB, está com 13,4% e Anthony Garotinho, do PSB, com 12,5%. Os indecisos e os votos em branco somaram 13,2%. Segundo o levantamento, Lula venceria todos os adversários no 2O turno. Faria 47,1% contra 43,1% de Ciro. Chegaria a 50,2% enquanto Serra conquistaria 36,7%. Lula obteria 52,5% contra 30,2% de Garotinho. A pesquisa foi realizada de 30 de julho a 1O de agosto com 2 mil eleitores em 195 municípios de 24 estados. A margem de erro é de 3%.
Rita integra ato contra o governo
Cumprindo uma agenda paralela à do tucano José Serra, a candidata à vice-presidência, Rita Camata, do PMDB, participou ontem de protesto de caminhoneiros, em Mato Grosso. A manifestação foi realizada para pressionar o governo, que foi obrigado pelo Tribunal de Contas da União a interromper as obras de pavimentação da BR 163, que liga Cuiabá a Santarém. Diante de dezenas de caminhoneiros, Rita prometeu, em nome do candidato Serra, a dar continuidade às obras. 'Nós queremos e vamos fazer. A BR 163 é importante para aumentar as exportações, gerar divisas e empregos', discursou Rita Camata na cidade de Lucas do Rio Verde.
Um comboio de 90 caminhões carregados de milho, calcário e adubo percorrerá a estrada nesta semana e deverá chegar a Santarém na sexta-feira à noite. Os manifestantes querem mostrar a necessidade da obra.
Especialistas descartam fraude
Especialistas de universidades federais garantiram ontem a confiabilidade da urna eletrônica. O controle do programa de segurança no transporte dos dados das seções eleitorais para o setor de totalização de votos cabe ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para Segurança das Comunicações, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). 'Não há como a Abin alterar os resultados das urnas', disse Ricardo Felipe Custódio, supervisor do Laboratório de Segurança em Computação da Universidade Federal de Santa Catarina. Jergen Anttonius, do Laboratório de Computação Científica da Universidade Federal de Minas, também acredita na segurança do sistema.
Paulinho diz que cabe ao ministério esclarecimento
O candidato à vice-presidência da República pela Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT), Paulo Pereira da Silva, disse ontem que caberá ao Ministério do Trabalho esclarecer à Controladoria-Geral da União sobre as suspeitas de desvio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador. 'Nós entregamos toda a documentação e o ministério aprovou', garantiu Paulinho. Segundo ele, a Frente não pressiona para que renuncie à candidatura.
Rigotto confia que o quadro mudará
O deputado federal Germano Rigotto, candidato da União pelo Rio Grande (PMDB-PSDB-PHS) ao governo do Estado, projetou ontem que quando faltar um mês para as eleições de 6 de outubro as estruturas partidárias farão a diferença nas pesquisas de intenção de voto. Acredita no preparo do PMDB e dos partidos que sustentam a sua candidatura. Durante a reunião com a equipe de plano de governo, Rigotto salientou que a partir do dia 20, com o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, terá mais espaço para apresentar as suas propostas voltadas ao desenvolvimento do Estado. Avaliou que neste momento a bipolarização das pesquisas entre o PT e o PPS é normal.
Serra preferido por maioria da Fiesp
O presidenciável preferido pela maioria dos empresários da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) é o senador José Serra, do PSDB, que ontem encerrou uma série de encontros com candidatos promovida pela entidade. Conforme levantamento, grande parte dos empresários disse que Serra é o mais preparado e o que tem o discurso mais afinado ao da indústria e as melhores propostas. O presidente do Grupo Votorantim, Antônio Ermírio de Moraes, não escondeu a sua opção. 'Nem preciso falar que o meu voto é dele', revelou após a apresentação de Serra. Segundo o empresário, o tucano foi prático na palestra e não usou nenhum 'truque' para expor idéias.
Artigos
O mundo enlouqueceu?
Maria do Carmo Bueno Garcia
Na cerimônia de encerramento da Conferência de Chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o presidente da República disse que 'o Brasil não tem mais onde apertar para se ajustar a um mundo que enlouqueceu'. O desconforto do presidente com a globalização levou-o a produzir essa figura de retórica. Na verdade, existe explicação para a turbulência vivida pelo Brasil e pelo mundo neste momento. Em toda parte, os estados estão perdendo o jogo de braço com os grandes grupos econômicos.
Há um dado estatístico que ajuda a entender: dentre os cem maiores orçamentos do mundo, 51 são de empresas multinacionais. Elas têm um 'argumento' muito forte, o dinheiro. O presidente americano, por exemplo, pratica uma política ambiental extremamente negativa, pressionado por grandes empresas de energia que o ajudaram muito na campanha eleitoral. Quando recentemente a Alemanha tentou aumentar os impostos da produção industrial, a Daimler-Benz e a BMW, apoiadas pelo Deutsche Bank, ameaçaram retirar as fábricas e os investimentos do país. No Terceiro Mundo, conhecemos o leilão que fazem as multinacionais para se instalarem com o máximo de facilidades em nosso meio.
Reconheço que muitos grupos econômicos fazem um belo trabalho no âmbito da responsabilidade social, especialmente quando isso lhes dá imagem e respeito. Mas na hora das crises, como aconteceu no Japão com a Nissan, a Mitsubishi e a Toyota, tratam de salvar a sua sobrevivência econômica com cortes nos benefícios sociais. É lógico, porque o objetivo fundamental da produção capitalista é o lucro, permanecendo o bem-estar social em segundo plano. É inegável a tensão entre o interesse público e o privado. Entre os americanos, a maioria da opinião pública acha que as empresas têm mais influência sobre sua vida do que o governo. Com a crise moral dos grandes grupos, que Alan Greenspan qualificou de 'ganância infecciosa', é possível ver que as empresas estão mais preocupadas consigo do que com o interesse público. Se o mundo 'enlouqueceu', fica claro que o próprio desenvolvimento capitalista corre risco, sem a presença do Estado.
Colunistas
PANORAMA POLÍTICO - A. Burd
PTB DESFAZ ALIANÇA COM PDT
Depois de reunião que se estendeu por cinco horas na sede do diretório regional, o PTB decidiu, ontem à noite, considerar desfeita a aliança com o PDT que lhe foi imposta pelo comando nacional. Era o esperado diante da desistência de José Fortunati e a demora em anunciar nova candidatura ao governo do Estado. O PTB já tinha enfrentado o constrangimento da ameaça de intervenção, no começo de maio, o que não animou a militância a se engajar na campanha ao Palácio Piratini. Comprova-se, mais uma vez, que partido político não pode ser guiado a cabresto. Hoje pela manhã, a assessoria jurídica definirá a questão formal do rompimento. Pelo que ocorre no PDT, a reação não existirá. Os dois partidos ficarão a reboque nesta eleição.
FOGO BAIXO
Na reunião do PDT, ontem, sucederam-se 31 oradores para opinar sobre a sucessão estadual. Faltou a palavra-mor: Leonel Brizola preferiu deixar tudo em banho-maria. Ao final, um certo ar de velório.
MUDANÇA
Em nome do apoio à candidatura de Ciro Gomes no Estado, o PDT faz malabarismos. E antes, como é que era? José Fortunati foi abandonado na rua da amargura e o prestígio do partido, tratado sem zelo.
SEM SAÍDA
1) O PT confiava que o deputado federal Airton Dipp seria forte aliado na aproximação e no entendimento. Quando soube o que ele disse na reunião do PDT, ontem, a idéia foi arquivada; 2) Surge a possibilidade de o senador Álvaro Dias se tornar o vice de Ciro Gomes, caso se confirme a desistência de Paulinho da Força Sindical. Álvaro, que concorre ao governo do Paraná pelo PDT, seria substituído por seu irmão Osmar.
TIRO N'ÁGUA
Os líderes dos 79 prefeitos do PDT ensaiaram, ontem à tarde, rebelião exigindo candidatura própria ao governo do Estado. Aos poucos, foram recuando até entregarem os pontos. Valeu intenção, nada mais.
RISCO
Os que forçam candidatura de Vieira da Cunha ao governo querem sua possível desfiliação. Na hipótese de não se eleger ao Piratini, teria de voltar ao Ministério Público, onde é proibido integrar partido político.
DE 6 A 1
Os candidatos tiram do baú o Proálcool. Hoje, só 1% dos veículos automotores produzidos no Brasil utilizam álcool. No final da década de 70, mais de 60% dos carros que saíam das fábricas utilizavam esse combustível. O desaparecimento do temor de crise internacional fez o programa ir aos poucos para o brejo.
INDICAÇÕES
A partir da lista sêxtupla da OAB, o Pleno do Tribunal de Justiça definirá, dia 12, três indicações. A escolha final do novo desembargador caberá ao governador Olívio Dutra.
MESTRE-CUCA
O governador Olívio Dutra assumirá papel de mestre-cuca, dia 13, no CTG Estância da Azenha, em Porto Alegre. Será durante jantar em homenagem a Júlio Quadros, retribuindo empenho na presidência do PT e a condução à vitória em 1998.
PELA INTERNET
As assessorias de José Serra e Ciro Gomes continuaram ontem, por suas páginas na Internet, a troca de acusações que marcou o debate de domingo à noite na TV. Livraram do tiroteio Lula, que ficou à vontade até para fazer humor. Endereços para conferir: www.joseserra.org.br e www.ciro23.com.br.
APARTES
Anthony Garotinho agendou campanha em Porto Alegre na sexta-feira.
Vereador Haroldo de Souza entrou ontem com projeto proibindo a propaganda eleitoral em postes.
Nenhum resultado coincidiu nas enquetes pela Internet sobre vencedor do debate dos presidenciáveis na TV.
Briga entre Nereu D'Ávila e João Dib pela relatoria do novo projeto da previdência dos municipários.
Cinco secretários da Prefeitura de Uruguaiana deixaram cargos ontem.
Candidato Nelson Marchezan Júnior recebeu ontem em Brasília apoio e incentivo de José Serra.
Chamam-se Marina e Alice as filhas gêmeas do deputado Vieira da Cunha e de Luciane, nascidas ontem.
Deu no jornal: 'Secretário do Tesouro dos EUA promete reparar estrago provocado no Brasil'. Troféu Cara-de-Pau para Sua Excelência.
Começam operações de espionagem e contraespionagem nas campanhas ao Piratini. Sherlocks a postos.
Editorial
O ESTADO BATEDOR DE CARTEIRA
Não tem maior importância a pesquisa de paternidade, se foram o senhor Collor e sua ministra da Fazenda, dona Zélia, ambos de triste memória, os inventores da medida, ou se precedentes houve em qualquer parte do mundo; o certo é que o congelamento de depósitos bancários, que nossos vizinhos do Prata denominaram corralito (curralzinho), está se constituindo em modelo sul-americano de combate às corridas aos bancos nos momentos de crise. O Brasil o usou, usou-o Duhalde, usa-o agora o Uruguai. Trata-se de forma a mais eficiente de desprestígio da instituição bancária. Quando o correntista, pessoa física ou jurídica, leva seu dinheiro para depositar no banco, confia em que seja bem guardado e administrado com lisura, livre tanto quanto possível das injunções do mercado financeiro. Injunções essas, se prejudiciais à poupança popular, deverão ser - assim espera e confia o poupador - contornadas pelo poder superior do Estado constituído.
Pois, do mesmo modo como aconteceu no Plano Collor aqui no Brasil, sob Eduardo Duhalde na Argentina e agora no Uruguai, há fraude oficial cometida contra o interesse do depositante. A medida, que ao tempo repercutiu desfavoravelmente contra o Brasil pelos governos e pelos comentaristas financeiros no exterior, está agora sendo elogiada por Bush como pré-requ isito de um empréstimo emergencial de 1,5 bilhão de dólares a ser pago quando o país receber os 3,8 bilhões prometidos pelo Fundo Monetário Internacional. Em síntese, será o povo uruguaio a arcar com o ônus da exigência da banca internacional para tentar livrar o país da terrível situação financeira que assola esta parte do mundo.
Repetimos: não há maneira mais eficiente de tirar aos bancos a respeitabilidade que lhes é inerente. Quem no futuro se mostrará favorável a depositar dinheiro, não raro economizado até com sacrifício de coisas essenciais, se a qualquer momento o governo se concederá o direito de bater-lhe a carteira para suprir carências do Estado? E pior do que tudo é o beneplácito que o tal corralito vem obtendo da instituição à qual compete, por dever de ofício, zelar pela saúde financeira dos povos que pagaram para constituí-lo depois da guerra.
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08/06/2002
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