ALCÂNTARA PEDE MEDIDAS DE COMBATE À POBREZA



Ao citar estatísticas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dando conta de que a violência no Brasil custa, anualmente, cerca de 10,5% do PIB, o senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) conclamou o governo e a sociedade a combater a pobreza, a seu ver a maior causa da violência urbana no país. "Apesar dos altos custos dos programas para reduzir a miséria, pode sair mais barato pagá-los do que conviver com a violência crescente nos grandes centros brasileiros", argumentou.

Para Alcântara, se o Brasil quiser um dia integrar o Clube dos Países Ricos e Desenvolvidos, precisa diminuir bastante seu contingente de miseráveis,estimado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em 16 milhões de pessoas, equivalentes a meia Argentina ou uma vez e meia o Chile. "Programas de renda mínima, vinculados à educação, como o que aprovamos aqui, no Senado, podem ser importantes, mas são claramente insuficientes", disse, propondo que se gaste mais no social, para economizar nos custos da violência.

Ele relatou seu encontro, há dias, com o presidente Fernando Henrique Cardoso, quando cobrou a agilização do programa de renda mínima e a adoção de esforços mais concentrados em treinamento de pessoal e criação de empregos. "É uma ilusão acreditar que podemos isolar os pobres. Antes se empurrava para a senzala, hoje, para a favela, mas os ricos não conseguem se afastar dos excluídos que povoam as ruas das cidades", disse, citando um artigo publicado no Correio Braziliense de 22 de março passado.

Fazendo as contas do que representam 10,5% do PIB - cerca de 84 bilhões de dólares - Alcântara disse representar 140 vezes o que o governo investe em educação ou84 vezes o total de investimentos na saúde. "Acredito que essa abordagem econômica possa sensibilizar alguns que ainda não estão horrorizados com os episódios cotidianos da violência", afirmou.

Ainda citando o artigo do Correio, Alcântara afirmou que, se o governo distribuísse um salário mínimo para 8 milhões de famílias, o que ampararia 32 milhões de pessoas (4 por família), o programa custaria 11,5 bilhões de dólares. "O custo global é apenas 15% dos 84 bilhões que o BID estima ser o preço anual da violência no Brasil. Ou, em outros cifrões, metade do Proer, o programa de socorro aos bancos. Bem melhor do que programas assistenciais, seriam os investimentos maciços em educação e treinamento profissional", concluiu .

15/04/1998

Agência Senado


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